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Filo Sarcomastigophora Gêneros Giardia, Entamoeba, Trypanosoma e Leishmania Aula 4 Profª: MSc. Laura C. Tibiletti Balieiro UNIPAC CURSO DE NUTRIÇÃO 1 • Os protozoários encontrados nesse filo são caracterizados principalmente por possuírem núcleo simples, presença de flagelos, pseudópodos ou ambos. • Eles incluem o maior número de espécies – Cerca de 6.900 • Apresenta dois subfilos – Subfilo Sarcodina - as amebas – Subfilo Mastigophora – os flagelados Giardia e Trichomonas. Filo Sarcomastigophora • Subfilo Mastigophora – É caracterizado pela presença de um ou mais flagelos • Subfilo Sarcodina – É caracterizado, principalmente, pela presença de pseudópodos, às vezes flagelos. Filo Sarcomastigophora Giardia spp. - Giardíases • Reino: Protozoa • Filo: Sarcomastigophora • Classe: Zoomastigophorea • Ordem: Diplomonadida • Família: Hexamitidae • Gênero: Giardia Taxonomia (Rey, 2002) Giardia spp. • Formas de vida • Trofozoíto – Piriforme (forma de pera) com simetria bilateral – Achatamento dorsoventral – Superfície ventral - Disco adesivo DA – 2 núcleos (N) – 2 axóstilos (AX): feixes de fibras longitudinais – 2 corpos parabasais CP – 4 pares de flagelos Giardia duodenalis Giardia duodenalis - Trofozoíto Corpos parabasais Flagelos Núcleos Axóstilos Disco adesivo • Hábitat – Duodeno e parte do jejuno mergulhados nas criptas aderidos mucosa - disco adesivo • Metabolismo – Anaeróbio, aerotolerante, amitocondrial (presença de enzimas glicolíticas citoplasmáticas • Nutrição – Via membrana e pinocitose Giardia duodenalis - Trofozoíto • Deslocamento – Batimento flagelar • Reprodução – Assexuada, divisão binária longitudinal • Cultivável – Meios líquidos e culturas de células Giardia duodenalis - Trofozoíto • Cistos – Ovóides com parede cística (quitina) – 4 núcleos (duplas estruturas internas) Giardia duodenalis • Encistamento: Colón • Desencistamento: Passagem pelo estômago – Eclosão intestino delgado • 1 cisto - 2 trofozoítas Giardia duodenalis - Cistos • Resistentes no ambiente (2 meses) • Água 4 - 10°C – viáveis por meses • Eliminados milhões ao dia • Fezes formadas – fezes diarreicas não são infectantes Giardia duodenalis - Cistos • Ingestão de cistos maduros (ingestão de águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas) • Alimentos contaminados • Moscas e baratas • Pessoa a pessoa Giardia duodenalis - Transmissão • Mãos contaminadas • Locais de aglomerações (creches, orfanatos) • Transmissão Anal Giardia duodenalis - Transmissão Giardia duodenalis - Ciclo Biológico Água e alimentos contaminados com cistos Trofozoítos não sobrevivem no ambiente Estágio infectante Estágio Diagnóstico Cisto Cisto Trofozoíto • Não ocorre invasão da mucosa • Processo mecânico – Aderem e recobrem a parede do duodeno “tapete” • Perda de microvilosidades – Diminui a absorção intestinal Giardia duodenalis - Mecanismo de patogenicidade • Variável – Assintomática – Sintomática • Diarreias brandas e autolimitantes • Diarreias crônicas e debilitantes Giardíase - Sintomatologia 1. Aguda (até 2 meses), intermitente e autolimitante – Dores abdominais (cólicas) – Diarreia (fezes pastosas ou líquidas: muco + gordura) 2. Crônica – má absorção intestinal e perda de peso 3. Crianças: diarreia crônica, irritabilidade, insônia, náuseas, vômitos, perda de apetite, dor abdominal, anorexia, esteatorréia, acarreta deficiência nutricional principal problema Giardíase - Sintomatologia • Cosmopolita – Países desenvolvidos – 2 - 5% • Comum climas temperados/ tropicais • OMS: 500 mil novos casos/ ano – Maior incidência em crianças – Brasil - 4-30% – Uberlândia– 25% – Araguari – 30% Giardia