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Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Cristiano Alves de Carvalho APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Planejamento e Ava- liação de Impactos Ambientais, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidi0car seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado e0ciente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido in4uencia sua vida pro0ssional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................................................................ 7 1.1 Aspecto Ambiental .........................................................................................................................................................7 1.2 Aspectos Legais ................................................................................................................................................................8 1.3 AIA .........................................................................................................................................................................................9 1.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11 1.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................12 2 O PROCESSO DE AIA ......................................................................................................................... 13 2.1 Critérios e Métodos para Identi$cação e Avaliação de Impactos – Como Analisar os Impactos Ambientais .....................................................................................................................................................................15 2.2 Classi$cação e Avaliação de Impactos .................................................................................................................16 2.3 Métodos de AIA .............................................................................................................................................................19 2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................22 2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................24 3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL – AIA/LICENCIAMENTO ..................................................... 25 3.1 Conteúdo do EIA ...........................................................................................................................................................29 3.2 Conteúdo do RIMA .......................................................................................................................................................31 3.3 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) .....................................................................................37 3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................38 3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................38 4 O LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO ESTADO DE SÃO PAULO – ESTUDO DE CASO ....................................................................................................................................................39 4.1 EAS .....................................................................................................................................................................................39 4.2 RAP .....................................................................................................................................................................................43 4.3 EIA e RIMA........................................................................................................................................................................44 4.4 Sistema de Licenciamento Ambiental Simpli$cado (SILIS) ..........................................................................45 4.5 Estudo de Caso ..............................................................................................................................................................47 4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................49 4.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................49 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 51 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 55 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a)! Vamos iniciar o estudo do Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais, que é uma das dis- ciplinas do curso de Engenharia Ambiental, na modalidade a distância. O estudo desta disciplina vai nos levar a conhecer os aspectos que envolvem a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), veri$cando seus aspectos desde a implementação até o seu estudo em nível internacional e nacional. Vamos estudar os objetivos da AIA, seus principais termos e seus conceitos mais relevantes para a elaboração de estudos ambientais que irão fornecer elementos para subsidiar a tomada de decisão no âmbito da AIA, bem como estabelecer critérios e métodos para fazer a avaliação, identi$cação e interpre- tação dos impactos ambientais. Ainda, iremos apresentar os conteúdos básicos exigidos pela legislação para a elaboração desses estudos ambientais e, com isso, entenderemos como devem ser realizados os Estudos de Impacto Ambiental (EIAs). Alguns exemplos de EIA serão apresentados, a $m de facilitar sua compreensão. Cristiano Alves de Carvalho Puritano Destacar Puritano Destacar Puritano Destacar Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 IMPACTO AMBIENTAL1 Caro(a) aluno(a), Vamos iniciar o estudo dos impactos am- bientais. De acordo com o art. 1º da Resolução CONAMA nº 001/1986, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades fí- sicas, químicas, biológicas do meio am- biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das ativida- des humanas que afetem diretamenteou indiretamente: x� A saúde, a segurança, e o bem estar da população; x� As atividades sociais e econômicas; x� A biota; x� As condições estéticas e sanitárias am- bientais; x� A qualidade dos recursos ambientais. Com isso, concluímos que essa de$nição está atrelada a qualquer alteração signi$cativa causada por um empreendimento, podendo ser negativa ou positiva. A seguir, iremos apresentar uma classi$ca- ção dos impactos ambientais. Quadro 1 – Classi$cação dos impactos ambientais. x� Diretos e indiretos. x� Imediatos e a médio e longo prazo. x� Temporários e permanentes. x� Reversíveis e irreversíveis. x� Bené$cos e adversos. x� Locais, regionais e estratégicos. Fonte: São Paulo. 1.1 Aspecto Ambiental A Revolução Industrial trouxe para a socie- dade uma nova maneira de viver em sociedade. Os anos se passaram e as formas de trabalho, bem como as demandas por bens e serviços, evoluí- ram no sentido da busca contínua de minimizar cada vez mais o impacto gerado nas atividades de produção. A de$nição de aspecto ambiental está asso- ciada aos elementos produzidos nas atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente. Podemos citar alguns exemplos de aspectos ambientais que não são os objetivos primeiros das atividades humanas e, sim, consequências do desenvolvi- mento de diversas atividades, como a geração de eGuentes, de resíduos ou de ruídos e a emissão de poluentes atmosféricos. Note que temos que ter o cuidado para não confundir aspectos ambientais com impactos ambientais. Por exemplo, podemos achar que a geração de esgoto e ruídos e a emissão de gases na atmosfera são impactos quando, na verdade, Puritano Destacar Puritano Destacar Puritano Destacar Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 não são. Na verdade, são exemplos de aspectos ambientais que podem desencadear os impactos caso não seja tomada nenhuma atitude, tanto para evitar ou reduzir a geração/emissão quanto para minimizar os impactos prováveis. Figura 1 – Impactos ambientais. Fonte: Sanchéz (2008, p. 33). Podemos ter também os aspectos associa- dos à utilização dos recursos naturais, como, por exemplo, o consumo de água (recurso renovável), que, com o tempo, terá sua disponibilidade re- duzida para outros usos ou di$cultado/limitado o atendimento de todas as funções de uso desse recurso. Para Sanchéz (2008, p. 27), a degradação ambiental “[...] refere-se a qualquer estado de al- teração de um ambiente e a qualquer tipo de am- biente. O ambiente construído degradasse, assim como mos espaço naturais. Tanto o patrimônio natural como o cultural podem ser degradados, descaracterizados e até destruídos”. No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente de$ne degra- dação ambiental como “[...] alteração adversa das características do meio ambiente” (BRASIL, 1981, art. 3º, inciso II). Concluímos então que, ao ocor- rer uma alteração nas características do meio, que após não retorna ao seu estado original, temos a geração do impacto e é nesse momento que constatamos que o ecossistema foi prejudicado. 