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Aula 02
Direito Processual Civil p/ TJ-PE (Analista Jud -Áreas Judiciária e Administrativa) - Com
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Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges
 
 Direito Processual Civil 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO 
 
AULA 02: DOS SUJEITOS DO PROCESSO 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo III: Dos Sujeitos do Processo 
¾ Das Partes e Dos Procuradores: capacidade processual e 
postulatória; deveres e substituição das partes e procuradores. 
1. Partes 
1.1. Capacidade de ser parte 
1.2. Capacidade Processual 
1.3. Capacidade processual dos cônjuges nas ações reais 
imobiliárias 
1.4. Curatela Especial 
1.5. Representação das pessoas jurídicas e das pessoas formais 
1.6. Incapacidade processual e irregularidade de representação 
1.7. Capacidade Processual versus Capacidade de ser Parte 
versus Capacidade Postulatória 
1.8. Dos deveres das partes e dos procuradores 
1.8.1. Responsabilidade das partes por dano processual 
1.9. Responsabilidade e direitos do Procurador 
1.10. Honorários Advocatícios 
2. Substituição Processual 
 
¾ Do litisconsórcio e da Assistência. Da intervenção de terceiros. 
3. Litisconsórcio 
4. Assistência 
4.1. Procedimento da assistência 
4.2. Assistência Litisconsorcial 
5. Intervenção de Terceiros 
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5.1. Espécies de Intervenção de Terceiros 
5.1.1. Oposição 
Nomeação à autoria 
5.1.2.1. Procedimento 
5.1.3. Denunciação à lide 
5.1.3.1. Características 
5.1.3.2. Cabimento 
5.1.4. Chamamento ao processo 
2 Resumo 45 
3. Questões comentadas 48 
4. Lista das questões apresentadas 78 
5. Gabarito 87 
 
CAPÍTULO III: DOS SUJEITOS DO PROCESSO 
1. PARTES 
A partir da identificação das partes do processo, será possível definir as 
pessoas que podem ser alcançadas pelo pronunciamento judicial ± quem poderá 
exigir o cumprimento da obrigação imposta na sentença e perante quem ela se 
dirigirá. A definição das partes no processo vai delimitar os limites subjetivos da 
coisa julgada. As partes do processo são, em regra, o autor, que solicita o término 
do conflito que originou o processo; o réu, perante quem a providência jurisdicional 
foi demandada. 
A relação jurídica é formada, ao menos, com dois sujeitos: demandante e 
demandado. As partes devem agir com lealdade e boa-fé, em respeito à dignidade 
da justiça, estando sujeitos, na ausência da observância dos deveres legais, à multa 
conforme o art. 77 do NCPC: em montante a ser fixado de acordo com a gravidade 
da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa. As condutas de: não 
cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final ou 
 
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criar embaraços à sua efetivação; praticar inovação ilegal no estado de fato de bem 
ou direito litigioso são puníveis como ato atentatório à dignidade da justiça. 
Essa aplicação deriva do princípio da boa-fé expresso no artigo 5ºdo NCPC. 
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-
se de acordo com a boa-fé. 
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus 
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: [...] 
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou 
final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
[...] 
§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade 
da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais 
cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de 
acordo com a gravidade da conduta. 
A definição apresentada até agora se refere ao conceito clássico de partes, 
no entanto, podem envolver-se no processo, além do autor e réu, outras pessoas 
que queiram defender interesse jurídico de sua titularidade. Deve-se salientar que há 
distinção entre o sujeito da lide ou do negócio jurídico material deduzido em juízo e o 
sujeito do processo. 
Um exemplo que nem sempre os sujeitos da lide coincidem com as partes 
do processo ocorre quando, após a investigação das circunstâncias fáticas da 
controvérsia de um acidente de trânsito entre Alberto e Balzac ± os condutores dos 
veículos e responsáveis pela materialização do conflito de interesses, Alberto decide 
demandar contra Carlos, ao invés de dirigir sua pretensão contra Balzac, mero 
condutor do veículo, sendo o carro de propriedade de Carlos. Percebe-se que 
Alberto e Balzac são sujeitos da lide, sendo que Alberto e Carlos são sujeitos do 
processo. 
Desse modo, pode-se definir parte de dois modos: parte como sujeito da 
lide, em sentido material, e parte como sujeito do processo, em sentido processual. 
 
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Parte, para o direito processual, é a pessoa que pede ou perante a qual se pede, em 
nome próprio, a tutela jurisdicional. 
O conceito de parte pode ser dado de modo mais abrangente, como coloca 
/LHEPDQ�� ³VmR� SDUWHV� GR� SURFHVVR� RV� VXMHLWRV� GR� FRQWUDGLWyULR� LQVWLWXtGR� SHUDQWH� R�
MXL]´��RV�VXMHLWRV�GR�SURFHVVR�GLYHUVRV�GR�MXL]��SDUD�DV�TXDLV�HVWH�GHYH�SURIHULU�R�VHX�
provimento). 
Formação clássica do processo O processo envolve apenas o autor, o réu 
(como partes) e o juiz. 
Extensão das partes no processo Ingresso de terceiros: para apoiar uma das 
partes principais ou defender interesse 
próprio: autor, réu e terceiros. 
 
 
De acordo com o tipo de ação, fase processual ou 
procedimento, as terminologias das partes mudam. 
1. Processo de conhecimento geral: 
a) Autor e réu. 
2. Processo de conhecimento: 
b) Nas exceções: o promovente é excipiente e o 
promovido, exceto. 
c) Nos recursos em geral: recorrente e recorrido. 
d) Na apelação: apelante e apelado. 
e) No agravo: agravante e agravado.f) Nos embargos de terceiros: embargante e embargado. 
g) Nas intervenções de terceiros: denunciado, chamado, 
assistente ou interveniente. 
3. Processo de execução: 
a) As partes da execução forçada: credor e devedor. 
b) Nos embargos do devedor ou de terceiros: embargante 
ou embargado. 
4. Procedimentos Cautelares: 
a) As partes no CPC: requerente e requerido. 
 
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5. Nos procedimentos de jurisdição voluntária: 
a) Não há partes, mas apenas interessados. 
 
