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Conceitos e Princípios da Licitação

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Conceitos e Princípios da Licitação
Na Administração Pública, dentre o rol das várias atividades exercidas em razão da sua função administrativa esocial, encontramos algumas que não são exclusivas às suas atividades. Possuindo personalidade jurídica pública, sãoatribuídas a ela atividades econômicas, financeiras e administrativas que podem ser e são exercidas também em umambiente jurídico privado, como nas grandes e equenas empresas, além das pessoas físicas. E o ato de comprar é uma delas.
Uma empresa, uma pessoa, sendo empresária ou não, sempre busca uma proposta melhor e viável para concretizar os seus negócios, sejam estes uma compra, uma venda, sejam uma construção. Como fatores decisórios para concretizara compra, podemos citar: o produto mais barato, o de melhor qualidade, o de menor custo/benefício, dentre outros, em razão do objeto a ser comprado. E essa busca também se aplica para a Administração Pública no momento em que esta deseja ou necessita realizar suas ações. E, no contexto administrativo, a melhor proposta será aquela mais vantajosa para a administração. Para que esse objetivo seja sempre cumprido, em razão da primazia do interesse público, cabe à Administração Pública obedecer a critérios previamente determinados em um procedimento administrativo licitatório.
Percebe-se então que a licitação é um procedimento administrativo pelo qual a Administração Pública deve cumprir certas regras e normas quando se deseja efetuar uma compra. Para facilitar o entendimento durante o estudo a seguir, é importante a leitura dos artigos 1° e 2°, da lei n. 8.666/1993. Aliás, nesses referidos artigos, você poderá notar que, apesar de se associar, na maioria das vezes, a licitação ao ato de comprar, este procedimento administrativo tem uma abrangência maior, sendo aplicado, com suas modalidades específicas, no ato de vender, no de leiloar, no de contratar e até mesmo na admissão de pessoal.
Para chegar à definição da licitação, nada melhor do que ler o artigo 3° da lei n. 8.666/1993. Somando-se à definição legal as demais de cada doutrinador administrativo, você encontrará inúmeros conceitos acerca de licitação. Porém, de forma geral, pode-se concluir que licitação é: 
um ato administrativo editado e previsto pela Administração Pública para, em atenção aos princípios da vantajosidade, igualdade entre os competidores e sustentabilidade, e também fundada em critérios objetivos, buscar-se vantagem econômica e social em uma proposta para efetivação de um contrato administrativo (PLT, 2011, p. 21)
Vale lembrar que, para que esses critérios fossem estabelecidos e para que o ato administrativo fosse executado de forma legal e uniforme, a licitação foi regulamentada pela referida lei 8.666/1993, denominada como Lei das Licitações.
Dada a definição, você perceberá concomitantemente as finalidades da licitação: primeiro, a de obter a proposta mais vantajosa e, em segundo, a de dar oportunidade legal aos contraentes, clara menção ao princípio da isonomia.
Quando essas finalidades deixarem de ser alcançadas por fatos licitatórios, a Lei das Licitações prevê tais situações, prescrevendo novos procedimentos a serem adotados na tentativa de garantir a concretização da licitação, sem, com isso, descumprir as finalidades legais. Assim, têm-se uma licitação fracassada, quando são apresentadas propostas que não são vantajosas para a Administração; e a licitação deserta, quando não surgem propostas em razão da ausência de proponentes.
Estudando o Livro-Texto, você perceberá a importância dos princípios da licitação. Princípios são as diretrizes e regras capazes de garantir a validade de um sistema normativo, ou seja, capazes de validar o procedimento administrativo licitatório. Existem vários princípios que regem tal procedimento. Tendo feito a leitura do referido art. 3° da Lei das Licitações, você deve ter identificado os denominados princípios norteadores da licitação. Alguns desses também se encontram no art. 37, caput da Constituição Federal, no qual se estabelecem os princípios fundamentais para a Administração Pública. Existem, ainda, outros princípios denominados de correlatos, por serem atribuídos a licitações específicas ou citados por alguns doutrinadores.
Em síntese, os princípios são os seguintes:
•	 Princípio da legalidade, como diretriz que só permite à Administração Pública fazer o que a lei determina.
•	 Princípio da impessoalidade, imposta aos procedimentos licitatórios no intuito de evitar discriminação de qualquer natureza.
•	 Princípio da moralidade, exigindo que o administrador público exerça sua atividade dentro da probidade e moralidade administrativa.
•	 Princípio da publicidade, para que haja transparência no procedimento licitatório.
•	 Princípio da igualdade, em consonância com a isonomia constitucional, no intuito de evitar a preferência ou discriminação entre os proponentes.
•	 Princípio do procedimento formal, com fiel observância aos atos e às fases que a lei, os regulamentos, as instruções e o edital determinarem.
•	 Princípio da razoabilidade, visando ao bom senso e à racionalidade no momento de a Administração executar os chamados atos discricionários.
•	 Princípio da proporcionalidade, semelhante ao princípio da razoabilidade, direciona a administração a não adotar medidas desnecessárias ou abusivas, principalmente no momento de aplicar sanções ao particular.
•	 Princípio do julgamento objetivo, segundo o qual a decisão final deve ser tomada de forma objetiva, com base tão somente nos critérios estabelecidos pelo edital.
•	 Princípio do sigilo na apresentação das propostas, para evitar vantagem ou concorrência desleal entre os participantes da licitação.
•	 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório, segundo o qual todos os atos estão vinculados ao que determina o edital.
•	 Princípio da adjudicação compulsória, garantindo ao vencedor da licitação que o objeto licitado não seja entregue a outrem. Vale destacar dois princípios apresentados pelo doutrinador Diógenes Gasparini: o princípio da competitividade e o da padronização. A licitação deve ter seu caráter competitivo, permitindo que a concorrência entre os licitantes seja processada em condições que não limitem a competição. Isso não significa necessariamente que a existência de apenas um interessado no processo licitatório deixe de configurar o caráter competitivo, “se para essas ocorrências ninguém agiu irregular ou fraudulentamente” (GASPARINI; DIÓGENES, 2006, p. 483). E, com o intuito de reduzir gastos públicos, a Administração Pública deverá, sempre que possível, padronizar a execução de suas obras e seus serviços. 