1.2 Aspectos Legais No território nacional existe a União, esta- dos/Distrito Federal e municípios como partes do governo. A abordagem das questões ambientais é tratada em diferentes níveis de acordo com a es- fera em questão. Vamos abordar cada uma delas a seguir. A União estabelece as diretrizes gerais, bem como as responsabilidades próprias, dos estados e municípios. As duas outras esferas estabelecem as normas complementares, podendo ser mais restritivas (nunca o contrário). AtençãoAtenção Os pro"ssionais que trabalham na área am- biental têm de estar atentos e conhecer as exigências, normas e procedimentos legais federais, estaduais e/ou municipais para a instalação e funcionamento de um deter- minado empreendimento (BARROS; MONTI- CELLI, 1998). Puritano Destacar Puritano Destacar Puritano Destacar Puritano Destacar Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 A seguir, temos um quadro mostrando o funcionamento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Veja: Quadro 2 – Estrutura do SISNAMA. ORGÃOS FINALIDADE ÓRGÃO SUPERIOR Conselho do Governo A sua função é auxiliar o Presidente da República na formulação da Política Nacional do Meio Ambiente. ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO -CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente A $nalidade do CONAMA é estudar e propor diretrizes e políticas governamentais para o meio ambiente e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas, padrões e critérios de controle ambiental. O CONAMA assim procede através de suas resoluções. ÓRGÃO CENTRAL Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal Encarregado de planejar, coordenar e supervisionar as ações relativas à Política Nacional do Meio Ambiente. Como órgão federal implementa os acordos internacionais na área ambiental. ÓRGÃO EXECUTOR IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Entidade autárquica, dotada de personalidade jurídica de direito público e autonomia administrativa, é a encarregada da execução da Política Nacional para o Meio Ambiente e sua $scalização. ÓRGÃOS SECCIONAIS São entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos de controle e $scalização das atividades potencialmente poluidoras (Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e entidades supervisionadas como a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, no estado de São Paulo, e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA, do Rio de Janeiro). ÓRGÃOS LOCAIS Entidades ou Órgãos Municipais São órgãos ou entidades municipais voltadas para o meio ambiente, responsáveis por avaliar e estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional de seus recursos, supletivamente ao Estado e à União. Fonte: IPT/CEMPRE (1995). Caro(a) aluno(a), você sabe o que é a AIA? É uma ferramenta política de planejamento am- biental que tem como principal objetivo prevenir danos ambientais, sendo, assim, utilizada mun- dialmente. No território nacional, está prevista na Política Nacional do Meio Ambiente, conforme é apresentado a seguir: Art. 9º - São Instrumentos da Política Na- cional do Meio Ambiente: 1.3 AIA I - o estabelecimento de padrões de qua- lidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; (Regula- mento) III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de ativi- dades efetiva ou potencialmente polui- doras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção Puritano Destacar Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais espe- cialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 18.07.89) VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Ativi- dades e Instrumento de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou com- pensatórias não cumprimento das medi- das necessárias à preservação ou corre- ção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualida- de do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Inciso incluído pela Lei nº 7.804, de 18.07.89. XI - a garantia da prestação de informa- ções relativas ao Meio Ambiente, obri- gando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; Inciso incluído pela Lei nº 7.804, de 18.07.89. XII - o Cadastro Técnico Federal de ativi- dades potencialmente poluidoras e/ ou utilizadoras dos recursos ambientais. Inci- so incluído pela Lei nº 7.804, de 18.07.89. (BRASIL, 1981). Um dos objetivos da AIA é garantir o exame sistêmico dos impactos ambientais de uma ação proposta, bem como buscar alternativas cujos re- sultados, por meio de uma linguagem simples e acessível, devem ser repassados aos responsáveis pelas tomadas de decisão e, principalmente, ao público em geral. Todos esses procedimentos vi- sam a garantir a adoção de medidas de proteção ao meio ambiente. Para realizar a implantação de um projeto, faz-se necessária a elaboração de estudos ambientais, a $m de subsidiar o proces- so de tomada de decisão. A principal $nalidade da realização desses estudos é a identi$cação, a interpretação e a prevenção de todos os efeitos ambientais de projetos ou ações que porventura possam ameaçar ou afetar a saúde e o bem-estar do homem, ou seja, os ecossistemas em que o ho- mem vive, sendo necessário manter a sua quali- dade ambiental. Saiba maisSaiba mais “A construção, instalação, ampliação e funcio- namento de estabelecimentos e atividades uti- lizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio li- cenciamento de órgão estadual competente, in- tegrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, e do Instituto Brasileiro do Meio Am- biente e Recursos Naturais Renováveis – Ibama, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras li- cenças exigíveis” (BRASIL, 1981, art. 10º). Segundo Sanchéz (2008), a utilização des- ses estudos, além de garantir a proteção do meio ambiente em que o homem vive, pode atender a outros objetivos, tais como: � subsidiar decisões dentro do processo de licenciamento de atividades, no âm- bito de órgãos de governo, organismos de $nanciamento e empresas; � auxiliar na concepção de projetos, in- Guindo na escolha do local para a insta- lação do empreendimento e do proces- so tecnológico a ser adotado; � servir como instrumento de gestão am- biental para garantir a implantação das medidas de proteção ao meio ambien- te estabelecidas e avaliar o acerto das previsões, tanto dos impactos ambien- tais quanto da e$ciência das medidas mitigadoras propostas; � ser um instrumento de negociação so- cial em consequência dos mecanismos de participação pública que os inte- gram, permitindo a participação do pú- blico em diferentes níveis. Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Com essas informações, percebemos que o intuito da AIA é a descrição de todos os danos ambientais originados pela atividade humana que porventura possam vir a alterar o ambiente de maneira negativa. A AIA também realiza um estudo chamado avaliação de dano ambiental ou, ainda, avaliação de passivo ambiental, que signi- $ca o estudo de impactos ambientais de projetos ou atividades implantados no passado. Para Sanchéz (2004), uma AIA pode ter como objetivos: � prever os impactos potenciais que um projeto de engenharia poderá ocasio- nar após sua implantação; � estudar as alterações ambientais ocor- ridas em um local ou região, em decor- rência de uma atividade individual ou de uma série de atividades humanas, passadas ou presentes; � identi$car ou interpretar os “efeitos e impactos ambientais” decorrentes das atividades de uma organização, nos ter- mos das normas técnicas da série ISO 14000; AtençãoAtenção “A Avaliação de Impacto Ambiental envolve atividades para as quais são de"nidas muitas siglas. Para evitar confusões acerca da com- preensão dos conceitos em inglês e em por- tuguês apresentam-se aqui alguns termos muito utilizados: • Em inglês: EIA – Environmental Impact Assesment = em português: AIA – Ava- liação de Impacto Ambiental; • Em inglês: EIS – Environmental Impact Statement = em português: EIA – Estudo de Impacto Ambiental” (SANCHÉZ, 2004, p. 8). � analisar os impactos ambientais de- correntes do processo de produção, da utilização e do descarte de um determi- nado produto, sendo também denomi- nada análise de ciclo de vida. São muitos os objetivos a ser alcançados pela AIA e, por isso, muitas são as ferramentas e metodologias utilizadas pelos agentes privados e públicos para sua execução. O que deve $car claro é que a AIA deve antever as consequências sobre a qualidade ambiental de decisões tomadas hoje. 1.4 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Aqui, apresentaremos as principais informações contidas neste capítulo, mas não se esqueça de que todas as informações são importantes! Bons estudos! Neste capítulo, foi possível compreender alguns conceitos e termos importantes relacionados à AIA, à evolução da preocupação com os impactos ambientais e à geração de impactos. Vimos que, de acordo com o art. 1º da Resolução CONAMA nº 001/1986, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente: x� A saúde, a segurança, e o bem estar da população; x� As atividades sociais e econômicas; x� A biota; Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 x� As condições estéticas e sanitárias ambientais; x� A qualidade dos recursos ambientais. Foi possível perceber a diferença entre os conceitos de impacto ambiental e aspecto ambiental, estando a de$nição de aspecto ambiental associada aos elementos produzidos nas atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente. Os aspectos legais são muito importantes; por isso, segundo Barros e Monticelli (1998), os pro- $ssionais que trabalham na área ambiental têm de estar atentos e conhecer as exigências, normas e procedimentos legais federais, estaduais e/ou municipais para a instalação e funcionamento de um de- terminado empreendimento. Abordamos também o conceito de AIA, que é uma ferramenta política de planejamento ambiental que tem como principal objetivo prevenir danos ambientais, sendo, assim, utilizada mundialmente. 