 
1.1. CAPACIDADE DE SER PARTE 
A capacidade de ser parte é um direito (art. 70, do NCPC); diz respeito à 
personalidade tanto da pessoa física quanto da pessoa jurídica. Essa capacidade é 
estendida para os entes despersonalizados ± a massa falida, o condomínio. 
Dessarte, a capacidade de ser parte é a possibilidade de o indivíduo apresentar-se 
em juízo como autor ou réu no processo. Para a validade da capacidade de ser 
parte, é necessária a personalidade civil. 
Para as pessoas físicas, a personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 
nascituro (art. 2o do CC). Para as pessoas jurídicas, a personalidade civil é obtida a 
partir da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, como Junta Comercial, 
Órgão de Classe. 
Após adquirir a capacidade de ser parte, verifica-se se o autor e o réu 
podem realizar os atos do processo sem a necessidade de acompanhamento ou 
apoio de outrem, ou seja, deve-se verificar se as partes detêm todas as condições 
de se manterem na relação processual sem serem amparadas por outra pessoa. 
 
1.2. CAPACIDADE PROCESSUAL 
A capacidade processual é pressuposto de validade do processo. As partes 
precisam dela para a prática dos atos processuais. A parte que não tem capacidade 
processual deverá ser representada ou assistida em juízo. Quando representada 
não participará dos atos, quando assistida participará de sua realização em conjunto 
com quem assiste. 
 
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Não tem capacidade processual quem não tem capacidade civil para a 
prática plena dos atos jurídicos materiais, como o exemplo dos menores de idade 
(na forma dos artigos, artigos 1º a 10 do Código Civil). A incapacidade processual 
pode ser superada por meio da figura jurídica da representação. Por conseguinte, 
quando os incapazes fizerem parte da lide, serão representados por seus pais, tutor 
ou curador, de acordo com a lei. 
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou 
por curador, na forma da lei. 
Quando uma das partes ou as partes são absolutamente incapazes, deverão 
ser representadas; quando a incapacidade for relativa, deverão ser assistidas. 
Ocorrendo qualquer das duas hipóteses, haverá a necessidade da intervenção do 
Ministério Público. 
 Os incapazes detêm a capacidade de ser parte, mas não possuem a 
capacidade de estar em juízo nem a capacidade postulatória, uma vez que não 
possuem capacidade para a prática dos atos civis. 
O advogado, em regra, de modo exclusivo, tem capacidade postulatória. 
Exceto nos casos previstos em lei, por exemplo, nos Juizados Especiais, Justiça 
Trabalhista, ADIN e ADECON ± situações em que a outros sujeitos poderá ser 
conferida a capacidade postulatória. 
 
Código Civil (Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002): 
Art. 3o: São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) 
anos. 
Art. 4o: São incapazes, relativamente a certos atos ou à 
maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação 
 
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dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, 
não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 
13.146, de 2015) (Vigência) 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será 
regulada por legislação especial. 
 
1.3. CAPACIDADE PROCESSUAL DOS CÔNJUGES NAS AÇÕES REAIS 
IMOBILIÁRIAS 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação 
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens. 
Não há dependência entre os cônjuges para estar em juízo nas ações em 
geral; a exceção diz respeito às ações que tratem sobre os direitos reais imobiliários, 
pois nesse caso o cônjuge (marido ou mulher) dependerá da anuência do consorte 
para ingressar em juízo. Essa restrição visa a proteger o patrimônio imobiliário 
familiar, ressalva-se desse consentimento, contudo, a ação proposta por cônjuge 
casado sob o regime de separação absoluta de bens. 
O artigo 1.647, CC, trata da capacidade processual das pessoas casadas, 
no polo ativo, e da exigência de litisconsórcio passivo, nas causas que versam sobre 
direitos reais imobiliários. 
Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime 
da separação absoluta: alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; pleitear, 
como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; prestar fiança ou aval; fazer 
doação, não sendo remuneratória, de bens comuns ou dos que possam integrar 
futura meação. Mas são válidas as doações nupciais feitas aos filhos, quando 
casarem ou estabelecerem economia separada (art. 1.647, CC). 
 
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De acordo com R�GLVSRVWR�QR�³FDSXW´�GR�DUW��������GR�&&��QmR�VH�DSOLFD�D�
exigência de participação do consorte quando o casamento ocorrer em regime de 
separação absoluta de bens. A participação do consorte é necessária nos regimes 
de bens de comunhão parcial, universal e de participação final de aquestos. Nesse 
último, caso não haja acordo pré-nupcial estabelecido. 
Contudo, o art. 1.648 do CC determina: cabe ao juiz, nos casos do artigo 
antecedente,suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo 
justo, ou lhe seja impossível concedê-la. 
 
1.4. CURATELA ESPECIAL 
Em algumas hipóteses, o magistrado dará à parte um representante especial 
para atuar em seu nome no curso do processo. A esse representante dá-se o nome 
de curador especial ou curador à lide. 
O NCPC traz em seu art. 72 a determinação de que o juiz nomeará curador 
especial ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste 
colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; ao réu preso revel, bem 
como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído 
advogado. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da 
lei. 
A função de curador especial será exercida pela Defensoria Pública porque 
se trata de uma de suas funções institucionais, conforme artigo 4º da Lei 
Complementar nº 80/94, com redação dada pela LCP nº 132/2009. 
O curador especial terá o dever de proteger o interesse da parte tutelada, 
tendo ampla defesa dos direitos da parte representada, podendo produzir a 
contestação. No entanto, o curador não pode transacionar, uma vez que a 
representação é somente da tutela e não de disposição. 
A curatela à lide é um múnus (dever) processual que não permite a 
exigência de honorários da parte representada, mas os serviços do advogado 
podem ser reclamados da parte contrária, quando ocorrer sucumbência. 
 