Por fim, mas não menos importante, surge o mais novo princípio instituído às normas licitatórias: o princípio da sustentabilidade.Apesar de, no dias de hoje, haver uma associação intrínseca entre sustentabilidade e recursos naturais, nas licitações este princípio engloba todo o conceito de desenvolvimento sustentável, não só na preservação do meio ambiente, mas também no ambiente político, social e cultural.
Aspectos da Licitação
Quais são os contratos que a Administração Pública está obrigada a licitar previamente? Citamos no tema anterior que de forma abrangente o procedimento licitatório é associado aos atos de aquisições de bens e produtos (ato de comprar) por parte da Administração Pública. Porém, como bem exemplificado no art. 1º, § 2º da lei 8.666/1993, esse rol de obrigatoriedade nas atividades administrativas é mais amplo, englobando também a contratação para execução de obras e serviços, as alienações, concessões, permissões e locações. É importante saber que mesmo as licitações sendo obrigatórias para essas espécies de contrato, realizado pela Administração Pública, a própria lei licitatória determina a possibilidade de exceções quanto a esta exigência, as quais serão apresentadas no decorrer do estudo e da leitura do instrumento legal.
Um conhecimento importante acerca das licitações, antes do aprofundamento sobre o estudo, é ter a noção jurídica de um termo jáusado em nosso estudo que indicará quem é obrigado a licitar: a Administração Pública. Pois bem, a Administração Pública compreende a União, dos Estados, do Distrito Federal e os Municípios, bem como os entes que integram a administração indireta. Autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações. E, conforme indica o art. 117 da Lei das Licitações, englobam-se também as três esferas do Poder: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Assim, as secretarias estaduais ou municipais, os ministérios de âmbito federal, que fazem parte da administração direta, bem como as empresas públicas de determinado segmento, como a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e a CEF (Caixa Econômica Federal), são obrigados, obviamente, a licitar.
Talvez a obrigatoriedade mais peculiar e mais estudada nos livros que tratam do assunto é a que incide sobre as empresas de capital misto (sociedades de economia mista). Se elas atuam no mercado privado e de capital, qual seria a razão do seu cumprimento obrigatório de procedimento licitatório? Pelo simples fato de que, no caso destas pessoas jurídicas, as ações (ou capital) provêm de dinheiro público e grande parte destas pertence ao Estado, cabendo, inclusive, a este o controle acionário e administrativo de tais empresas. Para exemplificar, a Petrobrás, o Banco do Brasil, dentre outras, apesar de possuírem capital privado, possuem conjuntamente capital público em sua constituição. E para não haver dúvidas, é simples o raciocínio: onde há dinheiro público, sendo no âmbito privado ou não, é obrigatória a realização de licitação para os contratos especificados em lei a serem realizados pelas empresas.
Para licitar é preciso saber e determinar o que vai ser licitado. Por isso, toda licitação deverá trazer seu objeto caracterizado em edital. Sendo assim, seja um produto a ser comprado, vendido, locado, seja um serviço a ser prestado, a Administração Pública deverá especificá-los no instrumento convocatório. Vale lembrar que, sem objeto a licitar, não há licitação, sendo isso um pressuposto de validade do procedimento licitatório.
Tendo em vista a caracterização do objeto, a regra geral de obrigatoriedade de licitar poderá apresentar duas exceções: nos casos de dispensabilidade e nos de inexigibilidade de licitação.
No critério da dispensabilidade, temos duas situações: a da licitação dispensada e a da licitação dispensável. Essa dispensabilidade é prevista na Constituição Federal, em seu art. 37, inciso XXI, que determina que a legislação infraconstitucional poderá elencar hipóteses em que a licitação deixará de ser obrigatória. E coube, obviamente, à Lei das Licitações determinar em quais hipóteses a dispensabilidade incidirá.
Deve-se perceber neste tema a diferença na atribuição de não licitar nas duas situações. Na licitação dispensada, a Administração está liberada de licitar somente por expressa disposição legal. Ou seja, a legislação atribuirá expressamente os casos em que a licitação não ocorrerá porque a própria lei dispensou. Ao passo que, na licitação dispensável, apesar de a legislação também indicar os casos, a licitação ainda sim poderá ocorrer, pois nesta situação a lei permite à Administração Pública a faculdade de realizar ou não a licitação.
As hipóteses de licitação dispensada são atribuídas, em geral, à dação em pagamento, permuta, investidura e à alienação, pela Administração, de bens ou de direitos reais sobre bens. Para cumprir o objetivo do estudo, é necessária a leitura do art. 17, alíneas I e II do caput da Lei das Licitações, nos seus §§ 2º e 4º. Já as hipóteses de licitação dispensável serão encontradas, de acordo com o art. 24, incisos I a XXIX da referida lei: nas obras de engenharia, compras e serviços de pequeno valor, nos casos de emergência ou calamidade pública, para aquisição de componentes ou peças originais fornecidas por um determinado fabricante, dentre outros presentes na lei.
Quanto à inexigibilidade da licitação, você perceberá que ocorrência desta se assemelha à da licitação dispensada, pois, em ambas, a licitação não ocorrerá. Porém, a licitação será inexigível em virtude da impossibilidade jurídica da competição. E isso acontece quando, em razão da caracterização do objeto licitado, há apenas um licitante qualificado capaz de atender ao cumprimento do objeto. A própria Lei das Licitações exemplificou casos em seu art. 25, incisos I a III: para aquisição de materiais,7 equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo; para a contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais de notória especialização; e para contratação de profissional de qualquer setor artístico, desde que consagrado pela crítica especializada ou ela opinião pública. Vale lembrar que, diferentemente do rol enumerativo das situações de dispensabilidade, nesta se admite a possibilidade futura de ampliação por lei posterior.
Modalidades e Tipos de Licitação
Até este momento do estudo, é possível perceber que a licitação não é um ato administrativo singular, mas um procedimento formal composto por vários atos administrativos que vão validar e concretizar a realização do certame licitatório. A legislação atual brasileira, no que tange a licitações, estabelece procedimentos diferenciados de acordo com o volume e o objeto a ser contratado. Assim, segundo essas características, a lei nº 8.666/1993 atribui procedimentos administrativos distintos, que são denominados de modalidades da licitação. Com base nessa diferenciação, há no ordenamento jurídico a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso, o leilão e o pregão.
É importante não confundir, já que na própria lei também há uma divisão por tipos de licitação, a qual a própria Administração Pública seguirá como critério para a sua decisão e seu julgamento das propostas do procedimento (modalidade) já adotado. Sobre isso, trataremos mais ao final do tema.