1.5 Atividades Propostas 1. Diferencie impacto ambiental de aspecto ambiental e exempli$que. 2. Mostre o funcionamento do SISNAMA, identi$cando cada setor e suas respectivas atribuições. 3. O que é a AIA? Quais são seus principais objetivos? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Caro(a) aluno(a), O processo de AIA segue uma sequência ordenada de atividades. Com isso, podemos fazer uma análise crítica sobre os possíveis impactos ambientais que um determinado empreendimen- to ou atividade poderá causar ao meio ambiente. Todo esse processo é regulamentado pelos ór- gãos estaduais, que de$nem os procedimentos a ser executados. As peculiaridades de cada jurisdi- ção são respeitadas, priorizando um ou outro pro- cedimento. Vale a pena ressaltar que existem três etapas básicas que devem ser realizadas: � etapa inicial; � etapa de análise detalhada; � etapa pós-aprovação. Chegou o momento de entendermos um pouco mais sobre cada uma delas. Etapa Inicial Esta etapa determina a necessidade de rea- lizar um estudo minucioso que possui como$na- lidade antever os possíveis impactos ambientais de uma futura ação. É dividida em: � apresentação da proposta; � triagem; � determinação da abrangência e do es- copo do EIA. O PROCESSO DE AIA2 Vamos tratar com mais detalhes cada uma dessas fases. Apresentação da proposta É um documento que deve apresentar a ini- ciativa em linhas gerais, indicando a localidade do projeto ou a abrangência do plano, programa ou política. Nesta etapa, iniciamos o processo de AIA. Triagem Nesta fase, faz-se uma seleção de todas as atividades humanas que podem causar ou que possuem potencial de causar impactos signi$- cativos. Segundo Sanchéz (2004, p. 3), o procedi- mento empregado nesta etapa é de [...] enquadramento do projeto em três categorias: (a) São necessários estudos aprofunda- dos; (b) Não são necessários estudos aprofun- dados; (c) Há dúvidas sobre o potencial de cau- sar impactos signi$cativos ou sobre medidas de controle. Vale a pena ressaltar que temos alguns cri- térios para o enquadramento das atividades, a saber: � listas positivas: são listas de projetos para os quais é obrigatória a realização de um estudo detalhado; � listas negativas: aqui são enquadra- dos os projetos que causam impactos Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 pouco signi$cativos ou para os quais é conhecida a e$cácia de medidas e téc- nicas para mitigar os impactos negati- vos. São listas de exclusão; � critérios de corte: são baseados no porte do empreendimento e devem ser aplicados para as listas positivas, bem como para as listas negativas; � localização do empreendimento: ocorre com a realização de estudos completos em áreas consideradas sen- síveis; � recursos ambientais potencialmente afetados: utilizados em todos os proje- tos que afetam os ambientes que deve- mos proteger (como cavernas). Determinação da abrangência e do escopo do EIA “Quando é julgada necessária a realização de um estudo detalhado de impacto ambiental, deve-se, antes de iniciá-lo, estabelecer seu esco- po, ou seja, a abrangência e a profundidade dos estudos a serem realizados” (SANCHÉZ, 2004, p. 3). A conclusão desta etapa ocorre com a elabora- ção de um documento em que são estabelecidas as diretrizes dos estudos a ser executados. O do- cumento é chamado Termo de Referência (TR) ou instruções técnicas. Quando se julga que não é necessário um EIA prévio, Sanchéz (2004, p. 1-2) a$rma que exis- tem [...] outros instrumentos que permitem um controle governamental sobre essas atividade e seus impactos ambientais [...] como entre outras, normas e padrões de emissões de poluentes, de destinação de resíduos sólidos, regras que determinam a manutenção de uma certa porcenta- gem de cobertura vegetal e o zoneamen- to, que estabelece condições e limitações para o exercício de uma série de ativida- des em função da sua localização. Etapa de Análise Detalhada A aplicação desta etapa se faz necessária quando temos casos em que as atividades pos- suem potencial de causar impactos signi$cativos. A etapa possui muitas atividades que iniciam com a de$nição do conteúdo do EIA e vão até a even- tual aprovação. Elaboração do EIA A etapa realiza, por meio de uma equipe multidisciplinar, a atividade central do processo de avaliação ambiental. É este o momento em que estabelecemos as bases que darão subsídios para a análise da viabilidade ambiental do em- preendimento. Devemos ressaltar que devem ser feitas propostas de alterações no projeto, com o objetivo de reduzir e até, se possível, eliminar os impactos negativos. O relatório $nal do EIA deve ter uma lingua- gem não técnica, para comunicar os resultados a todas as pessoas interessadas. No Brasil, a confec- ção desse relatório é obrigatória e ele é chamado Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Análise técnica do EIA O principal objetivo da análise técnica é rea- lizar a veri$cação da conformidade do EIA com os TRs, regulamentação ou procedimentos apli- cáveis, devendo uma terceira parte analisar esse estudo. De maneira geral, quem realiza esse estudo é a equipe técnica do órgão governamental en- carregado de autorizar o empreendimento. Consulta pública É um processo que pode ser realizado em diferentes momentos do processo de AIA, por meio de diferentes procedimentos. Normalmen- te, logo após a conclusão dos estudos, é realizada a consulta pública, o que possibilita ter um qua- Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 dro mais amplo sobre as possíveis implicações da decisão a ser tomada. Decisão Segundo Sanchéz (2004, p. 5), [...] a decisão $nal pode caber: (i) à au- toridade ambiental; (ii) à autoridade da área de tutela na qual se subordina o empreendimento (por exemplo decisões sobre um projeto Gorestal cabem ao mi- nistério responsável por este setor), ou (iii) ao governo (através de um conselho de ministros ou do chefe de governo). Há ainda o modelo de decisão colegiada, através de um conselho com participação da sociedade civil, muito usado no Brasil, onde esses colegiados são subordinados à autoridade ambiental. Entre os tipos de decisão $nal, estão: � não autorizar o empreendimento; � aprovar o empreendimento incondicio- nalmente; � aprovar o empreendimento com con- dições, solicitando modi$cações ou a complementação dos estudos apresen- tados. Etapa Pós-Aprovação Após a aprovação do empreendimento, faz- -se necessária a continuidade da AIA, com a apli- cação de medidas de gestão para monitorar os impactos reais causados pela atividade. Acompanhamento e monitoramento Todas as conclusões apontadas no EIA de- vem ser acompanhadas e monitoradas para de- terminarmos com exatidão a con$rmação ou não de todas as previsões. Para os casos em que a avaliação de implantação do empreendimento é positiva, o trabalho consiste na veri$cação de medidas de eliminação, mitigação ou compensa- ção dos impactos negativos e na valorização dos impactos positivos que estão sendo executados. Esse processo deve ocorrer todo tempo, ou seja, desde a implantação da obra até a fase de desati- vação ou encerramento. 