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Texto 8 O que e a democracia Alan Touraine(1)

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www.geverson.com – Site do Professor Geverson Grzeszczeszyn, Ms. – 06/09/11 
Guarapuava – Paraná - Brasil 
 
“O que é a democracia”, Alain Touraine 
(Brevíssimo e limitadíssimo resumo do livro. Não o use como referência. Leia o livro!) 
A questão atual que permeia debates e discursos refere-se ao contexto da democracia. 
Uma circunstância em que o Nazismo, como um regime totalitário, foi aniquilado; a 
guerra fria foi vencida; os governos totalitários da América Latina e os regimes 
autoritários do mundo se enfraqueceram. Porém, na ótica de Touraine (1996) o que se vê 
é uma derrocada progressiva da tão defendida democracia. Quais são os pressupostos 
desta ação democrática? como é vista a democracia hoje? em que consiste o pensamento 
do autor para uma sociedade democrática? Estas são questões que o autor procura 
responder. 
No cenário presente, o que se vê é um enfraquecimento da democracia, o que se tornou 
claro à medida que os eleitores deixaram de se sentirem representados e passaram a 
representar uma classe cujo único objetivo parece ser o seu próprio poder. Este 
enfraquecimento se vê também quando os indivíduos se sentem mais cosmopolitas que 
nacionais, mais consumidores que cidadãos e, como reflexo, quando não se sentem 
elementos de uma coletividade e, da mesma forma, não se sentem capazes de interferir 
nas decisões que influenciam nesta, através de participação nas razões econômicas, 
políticas, étnicas ou culturais. 
Tratando-se da sociedade moderna, como ressalta Touraine, temos, por um lado, o poder 
industrial que impõe a normalização, a organização científica do trabalho e a submissão 
do operário a cadências de trabalho e, por outro, a sociedade de consumo, reflexo desta 
ordem, que responde com níveis de consumo cada vez maiores. 
No entanto, o poder político requer a manifestação de filiação e lealdade para se 
sustentar, o que, entretanto, representa uma contradição, haja vista que, a democracia 
engaja-se com a liberdade num sentido amplo através da luta dos sujeitos impregnados 
de suas culturas contra a lógica dominadora dos sistemas que exerce influência sobre 
suas personalidades. Touraine destaca, portanto, que a democracia compromete-se com 
a produção da diversidade em uma cultura de massa e, neste sentido, a filiação e a 
lealdade devem ser vistas com cuidado, podendo expressar-se de maneira extremada em 
que os indivíduos componentes de uma coletividade se diluiriam numa identidade coletiva 
que não se permite pensar em formas democráticas. 
O autor alerta, deste modo, para a atenção com o respeito às diferenças, pois se poderia 
incorrer no risco de se estar formando comunidades confinadas na obsessão à sua 
identidade e homogeneidade. A cultura democrática, como defendida pelo autor, combate 
a idéia tanto de unidade quanto de universalismo e se define como um esforço de 
combinação entre unidade e diversidade, liberdade e integração, em que não há oposição 
retórica entre o poder da maioria aos direitos das minorias. 
Dessa forma, o enfraquecimento da idéia democrática que se percebe em tempos atuais é 
destacado pelo autor como uma degradação, em que esta idéia passa a representar uma 
noção empobrecida pela indispensabilidade de se interrogar sobre o conteúdo social e 
cultural da democracia. Touraine faz um apelo a uma concepção fundamentada na ação 
democrática pela libertação de indivíduos e grupos, que submetidos a uma lógica de 
poder não passam de uma fonte de recursos. Também destaca que esta proposta se faz 
essencial como um meio de fazer com que o mascaramento de absolutismos e da 
intolerância, como formas democráticas de alocar as pessoas, sobressaia. 
A ação democrática baseada na libertação do indivíduo e dos grupos assenta-se na 
pressuposição de uma emancipação em termos da possibilidade de conscientização acerca 
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www.geverson.com – Site do Professor Geverson Grzeszczeszyn, Ms. – 06/09/11 
Guarapuava – Paraná - Brasil 
 
dos seus atos, em que os atores sociais distanciam-se da condição imersa. Para este fim, 
ressalta-se a importância da constituição de atores capazes de conduzir uma ação 
econômica racional e de administrar as relações de poder, pois, seriam os únicos com 
possibilidade de resistir ao domínio do Estado autoritário, modernizador e nacionalista 
porque constituem uma sociedade civil capaz de negociar com o Estado, o que denota 
uma autonomia real à sociedade política, locus da democracia. 
A espinha dorsal da democracia é a idéia de soberania popular em que a ordem política é 
produzida pela ação humana imbuída da razão contra o domínio da comunidade e a 
sedução do mercado. A ação democrática, conforme prevalece nas idéias de Touraine, 
baseia-se na associação cada vez mais estreita da democracia negativa com a democracia 
positiva, ou seja, do conjunto de garantias institucionais para proteger a população do 
poder arbitrário com o aumento do controle pelas pessoas sobre sua própria existência, 
respectivamente. Desta forma, o Estado apresenta-se como um meio somente a serviço 
do objetivo principal de aumento da capacidade de intervenção de cada um sobre sua 
própria vida. 
Assim, a tendência de massificação e o enfraquecimento do processo democrático que 
envolve as sociedades somente poderá ser combatida através da educação que preza 
pela criatividade, a liberdade do sujeito, e o reconhecimento do outro. Este fato 
demonstra-se instigante diante da formação de comunidades radicais, onde uma 
hegemonia impositiva promove um integrismo fechado e, de forma semelhante, diante do 
movimento da globalização que fragmenta as identidades e tende para que estas se 
fechem sobre si mesmas. Portanto, além de lutar contra os antigos regimes autoritários, a 
ampliação da atuação direciona-se para impedir a desintegração do mundo, recompondo-
o de maneira a que se prevaleçam suas relações e sua unidade. 
É evidente o perigo de forças ameaçadoras que uma sociedade de massa e consumo 
representa para o processo democrático, limitando a capacidade de reflexão e escolha e 
ignorando as relações sociais. Evidencia-se, então, o papel fundamental do sujeito como 
interposição de forças de mediação com a democracia, compreendendo a união entre 
identidade e técnica que o torna capaz de transformar seu meio, contribuindo para que as 
instituições democráticas ocupem, de maneira sólida, seu papel na sociedade. 
Assim, o indivíduo constitui-se como sujeito a partir do momento em que adquire a 
consciência de seus atos, libertando-se das regras sociais do Estado e construindo um 
projeto de vida que se defina por sua luta pela libertação, resistência à dominação, amor 
a si próprio e pelo reconhecimento dos outros como sujeitos, sem reduzir-se a uma razão 
individual. 
A democracia torna-se o campo institucional capaz de proteger o esforço de indivíduos 
para tornarem-se sujeitos aptos a enfrentar a dissociação entre os mundos da ação e do 
ser, capaz ainda de completar diferenças através de uma solidariedade que seja 
integradora. Tais reflexões, assentadas na consideração do outro, é o que Touraine 
denomina de cultura democrática. Sem esta, não se pode falar de democracia. 
Referência 
TOURAINE, Alain. O que é a democracia. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. 
 
--------- 
Neste momento, podemos nos questionar: 
- Em que medida nós somos sujeitos de nossa própria existência? 
- Em que medida nós transformamos o nosso meio? 
- Em que medida nós consideramos o outro? • 
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