duodenalis - Epidemiologia • Água contaminada • Viagem para zonas endêmicas • Cisto resiste 2 meses no ambiente e também algum tempo embaixo da unha Giardia duodenalis - Epidemiologia • Alta prevalência entre crianças – Brincando (mão-chão-boca) – Creches (falta de higiene) • Portadores assintomáticos são fonte infecção Giardia duodenalis - Epidemiologia 1. Parasitológico de fezes – Centrífugo-flutuação em sulfato de zinco 33% – Cistos em fezes sólidas – Trofozoítos em fezes líquidas – Requer exames repetidos (3 amostras -7 em 7 dias) 2. Imunológico – ELISA - Pesquisa de Ags nas fezes - coproantígeno Giardia duodenalis - Diagnóstico • Saneamento básico (água) – Cloro utilizado H2O não é suficiente – Em caso de dúvidas ferver a água • Educação sanitária (higiene) – Creches, asilos • Cuidados com alimentos Giardia duodenalis - Profilaxia • Tratamento precoce do doente e diagnosticar a fonte de infecção • Tratamento dos portadores assintomáticos - muito importante • Cuidado com fezes de cão e gato, possíveis transmissores Giardia duodenalis - Profilaxia • Derivados Nitroimidazólicos – Metronidazol • Albendazol Giardia duodenalis - Tratamento Entamoeba • Reino: Protozoa • Subfilo Sarcodina • Ordem Aemoebida • Família Endamoebidae • Gênero Entamoeba Taxonomia E. histolytica E. coli E. dispar E. hartmanni E. gingivalis Patogênica Intestino grosso Cavidade Bucal • Eucariotos primitivos – Não tem: Mitocôndria, Aparelho de Golgi, Microtúbulos • Metabolismo – Microaerófilo – Aeróbico facultativo – Principal fonte energética: glicose – Vacúolos de glicogênio - estoque Amebas Amebas intestinais - Ciclo de vida: trofozoíto e cisto Hospedeiro Hospedeiro Meio Meio Alimentos e água Trofozoíto Fezes Cisto forma de resistência • 1 núcleo, pleomórficos • Motilidade: pseudópodes • Multiplicação – Divisão binária simples - trofozoítos – Divisão múltipla núcleos - cistos • Ingestão: membrana/ pinocitose/ fagocitose: Bactérias/ hemácias (forma invasiva) E. histolytica - Trofozoíto • Formas de resistência eliminada com as fezes • Membrana plasmática + parede cística (quitina) • 1 - 4 núcleos (N) • Vacúolos de glicogênio (V) • Corpos cromatóides (CC) – agregados de ribossomos E. histolytica - Cistos N V CC Cisto Jovem • Ingestão de cistos • Direta: pessoa - pessoa • Indireta: água ou alimentos contaminados • Cistos são viáveis por até ~ 30 dias no meio externo • Trofozoítas - destruídos no estômago E. histolytica - Mecanismo de transmissão E. histolytica - Ciclo Biológico • Cistos - passam pelo estômago • Quitina resiste pH ácido e enzimas • Desencistamento – intestino delgado - 37°C e anaerobiose • 3 - 6hs eclosão - membrana cisto íntegra • 1 ameba com 4 núcleos - divisão núcleos e citoplasma - 8 amebas que se alimentam e crescem - trofozoítos E. histolytica - Desencistamento Estômago Encistamento Luz intestino grosso Habitat trofozoíto Luz intestino grosso E. histolytica - PatogeniaTrofozoítos Trofozoítos Adesão Adesão Invasão da mucosa intestinal Invasão da mucosa intestinal Fígado Fígado Ruptura abscesso hepático Ruptura abscesso hepático Pericárdio, pulmões, cérebro Pericárdio, pulmões, cérebro • Forma assintomática • Forma intestinal (não invasiva) – Dores abdominais (cólicas) – Diarréia fezes moles E. histolytica - Formas clínicas • Forma intestinal invasiva – Colite amebiana aguda, disenteria grave • Fezes líquidas com muco e sangue – Úlceras intestinais, abscessos – Pode ser grave e até fatal • Grávidas e imunodeprimidos • Forma extra-intestinal – Peritonites (raras) – Fígado (+ comum), pulmão, cérebro, pele E. histolytica - Amebíase intestinal E. histolytica - Forma extra-intestinal Trofozoíto intestino