2.1 Critérios e Métodos para Identi)cação e Avaliação de Impactos – Como Analisar os Impactos Ambientais No território nacional, todos os critérios para a análise dos impactos ambientais estão de$nidos no art. 6º da Resolução CONAMA nº 001/1986, em que está determinado que deve acontecer [...] através de identi$cação, previsão da magnitude e interpretação da importân- cia dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (bené$cos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas proprieda- des cumulativas e sinérgicas; a distribui- ção dos ônus e benefícios sociais. Concluímos que é responsabilidade da equipe técnica selecionar métodos adequados para a realização do EIA. Ainda, a AIA deve ser rea- lizada pensando nos impactos não apenas sobre os meios bióticos e físicos, mas também sobre o meio socioeconômico. Os impactos devem ser Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 analisados não somente na área de implantação direta do empreendimento; temos, então: � Área de In+uência Direta (AID): pode ser um bairro próximo ao empreendi- mento; � Área de In+uência Indireta (AII): pode ser uma área onde provavelmente reGe- tirão os impactos indiretos decorrentes de instalação e operação doempreen- dimento; � Área Diretamente Afetada (ADA): são as áreas a ser ocupadas pelo empreen- dimento. Muitas vezes, o empreendimento gera im- pactos que extrapolam as fronteiras físicas de sua localização e até os limites geográ$cos municipais, sendo, assim, fundamental o diagnóstico para a proposição de medidas preventivas e mitigadoras visando à proteção ambiental, manutenção e/ou melhoria da qualidade de vida de todos os afeta- dos pela implantação do empreendimento. 2.2 Classi)cação e Avaliação de Impactos Devemos avaliar a extensão do impacto, sua duração, entre outros aspectos, para que possam ser feitas as propostas de medidas mitigadoras e de prevenção. Alguns impactos não poderão ser evitados ou mitigados, podendo acarretar a invia- bilização da obtenção das licenças. Fazer a classi$cação e interpretação dos im- pactos tem como $nalidade a identi$cação das ações de prevenção e/ou de mitigação que são prioritárias. A equipe deve considerar os impac- tos adotando critérios cientí$cos que avaliem o prejuízo à qualidade de vida da população afe- tada. Não devemos buscar um padrão para as AIAs, visto que existem metodologias para cada caso, o que nos permite uma melhor avaliação do contexto analisado. Os critérios para a classi$ca- ção dos impactos variam de acordo com a equipe envolvida com a AIA, mas sempre se deve deixar clara a justi$cativa das escolhas feitas. AtençãoAtenção Beanlands (apud SANCHÉZ, 2008) defende que deveriam, ao menos, ser considerados signi"cativos os impactos que: a) afetam a saúde ou a disponibilidade de empregos ou recursos à comunidade local; b) afetam a média ou variância de determina- dos parâmetros ambientais; c) modi"cam a estrutura ou a função dos ecossistemas ou colocam em risco espécies raras ou ameaçadas (signi"cância ecológica); d) são considerados importantes para o pú- blico. Feita a identi$cação dos possíveis impactos em todas as fases do empreendimento (quando no caso do licenciamento ambiental), podemos utilizar os seguintes aspectos para classi$cá-los: � magnitude: indica a dimensão do im- pacto. A magnitude de um impacto pode ser: grande, média ou pequena; � ocorrência: registra a possibilidade de manifestação do impacto. Temos dois modos: impacto efetivo (ocorre quan- Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 do podemos observar ou medir o efeito negativo) e impacto provável (ocorre quando o impacto pode vir a ocorrer); � fonte: temos duas possibilidades para a origem de um impacto. São elas: im- pacto localizado (ocorre quando a fonte pode ser identi$cada) e impacto difuso (ocorre quando a fonte não pode ser identi$cada); � valor ou sentido: em alguns casos, um impacto pode trazer benefícios. Temos, então, impacto positivo ou bené$co (ações que resultam na melhoria da qualidade dos parâmetros ambientais) e impacto negativo ou adverso (ações que resultam em danos à qualidade de parâmetros ambientais); � ordem ou origem: este quesito faz uma relação de causa e efeito entre a geração, a ação e o efeito do impacto. Temos, então, impacto direto (impacto proveniente de uma simples relação de causa e efeito) e impacto indireto (im- pacto proveniente de uma cadeia de reações, ou seja, resultante de uma rea- ção secundária em relação à ação); � extensão espacial: este quesito rela- ciona-se às áreas de inGuência. Temos, então, impacto local (ações afetam o próprio sítio e suas imediações), im- pacto regional (ações afetam além das imediações do próprio sítio) e impacto estratégico (ocorre quando o recurso ambiental afetado tem relevante inte- resse coletivo ou nacional); � desencadeamento: este quesito repre- senta o tempo decorrido entre a ação e o aparecimento do impacto. Temos, en- tão, impacto imediato (o efeito surge no instante em que se dá a ação), impacto de curto prazo (o impacto se manifesta até 1 ano após a ação), impacto de mé- dio prazo (o impacto se manifesta certo tempo após a ação – de 1 a 10 anos) e impacto de longo prazo (o impacto se manifesta muito tempo após a ação – de 10 a 50 anos); � frequência (em função da forma): ocorre com a manifestação, em inter- valos de tempo determinados. Temos, então, impacto sazonal (o impacto se manifesta em determinada época do ano) e impacto casual (o impacto se manifesta aleatoriamente); � frequência (em função da intensida- de): ocorre com relação à quantidade/ frequência de vezes que um impacto é sentido. Temos, então, impacto de fre- quência alta (ocorre de forma bastante intensa), impacto de frequência média (ocorre de vez em quando) e impacto de frequência baixa (ocorre raramente); � estado evolutivo: este quesito repre- senta as possibilidades de o impacto cessar logo após a sua geração ou não. Temos, então, impacto estacionário (o impacto não apresenta riscos de expan- dir), impacto retroativo (o impacto ten- de a cessar ou diminuir) e impacto ex- pansivo (o impacto tende a aumentar); � distribuição: corresponde à extensão dos impactos entre os atores afetados por eles. Temos, então, impacto regular (ocorre de forma regular entre os en- volvidos) e impacto irregular (ocorre de forma irregular entre os envolvidos); � duração: corresponde ao tempo pelo qual os efeitos são sentidos. Temos, en- tão, impacto de curto prazo (quando seus efeitos têm duração de até 1 ano), impacto de médio prazo (quando seus efeitos têm duração de 1 a 10 anos) e impacto de longo prazo (quando seus efeitos têm duração de 10 a 50 anos); � acumulação: alguns impactos podem ter sua intensidade aumentada por sucessivas adições de outras ações. Te- mos, então, impacto linear (os efeitos se acumulam linearmente) e impacto exponencial (os efeitos se acumulam exponencialmente); Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 � sinergia: ocorre quando há a ação de dois ou mais impactos, fazendo com que o efeito resultante seja maior que a soma dos efeitos individuais. Ela pode estar presente ou ausente; � importância: esta classi$cação é mui- to subjetiva, pois devemos ponderar o grau de importância de um impacto em relação ao fator ambiental afetado. A classi$cação é dividida em: importan- te, moderada e fraca; � temporalidade: este quesito represen- ta o tempo de duração no qual os efei- tos e os impactos são sentidos. Temos, então, impacto temporário (os efeitos de um impacto têm duração determi- nada) e impacto permanente (os efeitos não cessam sua manifestação quando a ação é executada); � reversibilidade (em função da inten- sidade): este quesito relaciona-se à capacidade de resiliência do meio de sofrer uma perturbação e retornar ao estado de equilíbrio original. Temos, então, grande, média e baixa; � reversibilidade (em função da for- ma): este quesito relaciona-se ao retor- no ao equilíbrio original, logo após ces- sar o impacto. Temos, então, impacto reversível e impacto irreversível. A utilização de quadros sinópticos, como o que será apresentado a seguir, auxilia na aplica- ção de regras de combinação de atributos. Quadro 3 – Critérios para avaliar a importância de impactos ambientais por meio de um quadro sinóptico. DURAÇÃO EXTENSÃO MAGNITUDE OU INTENSIDADE Momentânea Pontual Fraca Fraca Fraca Média Momentânea Local Fraca Fraca Média Média Temporária Pontual Fraca Fraca Média Média Temporária Local Fraca Fraca Média Forte Momentânea Regional Fraca Média Média Forte Permanente Pontual Fraca Média MédiaForte Temporária Regional Fraca Média Forte Forte Permanente Local Fraca Média Forte Forte Permanente Regional Média Forte Forte Forte Fonte: Adaptado de Sanchéz (2008). Magnitude ou Intensidade No quadro anterior, foram utilizados os atri- butos “duração” e “extensão”, mas outros podem ser utilizados dentro dessa metodologia. Saiba maisSaiba mais Ponderação de atributos “[...] dar pesos a cada um dos atributos selecio- nados e, em seguida, combiná-los segundo uma função matemática predeterminada. Assim a principal diferença entre a combinação e a pon- deração de atributos é que, nesta última, os atri- butos são ordenados segundo sua importância para o critério de avaliação, com os atributos maiores recebendo maiores pesos” (SANCHÉZ, 2008, p. 299). Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 A AIA fala da importância ou signi$cância das modi$cações ambientais. Para realizá-la, não há um único e melhor método a ser adotado. De- vemos considerar: � recursos técnicos e $nanceiros; � tempo de duração; 2.3 Métodos de AIA � dados e informações existentes ou pos- síveis de obter; � requisitos legais; � TR a ser atendido. Veja, agora, os principais métodos de AIA: Figura 2 – Principais métodos de AIA. Fonte: Adaptado de Santos (2007). Métodos Ad Hoc São realizados por meio de painéis ou reu- niões com especialistas. Suas principais caracte- rísticas são: � avaliações em tempo curto e quando há carência de dados; � rapidez e baixo custo; � não permite análise sistemática dos im- pactos; � alto grau de subjetividade dos resulta- dos. Listagens de Controle São divididas em: � listagens de controle simples: listam somente os fatores ambientais e seus indicadores; � listagens descritivas: apresentam a relação de parâmetros ambientais e podem ter a forma de um questionário para a análise dos impactos; � listagens de controle escalar: apre- sentam atribuições de valores numéri- cos ou em forma de símbolos (letras e sinais) para cada fator ambiental. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Matrizes de Interação São compostas de duas listagens de contro- le. Nas colunas, são dispostas as ações ou ativida- des impactantes (causa) e, nas linhas, os fatores ambientais e sociais que podem ser afetados por essas ações (efeito). Nessas matrizes, cada célu- la de interseção representa a relação de causa e efeito geradora do impacto. A matriz mais utiliza- da no âmbito da AIA é a de Leopold, que é uma representação que utiliza uma listagem de 100 ações ou atividades impactantes e 88 fatores ou atributos ambientais, resultando em 8.800 intera- ções. Veja: AtençãoAtenção Atividades/empreendimentos sujeitos ao licenciamento com AIA • Parques temáticos e aquáticos. • Complexos turísticos e hoteleiros. • Hidroelétrica. • Linhas de transmissão ou subestação. • Abertura de barras e embocaduras. • Canalização, reti"cação ou barramento de cursos d’água. • Sistema de irrigação. • Transposição de bacias hidrográ"cas. • Sistema de abastecimento de água. • Aeroportos. • Portos. • Terminal de cargas. • Ferrovias. • Rodovias. • Corredor de transporte metropolitano. • Oleoduto. • Gasoduto. • Projeto agrossilvopastoril. • Projeto de assentamento rural e de colo- nização. • Loteamento ou conjunto habitacional. • Loteamento misto com uso industrial. • Distrito ou loteamento industrial. • Zona estritamente industrial. • Agroindústria – destilaria de álcool e usina de açúcar. • Depósito ou comércio atacadista de pro- dutos químicos ou in?amáveis. • Complexo industrial. • Aterro industrial e de codisposição. • Aterro sanitário. • Sistemas de tratamento de resíduos sóli- dos urbanos. • Sistemas de tratamento de resíduos sóli- dos industriais, associados ou não a insta- lações industriais. • Sistemas de tratamento e disposição "nal de resíduos de serviços de saúde. • Transbordo de resíduos sólidos. • Atividade minerária. • Sistema de tratamento e disposição de es- goto sanitário. • Centrais termoelétricas. Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Figura 3 – Matriz de Leopold. Temos, também, outros tipos de matriz. São elas: � matriz de correlação; � matriz cromática. Veja um exemplo de matriz cromática: Quadro 4 – Matriz cromática. FATORES DE IMPACTO AO AMBIENTE Meio Antrópico Meio Físico Meio Químico Meio Biológico 1. Geração de empregos 2. Implantação de infraestrutura 3. Mudança das características das águas 4. Vetores de doenças 5. Alteração do relevo natural 6. Ocorrência de erosão 7. Obtenção de material de cobertura 8. Alteração de espécies da fauna e Gora 9. Tráfego 10. Geração de biogás 11. Odores 12. Mudança dos níveis de ruído 13. Alteração da paisagem Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Legenda IMPACTO COR POSITIVO BAIXO MÉDIO ALTO NEGATIVO BAIXO MÉDIO ALTO INDIFERENTE Superposição de Cartas O método utiliza a superposição de cartas em transparência visando à obtenção da distri- buição espacial dos impactos e sua extensão em termos geográ$cos. A superposição resulta em uma carta-síntese de aptidão da área e respec- tivos fatores ambientais com os usos propostos, possibilitando a identi$cação e a avaliação quali- tativa de prováveis impactos. Modelos de Simulação Ocorrem com a utilização de modelos mate- máticos computadorizados que irão representar o funcionamento dos sistemas ambientais. Suas aplicações se estendem a diagnósticos e prog- nósticos sobre a qualidade ambiental da área de inGuência do projeto. Redes de Interação Este método apresenta uma grande vanta- gem, que é a boa visualização da interação entre os componentes, além do fato de não se restrin- gir aos efeitos diretos; as redes de interação sim- ples são as mais empregadas para o diagnóstico e prognóstico. O método utiliza Guxogramas ou grá$cos da sucessão de impactos, por meio da co- nexão entre ações e fatores ambientais. 2.4 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Aqui, apresentaremos as principais informações contidas neste capítulo, mas não se esqueça de que todas as informações são importantes! Bons estudos! Vimos que o processo de AIA segue uma sequência ordenada de atividades. Com isso, podemos fazer uma análise crítica sobre os possíveis impactos ambientais que um determinado empreendimento ou atividade poderá causar ao meio ambiente. Vale a pena ressaltar que existem três etapas básicas que devem ser realizadas: � etapa inicial; � etapa de análise detalhada; � etapa pós-aprovação. Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 A AIA deve ser realizada pensando nos impactos não apenas sobre os meios bióticos e físicos, mas também sobre o meio socioeconômico. Os impactos devem ser analisados não somente na área de implantação direta do empreendimento. Fazer a classi$cação e interpretação dos impactos tem como $nalidade a identi$cação das ações de prevenção e/ou de mitigação que são prioritárias. Feita a identi$cação dos possíveis impactos em todas as fases do empreendimento (quando no caso do licenciamento ambiental), podemos utilizar os seguin- tes aspectos para classi$cá-los: � magnitude; � ocorrência; � fonte; � valor ou sentido; � ordem ou origem; � extensão espacial; � desencadeamento; � frequência (em função da forma); � frequência (em função da intensidade); � estado evolutivo; � distribuição; �duração; � acumulação; � sinergia; � importância; � temporalidade; � reversibilidade (em função da intensidade); � reversibilidade (em função da forma). Para realizar a AIA, não há um único e melhor método a ser adotado. Devemos considerar: � recursos técnicos e $nanceiros; � tempo de duração; � dados e informações existentes ou possíveis de obter; � requisitos legais; � TR a ser atendido. Vimos, então, os principais métodos de AIA: Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Figura 4 – Principais métodos de AIA. Fonte: Adaptado de Santos 2007. 2.5 Atividades Propostas 1. Como funciona o processo de AIA? 2. Qual é a $nalidade da classi$cação e interpretação dos impactos ambientais? 3. Quais são os principais métodos de AIA? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Caro(a) aluno(a), A seguir, vamos apresentar a legislação am- biental referente à AIA, ao licenciamento e à pre- venção contra a poluição no estado de São Paulo e em nível federal. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981) O art. 10º determina que a instalação de atividades que utilizem recursos ambientais, con- siderados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerá de pré- vio licenciamento de órgão estadual competente, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. Constituição Federal de 1988 O inciso VI do art. 225 determina a possibili- dade de ser exigido EIA prévio para instalação de atividades ou obras potencialmente poluidoras causadoras de signi$cativa degradação ambien- tal, na forma estabelecida pela legislação regu- lamentar (Resoluções CONAMA nº 237/1997 e 001/1986). Constituição do Estado de São Paulo (1989), Acrescida das Alterações das Emendas Constitucionais O art. 192 estabelece que a execução de obras, atividades, processos produtivos e em- preendimentos e a exploração de recursos natu- LEGISLAÇÃO AMBIENTAL – AIA/ LICENCIAMENTO3 rais de qualquer espécie, quer pelo setor público, quer pelo privado, será admitida se houver res- guardo do meio ambiente ecologicamente equi- librado. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de Janeiro de 1986 Art. 2º Dependerá de elaboração de Es- tudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em ca- ráter supletivo, o licenciamento de ativi- dades modi$cadoras do meio ambiente [...]