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Negócios Jurídicos: Noções Gerais

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Os Negócios Jurídicos. Noções Gerais.
Direito Civil II
Prof.: Luciano M. M. Lima
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TÓPICOS:
Negócios Jurídicos. Considerações Iniciais.
Teorias em torno do Negócio Jurídico.
Definição.
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NEGÓCIO JURÍDICO : Considerações Iniciais 
Primeiramente, e como lembrança de Rosenvald (op. Cit, pag. 500), vale o registro de que os atos jurídicos, em sentido amplo (latu sensu), são aqueles decorrentes de ações humanas. Podem ser vontades exteriorizadas sem o controle sobre os efeitos (atos jurídicos lícitos propriamente ditos ou em sentido estrito (ou não negociais) e aqueles em que a vontade envolvida tem o poder de criar efeitos concretos previstos exclusivamente pelo(s) negociante(s)
Antes de mais, nada, é conveniente ressaltar que a noção de Negócio Jurídico da forma como é tratado atualmente é bastante recente em termos históricos. Para se ter uma idéia, o ordenamento brasileiro somente veio a consagrar a espécie diferenciada de ato jurídico no Código Civil de 2002.
Até então, o Código de 1916 (cujo projeto é do final do século XIX), não trouxe referências maiores ao termo.
A responsabilidade e o mérito da criação da ideia pertence aos teóricos alemães. Na segunda metade do século XIX, foram os primeiros a repensar o valor e o peso diferenciado que se deveria dar à autonomia da vontade. Pensamento bastante razoável em vista dos acontecimentos históricos, políticos e sociais que ocorreram na Europa naquele instante. Assim, não foi difícil que linhas de pensamento que defendessem o poder da vontade, o liberalismo jurídico e o individualismo aparecessem com relativa facilidade.
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Esta visão, bem entendida como pertencente às origens do pensamento em torno da expressão Negócio Jurídico, não se perpetuaram da mesma forma até os dias de hoje. A idéia de se ter em uma relação jurídica pólos contratantes absolutamente iguais (e daí merecedores de um tratamento igual), passa a ser questionada a partir da década de 30 em nosso país. Aos poucos, o Direito Civil passa por um processo de fragmentação onde as normas reguladoras do direito privado são representadas por um “microssistema pulverizado” (ao invés de um código único).
O avanço do Direito Constitucional influencia enormemente também as leis civis. O princípio da dignidade da pessoa humana determina a relativização dos contratos (principalmente os chamados contratos de adesão). Vide art. 1º, III da Constituição Federal da República.
A expressão Negócio Jurídico, se antes visto como expressão pura de uma vontade imutável, absoluta e perfeita, dá lugar ao poder de uma vontade que, por mais que seja preponderante e imperativa, admite a desigualdade entre os agentes negociantes ou defeitos na sua formação/expressão.
Assim, apesar de a vontade sempre seja vista como o elemento propulsor do ao negocial, isto deve ser examinado e tratado à luz de princípios constitucionais maiores e protetivos da pessoa humana (dignidade, igualdade, liberdade, saúde, educação, lazer, etc...)
Esta visão funcionalizada (expressão de Rosenvald) sobre o negócio jurídica é aquela a empresar a função social dos contratos buscando uma eficácia no atingimento de uma organização, solidariedade e justiça social. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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TEORIAS EM TORNO DO NEGÓCIO JURÍDICO:
Todo o suporte doutrinário sobre Negócio Jurídico se encontra alicerçado basicamente sob duas teorias: a voluntarista (ou Teoria Subjetiva) e a da declaração de vontade (ou Teoria Objetivista).
A teoria voluntarista (subjetiva) trabalha com a essência da vontade negocial em si, ou seja, a “ação da vontade que se dirige de acordo com a lei de forma a constituir, modificar ou extinguir uma relação jurídica” (Orlando Gomes). Esta, como se verá a seguir, representará um caminho mais justo, mais correto, mais lídimo. 
Para os defensores da segunda teoria (pensamento objetivista), o negócio jurídico deveria estar embasado não na vontade em si mas em sua declaração, ou seja, na externação do desejo. O elemeto produtor dos efeitos estaria na declaração e não na intenção. Esta, como se verá a seguir, representará um caminho mais seguro, garantido (proporcionará a segurança jurídica).A exteriorização da vontade é o que mais chama a atenção em um caso negocial.
O direito brasileiro será conduzido pela aplicação do artigo 112 do Código Civil.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Para Stolze e Pamplona, este embate doutrinário não provocaria maiores dificuldades na medida em que defendem serem os elementos interno e externo (vontade real e vontade manifestada, respectivamente) “faces de uma mesma moeda”.
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NEGÓCIO JURÍDICO : Definição 
Em linguagem simplificada, para Stolze e Pamplona, negócio jurídico seria “a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelos ordenamento jurídico pretendidos pelo agente”
Para Antonio Junqueira de Azevedo, seria “todo fato juridico consistente na declaração de vontade a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existencia, validade e eficacia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide” (Rosenvald, pag. 502).
Quanto às partes envolvidas : negócios jurídicos unilaterais (uma pessoa. Ex: testamento) ou bilaterais (mais de uma pessoa)
Quanto à forma : solenes (ou formais) : só têm validade quando obedecida a forma legal (compra e venda de imóvel, art. 108 Código Civil) ou não solenes (ou informais): quando não tem modelo, a sua forma é livre.
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