Trofozoíto intestino Fígado Fígado Invasão Desenvolvimento de quadros hepáticos, com abscessos no fígado que podem levar à morte do hospedeiro E. histolytica - Mecanismos de invasão Adesão Destruição tecidual Dispersão • Adesão - via receptores específicos de células do epitélio intestinal adesinas (glicoproteínas) • Processo de destruição tecidual – ação de enzimas (hialuronidase/ proteases/ mucoplissacaridases) citopatogenicidade - formação de úlcera • Dispersão: trofozoíto na circulação – atinge fígado via sistema porta E. histolytica - Mecanismos de invasão • Mecanismos de defesa do hospedeiro – Camada mucosa - mucinas: gel aderente, previne adesão às células epiteliais e facilita a eliminação do parasito – Resposta Imune (IgA, IgE, IgG – imunidade celular?) E. histolytica - Relação parasito-hospedeiro • Fatores de Virulência do parasita – Capacidade de matar e fagocitar células do hospedeiro – Indução de morte de células do hospedeiro por apoptose (limita a inflamação e facilita a evasão da reposta imune) – Moléculas de adesão E. histolytica - Relação parasito-hospedeiro • Clínico – diarreias/ síndrome do cólon irritável – Amebomas, abscessos • Parasitológico de fezes – Pesquisa de cistos em fezes sólidas (diferenciar amebas não patogênicas) – Trofozoítas em fezes líquidas – Cultura de fezes E. histolytica - Diagnóstico • Diagnóstico imunológico – ELISA para detecção de antígeno nas fezes – ELISA para detecção IgG soro - amebíase invasiva • Diagnóstico Molecular – PCR (distingue espécies) E. histolytica - Diagnóstico Morfologia - Trofozoítas E. histolytica – Diagnóstico Diferencial Entamoeba histolytica Entamoeba coli Morfologia - Cistos E. histolytica – Diagnóstico Diferencial Entamoeba histolytica Entamoeba coli • Cosmopolita – De acordo com a região de 5 a 50% pessoas infectadas • 500 milhões de infectados, 10% com formas invasivas • Óbito anual 100.000 pessoas - regiões tropicais/ subtropicais – Condições precárias de higiene – Estado nutricional deficiente E. histolytica - Epidemiologia • Amebíase intestinal – Dicloracetamidas – Ação somente sobre trofozoítos • Amebíase tecidual – Nitroimidazóis e Deidroemetina – Mais usado Metronidazol E. histolytica - Tratamento • África e Ásia – mais atingidos • Regiões frias e temperadas – ausente • Américas: México, América Central, Peru, Colômbia, Equador • Brasil: Até 30% (AM, PA, BA, PB, RS) E. histolytica - Epidemiologia • Saneamento básico • Educação sanitária • Tratamento de água • Controle de alimentos (lavar frutas e verduras) • Tratamento das fontes de infecção • Cuidados com higiene pessoal (lavar as mãos) E. histolytica - Profilaxia e Controle • Não existem reservatórios animais além do homem • Vacinas (experimentais) – Alvos – trofozoítas (via oral) – Cistos (impedir encistamento) E. histolytica - Profilaxia e Controle Trypanosoma cruzi • Filo: Sarcomastigophora • Classe: Zoomastigophora • Ordem: Kinetoplastidae • Família: Trypanosomatida • Gênero: Trypanosoma • Espécies – Trypanosoma cruzi – Trypanosoma rangeli – Trypanosoma brucei Taxonomia Salivários Desenvolvimento anterior Inoculativos Estercorários Desenvolvimento Posterior Contaminativos T. (Herpetosoma) rangeli T. (Schizotrypanum) cruzi T. (Megatrypanum) theileri T. (Dutonella) vivax T.