Dentre todas as modalidades das licitações estabelecidas em lei, é certo que a concorrência é a mais ampla e abrangente, com fases específicas e próprias. Na concorrência atribui-se a participação de quaisquer interessados, registrados ou não, e, geralmente, destina-se a contratos de grande valor ou a alienações de bens imóveis.
Sendo a concorrência destinada à participação de todos os interessados, a modalidade atende ao requisito da universalidade. É importante tomar conhecimento de que essa universalidade se dá no fato de que, em outras modalidades de licitação, somente os participantes cadastrados poderão ingressar no procedimento licitatório, já que na modalidade concorrência esse cadastramento não é exigido. Vale ressaltar que essa universalidade não é absoluta, pois somente os participantes com capacidade técnica e financeira exigidas na licitação podem participar. Isso ocorre porque, na concorrência, existem dois requisitos: habilitação preliminar e idoneidade dos concorrentes, que devem dar garantia de que os proponentes interessados tenham realmente idoneidade e condições técnicas, financeiras, fiscais e jurídicas para ingressar no certame.
E para que realmente sejam aplicados os requisitos de habilitação preliminar e de idoneidade dos concorrentes, a Lei de Licitações atribui outro requisito: a comissão de licitação, composta por, no mínimo, 3 membros, sendo ao menos 2 deles qualificados e pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos daAdministração responsáveis pela licitação. E caberá a essa comissão tanto avaliar os requisitos preliminares como decidir sobre as propostas, podendo ser assessorada por técnicos ou outros profissionais que não integrem a comissão. Essa comissão pode ainda se dividir em outras duas comissões distintas, uma para realizar a habilitação preliminar e outra para o julgamento.
Em relação à modalidade de tomada de preços, Diógenes Gasparini define:
é a modalidade de licitação indicada para contratos de vulto médio que admite interessados cadastrados antes do início do procedimento, seja pelosistema de registro cadastral, seja pela apresentação de toda a documentação e atendimento de todas as condições exigidas para o cadastramento até o terceiro dia anterior ao do recebimento dos envelopes de documentação e proposta, aberta com a devida publicidade. Assim, depreende-se desse conceito que a tomada de preços poderá se valer do requisito da universalidade, já que em tese todos poderão participar do certame, tanto os cadastrados como os que puderem vir a sê-los. Os demais requisitos e as demais fases são os mesmos presentes na concorrência, e, em termos gerais, só se difere desta pelo fato de ser direcionada para contratos de valor médio.
Se a concorrência é a modalidade mais ampla das licitações, o convite é a mais simples delas, em razão de ser utilizada em contratações de pequeno valor. Os parâmetros para estabelecer os valores que seriam caracterizados de alto ou de pequeno valor são estabelecidos pela Lei das Licitações em seu art. 23, inciso I e II. Nessa modalidade a Administração Pública escolhe e convida, no mínimo, três interessados do ramo para apresentarem as propostas.
Nela, muitos dos requisitos da concorrência não se aplicam, como o da universalidade, segundo o qual todos podem participar de imediato. Isso ocorre porque, no convite, a Administração Pública escolhe, para participar da licitação, os interessados já presentes anteriormente em um registro cadastral público. Se ocorrer, por parte de um cadastrado, o interesse de participar da licitação sem que tenha sido convidado, ele só poderá participar se já estiver previamente cadastrado e manifestar interesse até 24 horas antes do prazo estabelecido para abertura das propostas. Já para a contratação de trabalho técnico, científico ou artístico, a Administração Pública aplicará a modalidade de concurso em suas licitações. Nessa modalidade o determinante será a natureza do objeto (contratar trabalho técnico qualificado), e não o valor do contrato. Não há o requisito de comissão de julgamento, pois a escolha não dependerá da Administração, e sim do resultado de qualificação dos candidatos. Isto não significa, obviamente, que não existirá uma comissão especial, dotada de conhecimento da matéria, para avaliar os resultados e garantir a lisura do procedimento.
Quando decide proceder com a venda de bens móveis inservíveis ou apreendidos ou penhorados, a Administração Pública oferece a alienação mediante a modalidade de leilão. Neste, todos poderão participar com a devida publicidade. A priori, o leilão é destinado a bens móveis, porém a lei nº 8.666/1993 determinou que também poderá ser realizado para bens imóveis, desde que estes tenham sido incorporados à Administração Pública por meio de processo judicial ou de dação em pagamento. Para os demais casos de alienação de bens imóveis, o procedimento via modalidade de concorrência será o adequado e exigido por lei.
Apesar de não estar elencada no art. 22 da lei nº 8.666/1993, o pregão também é uma modalidade de licitação. Uma modalidade, aliás, muito utilizada hoje em dia, em razão da edição do Dec. 5.450 de 2005, que regulamentou uma vertente do pregão: o eletrônico. Tanto o pregão presencial quanto o eletrônico devem ser destinados à aquisição de bens e serviços comuns, que dispensam especificações. Suas propostas serão feitas por meio de lances sucessivos em sessão pública, no caso dos pregões essenciais, ou por sistema eletrônico, no caso dos não presenciais. Depois das modalidades, agora é o momento de conhecer os tipos de licitação. É importante não confundi-los com as modalidades, pois os tipos de licitação são critérios que a Administração Pública adotará para o julgamento das propostas. São quatro os tipos: menor preço; melhor técnica; técnica e preço; e o de maior lance ou oferta. Em suma, a própria denominação do tipo de licitação já induz a sua característica. O tipo menor preço é a regra geral nas licitações para obras, serviços, compras, locações e fornecimento. Apesar de ser o fator classificatório na licitação, o menor preço não isenta a Administração Pública de anular o procedimento cujo produto ou objeto for de má qualidade ou inútil para a Administração. O de melhor técnica tem cmo relevância a proposta mais adequada às especificações técnicas do objeto licitado. Porém, mediante os valores apresentados pelos demais concorrentes, a Administração Pública poderá negociar o preço final do contrato. O tipo técnica e preço tem como foco uma média ponderada, pela qual serão pontuados a proposta técnica e o preço do interessado, sendo vencedora a proposta com a maior pontuação. Já o tipo maior lance ou oferta destina-se aos casos de alienação de bens e concessão de direito real de uso.
