Buscar

Contestação

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA, GO. 
AUTOS Nº 0010001-10.2017.518.0002
Maria José Pereira, casada, profissão xx, portadora da cédula de identidade xxx, inscrito no CPF número 055.222.345-61, endereço eletrônico xxxx, residente e domiciliada na Rua Girassol, número 380, apartamento 301, bairro Mendanha, Goiânia, GO, CEP: 74.100-000, por intermédio de seu advogado e bastante procurador (procuração em anexo), com escritório profissional sito à Rua xxxx, nº xxxx, Bairro xxxx, Cidade xxxx, Estado xxxx, onde recebe notificações e intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar:
CONTESTAÇÃO
À reclamatória trabalhista interposta por Albano Machado, brasileiro, casado, desempregado, portador da cédula de identidade nº xxx, inscrita no CPF nº123. 456.789-00 endereço eletrônico xxx, residente e domiciliada na Alameda do Riacho, número 125, bairro Vila Paris, em Goiânia, GO, CEP: 74.000-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
O reclamante iniciou suas atividades laborais no dia 01/02/2012, na condição de cuidador de idosos, afim que este cuide de seu marido o sr. Antenor Becha Pereira, ele tem 80 anos e necessita de cuidados especiais, pois sofreu um acidente vascular cerebral e ficou com varias sequelas.
O reclamante trabalhava na residência do casal, no sistema de revezamento 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso. O horário era sempre das 7:00 horas até as 19:00 horas. Nos dois primeiros anos ele recebia o valor de R$ 120,00 ( cento e vinte reais) por cada plantão de 12 horas. Ele recebeu este valor nos dois primeiros anos de serviço, de 01/02/2012 até 02/02/2014. Após esta data ele passou a receber o valor de R$ 150,00(cento e cinquenta reais) por plantão de 12 horas. Tendo em vista o seu regime de trabalho quando seu plantão caia aos domingos ou feriados não existia remuneração diferenciada nem folga compulsória. O senhor Albano durante as 12 horas de trabalho, só parava 30 minutos para almoçar o restante era ininterrupto. 
O pacto laboral teve fim no dia 06/02/2017. O motivador foi uma discussão entre o reclamante e o reclamado, quando esta solicitou que o cuidador desse banho em seu marido na parte da manhã. Toda via o reclamado discorda, sabendo que o seu paciente preferia tomar banho no período da tarde depois do seu almoço, quando a temperatura era mais confortável para ele, pois era mais quente. 
Além desta discussão tiveram outra, porque a reclamada não gostava que o seu marido assistisse TV, o senhor Albano discordava desta posição e vez ou outra permitia que o cuidado assistisse TV. Desta forma após algumas discussões sobre o tema o enfermeiro é demitido por justa causa, no referido dia. A motivação é insubordinação, entretanto nunca teve por parte da contratante nenhuma advertência por escrito ou suspensão pelos atos dos quais ela discordava.
DO DIREITO
 