( Nannomonas) congolense T. (Trypanozoon) brucei T. (Picnomonas) suis Formas de transmissão T. cruzi T. rangeli T. brucei Parasitos que infectam humanos Trypanosoma cruzi - Prevalência Impacto: 16-18 milhões de casos Mortalidade: 50.000 mortes por ano Risco: 90 milhões de pessoas em 21 países • Hospedeiro vertebrado • Intracelular obrigatório • Divisão binária • Tecidos - ninhos de amastigotas • Crescem em meios de cultura celular Trypanosoma cruzi - Morfologia Amastigota • Apresenta forma arredondada • O núcleo é observado com microscópio ópticos • Não possui flagelos • Presente na fase intracelular – Durante a fase crônica da doença Trypanosoma cruzi - Morfologia Amastigota • Forma encontrada no vetor – Tubo digestivo do barbeiro • Divisão binária • Apresenta tamanho variável com formato alongado • Crescem em meios de cultura acelular Trypanosoma cruzi - Morfologia Epimastigota • Não se multiplica • Apresenta formato alongado • Fusiforme em forma de “c” ou “s” • Cresce em meios celulares e acelulares Trypanosoma cruzi - Morfologia Tripomastigota • Presente na fase extracelular, que circula no sangue, na fase aguda da doença. • Forma infectante para os vertebrados Trypanosoma cruzi - Morfologia Tripomastigota • Vetor • Repasto sanguíneo Trypanosoma cruzi - Morfologia Tripomastigota metacíclica Trypanosoma cruzi - Morfologia Bolsa flagelar Membrana ondulante Cinetoplasto Corpo basal Mitocôndria Flagelo Núcleo Microtúbulos subpeliculares Trypanosoma cruzi - Morfologia Trypanosoma cruzi - Morfologia Tripomastigota Tripomastigota sanguínea Amastigota Amastigota T. cruzi - Formas do parasito encontradas no vetor T. infestans Tripomastigota Metacíclica Epimastigota T. cruzi - Formas do parasito encontradas no hospedeiro vertebrado Tripomastigota Tripomastigota sanguínea Amastigota Amastigota • Ordem Hemiptera • Família Reduviidae • Subfamília Triatominae (barbeiros) • Hemimetábolos • Fêmea e macho - hematófagas Trypanosoma cruzi – Hospedeiro Invertebrado Triatoma infestans Rhodnius prolixus Panstrongylus megistus Clípeo Antena Olhos Triatomíneos importantes na transmissão do T. cruzi • Estercorários: os parasitas desenvolvem-se na porção posterior do inseto vetor e são transmitidos nas fezes – Ex.: T. cruzi • Salivários: os parasitas desenvolvem-se na porção anterior do inseto vetor e são transmitidos na saliva – Ex.: T. brucei Trypanosoma cruzi – Classificação dos tripanosomas Trypanosoma cruzi – Reservatórios Marsupiais D. albiventris D. marsupialis Monodelphis rato-cachorro Marmosa cynerea Phylander opossumTrypanosoma cruzi – Reservatórios Edentados Dasypus novemcintus D. mexicanus Bradypus infuscatus Tamandua tetradactyla Phyllostomus hastatus P.elongatus Carollia perspicillata Demodus rotundus Glossophaga soricina Quirotperos Trypanosoma cruzi – Reservatórios Cerdocyon thous Dusycon griseus Nasua sp. Eira barbara Felis yaguaroundi Trypanosoma cruzi – Reservatórios Gatos e cachorros do mato Dryctolagus cuniculus Sciurus sp Akodon musaranha Neotoma Oryzomes Dasyprocta Coendou Cavia sp Gallea spikii Coelhos e roedores Trypanosoma cruzi – Reservatórios Alouatta Ateles Callicebus Saimiri Cebus Trypanosoma cruzi – Reservatórios Primatas T. cruzi • O ciclo de vida do T. cruzi inicia quando o barbeiro, ao se alimentar do hospedeiro vertebrado, elimina suas fezes e urina, onde podem estar presentes as formas tripomastigotas. • Os parasitas tripomastigotas penetram na pele e infectam as células do hospedeiro, onde transformam-se para a forma amastigota. T. cruzi – Ciclo de Vida • Quando as células estão repletas de parasitos, eles novamente mudam para a forma tripomastigotas. • Por estarem com grande quantidade de parasitos, as células se rompem e os protozoários atingem a corrente sanguínea, atingindo outros órgãos. T. cruzi – Ciclo de Vida • Nessa fase, se o hospedeiro vertebrado for picado pelo barbeiro, os protozoários serão transmitidos ao inseto. • No intestino do barbeiro, mudam sua forma para epimastigotas, onde multiplicam-se e tornam-se novamente tripomastigotas, as formas infectantes