. Resolução CONAMA nº 009, de 3 de Dezembro de 1987 Determina a realização de audiência públi- ca sempre que esta for considerada necessária ou quando for solicitada por entidade civil, pelo Mi- nistério Público ou por 50 ou mais cidadãos. O ór- gão de meio ambiente, a partir da data do recebi- mento do RIMA, $xará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo, que será no mínimo de 45 dias, para solicitação de audiência pública. No caso de haver solicitação de audiên- cia pública e na hipótese de o órgão estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de Dezembro de 1997 Dispõe sobre o licenciamento ambiental, estabelecendo critérios para a de$nição de com- Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 petências e lista as atividades sujeitas ao licencia- mento. Lei Federal nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998 Dispõe sobre as sanções penais e adminis- trativas para as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O art. 60 considera crime am- biental a construção, ampliação, instalação e fun- cionamento de estabelecimentos e obras poten- cialmente poluidores sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes. Lei Estadual nº 997, de 31 de Maio de 1976 Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente e condiciona a instalação de fon- tes de poluição à prévia autorização do órgão es- tadual de controle da poluição do meio ambiente, mediante expedição de Licença Ambiental Prévia (LAP), de Licença Ambiental de Instalação (LAI) e/ ou de Licença Ambiental de Operação (LAO). Decreto Estadual nº 8.468, de 8 de Setembro de 1976 Aprova o regulamento da Lei nº 997, de 31 de maio de 1976, e estabelece em seu art. 57 as atividades consideradas “fontes de poluição” para efeito de obtenção de LAI e LAO. Resolução CONAMA n°9/1987 Dispõe sobre os procedimentos para as au- diências públicas. Resolução CONAMA n° 10/1990 Dispõe sobre normas especí$cas para o li- cenciamento ambiental de extração mineral da classe II. Resolução CONAMA n° 9/1990 Dispõe sobre normas especí$cas para o li- cenciamento ambiental de extração mineral das classes I a IX, exceto a classe II. Resolução SMA n° 42, de 29 de Dezembro de 1994 Determina que o pedido de licença será analisado desde que instruído com o Relatório Ambiental Preliminar (RAP), sendo facultado ao órgão exigir a apresentação de EIA/RIMA ou dis- pensá-la. Deliberação CONSEMA nº 6, de 21 de Junho de 1995 Regulamenta a Resolução SMA nº 42/1994 e estabelece a forma e o padrão de publicação dos requerimentos de licença para atender ao princípio da publicidade. Resolução SMA nº 19, de 22 de Março de 1996 Estabelece critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental dos sistemas urbanos de esgotamento sanitário. Resolução SMA nº 55, de 13 de Outubro de 1995 O art. 1º trata da criação, na Coordenadoria de Licenciamento Ambiental e Proteção de Re- cursos Naturais (CPRN), de um grupo técnico de apoio às unidades de licenciamento, com a atri- buição de analisar e emitir pareceres técnicos, a $m de subsidiar o processo de licenciamento. Resolução CONAMA nº 237/1997 Dispõe sobre os procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental e no exer- Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 cício da competência, bem como as atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento am- biental. Resolução SMA nº 30/2000 Dispõe sobre o cadastro e o licenciamento ambiental de intervenções destinadas às áreas de apoio de obras rodoviárias em locais sem restri- ção ambiental. Resolução SMA nº 41/2002 Dispõe sobre procedimentos para o licen- ciamento ambiental de aterros de resíduos iner- tes e da construção civil no estado de São Paulo. Resolução SMA nº 33/2002 Dispõe sobre a simpli$cação do licencia- mento ambiental das intervenções destinadas à conservação, manutenção e pavimentação de estradas vicinais que se encontrem em operação. Resolução SMA nº 32/2002 Dispõe sobre os procedimentos de licencia- mento em Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Resolução SMA nº 4/2002 Estabelece os procedimentos para o cadas- tro e o licenciamento ambiental de estruturas localizadas nas margens e nas águas interiores e de mar aberto, destinadas ao acesso de pessoas e coisas às embarcações de esporte e recreio e ao acesso destas e daquelas às mesmas águas no es- tado de São Paulo, e dá providências correlatas. Resolução SMA nº 54/2004 Dispõe sobre procedimentos para o licen- ciamento ambiental no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA nº 49/2004 Dispõe sobre procedimentos para o licen- ciamento ambiental no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA nº 39/2005 Altera o valor do custo das horas técnicas despendidas em análises para expedição de li- cenças, autorizações, pareceres técnicos e outros documentos, na forma do Decreto n° 47.400, de 4 dedezembro de 2002. Resolução SMA nº 33/2005 Dispõe sobre procedimentos para o geren- ciamento e licenciamento ambiental de sistemas de tratamento e disposição $nal de resíduos de serviços de saúde humana e animal no estado de São Paulo. Resolução CONAMA n° 378/2006 De$ne os empreendimentos potencialmen- te causadores de impacto ambiental nacional ou regional para $ns do disposto no inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá outras providências. Resolução CONAMA n° 377/2006 Dispõe sobre o licenciamento ambiental simpli$cado de sistemas de esgotamento sanitá- rio. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Resolução SMA nº 56/2006 Estabelece a gradação de impacto ambien- tal para $ns de cobrança de compensação am- biental decorrente do licenciamento ambiental de empreendimentos de signi$cativo impacto ambiental. Resolução SMA nº 51/2006 Disciplina o licenciamento ambiental das atividades minerárias no estado de São Paulo, in- tegrando os procedimentos dos órgãos públicos responsáveis. Resolução SMA nº 42/2006 Estabelece critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental prévio de destilarias de álcool, usinas de açúcar e unidades de fabricação de aguardente. Resolução SMA nº 54/2007 Dispõe sobre o licenciamento ambiental e regularização de empreendimentos urbanísticos e de saneamento básico considerados de utilida- de pública e de interesse social e dá outras provi- dências. Resolução SMA nº 22/2007 Dispõe sobre a execução do Projeto Am- biental Estratégico “Licenciamento Ambiental Uni$cado”, que visa a integrar e uni$car o licencia- mento ambiental no estado de São Paulo, altera procedimentos para o licenciamento das ativida- des que especi$ca e dá outras providências. Resolução SMA nº 5/2007 Dispõe sobre procedimentos simpli$ca- dos para o licenciamento ambiental de linhas de transmissão de energia e respectivas subestações no território do estado de São Paulo. Resolução SMA nº 88/2008 De$ne as diretrizes técnicas para o licen- ciamento de empreendimentos do setor sucroal- cooleiro no estado de São Paulo. Resolução SMA nº 73/2008 Estabelece os procedimentos para o licen- ciamento ambiental das atividades de manejo de fauna silvestre, nativa e exótica no estado de São Paulo e dá providências correlatas. Resolução SMA nº 67/2008 De$ne as diretrizes técnicas para o licen- ciamento de empreendimentos do setor sucroal- cooleiro no estado de São Paulo. Resolução SMA nº 21/2008 Estabelece os procedimentos para o licen- ciamento ambiental de estruturas de apoio desti- nadas ao acesso de pessoas e cargas às embarca- ções de esporte e recreio no estado de São Paulo e dá providências correlatas. Resolução SMA nº 03/2008 Dispõe sobre procedimentos do licencia- mento ambiental de empreendimentos e ativida- des localizados na Região Metropolitana de São Paulo e sujeitos ao regime do Balcão Único. Resolução SMA nº 80/2009 De$ne critérios do licenciamento ambiental de utilização de cascalheiras nos casos especi$ca- dos. Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Resolução SMA nº 22/2009 Dispõe sobre a apresentação de certidões municipais de uso e ocupação do solo, sobre o exa- me e manifestação técnica pelas prefeituras muni- cipais nos processos de licenciamento ambiental realizado no âmbito do Sistema Estadual de Ad- ministração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais (SEAQUA) e sobre a concessão de LAO para empreendimentos existentes e dá outras providências. Leis Orgânicas e Planos Diretores Municipais Podem exigir a obtenção de licenças para a implantação de obras ou atividades que possam degradar o meio ambiente e prejudicar a saúde e o bem-estar das pessoas. 