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1.5. REPRESENTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS E DAS PESSOAS FORMAIS 
Serão representadas em juízo, ativa e passivamente, as seguintes pessoas 
jurídicas publicas e privadas, bem como as pessoas formais (art. 75 do NCPC): a 
União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; o 
Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; o Município, por seu prefeito ou 
procurador; a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente 
federado designar; a massa falida, pelo administrador judicial; a herança jacente ou 
vacante, por seu curador; o espólio, pelo inventariante; a pessoa jurídica, por quem 
os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por 
seus diretores; a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados 
sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus 
bens; a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de 
sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; o condomínio, pelo 
administrador ou síndico. 
Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados 
no processo no qual o espólio seja parte. (§ 1º) 
A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a 
irregularidade de sua constituição quando demandada. (§ 2°) 
O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica 
estrangeira a receber citação para qualquer processo. (§ 3°) 
Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para 
prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, 
mediante convênio firmado pelas respectivas procuradorias. (§ 4°) 
 
Para pessoa jurídica que mantenha filiais, é importante distinguir 
duas circunstâncias: 
a) Regra geral, a citação do gerente dependerá de poderes 
especiais, ou seja, quando os atos não forem praticados pelo citando, não 
basta ter a qualidade de gerente, é necessário que se tenha poderes 
adequados para o ato. 
b) Quando os atos forem praticados pelo gerente da filial, a 
 
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citação do gerente terá eficácia, mesmo que o gerente não tenha poderes 
especiais para recebê-la. Essa circunstância só terá validade caso não haja 
no foro competente outro representante com poderes especiais. 
1.6. INCAPACIDADE PROCESSUAL E IRREGULARIDADE DE 
REPRESENTAÇÃO 
A capacidade das partes e a regularidade de sua representação, por serem 
requisitos de validade da relação processual, devem ser verificadas, ex officio, pelo 
magistrado. Uma vez verificada a incapacidade processual ou irregularidade, o juiz 
suspende o processo e determina um prazo para que seja sanado o defeito. 
Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária: 
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; 
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; 
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo 
do polo em que se encontre. 
Se descumprida essa determinação em fase recursal perante tribunal de 
justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: 
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; 
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência 
couber ao recorrido. 
 
(TRF 5ª Região) Com relação à capacidade processual é correto afirmar: 
a) No atual sistema jurídico pátrio, os cônjuges não necessitam do 
consentimento do outro para a propositura de ação de qualquer natureza. 
b) Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, em nenhuma 
hipótese. 
c) A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes e pelos 
integrantes do Ministério Público, nos termos da lei. 
 
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d) O juiz dará curador especial ao réu preso, bem como ao revel citado por 
edital ou com hora certa. 
e) Ambos os cônjuges serão citados, necessariamente, para as ações que 
versem sobre direitos pessoais mobiliários. 
COMENTÁRIOS: 
a) Acabamos de ver que o cônjuge necessitará do consentimento do outro para 
propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Lembrem-se que não há 
dependência entre os cônjuges para estar em juízo nas ações em geral; a exceção 
diz respeito às ações que tratem sobre os direitos reais imobiliários. Essa restrição 
visa a proteger o patrimônio imobiliário familiar. 
E��0XLWR�FXLGDGR�FRP�DV�JHQHUDOL]Do}HV��$R�GL]HU�³HP�QHQKXPD�KLSyWHVH´�D�EDQFD�
invalidou a questão, pois nos casos em que o ordenamento jurídico autorizar será 
possível pleitear, em nome próprio direito alheio (art. 18 NCPC). 
c) O erro da questão está em incluir o Ministério Público. De acordo com o art. 16 do 
NCPC: A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território 
nacional, conforme as disposições que o Código [CPC] estabelece.d) É a opção correta. O juiz determinará curador especial ao incapaz, se não tiver 
representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; ao réu 
preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa. 
e) Atenção à leitura, o correto seria dizer que o cônjuge necessitará do 
consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais 
imobiliários. 
Gabarito: D 
 
1.7. CAPACIDADE PROCESSUAL VERSUS CAPACIDADE DE SER PARTE 
VERSUS CAPACIDADE POSTULATÓRIA 
A capacidade processual relaciona-se com a capacidade de fato ou de 
exercício; é a qualidade legal para participar da relação processual, em nome 
próprio ou alheio. Por seu turno, a capacidade de ser parte, relaciona-se com a 
 
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capacidade de exercer o direito. As pessoas físicas, jurídicas, de direito público ou 
privado, e as pessoas formais possuem capacidade de ser parte. 
Regra geral, têm capacidade postulatória os advogados inscritos na OAB e o 
Ministério Público. Existem casos em que não se faz necessária a capacidade 
postulatória para atuar em juízo, como nos Juizados Especiais Cíveis, quando o 
valor da causa não ultrapassar 20 salários mínimos. 
 
O nascituro tem capacidade de ser parte. Será representado pela mãe ou 
pelo Ministério Público. Assim, a mãe, como representante do nascituro, 
poderá oferecer a ação e, caso venha a nascer com vida, poderá ser 
investido da titularidade do direito material. 
 
(TRF 2ª Região) Roberval é maior, capaz, técnico em computação, reside da 
cidade do Rio de Janeiro, se acha em pleno exercício de seus direitos e 
habilitado a todos os atos da vida civil. 
Nesse caso, Roberval 
a) tem capacidade postulatória e capacidade para estar em juízo. 
b) tem capacidade postulatória, mas não tem capacidade para estar em juízo. 
c) tem capacidade para estar em juízo, mas não tem capacidade postulatória. 
d) não tem capacidade postulatória, nem capacidade para estar em juízo. 
e) só tem capacidade para estar em juízo e capacidade postulatória se estiver 
assistido por curador especial. 
COMENTÁRIOS: 
Percebam que Roberval é técnico em computação, não se mencionou na 
questão se ele era advogado inscrito nos quadros da OAB, de maneira que não tem, 
em regra, capacidade postulatória. 
Gabarito: C 
 
1.8. DOS DEVERES DAS PARTES E DOS PROCURADORES 
 
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Não se justificaria a intervenção estatal se não houvesse um conflito de 
interesses. Uma vez existente o conflito, busca-se uma decisão pacificadora que só 
será alcançada por meio da cooperação das partes, devendo ser respeitadas as 
normas e regras processuais e as determinações do juiz. 
Desse modo, são deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer 
forma participam do processo (arts. 77 e 78 do NCPC): 
a) expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
b) não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que 
são destituídas de fundamento; 
c) não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou à defesa do direito; 
d) cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou 
final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
e) declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço 
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa 
informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou 
definitiva; 
f) não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
Nas hipóteses das letras d e f, o juiz advertirá as partes, seus procuradores 
e todos aqueles que de qualquer forma participem do processo de que sua conduta 
poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça. 
A violação ao disposto nas letras d e f constitui ato atentatório à dignidade 
da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais 
cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de 
acordo com a gravidade da conduta. Aos advogados públicos ou privados e aos 
membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto 
essa multa, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo 
respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. 
 