Esses tipos de licitação são exaustivos, ou seja, não se permite que a Administração Pública adote critérios diferenciados para a avaliação das propostas na licitação. Ao mesmo tempo, há, em alguns casos, diversos critérios arrolados em leis específicas, como nas licitações de concessão de serviço público e de contratos de parceria público-privadas.
Fases da Licitação
A licitação é um procedimento concatenado que possui fases ordenadas de atos. Porém, na elaboração de modo geral da licitação, o procedimento é composto por duas fases distintas: uma fase interna e outra fase externa.
Fase interna é o momento preliminar que se inicia dentro do órgão ou entidade que realizará a licitação, sendo esta ainda não publicada. Nessa fase o órgão licitante escolhe o objeto, determina as despesas – caso se trate de obras e serviços de engenharia –, elabora o projeto básico e obtém a autorização e a aprovação dos órgãos competentes para a realização do certame licitatório. A partir do momento em que este mesmo órgão decide os objetivos e a modalidade da licitação, tornando-a pública, inicia-se a fase denominada externa. E essas fases serão determinadas de acordo com a modalidade de licitação escolhida. A concorrência é a modalidade de licitação mais ampla, pois nela se encontra todas as fases de um procedimento licitatório. Em razão disso, as etapas da fase externa serão estudadas com base nessa modalidade, aplicáveis às demais de acordo com suas peculiaridades. Em suma, as fases da licitação são: edital, habilitação, julgamento, homologação e adjudicação.
O edital é, em síntese, o ato pelo qual a Administração torna pública a realização de uma licitação, no qual serão fixadas as condições para o certame e a convocação de todos os interessados para a apresentação das propostas. A sua divulgação é obrigatória e nele se devem observar alguns requisitos para a sua própria validade. Deve ser um texto elaborado de acordo com a estrutura aplicável também na elaboração de leis: preâmbulo, corpo/texto e encerramento.
No edital constarão todas as características e particularidades da licitação, como, por exemplo, a modalidade e o tipo de licitação a ser realizada. Publicado o edital, e os interessados se apresentando na licitação, inicia-se a fase da habilitação, destinada à verificação de documentação e de requisitos pessoais dos licitantes. Em regra, as propostas dos licitantes não são examinadas nesta fase, apenas a qualificação dos mesmos, como: habilitação jurídica; qualificação técnica; qualificação econômicofinanceira; regularidade fiscal e não condenação por descumprir as restrições e proibições ao trabalho dos menores de idade. Para melhor estudo, no tópico “Links Importantes”, haverá indicação de conteúdo para que você possa ter noção dos itens exigidos em cada qualificação.
Encerrada a análise da qualificação dos licitantes na habilitação, inicia-se a terceira fase do processo: o julgamento das propostas. A escolha das propostas vencedoras será feita por meio de classificação. No momento da abertura e da verificação das propostas, a comissão de licitação as classificará ou desclassificará em obediência à regularidade formal e material contida no edital. Restando apenas as propostas classificadas, proceder-se-á ao julgamento objetivo das mesmas, de acordo com os critérios do tipo de licitaçãoestabelecido (menor preço, melhor técnica, etc.). A comissão poderá fundamentar a motivação que serviu de base para sua decisão, desde que seja compatível com o edital e a lei pertinente. A lei determina que, se houver empate das propostas, a decisão será feita por sorteio. Vale ressaltar que toda a fase de julgamento deverá ser amplamente divulgada e publicada.
Depois de decidida a proposta vencedora, caberá à autoridade competente homologar, ou seja, validar a decisão da comissão julgadora, confirmando a classificação das propostas e, ao mesmo tempo, adjudicando ao vencedor da licitação o objeto licitado. Adjudicar não atribui à Administração a obrigatoriedade de executar a obra, compra ou venda, mas, caso ocorra, deverá sê-lo para o vencedor do certame. Ou seja, não há nenhuma ilegalidade da Administração em suspender a entrega do objeto da licitação, por força maior ou conveniência do Estado. Entretanto, quando for retomado, o objeto deverá ser entregue, sempre, para o vencedor da licitação. Estes dois atos – homologar e adjudicar – englobam as fases finais de homologação e adjudicação da licitação.
Até aqui, você teve uma visão geral das fases da concorrência que são aplicadas conjuntamente em outras modalidades licitatórias. Porém, ao tratar das particularidades das fases nas demais modalidades, há alguns diferenciais de procedimentos, por exemplo:
•	 Na tomada de preços: as fases serão as mesmas da concorrência, com diferencial nos prazos de publicação do edital, sendo 30 dias para tipo melhor técnica e preço ou melhor técnica e de 15 dias para menor preço.
•	 No convite: a fase de habilitação não existirá em razão dos licitantes já serem predeterminados e convidados ao certame.
•	 No concurso: não se aplica as fases estudadas anteriormente, pois nesta modalidade o procedimento será determinado por lei específica para cada concurso.
•	 No leilão: a fase de habilitação é extremamente simplificada. 
Nesse momento, vale versar sobre a modalidade mais nova implantada no nosso ordenamento licitatório: a modalidade pregão, que terá seus atos regulados pela lei 10.520/2002. Em regra, no pregão há duas fases distintas, como visto no início do tema: uma fase interna e outra externa. A interna corresponderá à atividade interna do órgão licitante de justificar a necessidade de contratação, definir o objeto a ser licitado e os critérios de aceitação das propostas e estabelecer as sanções em casos de inadimplemento. A fase externa se iniciará com a convocação dos interessados, mediante ampla divulgação por meio de edital, seguida pelo julgamento e pela classificação das propostas. É nessa segunda fase do pregão que surge a figura do pregoeiro, que será responsável por receber, abrir os envelopes com as propostas, classificando e julgando a melhor. A peculiaridade do pregão, em relação às demais modalidades, é de que a fase de habilitação ocorre após a classificação das propostas. Ou seja, primeiramente, se determina o vencedor para depois proceder com a verificação deste quanto à sua qualificação no certame. Quanto ao pregão eletrônico, suas fases serão as mesmas do pregão presencial, com a diferença de que os atos e lances serão feitos por via eletrônica, através de internet/intranet, sendo seus procedimentos regulados por Decreto. 
O Controle na Licitação
Os atos da Administração Pública devem ser executados em obediência a determinados princípios que vão norteá-los para assegurar primordial finalidade administrativa: a defesa do interesse público. Além dos princípios presentes em leis infraconstitucionais, os mais relevantes são os constantes no texto constitucional. Dentre todos os princípios que norteiam o ordenamento administrativo, há aqueles que correspondem mais diretamente à garantia do interesse público, como os princípios da legalidade e da publicidade.