3.1 Conteúdo do EIA Como já foi abordado, a Resolução CONA- MA nº 001/1986 (art. 6º, inciso I) estabelece o con- teúdo obrigatório para o EIA da área de inGuência do projeto, incluindo toda a descrição, bem como uma análise dos recursos ambientais e suas inte- rações. Temos os seguintes conteúdos: � meio físico: subsolo, águas, ar e clima, destacando os recursos minerais, topo- gra$a, tipos e aptidões de solo, corpos d’água, regime hidrológico, correntes marinhas e correntes atmosféricas; � meio biológico e ecossistemas na- turais: fauna e Gora, destacando as espécies indicadoras da qualidade am- biental, de valor cientí$co e econômico, raras e/ou ameaçadas de extinção e as de preservação permanente; � meio socioeconômico: uso e ocupa- ção do solo, da água e socioeconômi- ca, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, relações de dependência na sociedade local e potencial utiliza- ção futura desses recursos. Saiba maisSaiba mais A Resolução CONAMA nº 001/1986 (art. 6º, incisos II, III e IV) também determina a obrigatoriedade dos seguintes conteúdos: • análise dos impactos ambientais do projeto, com a identi"cação dos impactos positivos e negativos/diretos e indiretos, a previsão da magnitude dos impactos imediatos e ge- rados em médio e longo prazo, temporários e permanentes, e o grau de reversibilidade desses impactos. Esta é a ação relativa à previ- são e à avaliação dos impactos que constitui a elaboração do prognóstico explicado por Sánchez (2008), que tem nos estudos de base (diagnóstico) os subsídios necessários à sua formulação; • de"nição das medidas mitigadoras dos im- pactos negativos. • elaboração do programa de acompanhamen- to e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e os parâme- tros a ser considerados. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 A equipe deve descrever, logo na fase de identi$cação e análise dos impactos ambientais do projeto, todas as intercorrências ambientais e sociais durante a construção e a operação de uma atividade dentro da realidade diagnosticada, le- vando em consideração as relações de causa e efeito que todas as atividades irão desencadear. Os aspectos que devem ser gerenciados, bem como todas as atividades, necessitam ser listados, com o objetivo de minimizar os impactos possí- veis. Durante a fase de identi$cação de impactos, a equipe pode contar com: � experiência prévia da equipe técnica; � veri$cação de efeitos em casos de em- preendimentos semelhantes; � pesquisa bibliográ$ca; � consulta a trabalhos similares; � visita a campo para conhecer o local do empreendimento; � consulta a mapas topográ$cos da re- gião e cartas temáticas disponíveis; � visita a empreendimentos similares; � elaboração de uma lista das atividades que compõem o empreendimento (re- lação causa e efeito), em que as ações tecnológicas são a causa de alterações de processos ambientais, que, por sua vez, modi$cam a qualidade do ambiente. Assim, é possível analisar os impactos iden- ti$cados e a metodologia utilizada para a realiza- ção da atividade, além do diagnóstico do meio físico, biológico e socioeconômico. Por meio des- ses dados, estabelecem-se as medidas mitigado- ras para os impactos identi$cados e o plano de monitoramento. Todas essas informações e análi- ses fazem parte do conteúdo do EIA e são a base para a obtenção das licenças. Outros aspectos devem ser apresentados pelo EIA antes do conteúdo do diagnóstico, do prognóstico (identi$cação e avaliação de impac- tos ambientais) e do programa de monitoramen- to. Inicialmente,a redação de um EIA deve pos- suir: � alternativas tecnológicas e de localiza- ção, levando em consideração a hipó- tese da não realização do empreendi- mento; � objetivos e justi$cativas do projeto; � localização geográ$ca (planta, bacia hi- drográ$ca); � planos e programas governamentais relacionados; � descrição do projeto: insumos, mão de obra, fontes de energia, processos e téc- nicas operacionais, eGuentes, emissões, resíduos e geração de empregos dire- tos e indiretos. O conteúdo pode variar em função das ca- racterísticas de cada atividade e, consequente- mente, das exigências técnicas legais que devem ser seguidas. Vamos exempli$car, a seguir, o con- teúdo para a caracterização de aterros sanitários ou industriais. Caracterização de Aterros Sanitários e/ou Industriais � Apresentação de uma alternativa de localização (nascentes e divisores de águas). � Apresentação de um projeto geotécni- co (terraços, taludes). � Origem de material de cobertura. � Técnicas de drenagem do percolado e destino do lodo. � Impermeabilização da base. � Quantidade e procedência dos resíduos recebidos. O empreendedor deve ter conhecimento de que o EIA deverá ser realizado por uma equi- pe multidisciplinar capacitada e habilitada, que não tenha vínculos de dependência com o pro- ponente. Além de pagar o preço das licenças, o proponente deverá arcar com a hora técnica da equipe e, também, com todas as despesas neces- Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 sárias para o desenvolvimento dos estudos, que envolvem: � coleta e aquisição dos dados e informa- ções; � inspeções e trabalhos de campo; � todas as análises de laboratório; � acompanhamento e monitoramento dos impactos; � estudos técnicos e cientí$cos dos im- pactos; � elaboração do RIMA e fornecimento de, pelo menos, cinco cópias. A equipe terá de seguir um roteiro e as orientações contidas em alguns documentos, a saber: � roteiro básico estabelecido pela Resolu- ção CONAMA nº 001/1986; � roteiros detalhados dos fatores ambien- tais de$nidos pelos órgãos ambientais estaduais; � TR aprovado pelo órgão ambiental es- tadual (plano de trabalho); � planejamento do conteúdo com a equi- pe técnica em função da natureza e ca- racterísticas básicas do empreendimen- to; � delimitações preliminares das áreas de estudo e de inGuência. 3.2 Conteúdo do RIMA O RIMA deve conter todas as conclusões do EIA e ser elaborado em linguagem simples, com o objetivo de facilitar a comunicação dos resul- tados entre a equipe técnica do proponente e a comunidade interessada em participar da toma- da de decisão quanto à viabilidade ambiental do empreendimento, que terá a oportunidade de analisar o estudo antes de sua participação na au- diência pública. AtençãoAtenção A Resolução CONAMA nº 001/1986 (art. 9º) determina que o RIMA, no mínimo, deve apresentar o seguinte con- teúdo: • os objetivos e justi"cativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e pro- gramas governamentais; • a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especi"cando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de in?uência, as matérias-primas, a mão de obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis e?uentes, emissões e resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a ser gerados; • a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de in?uência do projeto; • a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o pro- jeto, suas alternativas e os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identi"cação, quanti"cação e interpretação; • a caracterização da qualidade ambiental futura da área de in?uência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização; • a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, men- cionando aqueles que não puderam ser evitados e o grau de alteração esperado; • o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; • a recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Para melhor entendimento, vamos analisar um exemplo. Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Medidas Mitigadoras Por de$nição, mitigar o impacto é uma ten- tativa de evitar o impacto negativo e, sendo im- possível evitá-lo, procurar corrigi-lo, recuperando o ambiente. É função do EIA fazer a de$nição de todas as medidas mitigadoras dos impactos ne- gativos. Nessa de$nição, deve constar uma lista- gem com todos os equipamentos de controle e também todos os sistemas de tratamento de des- pejos, em que será avaliada a e$ciência de cada um deles. De acordo com o Decreto Federal nº 95.733/1988, “identi$cados efeitos negativos de natureza ambiental, cultural ou social, os órgãos ou entidades federais incluirão, no orçamento de cada projeto ou obra, dotações correspondentes, no mínimo, a 1% do mesmo orçamento destina- das à prevenção ou à correção desses efeitos”. Medidas Compensatórias O EIA, entre as medidas mitigadoras pre- vistas, prevê a compensação dos possíveis danos como forma de indenização. De acordo com a Re- solução nº 10/1987, para todo licenciamento de empreendimentos que podem causar a destrui- ção de quaisquer ecossistemas, devemos prever alguma medida compensatória, como, por exem- plo, a construção de um parque ecológico. 