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Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa de até vinte por 
cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta, será inscrita como 
dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a 
fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se 
aos fundos previstos no art. 97. 
A multa estabelecida de até vinte por cento do valor da causa poderá ser 
fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1°, e 536, § 
1°. 
Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa de até vinte por 
cento do valor da causa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-
mínimo. 
Quando houver inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso, 
o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a 
parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação da 
multa de até vinte por cento do valor da causa. 
Também é relevante mencionar que o representante judicial da parte não 
poderá ser compelido a cumprir decisão em seu lugar. 
É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do 
Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do 
processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados. 
Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou 
presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob 
pena de lhe ser cassada a palavra. 
Por último, de ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que 
as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará 
a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à 
disposição da parte interessada. 
No processo civil, as partes estão livres para escolher os meios necessários 
à consecução dos objetivos, desde que esses sejam idôneos, respeitando aDireito Processual Civil 
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celeridade do processo. As partes devem respeitar os princípios da lealdade, da 
probidade e da dignidade da justiça. Reforça-se que, além das partes, os deveres 
elencados nos arts. 77 e 78 do CPC [acima] devem ser respeitados pelos terceiros 
intervenientes e pelos advogados que representam as partes. 
 
(TRE ES) A respeito dos auxiliares da justiça e das partes do processo, julgue 
o item abaixo. 
No exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório, o réu pode alegar, 
em contestação, defesa destituída de fundamento. 
COMENTÁRIOS: 
$FDEDPRV�GH�YHU�QD�OHWUD�³c´�TXH�VmR�GHYHUHV�GDV�SDUWHV�H�GH�WRGRV�DTXHles 
que de qualquer forma participam do processo não formular pretensões nem alegar 
defesa cientes de que são destituídas de fundamento. 
Gabarito: Errado 
Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: 
a) declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de 
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados 
da qual participa, para o recebimento de intimações; 
b) comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. 
Se o advogado descumprir o disposto na letra a, o juiz ordenará que se 
supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, 
sob pena de indeferimento da petição. Se o advogado infringir o previsto na letra b, 
serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio 
eletrônico ao endereço constante dos autos. 
 
1.8.1. RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL 
 
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Caso uma das partes aja com má-fé, deverá indenizar as perdas e danos 
causados à parte prejudicada (art. 79 do NCPC). Essa responsabilidade alcança 
tanto o autor e o réu como os intervenientes no processo. 
É litigante de má-fé aquele que: deduzir pretensão ou defesa contra texto 
expresso de lei ou fato incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo 
para conseguir objetivo ilegal; opuser resistência injustificada ao andamento do 
processo; proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
provocar incidente manifestamente infundado; interpuser recurso com intuito 
manifestamente protelatório. 
Caso seja classificado como litigante de má-fé, a indenização 
compreenderá: os prejuízos das partes; os honorários advocatícios, as despesas 
efetuadas pelo lesado, sendo que a reparação do ato ilícito será devida qualquer 
que seja o resultado da lide, mesmo que a decisão seja favorável ao litigante de má-
fé. Há a possibilidade de aplicar a penalidade de quantia pecuniária de um por cento 
até dez por cento do valor corrigido da causa. 
Art. 81 do NCPC: Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o 
litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a 
dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos 
prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as 
despesas que efetuou. 
¾ Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada 
um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente 
aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. 
¾ Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser 
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. 
A multa pode ser acompanhada do arbitramento de indenização pelos danos 
suportados pela parte prejudicada. O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, 
caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento 
comum, nos próprios autos. 
 
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(TRE SP/Adaptada) Beatriz está sendo executada judicialmente pelo 
descumprimento de obrigação contratual, cujo valor da causa é R$ 62.000,00. 
Na referida execução, Beatriz foi considerada litigante de má-fé porque 
interpôs recurso com o intuito manifestamente protelatório. De acordo com o 
Código de Processo Civil brasileiro, a multa pela litigância de má-fé NÃO 
excederá: 
a) R$ 620,00. 
b) R$ 1.240,00. 
c) R$ 3.100,00. 
d) R$ 6.200,00 
e) R$ 9.300,00. 
Gabarito: D 
 
1.9. RESPONSABILIDADE E DIREITOS DO PROCURADOR 
A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. No 
entanto, ela poderá postular em causa própria em duas situações: 
a) Quando tiver habilitação legal; ou seja, ser advogado; 
b) Quando não tiver habilitação e o ordenamento jurídico a autorizar (Art. 
9º da Lei 9.099/1995). 
O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo 
para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado 
urgente. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a 
exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período 
por despacho do juiz. O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente 
àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por 
perdas e danos. 
A procuração para o foro mencionada, anteriormente, é outorgada por 
instrumento público ou particular, assinado pela parte, e habilita o advogado a 
 
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praticar todos os atos do processo, salvo: receber citação inicial, confessar, 
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre 
que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso e assinar 
declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula 
específica. Essas competências, portanto, não são conferidas ao advogado por 
procuração geral para o foro. 
Percebam que há uma lógica para não se conferir ao advogado algum 
desses poderes. Seria irracional permitir ao advogado dispor de direitos da parte ou 
negociar o bem da vida (o objeto em discussão). 
É possível que o procurador recorra de decisão do juiz, isso é razoável, já 
que o faz perseguindo o que é de desejo da parte, mas não é razoável que, por 
exemplo, possa firmar compromissos em nome da parteou transija em nome dela. 
Sobre a procuração é importante mencionar que: 
a) pode ser assinada digitalmente, na forma da lei; 
b) deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem 
dos Advogados do Brasil e endereço completo. 
c) Apontar-se o outorgado integra sociedade de advogados. A procuração 
também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem 
dos Advogados do Brasil e endereço completo. 
Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio 
instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas 
as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. 
 