Em princípio, a Administração Pública exerce sua função administrativa através de atos, obrigatoriamente, legais e devidamente publicados. Porém, mesmo nos mais avançados Estados democráticos de direito, vê-se a discrepância entre alguns atos administrativos de fato com a legalidade e o interesse público. Assim, para garantir a legitimidade dos atos, evitando-se práticas corruptas, desviadas de interesse público, o ordenamento jurídico estabelece um conjunto de instrumentos que permite à própria Administração Pública e ao povo exercer o poder de fiscalizar os atos de todos os órgãos públicos. Quando se diz Administração Pública, entende-se todos os órgãos das três esferas de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Esse controle da Administração poderá ocorrer de duas formas, conforme a origem do exercício do ato controlador. Assim, há o controle interno e controle externo.
O controle interno, como bem-conceituado por Marcelo Alexandrino e Vicento Paulo (2011, p. 791), é aquele exercido dentro de um mesmo Poder, seja o exercido no âmbito hierárquico, seja o exercido por meio de órgãos especializados, sem relação de hierarquia com o órgão controlado, ou ainda, o controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta de um mesmo Poder. Como bem exemplifica em sua obra, os autores citam o controle que o Ministério da Previdência e Assistência Social exerce sobre os atos administrativos praticados pelo Instituto Nacional do Seguro Social, INSS, sendo esta uma autarquia pertencente à administração indireta; e aquela, um órgão da administração direta.
Do outro lado, há o controle externo, que é aquele exercido por determinado Poder sobre os atos administrativos praticados por outro Poder. Exemplo: o controle externo legislativo exercido sobre os atos praticados na esfera do Poder Executivo, mediante atuação do Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União.
Alguns doutrinadores, a exemplo do autor do Livro-Texto, atribuem a qualquer cidadão, pessoa física ou jurídica, licitante ou não, o poder de exercer controle dos atos administrativos, através do controle popular (outros doutrinadores o denominam de controle privado ou particular). Esse controle é disposto e permitido tanto pelo art. 74, § 2º da Constituição Federal, como pelo art. 4º da lei 8.666/1993. Apesar de o controle ser provocado por tais interessados, a análise e a decisão serão realizados por órgão competente, como, por exemplo, o Tribunal de Contas da União, ao receber denúncia de ato administrativo contrário aos trâmites legais e de interesse público.
É importante não confundir, durante o estudo da matéria, a definição de controle da Administração com a de controle administrativo. Controle da Administração é a forma de um poder, órgão ou autoridade, vigiar, orientar e corrigir a conduta funcional do outro, por meio de mecanismos legais e jurídicos, podendo ser exercido de forma interna ou externa. Já o controle administrativo, em suma, é o controle interno, específico da própria Administração Pública perante seus próprios atos administrativos, realizado por órgãos pertencentes à mesma esfera de poder, independentemente de iniciativa própria ou provocação.
Assim, controle administrativo, como bem define Diógens Gasparini: também chamado de autocontrole, é o exercício pelo Executivo e por órgãos de administração do Legislativo e do Judiciário sobre suas próprias atividades administrativas, visando confirmá-las ou desfazê-las, conforme sejam, ou não, convenientes, oportunas e eficientes” (GASPARINI, 2006, p. 1.019).
É esse autocontrole que permite que a Administração Pública possa revogar, anular ou alterar seus próprios atos e, se assim feito, ter o poder de punir, por meio de processo administrativo, os agentes que praticaram tais atos. Em matéria licitatória, a Administração Pública poderá revogar, anular ou alterar termos constantes no edital ou no contrato administrativo, por iniciativa própria, caso encontre irregularidades que conflitam com o estabelecido legalmente na legislação infraconstitucional e na Constituição. Para finalizar, destacamos a importância do papel do Tribunal de Contas da União no controle dosatos administrativos pertencentes ao processo licitatório. Caberá a este órgão, para fim de controle, obter o edital de licitação para análise e julgamento de itens que possam ser eivados de ilegalidade e que importem a nulidade do processo. A provocação do Tribunal poderá ser feita, mediante petição, por qualquer licitante, contratado, qualquer pessoa física ou jurídica.
Quanto ao efeito das decisões do Tribunal de Contas, estas poderão ser compulsórias, obrigando aAdministração Pública a adotar medidas corretivas, ou recomendativas, determinando às autoridades administrativas a alteração ou anulação dos atos, mas sem efeito coercitivo. Nesse sentido, para exemplificar, a Administração Pública é, compulsoriamente, obrigada a adotar medidas corretivas, determinadas pelo Tribunal de Contas, até dois dias úteis imediatamente anteriores à data de recebimento das propostas, sob pena de sustação do procedimento licitatório. Em contrapartida, nos casos de contratos administrativos, o mesmo Tribunal não tem o poder de anulá-los ou sustá-los, apesar de recomendar às autoridades competentes a anulação do contrato.
Contrato Administrativo
O Estado, bem como o âmbito particular, para execução de suas atividades e finalidades administrativas, precisam celebrar contratos com particulares, pessoas físicas ou jurídicas. No entanto, no que tange à matéria de direito administrativo, haverá a celebração de contratos com características peculiares se comparados aos contratos de direito civil, sendo denominados de contratos administrativos. Vale ressaltar que nem todos os contratos firmados pela Administração Pública são, exclusivamente, administrativos. O Estado poderá firmar contratos, regidos pelo direito privado, sob o regime jurídico particular, denominados de contratos da Administração. Além das características e cláusulas próprias, os contratos administrativos são regidos pelo direito público, ao passo que os da Administração são regidos, predominantemente, pelo direito privado. Como exemplo, detalhes sobre um contrato de locação. Quando pretende locar um edifício, em determinada região, para instalação de órgão público, a Administração Pública o faz mediante contrato privado com o proprietário do imóvel.
Esse contrato será regido pelo direito civil, de acordo com a lei específica locatária. Seria inviável adotar processo licitatório ou mesmo celebrar um contrato administrativo, tendo em vista a característica da aquisição, do mercado e das cláusulas peculiares do contrato administrativo.
Assim, é necessário, nesse momento, conhecer a modalidade contratual tema do estudo: contrato administrativo. São vários os conceitos de contrato administrativo, dependendo do doutrinador ou dos elementos acentuados na definição.
