Buscar

POLÍTICAS DA SAÚDE E CIDADANIA

Prévia do material em texto

POLÍTICAS DA SAÚDE E CIDADANIA
CONCEITUAÇÃO DE POLÍTICA
A palavra política origina-se de pólis, sinônimo de cidade. 
Política tem relação com poder; com força e violência; com autoridade, coerção e persuasão, ao mesmo tempo. 
É o estabelecimento de um jogo de forças e poder na escolha e nas metas de ação a serem cumpridas (Aranha e Arruda, 1986)
Não se pode entender política pública apenas como política de Estado, mas associada à coisa pública, ou seja, de todos, submetida a uma mesma lei e respaldo de uma comunidade. 
Dessa forma, embora as políticas públicas sejam regulamentadas e, na sua maioria, financiadas pelo Estado, elas podem ser controladas pelos cidadãos, através de entidades privadas ou ONGs.
A área da saúde, pela importância para os indivíduos e as comunidades, tem sido objeto da política, daí surgindo a denominação Políticas de Saúde.
Política de saúde refere-se ao exercício do poder e as intervenções planificadas com foco no bem estar social.
É o resultado das condições de vida das pessoas. 
Não apenas assistência médica, mas principalmente, acesso das pessoas ao emprego, com salário justo, à educação, a uma boa condição de habitação e saneamento do meio ambiente, ao transporte adequado, a uma boa alimentação, à cultura e ao lazer.
A SAÚDE NA POLÍTICA DOS PAÍSES
Nos mais avançados países do mundo, hoje, a saúde do povo se tornou um grande interesse do governo e é parte fundamental de um impressionante edifício de serviços.
Esse interesse ocorreu principalmente nos últimos 50 anos, em vista da institucionalização da assistência médica individual nos países industrializados.
SAÚDE E POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL
A Saúde é considerada um direito de todos e dever do Estado, que deve ser garantida mediante ações que visem reduzir os riscos de doença e seus agravamentos.
O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. 
Logo o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, de forma que o atendimento público à saúde deva ser gratuito.
Contudo, a questão do financiamento das políticas públicas de saúde no Brasil – que compreendem não só a Atenção à Saúde, mas também ações de Vigilância, Promoção e Prevenção – é problema sério.
O patamar de gastos públicos em Saúde ainda é claramente insuficiente para cumprir a missão que a Constituição de 1988 se propôs: estabelecer um sistema de saúde público, universal, integral e gratuito. 
FUNCIONAMENTO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: SUS
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
 Visa a organização dos serviços e ações de Saúde a âmbito nacional.
Único funciona igualmente em todo o Brasil.
HISTÓRIA DO SUS
O marco fundamental da proposta de reestruturação do Sistema de Saúde foi em 1986 VIII Conferência Nacional de Saúde.
O Sistema Único de Saúde tem por Diretrizes:
I - acesso universal e igualitário;
II - provimento das ações e serviços através de rede regionalizada e hierarquizada, integrados em sistema único;
III - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
IV - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
V - participação da comunidade na gestão, fiscalização e acompanhamento das ações e serviços de saúde;
VI - participação da iniciativa privada na assistência à saúde, obedecidos os preceitos constitucionais;
 OBS: É prevista a possibilidade da participação da iniciativa privada no sistema de saúde, através do seguro saúde ou cooperativas médicas. O sistema privado é controlado e fiscalizado pelo Poder Público.
OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SUS SÃO:
Integralidade: Conjunto de suas necessidades e os Serviços de Saúde devem ser organizados para oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral. 
Equidade: A Rede de Serviços de Saúde atenta para as desigualdades existentes, com o objetivo de ajustar as suas ações às necessidades de cada parcela da população oferecendo mais a quem mais precisa.
Universalidade: Toda pessoa tem direito a ser atendida nos serviços públicos de saúde, nos hospitais, serviços conveniados/contratados, independente de seu nível socioeconômico, raça, religião, escolaridade, etc.. Não podem estabelecer condições ou exigir pagamento.
Regionalização dos Serviços: Área geográfica delimitada, com definição da população a ser atendida, próxima à população e de fácil acesso. 
Resolutividade: Enfrentar e resolver até o final de sua competência, um problema individual ou coletivo. 
DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DOS TRATAMENTOS MAIS SIMPLES AOS MAIS COMPLEXOS:
Serviços com atendimento de primeiro nível: referem-se ao Atendimento Básico Unidades Básicas de Saúde; 
Serviço de Atendimento em Segundo Nível: especialidades médicas, exames laboratoriais, etc; 
Serviço com Atendimento de Terceiro Nível: internações, cirurgias, emergências, etc.
Atualmente, o Ministério da Saúde precisa aprimorar o sistema: Programa Saúde da Família-PSF. 
O mesmo é uma estratégia da atenção básica, que respeita os princípios do SUS e que, desta forma, é possível imprimir uma relevante dinâmica de ação nas Unidades Básicas de Saúde.
Desafios da Política da Saúde brasileira
Mudar o modelo de atenção com foco no usuário. 
Inserir a atenção ao usuário numa lógica de rede. 
Valorização do trabalho em equipe. 
Priorização de uma política do investimento com maiores recursos financeiros e mais bem utilizados. 
Obtenção de apoio multi-setorial. / Implementar instrumentos de gestão da clínica. Implementar e institucionalizar mecanismos de monitoramento e avaliação.
Melhorar a qualificação dos profissionais de saúde (gestão e assistência). 
Combater a corrupção e mal uso dos recursos. 
Inserir a universidade – graduação e especialização – para formar pessoal para o SUS. 
Desprecarizar as relações de trabalho. /Ampliar e qualificar o controle social. 
Concluindo... A conquista da saúde não pode ser uma responsabilidade exclusiva da área da saúde, mas de todo o governo e da sociedade, por meio de suas políticas econômicas e sociais.
SAÚDE E A INTERFACE COM EDUCAÇÃO EM SAÚDE
HISTÓRIA DA CONCEPÇÃO DE SAÚDE:
Na Antiguidade, a saúde exprimia a condição de harmonia entre as várias forças, ou elementos constituintes, do corpo humano, cuja perturbação resultava em doença. Importava, assim, ter um modo de vida capaz de reduzir esses distúrbios ao mínimo.
Como os elementos externos facilmente perturbavam a harmonia, merecia muita atenção a influência de fatores físicos e da nutrição sobre o corpo humano. Para os médicos, no modo ideal de vida equilibravam-se nutrição, excreção, exercício e descanso.
Além disso, dever-se-ia levar em conta, em cada indivíduo, a idade, o sexo, a constituição e as estações.
Em suma, necessitava-se organizar toda a vida segundo esse fim.
Podemos situar o final do séc. XIX e o início do século XX como um momento histórico importante na construção de concepções e práticas de educação e saúde que tiveram em sua base a Higiene, enquanto um campo de conhecimentos que se articulam, produzindo uma forma de conceber, explicar e intervir sobre os problemas de saúde. 
A Higiene centrava-se nas responsabilidades individuais na produção da saúde e construía formas de intervenção caracterizadas como a prescrição de normas, voltadas para os mais diferentes âmbitos da vida social (casa, escola, família, trabalho), que deveriam ser incorporadas pelos indivíduos como meio de conservar a saúde.
SAÚDE PÚBLICA E REFORMA SANITÁRIA:
Cardoso de Melo (1976), no bojo do movimento pela Reforma Sanitária no Brasil, fez uma crítica severa aos efeitos do distanciamento da saúde pública em relação ao social, afirmando que “como o social não é considerado na prática da saúde pública, senão em perspectiva restrita, a educação passa a ser uma atividade paralela, tendo como finalidade auxiliar a efetivação dos objetivos eminentemente técnicos dos programas de saúde pública” (p. 13). 
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:
No campo da saúde, a compreensão do processosaúde-doença como expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de: habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde, descortina a saúde e a doença como produções sociais, passíveis de ação e transformação, e aponta também para um plano coletivo e, não somente individual de intervenção. 
SAÚDE E DIREITO SOCIAL:
		