3.3 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) O PRAD foi de$nido pelo Decreto Federal nº 97.632/1989, que determina a apresentação e aprovação pelo órgão ambiental competente de um plano de recuperação de área degradada no caso de empreendimentos voltados à exploração mineral e institui como objetivo do PRAD garantir a recuperação visando ao retorno do sítio degra- dado a uma forma de utilização. O PRAD também se aplica a outras ativida- des potencialmente degradadoras do meio am- biente, incluindo o desmatamento de matas cilia- res e áreas de reserva legal para práticas agrícolas e pecuárias. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Caro(a) aluno(a), Aqui, apresentaremos as principais informações contidas neste capítulo, mas não se esqueça de que todas as informações são importantes! Bons estudos! Abordamos, neste capítulo, a legislação ambiental referente à AIA, ao licenciamento e à prevenção contra a poluição no estado de São Paulo e em nível federal. Vimos que o Conselho Nacional do Meio Am- biente (CONAMA) é o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA e foi instituído pela Lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto nº 99.274/1990. O CONAMA é composto por Plenário, Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM), grupos asses- sores, câmaras técnicas e grupos de trabalho, é presidido pelo ministro do MeioAmbiente e sua secreta- ria executiva é exercida pelo secretário executivo do mesmo ministério. De maneira resumida, podemos caracterizar o EIA/RIMA da seguinte forma: � informações gerais: localizam, informam, sintetizam e identi$cam o empreendimento; � caracterização do empreendimento: refere-se ao planejamento, implantação, operação e desativação da obra; � área de in+uência: limita sua área geográ$ca, representando-a em mapa; � diagnóstico ambiental: caracterização ambiental da área antes da implantação do empreen- dimento; � qualidade ambiental: expõe as interações e descreve as inter-relações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema, apresentando-os em um quadro sintético; � fatores ambientais: meio físico, meio biótico, meio antrópico, sua pormenorização dependerá da relevância dos fatores em função das características da área onde se desenvolverá o projeto; � análise dos impactos ambientais: identi$cação e interpretação dos prováveis impactos ocor- ridos nas diferentes fases do projeto. Leva-se em conta a repercussão do empreendimento so- bre o meio; � medidas mitigadoras: por de$nição, mitigar o impacto é uma tentativa de evitar o impacto negativo e, sendo impossível evitá-lo, procurar corrigi-lo, recuperando o ambiente. Já o PRAD é o plano que quali$ca os impactos ambientais causados pelo empreendimento e indica quais atividades devem ser implementadas para a recuperação da área, identi$cando as medidas mitiga- doras que devem ser desenvolvidas para a diminuição desses impactos. 3.4 Resumo do Capítulo 3.5 Atividades Propostas 1. Qual é o conteúdo obrigatório para o EIA? 2. O que o RIMA deve conter? Qual é sua relação com o EIA? 3. O que são medidas mitigadoras e compensatórias? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, iremos trabalhar com o exemplo do estado de São Paulo, que utiliza, para fazer o licenciamento ambiental de empreendi- mentos, os estudos de meio ambiente de$nidos nas Resoluções CONAMA nº 01/1986 e 237/1997 e na Resolução SMA nº 54/2004, considerando que a última especi$ca as ações e os procedimen- tos para o estado e institui dois instrumentos pre- liminares ao EIA/RIMA: o RAP e o TR. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO ESTADO DE SÃO PAULO – ESTUDO DE CASO 4 O passo inicial para fazer a solicitação do licenciamento é o pedido da LAP, que pode ser solicitada após a apresentação dos seguintes es- tudos: � Estudo Ambiental Simpli$cado (EAS); � RAP; � EIA. Este tipo de documento é necessário para todas as atividades que podem gerar ou geram impactos pequenos e não signi$cativos. A seguir, estão listadas algumas atividades que devem apresentar um EAS: � parques temáticos; � obras hidráulicas; � pequenas centrais hidroelétricas; � rodovia; � terminal portuário; � linha de transmissão e subestações; � pistas de pouso. Logo após a realização da análise do EAS, os órgãos competentes poderão: � indeferir o pedido de licença; � deferir o pedido de licença; 4.1 EAS � exigir a apresentação de RAP; � exigir a apresentação de EIA e RIMA. Para solicitação de LAP, devemos considerar os seguintes procedimentos: Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 DOCUMENTAÇÃO BÁSICA PARA REQUERIMENTO DA LICENÇA PRÉVIA Para protocolização dos pedidos de Licença Prévia, instruídos com EAS, RAP ou EIA deverão ser apresentados: 1- Formulário SD preenchido (a $cha com o formulário encontra-se logo abaixo) 2- Apresentação dos Estudos Ambientais, ou seja: a) 03 vias em papel e uma via digital, quando o licenciamento for realizado com EAS b) 04 (quatro) vias em papel e uma via digital, quando o licenciamento for realizado com Relatório Ambiental Preliminar – RAP; c) 06 (seis) vias em papel e uma via digital, quando o licenciamento for realizado com EIA/Rima. 3- ART - Anotação de Responsabilidade Técnica - Referente à elaboração do estudo ambiental (EAS, RAP ou EIA). 4- Declaração da Prefeitura Municipal quanto a sua posição em relação à questão ambiental do empreendimento, e sua impossibilidade técnica para efetivar o licenciamento. 5- Certidão da prefeitura municipal relativa ao uso do solo, nos termos da Res. Conama 237/97, ar- tigo 10,§1º. Certidões sem prazo de validade só serão aceitas até 180 dias após sua emissão. 6- Comprovante de pagamento do preço de análise de EAS, exceto quando o interessado for isento do pagamento (Decreto Est. 48.919/2004). Neste caso apresentar a Solicitação de Dispensa de Pagamen- to do Preço de Análise. 7- Cópia do protocolo de entrega ao IPHAN dos estudos arqueológicos solicitados, no caso do li- cenciamento realizado com base em EIA/Rima. Para a protocolização do Plano de Trabalho, deverão ser encaminhadas duas vias em papel e uma via digital do referido Plano. Para protocolização das informações complementares na CETESB, deverão ser: a) 3 vias em papel e uma copia digital, caso o licenciamento seja conduzido por EAS; b) 4 vias em papel e uma via digital, se o licenciamento estiver sendo realizado com RAP; c) 6 vias em papel e uma via digital, para os licenciamentos realizados com base em EIA/Rima. Fonte: CETESB (2010). Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 A seguir, apresentaremos o formulário de solicitação da LAP com EAS ou RAP. Cristiano Alves de Carvalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 Fonte: CETESB (2010). Saiba maisSaiba mais “A Imprensa O"cial é o órgão responsável pela publicação dos atos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciá- rio do Estado de São Paulo. O Diário O"cial publica diariamente os atos o"ciais no âmbito do governo estadual. São mais de duas mil páginas diárias, divididas em nove cadernos: Executivos I e II, Legislativo, Empresarial com Junta Comercial, Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, além do Diário O"cial do Município de São Paulo” (SÃO PAULO, 2010). “Todos os dias, o conteúdo do Diário O"cial do Estado de São Paulo é publicado integralmente no DO.online” (SÃO PAULO, 2010). Planejamento e Avaliação de Impactos Ambientais Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Este tipo de documento é necessário para todas as atividades que podem gerar ou geram impactos efetivamente, sendo causadoras de de- gradação ambiental. Para solicitar a LAP, é preci- so encaminhar o RAP com toda a documentação para o órgão licenciador e, em seguida, realizar a publicação do pedido em Diário O$cial, em jor- nais e em revistas de grande circulação na região, devendo-se apresentar o comprovante após a publicação. 4.2 RAP A seguir, temos um modelo para a elabora- ção do texto para publicação: 1) Requerimento da LAP em separado da LAI (razão social do empreendimento) Torna público que requereu na CETESB a Licença Prévia para (especi$cação da atividade a ser desenvol- vida no empreendimento), à (endereço do empreendimento). 2) Requerimento da LAP concomitante com a LAI (razão social do empreendimento) Torna público que requereu na CETESB de forma concomitante a Licença Prévia e a Licença de Instalação para (especi$cação da atividade a ser desenvolvida no empreendimento), à (endereço do empreendimento). 3) Recebimento da LAP sem a intenção de dar continuidade imediata ao processo (razão social do empreendimento) Torna público que recebeu da CETESB a Licença Prévia nº _____________ para (especi$cação da ativida- de a ser desenvolvida no empreendimento), à (endereço do empreendimento). 4) Recebimento da LAP e requerimento da LAI (razão social do empreendimento) Torna público que recebeu da CETESB a Licença Prévia nº _____________ e requereu a
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