O art. 2º da lei 8.666/1993 apresenta o seguinte conceito:
Qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
Temos também a definição de Hely Lopes Meirelles (2007, p. 194), que afirma ser o contrato administrativo: “[...] o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade administrativa, para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições desejadas pela própria Administração.”
O vínculo que é citado na definição legal tem caráter instável, pois nos contratos administrativos, que objetivam uma atividade de interesse público, incidem prerrogativas unilaterais que autorizam o Estado a regular a execução do objeto contratado, a rescindir o contrato antes do prazo final, a aplicar sanções e ainda a intervir em todas as fases da execução. Parte dessas prerrogativas você conhecerá melhor no estudo sobre cláusulas exorbitantes. Porém, essas prerrogativas não garantem à Administração poder amplo, impossibilitando a modificação do objeto do contrato e as condições financeiras. Permite, inclusive, ao contratado, recorrer aos meios jurídicos quando se sentir lesado em seus direitos.
Vale ressaltar que os contratos firmados pelas empresas estatais que atuam como exploradoras de atividades econômicas serão sempre regidos pelo direito privado, não se configurando como contratos administrativos. Isso ocorre porque, graças à atuação privada comercial perante outras empresas particulares, não podem gozar de privilégios contratuais e fiscais.
Além das cláusulas exorbitantes que conferem prerrogativas para a administração, existem outras características que particularizam o contrato administrativo. O Estado atua, na esfera contratual, revestido do Poder Público. Do contrário, em situação de igualdade ao contratado, caracterizar-se-ia contrato comum, regido pelo direito privado. Atuando dessa forma, a finalidade pública deve estar sempre presente nos contratos administrativos, reconhecendo o princípio do interesse público.
Quanto ao aspecto formal, os contratos firmados pela administração devem obedecer às regras estabelecidas pela lei. A Lei dos Contratos e Licitações Públicas estabelece as regras formais, atribuindo-os a qualidade de contrato de adesão, no qual as cláusulas serão determinadas pelo Estado, unilateralmente, cabendo apenas ao contratado aceitar as condições.
Para a formalização do contrato administrativo só se admite a forma escrita, reduzida a termo contratual em livro próprio, não se permitindo o contrato verbal. Porém, a lei 8.666/1993 estabelece uma exceção, permitindo o contrato verbal quando este representar pequenas compras, de pronto pagamento, à vista. O instrumento deve conter em seu preâmbulo a identificação das partes e a qualificação das mesmas; em seu corpo/texto serão inseridas as cláusulas que regularão o contrato; e, no encerramento do termo, deve haver a finalização com a concordância dos termos estabelecidos. A publicidade também deve ser observada, pois é regra obrigatória para a devida validade do contrato, sendo necessária apenas a publicação resumida. O não cumprimento desses aspectos formais acarreta a nulidade do contrato administrativo.
O conteúdo do contrato e suas devidas cláusulas deverão estar de acordo com o previsto no instrumento convocatório. E tanto o edital como o contrato poderão ser analisados reviamente por uma assessoria jurídica contratada. O parecer jurídico analisará o mérito e os atos do termo contratual, podendo manifestar-se pela validade ou pela ocorrência de vícios que invalidariam o acordo.
Os contratos administrativos, em regra, são contratos pessoais. Por essa característica, a execução do contrato deve ser feita pela mesma pessoa que se obrigou perante a administração. Porém, a celebração intuitu personae não é absoluta. Vale ressaltar que, apesar de a lei 8.666/1993 proibir a subcontratação do objeto licitado por terceiros ao contrato, a mesma lei atribui exceções desde que sejam subcontratações parciais e estabelecidas ou permitidas pelo edital ou contrato.
Por fim, todas as condições, de forma, de direitos e deveres dos contratos administrativos são reguladas também pela Lei das Licitações n. 8.666/1993, em seus arts. 54 a 80, sendo a referida norma, assim, também conhecida como Estatuto dos Contratos e Licitações Públicas. Vale ressaltar que a competência para legislar sobre normais gerais de contratação continua sendo da União Federal, sendo os demais entes públicos – Estados, Distrito Federal e Municípios - capazes de editarem normas específicas nos respectivos territórios.
Cláusulas Contratuais
Para atender ao aspecto formal exigido em qualquer contrato, seja este entre particulares, seja entre administrativos, é obrigatório constar em seu texto cláusulas contratuais que estabeleçam direitos e obrigações para as partes. Em particular, nos contratos administrativos, tais cláusulas, a depender da exigência legal ou de sua importância, são classificadas em: essenciais ou necessárias, acessórias ou secundárias e exorbitantes.
Cláusulas essenciais são aquelas que vão determinar o objeto e estabeleceras condições fundamentais para a execução do acordo firmado, sob pena de nulidade do contrato à sua ausência. A Lei n. 8.666/1993 elenca tais cláusulas, tornando-as obrigatórias. Vale ressaltar que, mesmo tendo a referida lei especificado as cláusulas, poderão existir outras que podem se revestir de essenciais em razão da particularidade do contrato.
Vejamos alguns exemplos de cláusulas essenciais, na prática, em um contrato administrativo. A cláusula que determina o objeto e seus elementos característicos é essencial ao contrato administrativo. A descrição deverá ser clara, bem descrita e de acordo com o determinado no edital. Conforme você já viu em temas anteriores, o objeto poderá ser uma obra, serviço ou fornecimento a ser prestado para a administração pública. A forma como esse objeto será executado ou fornecido também se reveste de essencialidade. Quanto à execução, a Lei 8.666/1993 determina as seguintes formas: 
execução direta, quando realizada pela própria administração e seus meios; e execução indireta, por meios de terceiros.
Na indireta, a própria lei especificou quais são regimes de execução:
• Empreitada por preço global – a contratação se dará por preço certo e total.
•	 Empreitada por preço unitário – a contratação se dará por preço certo de unidades determinadas.
•	 Tarefa – para a execução de pequenas obras ou parte de uma obra maior, mediante preço certo, global ou unitário.
•	 Empreitada integral – a contratação é entregue de forma total, incluindo todas as etapas das obras, dos serviços e das instalações.
Devem-se reinserir, no contrato, o preço e as condições de pagamento estabelecidos em edital, bem como a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do acordo da obrigação e do efetivo pagamento. Concomitantemente, também se reveste de essencialidade a cláusula que especifica de qual crédito correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica, ou seja, especifica-se a previsão de recursos orçamentários.