(TRF 2ª Região) A procuração geral para o foro conferida por instrumento 
público ou particular, assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos 
os atos do processo, inclusive 
a) transigir. 
 
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b) receber e dar quitação. 
c) firmar compromissos. 
d) recorrer. 
e) desistir. 
COMENTÁRIOS: 
 Relembrando: entre os poderes conferidos por procuração geral por foro não 
se encontram: 1) receber citação, 2) confessar, 3) reconhecer a procedência do 
pedido, 4) transigir, 5) desistir, 6) renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, 
7) receber, 8) dar quitação, 9) firmar compromisso e 10) assinar declaração de 
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. (disposição 
do art. 105 do CPC). 
 Percebam que a possibilidade de recorrer não está no rol de exceções à 
procuração geral de foro, de maneira que a resposta correWD�HVWi�QD�OHWUD�³G´� 
Gabarito: D 
Uma vez outorgada ao advogado procuração especial com poder de ser 
citado em nome da parte, o advogado poderá ser citado na forma legal, artigos 238 
e seguintes do CPC. 
O artigo 242 discorre sobre a citação de quem detém procuração para tanto: 
a citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do 
representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. 
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu 
mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos 
por eles praticados. 
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que 
deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para 
receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do 
recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o 
locador em juízo. 
 
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§ 3o A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e 
de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante 
o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. 
 
(TJDFT) Mauro, advogado, tem domicílio em Brasília e exerce suas atividades 
de advocacia em seu único escritório, situado em Taguatinga. Trata-se de 
causídico que ostenta procuração por instrumento público com poderes 
especiais para receber citações em nome de François, seu cliente estrangeiro 
domiciliado em Paris. 
A partir da situação hipotética acima, julgue os seguintes itens. 
Eventual citação de François feita na pessoa de Mauro no seu domicílio em 
Brasília seria nula, pois, por se tratar de relações concernentes à sua 
profissão, deveria ser realizada em Taguatinga. 
Gabarito: Errado 
 
São direitos do advogado no curso do processo: 
1) Examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem 
procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de tramitação, 
assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de 
segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos; 
conforme o disposto no art. 189 ± que elenca as situações em que os processos 
correm em segredo de justiça. São elas: 
a - em que o exija o interesse público ou social; 
b - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, 
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
c - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à 
intimidade; 
 
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d - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de 
carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. 
O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo 
de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus 
procuradores. O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz 
certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha 
resultantes de divórcio ou separação. 
2) Requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo, pelo 
prazo de 5 (cinco) dias; 
3) Retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que 
lhe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. 
Ao receber os autos, o advogado assinará carga em livro ou documento 
próprio. Relevante, igualmente, mencionar que sendo o prazo comum às partes, os 
procuradores poderão retirar os autos somente em conjunto ou mediante prévio 
ajuste, por petição nos autos. É lícito ao procurador retirar os autos para obtenção 
de cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e 
sem prejuízo da continuidade do prazo. Se não devolver os autos tempestivamente, 
o procurador perderá no mesmo processo o direito de retirá-los novamente. 
Quanto à responsabilidade do procurador, o STJ tem entendido que se ele 
(o procurador) é responsável por eventuais ofensas à outra parte, não é o procurado 
responsável. Eventuais ofensas feitas no processo pelo advogado, ainda que tenha 
relação de emprego com quem representa em juízo, é de sua inteira 
responsabilidade. Assim, o STJ garantiu a independência do advogado, ainda que 
ele seja funcionário de quem representa. Em contrapartida, é ele que tem de arcar 
com abusos que cometer em juízo. (Recurso Especial N° 1.048.970-MA 
(2008/0084652-9), Relator: Min. FERNANDO GONÇALVES, Data de Julgamento: 
15/4/2010) 
 
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1.10. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Esse tema, além de constar no NCPC, está no estatuto da OAB. Existem 3 
tipos de honorários advocatícios: convencionados, arbitrados judicialmente e de 
sucumbência. 
Art. 22 da Lei n° 8.906/1994 (Estatuto da OAB): a prestação de serviço 
profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, 
aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. 
a) Convencional: acordado entre advogado e cliente. Poderá ser o fixado 
na tabela de honorários ou maior. 
b) Arbitrados judicialmente: por meio de ação própria do advogado, 
direcionada ao juiz da causa, que, por sua vez, não fixará valor menor ao definido na 
tabela de honorários. 
c) De sucumbência: o que a parte vencida deve pagar a outra parte. O § 
2º do art. 82, o artigo 84 (caput) e o artigo 85 do NCPC determinam que: a sentença 
condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os 
honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em 
que o advogado funcionar em causa própria. 
Dúvida: O art. 3º da Lei 1.060/50 prescreve que os honorários advocatícios 
são isentos a quem comprove a insuficiência de recursos. No entanto, se o autor da 
ação for legalmente pobre e ao mesmo tempo ganhar a ação, o réu pagará os 
honorários advocatícios? Sim. Como vimos, o art. 85, caput, do NCPC, dispõe que a 
sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 
Desse modo, o vencido é quem arcará com os honorários advocatícios. Se o 
réu vencer a causa, o autor manterá seu benefício da gratuidade. Se o réu (não 
favorecido pela gratuidade) for vencido, deverá arcar com as despesas e honorários 
advocatícios, ainda que o autor (vencedor) seja beneficiário da gratuidade. 
Importante ressaltar que a parte beneficiada pela isenção do pagamento das 
custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do 
 