Justa causa:
De acordo com a legislação trabalhista vigente a época do contrato de trabalho que se discute, a justa causa poderá ser aplicada em caso de insubordinação. Como podemos ler no artigo 482, alínea “H”: 
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
Como exposto na inicial pelo próprio reclamante ele constantemente desobedecia às ordens de sua empregadora, indo contra a o art.3° da CLT. Como podemos ler abaixo empregado e esta sob dependência do seu empregador, isso quando ele esta em serviço. “Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.”
Esta desobediência automaticamente garante a empregadora o direito de dispensar o trabalhador, pois não há duvidas que o art. 482, “H” da CLT, em rol taxativo assegura, que o empregado necessita de se sub meter ao empregador. Levando em consideração que por diversas vezes ele se manifesta contrário às ordenanças da reclamada. O mesmo afirma que tem conhecimentos técnicos para dizer sobre tais situações. Entretanto ele não é o medico responsável pelo tratamento do paciente, a função dele é cuidar e seguir o as normas que lhe são impostas.
Precisamos também avaliar a alínea “F”, que assim diz: 
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: 
F. embriaguez habitual ou em serviço:
No ultimo dia de trabalho, o reclamante chegou embriagado e começou a exercer suas atividades, colocando em risco o paciente que dependia de total atenção e sobriedade de seu cuidador. Assim que notou a condição do trabalhador, a reclamada dispensa ele naquele dia das atividades.
Tendo que contratar para aquele dia outro empregado, otimizando seus gastos, por uma irresponsabilidade daquele. Tais atitudes tornam impossível a manutenção daquela relação. Pois o reclamante não demostrava respeito nem tão pouco responsabilidade para com aquela que outrora o confiou em suas mãos à saúde e integridade física da pessoa que segundo ela, é a pessoa que ela mais emprega amor e cuidados. O motivo de contratar dois profissionais para cuidar deste. 
Jornada de Trabalho
É bem verdade que a legislação permite apenas jornada de 8 horas diárias como podemos ler no art. 58 da CLT. Entretanto o trabalho era prestado à família sem fins lucrativos, mas em caráter social. Como preceitua a lei complementar 150/2015, em seu artigo 10°. Esta é a lei que regulariza o trabalhador domestico. Assim descrita: 
Art. 10.  É facultado às partes, mediante acordo escrito entre essas, estabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. 
Não resta duvida quanto às intenções do reclamante, este esta buscando formas de se vingar e de tentar corrigir a custa de outro os seus erros e assim tentar tirar o que a reclamante não tem. Os contratos são sempre fundados na BOA-FÉ, como preceitua o art. 422, do CC. Todos os contratos são fundados na boa fé dos contratantes, podemos claramente notar que neste momento este age contrario a norma do nosso condigo civil vigente. 
Trabalho aos domingos e feriados
Ao analisarmos a sumula 444 do TST, podemos verificar os seguintes dizeres: 
Súmula nº 444 do TST
JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012  - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012
 É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. 
Claro é que o reclamante tinha vinte e quatro horas de folga após a jornada de doze horas trabalhadas. Havendo folgas compensatórias cumprimento o que se preceitua na legislação. E ainda em acordo com a súmula este não tem direito ao pagamento de horas extras pelas horas 11 e 12, como houve a compensação dos feriados e domingos com folgas, não resta duvida que não se faz cabível o pagamento de horas extra pelo que se pede.
Intervalo intrajornada
Todo trabalhador faz jus a o intervalo para descanso e alimentação como preceitua o artigo 71 da CLT. O reclamante sempre tinha tempo de descanso e alimentação maior que duas horas. Pois sempre que o assistido dormia, ele tinha tempo para gozar de descanso e alimentação. Ele apenas fazia o horário de almoço em horários diferentes do quegeralmente se tem como hora de almoço que é o período de 12 as 13. O que não gera prejuízo de nenhuma natureza para o reclamante. Sendo até benéfico para o mesmo, pois recebia para trabalhar ativamente por 12 horas com descanso de duas horas. O trabalho efetivo cessava sempre que assistido dormia. Colecionando mais horas diárias de descanso do que a lei o garante.
Indenização por danos morais
De acordo com o código civil no Art. 186, CC- “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Para tanto é necessário à presença do nexo de causalidade o dano e a culpa de quem pratica a ação ou omissão. No caso em tela não existe nenhum destes elementos. A reclamada anota na CTPS do ex-funcionário se fundando no art. 29, § 2° alínea “C”. 
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
§ 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: 
c) no caso de rescisão contratual;
Logo não existe ai vontade de prejudicar o reclamante com a anotação. Além do mais não deixou o cliente de ser contrato pela anotação no presente documento deixado de demostrar o nexo de causalidade, por não existir causa. Logo a anotação não causou nenhum prejuízo à parte. O reclamante não demostrou a existência de constrangimento, não fazendo jus ao que se reclama.
Multa do 477, §8° da CLT
Este artigo trata como sabemos da multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, como podemos ver a seguir: 
Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa.
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
As verbas são devidas e foram pagas, entretanto respeitado o motivo da dispensa, o empregado recebeu o que lhe era de direito, como ele foi dispensado por justo motivo ele não tem direito a indenização. A multa e por inobservância do disposto no § 6°, como não se pode atrasar o que não se deve, não há motivo para aplicação da multa no 477, §8°.
DOS PEDIDOS
Face ao exposto, respeitosamente a reclamada requer sejam considerados os argumentos e as provas anexadas, tendo sido demonstrada a improcedência da postulação inicial, requerendo ainda o depoimento pessoal do reclamante, a oitiva de testemunhas, a produção de todas as provas em direito admitidas, bem como a juntada de novos documentos que se façam necessários para a competente instrução do feito. 
Os honorários somente seria devido caso o advogado do trabalhador fosse do sindicato da categoria ou ter sido habilitado, o que não é o caso, logo que as custas seja pego pela parte sucumbente.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Goiânia, 31 de agosto de 2017.
Advogado xxx/ OAB xxx.

Continue navegando