Dependendo da natureza do contrato, as garantias exigidas para a execução do objeto podem ou não ser cláusulas essenciais. Em relação aos contratos em que é obrigatória, a Lei 8.666/1993 não especifica uma determinada garantia para cada tipo de contrato, porém elenca de qual a administração poderá se valer nos contratos: caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; seguro-garantia e fiança bancária.
O art. 55, inciso VII da Lei 8.666/1993 elenca que os direitos, a responsabilidade, as penalidades e os valores da multa deverão também constar obrigatoriamente em um contrato, tornando-os cláusulas essenciais. Por ter relação consequencial com a responsabilidade e as penalidades estabelecidas no contrato, a lei também atribui essencialidade para os casos de rescisão. Estabelece ainda os motivos para a administração pública rescindir o contrato: o cumprimento irregular ou o não cumprimento do cronograma firmado no andamento da obra; ocorrência de paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento sem justa causa ou prévia comunicação; cessão ou transferência, total ou parcialmente, do contrato a terceiros; não atendimento às determinações regulares da autoridade que acompanha ou fiscaliza a execução; o cometimento contínuo de faltas na sua execução; quando for, regularmente comprovada, a impossibilidade da execução do contrato por caso fortuito ou de força maior.
Quando se tratar de uma concorrência internacional, serão essenciais cláusulas que estabelecem as condições de importação, da data e da taxa de câmbio para conversão.
Você estudou que, para a habilitação dos licitantes, proceder-se-á a devida comprovação da qualificação destes. Assim, na fase contratual, tais condições de habilitação devem estar prescritas no rol de suas cláusulas essenciais. Será dever do contratado manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. 
A essencialidade das cláusulas pode, inclusive, corresponder aos princípios básicos da licitação: o da vinculação ao edital de licitação, o de que no contrato haja cláusulas da dispensa ou inexigibilidade da licitação, quando esta incorrer; e o do princípio da legalidade, determinando que conste cláusula especificando a legislação aplicada ao contrato. Porém, a principal característica dos contratos administrativos é a existência, em seu termo, de prerrogativas concedidas ao poder público, conhecidas como cláusulas exorbitantes ou de privilégio. Essas prerrogativas têm o sentido de vantagens, e não restrições, à Administração Pública, em virtude de esta ter uma posição de supremacia em relação à parte contratada. As prerrogativas podem ser várias, dependendo da natureza do contrato, mas a Lei n.º 8.666/1993, em seu art. 58, estabeleceu as principais cláusulas exorbitantes. Em suma, as duas mais importantes cláusulas são as que tratam da alteração e da rescisão unilateral por parte da Administração Pública.
Em um contrato administrativo pode haver alterações bilaterais, em comum acordo entre as partes, e as unilaterais. As primeiras não se revestem de exorbitantes, pois possuem característica jurídica comum ao do direito privado. Já as unilaterais possuem caráter exorbitante, pois permite à Administração Pública alteração do contrato sem comum acordo, cabendo apenas ao contratado aceitá-la. As alterações, porém, não são discricionárias. A lei permite ao poder público fazer alteração quando há modificação do projeto ou das especificações (alteração qualitativa); e, quando é preciso modificar o valor em virtude do aumento ou da diminuição do objeto contratual (alteração quantitativa). Assim, a lei determina em quais situações e limites o poder público poderá adotar a prerrogativa de alterar um contrato e consequentemente obrigar ao contratado a aceitação, sob pena deste ser considerado inadimplente com o acordo firmado. Entretanto, vale ressaltar que esta prerrogativa não induz ao contratado a perda do direito de ser indenizado, podendo ser ressarcido quando houver prejuízo decorrente da alteração unilateral. A rescisão contratual também pode ocorrer em todos os tipos de contratos, mas no contrato administrativo é garantida à Administração Pública a prerrogativa de poder rescindi-lo, independentemente de inadimplência do contratado. A rescisão está prevista no art. 58, inciso II, art. 78, incisos I a XII e XVII e art. 79, inciso I. Assim, o poder público poderá rescindir, unilateralmente, o contrato nos casos de inadimplemento com ou sem culpa do contratado, por razões de interesse público ou por força maior ou caso fortuito. Toda rescisão contratual deve ser motivada, e devem ser concedidos ao contratado o prévio contraditório e processo administrativo. Entende-se como inadimplemento com culpa quando o contratado, por exemplo, não cumpre as cláusulas contratuais, executa o contrato com lentidão, sendo comprovada a impossibilidade de conclusão da obra ou serviço, dentre outras situações irregulares. É evidente que, se o contratado venha a falecer ou a empresa contratada tenha sua sociedade dissolvida ou venha a falir, o inadimplemento será sem culpa. Quanto ao ressarcimento, este só ocorrerá ao contratado quando a rescisão for por motivos de força maior ou interesse público, cabendo à Administração Pública exigir tal ressarcimento quando o ato, proveniente do contratado que gerou a rescisão, for culposo. Uma das prerrogativas do poder exorbitante da Administração Pública é de fiscalizar e controlar a execução do contrato administrativo, permitindo a aplicação de sanções administrativas ao contratado, sem intermédio do Poder Judiciário. As sanções previstas na Lei n.º 8.666/1993 são as seguintes: multa de mora, por atraso na execução do contrato; advertência; multa, por inexecução total ou parcial do contrato; suspensão temporária da possibilidade de participação do contratado em licitações.
Outro poder exorbitanteque a lei confere ao poder público assegura a garantia da continuidade da execução do contrato, mediante a retomada do objeto. Assim, caso a rescisão unilateral ocorra baseada nos casos citados anteriormente, a Administração Pública procederá com retomada do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar; ocupará e utilizará o local, as instalações, os equipamentos, o material e o pessoal necessários para dar continuidade à execução; executará a garantia contratual para ressarcimento do prejuízo e pagamento das multas e indenizações devidas; e reterá os créditos provenientes do contrato até o limite dos prejuízos causados a ela. Uma característica presente nos contratos de direito privado é a exceção do contrato não cumprido (excpetio non adimpleti contractus), que permite que uma parte contratante não exija da outra o cumprimento de obrigação sem que a mesma não tenha cumprido a sua. Porém, no campo administrativo, esse princípio é encontrado de forma mais branda, pois de regra não pode o contratado, em um contrato administrativo, deixar de cumprir a execução do contrato, quando a Administração descumprir algum acordo contratual. Isso ocorre porque, em contratos administrativos, prevalecem os
princípios da continuidade do serviço público e da supremacia do interesse público. Mas, como citado, essa prerrogativa da Administração é limitada, pois o art. 78, nos incisos XV e XVI, estabelece os casos nos quais, ocorrendo o exceptio non adimpleti contractus, o contratado terá direito a suspensão do contrato. Vale lembrar que, para finalizar o tema, as chamadas cláusulas secundárias são as que complementam e esclarecem os acordos firmados, sendo necessárias para melhor conhecimento dos direitos e deveres dos contratantes. Porém, sua omissão ou lacuna não invalida o contrato.