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sustento próprio ou da família. Se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o 
assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. 
Assim, de acordo com o art. 3º, inciso V, da Lei 1.060/50: a assistência 
judiciária compreende as seguintes isenções: [...] V - dos honorários de advogado e 
peritos. No entanto, essa regra não se aplica nos casos em que o beneficiário foi 
vencido na contenda jurídica, ou seja, nos casos de honorários de sucumbência. 
JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
A parte beneficiada pela Justiça gratuita, quando sucumbente, pode ser condenada 
ao pagamento dos honorários advocatícios, mas lhe é assegurada a suspensão do 
pagamento pelo prazo de cinco anos, se persistir a situação de pobreza, quando, 
então, a obrigação estará prescrita, se não houver, nesse período, a reversão (Lei n. 
1.060/1950). Precedentes citados: REsp 743.149-MS, DJ 24/10/2005; REsp 
874.681-BA, DJ 12/6/2008; REsp 728.133-BA, DJ 30/10/2006; AgRg no Ag 
725.605-RJ, DJ 27/3/2006, e REsp 594.131-SP, DJ 9/8/2004. REsp 1.082.376-RN, 
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/2/2009. (1ª Turma) (INF. 384) 
 
 
¾ Vejamos os seguintes enunciados do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis: 
8. (arts. 85, § 18, 1.026, § 3º, III) Fica superado o enunciado 453 da súmula do STJ 
após a entrada em vigor do CPC �³2V�KRQRUiULRV�VXFXPEHQFLDLV��TXDQGR�RPLWLGRV�
em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em 
DomR� SUySULD´�� (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos 
Recursos, Apelação e Agravo) 
239. (arts. 85, caput, 334, 335) Fica superado o enunciado n. 472 da súmula do STF 
�³$�FRQGHQDomR�GR�DXWRU�HP�KRQRUiULRV�GH�DGYRJDGR��FRP�IXQGDPHQWR�QR�DUW�����GR�
&yGLJR�GH�3URFHVVR�&LYLO��GHSHQGH�GH�UHFRQYHQomR´�, pela extinção da nomeação à 
autoria (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
 
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240. (arts. 85, § 3º, e 910) São devidos honorários nas execuções fundadas em 
título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma 
do § 3º do art. 85. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
241. (art. 85, caput e § 11). Os honorários de sucumbência recursal serão somados 
aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observados os limites legais. 
(Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
242. (art. 85, § 11). Os honorários de sucumbência recursal são devidos em decisão 
unipessoal ou colegiada. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
243. (art. 85, § 11). No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal 
redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de 
sucumbência recursal. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
244. (art. 85, § 14) Ficam superados o enunciado 306 da súmula do STJ �³2V�
honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência 
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem 
H[FOXLU� D� OHJLWLPLGDGH� GD� SUySULD� SDUWH´� e a tese firmada no REsp Repetitivo n. 
963.528/PR, após a entrada em vigor do CPC, pela expressa impossibilidade de 
compensação (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 
384. (art. 85, §19) A lei regulamentadora não poderá suprimir a titularidade e o 
direito à percepção dos honorários de sucumbência dos advogados públicos. 
(Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda Pública) 
 
ATENÇÃO! 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de 
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários 
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
Dessa maneira, as pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que 
demonstrem sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais terão direito 
ao benefício da justiça gratuita ± assistência jurídica. 
 
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(DPU /Adaptada) O benefício da assistência judiciária pode ser concedido às 
pessoas jurídicas com ou sem finalidade lucrativa. 
Gabarito: Certo 
 
2. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL 
A parte é dividida, doutrinariamente, em duas espécies: a parteprincipal, 
que ingressa no processo para pleitear em nome e direito próprio; e a parte 
acessória, que intervém no processo em direito de terceiros. 
Na substituição processual, a parte recebe autorização para pleitear em 
nome próprio direito alheio. Esse fenômeno é frequente nas ações do Ministério 
Público, quando tutela direito difuso, coletivo ou individual homogêneo. Nesse caso, 
o Ministério Público atua de modo amplo, instaurando a relação jurídico-processual e 
exercendo o direito de ação. 
A substituição processual, vale mencionar, não é uma prerrogativa exclusiva 
do Ministério Público, podendo ser atribuída, por exemplo, aos sindicatos e às 
associações civis. Além disso, ressalte-se que o substituto tem o direito de praticar 
todos os atos processuais, não lhe sendo facultado, contudo, o direito de transigir, 
de renunciar ou de reconhecer a procedência do pedido. Isso porque o direito 
material pertence aos substituídos. 
x Na substituição processual, a parte reivindica em seu nome direito do 
outro (de terceiro); enquanto na representação processual, a parte reivindica em 
nome do outro, direito também do outro, uma vez que o titular do direito material não 
pode postular. Mas o representante não é parte do processo. 
¾ Vejamos o seguinte enunciado do Fórum Permanente de Processualistas 
Civis: 
 
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110. (art. 18, parágrafo único) Havendo substituição processual, e sendo possível 
identificar o substituto, o juiz deve determinar a intimação deste último para, 
querendo, integrar o processo. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros). 
 
 LITISCONSÓRCIO E ASSISTÊNCIA. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
1. LITISCONSÓRCIO 
Quando se têm várias pessoas em um polo do processo, configura-se o 
litisconsórcio (lide+consórcio) ± que é litigar em consórcio. O litisconsórcio é 
fenômeno processual em que mais de um sujeito atua em um dos polos da causa. 
Quanto ao polo em que ocorre, o litisconsorte classifica-se em ativo, que 
ocorre no polo ativo (autoria); passivo, que ocorre no polo passivo (réu), e misto, em 
que há várias pessoas no polo passivo e no ativo. 
Em relação ao momento, o litisconsórcio pode ser dividido em inicial, ocorre 
no momento da propositura da ação, e incidental, acontece durante o processo, no 
curso do processo. 
Igualmente importantes são outras duas classificações que se referem à 
relação do litisconsórcio com o próprio processo. A classificação quanto ao 
relacionamento do litisconsórcio com o processo necessário (obrigatório) ou 
facultativo. O primeiro impõe-se pela lei, não pode ser dispensado, nem por vontade 
das partes; ou em decorrência da unitariedade da decisão; ou seja, quando a 
decisão tiver de ser idêntica a cada um dos litisconsortes. O segundo, facultativo, 
dá-se por vontade das partes. 
Em regra, portanto, o litisconsórcio é facultativo. O necessário ocorrerá por 
força de lei ou em decorrência da unitariedade da decisão (decisão ter de ser 
idêntica para cada um dos litisconsortes). 
 