Essa forma de conceber a saúde tem sido caracterizada como um conceito ampliado, pois não reduz a saúde à ausência de doença, promovendo a ideia de que uma situação de vida saudável não se resolve somente com a garantia do acesso aos serviços de saúde – o que também é fundamental –, mas depende, sobretudo, da garantia de condições de vida dignas que, em conjunto, podem proporcionar a situação de saúde. Nesse sentido, são indissociáveis o conceito de saúde e a noção de direito social. 
SAÚDE E HIGIENE:
O modelo da promoção, no qual a educação em saúde se apresenta como um dos seus eixos de sustentação, vê-se diante do desafio de não reproduzir, a partir da incorporação da categoria de risco e da ênfase na mudança de comportamento, a mesma redução operada pelo Higienismo, que ao responsabilizar o indivíduo pela reversão da sua dinâmica de adoecimento, acabou por culpabilizá-lo, esvaziando a compreensão da dimensão social do processo saúde/doença. 
RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SAÚDE:
No movimento constante em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) como projeto de um sistema universal, público, equânime, integral e democrático, encontra-se a necessidade de se buscar uma concepção da relação educação e saúde que se configura como resultado da ação política de indivíduos e da coletividade, com base no entendimento da saúde e da educação em suas múltiplas dimensões: social, ética, política, cultural e científica. 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE:
Como campo de disputas, a educação em saúde é permeada por várias concepções que se enfrentam, ainda hoje, nas práticas dos diversos trabalhadores da saúde que realizam o SUS. 
Em certa medida, cumpre reforçar que não são somente perspectivas ou correntes educacionais ou sanitárias que se defrontam, mas formas de conceber os homens, a relação entre estes, as formas de organizar a sociedade e partilhar os bens por ela produzidos. 
Existem duas dimensões da Educação em Saúde que se destacam atualmente. A primeira envolve a aprendizagem sobre as doenças, como evitá-las, seus efeitos sobre a saúde e como restabelecê-la. 
A outra tendência, caracterizada como promoção da saúde pela Organização Mundial da Saúde, inclui os fatores sociais que afetam a saúde, abordando os caminhos pelos quais diferentes estados de saúde e bem-estar são construídos socialmente. 
Dessa forma, ao conceito de educação em saúde se sobrepõe o conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob risco de adoecer. 
Essa noção está baseada em um conceito de saúde ampliado, considerado como um estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar, que integra os aspectos físico e mental (ausência de doença), ambiental (ajustamento ao ambiente), pessoal/emocional (auto realização pessoal e afetiva) e sócio ecológico (comprometimento com a igualdade social e com a preservação da natureza). 
Uma educação em saúde ampliada inclui políticas públicas, ambientes apropriados e reorientação dos serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curativos, assim como propostas pedagógicas libertadoras, comprometidas com o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania, orientando-se para ações cuja essência está na melhoria da qualidade de vida e na promoção do homem.

Continue navegando