Modalidade de Contrato Administrativo
Não há um consenso entre os doutrinadores de direito administrativo quanto ao número e as espécies de contratos
administrativos. Isso ocorre porque a própria lei de licitações e contratos (lei nº 8.666/1993) não elenca de forma enumerativa tais modalidades. Mas de forma geral e quase unânime no meio jurídico, as modalidades contratuais na esfera administrativa podem ser as seguintes: contrato de obra pública; contrato de serviços; contrato de fornecimento; contrato de concessão; contrato de gerenciamento; contrato de gestão; termo de parceria.
Contrato de obra pública é aquele que se direciona à construção, à reforma, à fabricação, à recuperação ou à ampliação de ordem física de propriedade do contratante público. O contratado deve ter qualificação técnica devidamente comprovada para a execução do objeto. Vale lembrar que, mesmo nas execuções diretas, realizadas pela própria Administração Pública, pode-se recorrer aos contratos administrativos com terceiros para complementar a efetivação da obra a ser realizada. Nos casos de execução indireta, sempre será precedida de licitação.
De acordo com a amplitude da obra a ser realizada, o contrato de obra poderá ser de empreitada ou tarefa. Para obras de maior vulto, serão firmados com terceiros contratos de empreitada. Nesses contratos, poderá caber ao contratado fornecer material para construção (empreitada material), mão de obra (empreitada de lavor), ou ambos, tanto material como mão de obra (empreitada mista). Com base na forma de pagamento, as empreitadas também são classificadas por preço global, quando se envolve um valor único a ser pago pela contratante para a conclusão de todo o objeto; e por preço único, quando o acordo prevê pagamentos fracionários de acordo com a conclusão de etapas da totalidade de uma obra. Ao contrário das empreitadas, a tarefa se destina à contratação com terceiros para realização de pequenas obras ou de parte de uma obra maior. Contrato de serviços é aquele firmado pela Administração Pública com terceiros para a prestação de tarefas ou serviços que não possam ser executados pelo próprio corpo de funcionários do ente estatal. Ao contrário do contrato de obras, o de serviços não constituirá um novo bem público. Assim, a lei determinou alguns exemplos: serviços de demolição, conserto, instalação, montagem, conservação, reparação, transporte, publicidade, dentre outros.
Contrato de fornecimento, como o próprio nome já diz, consiste na compra ou no fornecimento de bens móveis, podendo este último ser de forma contínua ou única para a devida consecução das atividades administrativas. Exemplo típico dessa modalidade é a compra de medicamentos, equipamentos de escritório, instrumentos cirúrgicos, dentre outros.
Para os contratos de concessão, a sua principal particularidade é a capacidade da Administração Pública de ceder ao particular a execução de um serviço, do uso de bens ou de obras públicas, permitindo ao contratado explorar por sua conta e risco, mediante remuneração e custos feitos pelo próprio contratado. Um exemplo são os contratos de
telefonia. O serviço de telefonia é um serviço público, porém a Administração confere ao particular, mediante contrato de concessão, o uso e a exploração do serviço, permitindo ao contratado realizar investimentos na área e atribuir cobranças aos usuários. Assim, o que melhor caracteriza os contratos de concessão é a possibilidade da remuneração do executor da obra ser realizada pelo usuário ou beneficiário da obra, e não pela Administração, cabendo a esta a fiscalização e o controle das normas reguladoras específicas.
Quanto aos contratos de gerenciamento e de gestão existe certa polêmica doutrinária a respeito de suas classificações. Alguns autores determinam que ocontrato de gerenciamento não seconfigurariacomo modalidade contratualdiferenciada, pois seria uma espécie de contrato de serviço. Isso porque se trata de contratação pela Administração Pública de terceiros para conduzir e gerenciar empreendimentos públicos, no intuito de propiciar ao Estado pareceres que indicam os meios mais eficientes e econômicos para a execução de uma obra. Já para os contratos de gestão, a controvérsia se dá em razão de alguns autores o considerarem um acordo operacional e não um contrato propriamente dito. Nesse contrato, o ente público estabelece, com a entidade contratada, um programa de metas, trabalho, objetivos a alcançar, basicamente destinados a fins sociais.
Para os contratos de termo de parceria, temos a Lei Federal nº 9.790/1999, que instituiu essa modalidade entre o poder público e as entidades legitimadas. Esse acordo é um instrumento jurídico que regulará as relações entre aAdministração Pública e terceiros, sendo estes últimos organizações sem fins lucrativos, qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com intuito de desenvolvimento de atividades de interesse público, especificamente os projetos relacionados a educação, cultura, assistência social, saúde, cidadania, dentre outros. Pode-se afirmar, de certa forma, que os termos de parceira são uma espécie de híbrido entre os contratos administrativos e os convênios.
Para concluir o estudo, você observará que, no Livro-Texto base deste caderno, o autor não trata dos convênios administrativos. Essa ausência é explicada pela razão de que este instituto jurídico é uma modalidade de contratação diferente do contrato administrativo. Tampouco o assunto poderia estar incluso num tema sobre as modalidades de contrato. Porém, é imprescindível a leitura e a visualização complementares, nas seções “Links Importantes” e “Vídeos Importantes”, com temas referentes aos convênios. Em suma, os convênios administrativos são acordos firmados entre entidades públicas ou entre estas e entidades privadas, a fim de possibilitar a colaboração mútua entre os participantes, tendo como objetivo o interesse comum, sem fins lucrativos. Vale mencionar que a aplicabilidade da lei nº 8.666/1993, nos convênios administrativos, é de forma subsidiária, conforme disposto no art. 116, da mesma lei.

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