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(MPE PI) Julgue os itens a seguir, referentes ao litisconsórcio. 
A formação do litisconsórcio decorre estritamente da lei e o seu princípio 
básico é o da não facultatividade, ou seja, no caso de litisconsórcio ativo, há 
um verdadeiro dever de demandar que recai sobre todos os litisconsortes. 
Gabarito: Errado 
Na classificação quanto à igualdade da decisão, o litisconsórcio pode ser 
unitário, em que a decisão da causa deve ser idêntica para todos os litisconsortes, e 
o não unitário (simples), em que a decisão da causa pode ser diferente para cada 
litisconsorte. 
O Novo CPC trabalha com as classificações de litisconsórcio necessário e 
facultativo; e corrige o equívoco do CPC/1973. 
Obs. O litisconsórcio necessário do CPC/1973 recebia o conceito que 
caberia, na verdade, ao litisconsórcio necessário. Unitário é o litisconsórcio no qual a 
sentença deve ser idêntica a todos os litigantes, mas o artigo 47 do código anterior 
descrevia o litisconsórcio necessário como aquele que, por disposição de lei ou pela 
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para 
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos 
os litisconsortes no processo. Percebam que é o exato conceito do litisconsórcio 
unitário! 
O CPC/2015, por sua vez, corrigiu a inadequação ao inserir a seguinte 
previsão: 
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, 
pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da 
citação de todos que devam ser litisconsortes. 
Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação 
jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os 
litisconsortes. 
 
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Em regra, o litisconsórcio é facultativo. O necessário ocorrerá por força de lei 
ou em decorrência da unitariedade da decisão. 
Por que a lei determinaria que pode e, até mesmo, que deve haver 
litisconsórcio? Dois importantes objetivos do litisconsórcio são a economia 
processual e o combate à contradição no julgamento (que pode ocorrer se causas 
iguais ou afins são julgadas de modo diferente). 
Isso não quer dizer que no litisconsórcio (necessário ou facultativo) a 
sentença deva ser idêntica para todas as pessoas da mesma parte. Aliás, essa 
obrigação configura o litisconsórcio unitário, como visto. 
É possível a formação do litisconsórcio tanto no caso de os pedidos serem 
iguais ou semelhantes quanto nos casos em que as causas de pedir são iguais ou 
semelhantes. Exemplo de litisconsórcio necessário é o disposto no artigo 73 do 
CPC/2015: 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação 
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens. 
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: 
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o 
regime de separação absoluta de bens; 
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato 
praticado por eles; 
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; 
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de 
ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu 
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos 
praticado. 
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. 
 
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Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em 
conjunto, ativa ou passivamente, quando: [...] 
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de 
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, 
quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o 
cumprimento da sentença. 
A hipótese mencionada no dispositivo é possível para a modalidade de 
litisconsórcio facultativo, e inova o CPC/2015 ao incluir as previsões de que sejam 
também limitados os litigantes no momento de liquidação da sentença ou da 
execução da sentença. Fala-se, nessas circunstâncias, do famoso litisconsórcio 
multitudinário, que pode ser descrito como o litisconsórcio que, em virtude do 
número excessivo de litisconsortes, para evitar prejuízos à defesa processual e à 
agilidade do processo, pode ser dividido em outros processos. Na modalidade de 
litisconsórcio necessário, o juiz não poderá prolatar decisão sem que tenham sido 
citados todos os litisconsortes. 
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do 
contraditório, será: 
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam 
ter integrado o processo; 
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. 
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz 
determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, 
dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. 
Assim, a sentença será nula se litisconsorte necessário não tiver sido 
provocado para atuar no processo, e será ineficaz quando proferida em contexto de 
litisconsórcio necessário simples, em relação àqueles litisconsortes que não foram 
citados. 
 
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Se houver requerimento para que o número de litisconsortes seja limitado, 
haverá interrupção do prazo de resposta, que será, portanto, reiniciado. Importante 
destacar que a interrupção é do requerimento, não da admissibilidade. 
Ainda, relativamente aos prazos, vale menção ao art. 229 do CPC/2015, no 
qual se prevê a contagem de prazos em dobro, no litisconsórcio, quando houver 
diferentes procuradores para contestar, recorrer e falar nos autos: os litisconsortes 
que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão 
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou 
tribunal, independentemente de requerimento. 
Obs.: Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é 
oferecida defesa por apenas um deles. 
Obs.: Não se aplica a contagem em dobro aos processos em autos eletrônicos. 
 
(TJ RR) De acordo com o CPC, quando os litisconsortes tiverem diferentes 
procuradores, os prazos para contestar e recorrer serão contados em dobro, 
prerrogativa esta que não se estende às demais manifestações nos autos. 
COMENTÁRIOS: 
 Percebam que o erro da questão está em restringir a prerrogativa de 
contagem dos prazos em dobro às situações de recursos e contestação, quando a 
regra se estende para manifestações nos autos em geral. 
Gabarito: Errado 
 
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
É a legitimação de um sujeito que não pertence ao processo em andamento, 
mas que participará dele. Para tanto, essa permissão deve, necessariamente, estar 
prevista em lei, pois, uma vez parte do processo, o terceiro passa a integrá-lo. 
 
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Terceiro é considerado aquele que, por meio de um fato jurídico processual, 
e sendo autorizado por lei, ingressa em processo em curso, vindo a se constituir em 
parte. Sua participação no processo não implicará a criação de um novo. 
A intervenção de terceiros baseia-se nos pressupostos da economia 
processual e na harmonização das decisões, assim como o litisconsórcio. 
Importante destacar uma novidade do CPC/2015: o anterior (CPC/1973) não previa 
o instituto do amicus curiae, mas este instituto passou a figurar como forma típica 
(prevista no código: art. 138) de intervenção de terceiros. 
Mas, o que é amicus curiae (amigo da corte)? De caráter democrático, 
consiste naquele terceiro neutro que integra o processo para dar contribuição 
intelectual sobre fato de interesse social e que seja inédito ou de difícil solução. 
Em relação ao CPC/1973, importante mencionar que a nomeação à autoria 
passou a figurar no art. 339 do CPC/2015, sendo, portanto, deslocado do capítulo de 
³,QWHUYHQomR�GH�7HUFHLURV´�SDUD�DTXHOH�TXH�WUDWD�GD�FRQWHVWDomR� 
Igualmente, deixou de constar como Intervenção de Terceiros no NCPC a 
³2SRVLomR´��TXH��SRU�VXD�QDWXUH]a, ao estabelecer uma nova relação jurídica entre o 
opoente e os opostos (autor e réu), agora, situa-se no CPC/2015 como 
procedimento especial. 
 
3. ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
3.1. ASSISTÊNCIA 
O legislador do CPC/2015 acolheu as críticas dos doutrinadores e incluiu a 
assistência QD� SDUWH� GR� FyGLJR� TXH� WUDWD� GH� ³LQWHUYHQomR� GH� 7HUFHLURV´� �/LYUR� ,,,��
Título III), tem a mesma natureza jurídica das outras modalidades de intervenção, 
mas, no código anterior, era tratada à parte. 
A assistência justifica-se pela perspectiva de que decisões proferidas no 
processo venham a atingir um terceiro, por isso este terceiro, o assistente, procura 
ingressar no feito para influir no resultado do julgamento. 
 
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Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro 
juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá 
intervir no processo para assisti-la. 
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquerprocedimento e 
em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em 
que se encontre. 
A assistência, em suma, consiste no ingresso de terceiro no processo para 
auxiliar uma das partes litigantes a obter decisão judicial favorável. 
Independentemente de o terceiro ingressar de maneira voluntária ou haver a 
existência da demanda, a assistência será sempre voluntária. Logo, o terceiro só 
participará do processo por livre e espontânea vontade. O assistente não é parte 
relevante do processo como o são autor e réu, pois a lide não diz respeito ao seu 
direito, a lei o trata por parte auxiliar da principal (art. 121 do CPC/2015). 
O único pressuposto de validade da assistência é o interesse jurídico do 
sujeito alheio ao processo. Também aqui há um ponto importante: para ser 
assistente, o terceiro deve demonstrar a possibilidade de ser afetado, juridicamente, 
pela decisão judicial. 
Grifou-se a expressão interesse jurídico, porque o interesse tem de ser 
nesse campo, ainda que tenha efeito em outras áreas. Não se justifica, portanto, o 
interesse exclusivamente econômico ou de fato. De modo que, a alegação de que o 
interessado poderá sofrer grande prejuízo financeiro não é suficiente para recorrer-
se à assistência. 
A ocorrência do interesse jurídico é analisada pela influência que a sentença 
exerceria sobre a esfera de direitos de quem pretende ser assistente. Ou seja, há 
interesse jurídico quando a sentença pode alterar direito do assistente. 
Como se disse, o interesse para o cabimento da assistência deve ser 
jurídico. No entanto, o art. 5o, parágrafo único, da Lei Federal no 9.469/1997, admite 
a assistência em caso de interesse econômico de pessoas jurídicas de direito 
público: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações 
Públicas. Nesse caso, ocorrerá a assistência atípica. 
 
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Art. 5o: A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras 
ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas 
públicas federais. 
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas 
cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, 
independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer 
questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados 
úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de 
deslocamento de competência, serão consideradas partes. 
 
3.1.1. PROCEDIMENTO DA ASSISTÊNCIA 
O terceiro solicita participação no processo por petição fundamentada, não 
havendo necessidade de preencher os requisitos para petição inicial, do art. 319 do 
CPC/2015. No parágrafo único do art. 119 do CPC/2015, observa-se a amplitude da 
assistência quando autoriza o terceiro a ingressar, a qualquer momento, no 
processo (desde a petição inicial até o trânsito em julgado). 
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e 
em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em 
que se encontre. 
Na segunda parte do parágrafo único, ocorre o fenômeno processual da 
preclusão. Isso significa que os atos já praticados estarão protegidos e não se 
admite sua repetição. De modo que o assistente ingressa no processo como ele está 
naquele momento, sem poder repetir o que já foi feito ou alegado. 
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido 
do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. 
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse 
jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. 
 
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O juiz decidirá previamente sobre a possibilidade da assistência ou não. Se 
a assistência for indeferida por falta de interesse jurídico, não se instalará o incidente 
do mencionado artigo. 
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, 
exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o 
assistido. 
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o 
assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. 
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça 
a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda 
a ação ou transija sobre direitos controvertidos. 
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o 
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, 
salvo se alegar e provar que: 
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do 
assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; 
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por 
dolo ou culpa, não se valeu. 
 
3.2. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL 
A assistência pode ser simples (adesiva) ou litisconsorcial. Na assistência 
simples o interesse do assistente não se liga diretamente ao litígio, o assistente 
(aquele que assiste) é mero coadjuvante do assistido, exercendo função 
complementar, assim, não pode ir contra a opção processual do assistido. A 
assistência litisconsorcial, por seu turno, tem como característica a defesa pelo 
assistente de direito próprio, ele exerce sua defesa de modo independente, não 
ficando sujeito à atuação do assistido, caracteriza-se por essa defesa um 
litisconsórcio facultativo. 
 
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Espécie tradicional 
Assistência simples ou 
adesiva 
Assiste uma das partes, para que 
ela obtenha sentença favorável. 
Relação jurídica com o assistido. 
 
Espécie excepcional 
Assistência 
litisconsorcial ou 
qualificada 
O assistente defende interesse 
próprio. Relação jurídica com o 
assistido e com a parte contrária 
 
A assistência litisconsorcial seria o equivalente a litisconsórcio facultativo 
ulterior e unitário, pois ocorre somente em situações de litisconsórcio facultativo e de 
modo unitário, já que a decisão deve ser a mesma para assistido e assistente. 
O artigo 124 prevê a assistência litisconsorcial, considerando-se litisconsorte 
da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação 
jurídica entre

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