aos vertebrados. T. cruzi – Ciclo de Vida T. cruzi – Ciclo de Vida • Vetorial: entre 70 e 90% dos casos • Transfusional: 1 a 20% • Congênita: 0.5 a 10% T. cruzi – Possíveis mecanismos de transmissão • Oral: Ingestão de alimentos infectados com fezes de Triatomíneos, triturados, carne crua ou mal cozida e raramente com leite materno • Transplante de órgãos, acidental, sexual • Sangue menstrual ou esperma • Fezes secas de barbeiro, seringas de usuários de drogas T. cruzi – Possíveis mecanismos de transmissão • Fase aguda – Assintomática - 90% a 98% – Sintomática - 2% a 10% • Fase crônica: – Forma indeterminada - 50% a 69% – Forma cardíaca - 13% – Forma digestiva - 10% – Formas mistas - 8% T. cruzi – Formas clínicas T. cruzi – Sinais de porta de entrada Chagoma de inoculação Sinal de Romanã • Sinais de porta de entrada – Sinal de Romanã ou Chagoma de Inoculação • Febre contínua - 7 a 30 dias • Adenopatias – aumento gânglios • Hepato e esplenomegalia T. cruzi – Principais sintomas de fase aguda • Edema generalizado – Rosto, extremidades e bolsa escrotal • Estado geral comprometido: astenia (diminuição da força física) • Sinais de miocardite aguda • Eventual presença de ICC (mau prognóstico) – Cansaço, ortopnéia (dificuldade respiratória), aumento de pressão venosa T. cruzi – Principais sintomas de fase aguda T. cruzi – Principais sintomas de fase crônica • Forma indeterminada – Sorologia positiva – Parasitemia baixa – Ausência de sintomas – Duração lenta: 10 a 20 anos T. cruzi – Principais sintomas de fase crônica • Forma determinada – Cardiopatia: cardiomegalia – Arritmias: bloqueios, extrassístoles, bradicardia, morte – Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) – Colopatia: megacólon – Esofagopatia: megaesôfago T. cruzi – Principais sintomas de fase crônica Fase crônica: Miocardite chagásica T. cruzi – Principais sintomas de fase crônica Coração Chagásico Coração Normal T. cruzi – Megacólon chagásico T. cruzi – Fatores socioeconômicos Fonte: Tarleton et al. (2007) T. cruzi – Fatores socioeconômicos Fonte: http://www.ipec.fiocruz.br/pepes/dc/dc.html Animais silvestres Triatomíneos silvestres CICLO SILVESTRE enzootia de animais silvestres Triatomíneos domésticos Animais paradomésticos Triatomíneos paradomésticos Animais domésticos e homem CICLO DOMÉSTICO enzootia de animais domésticos e endemia humana CICLO PARADOMÉSTICO enzootia de animais paradomésticos T. cruzi – Diagnóstico Fase Aguda 1. Clínico-epidemiológico 2. Sorologia – IFI – Elisa T. cruzi – Diagnóstico Fase Aguda 3. Parasitológico – Métodos diretos • Método de strout • Pesquisa creme leucocitario • Gota espessa • Exame a fresco de sangue – Métodos indiretos • Hemocultura • Xenodiagnóstico • Xenocultura • Inoculação de camundongos T. cruzi – Diagnóstico Fase Crônica 4. Parasitológicos – Xenodiagnóstico – Hemocultura – Xenocultura – Inoculação de camundongos T. cruzi – Diagnóstico Post - mortem • Necropsia – Imuno - histoquímica – Testes sorológicos – líquido pericárdico – Hemocultura – PCR T. cruzi • Transmissão vertical - neonatos de mães com diagnóstico + • Confirmação de caso: – Identificação dos parasitos no sangue do recém-nascido – Anticorpos de origem materna (após 6 a 9 meses de idade) - excluir outros mecanismos de transmissão Okumura et al., 2004 T. cruzi • 60 a 90% dos casos assintomáticos • Abortos • Prematuridade • Baixo Peso • Hepatoesplenomegalia • Febre • Meningoencefalite e Miocardite (co-infecção com HIV) Okumura et al., 2004 T. Cruzi - Tratamento • Benzonidazole (“Rochagan“) – Uso para tratamento nas fases aguda e crônica – 5 - 6 mg/ kg peso corporal (30 - 60 dias) – Eficiência: • Fase aguda: >90% • Fase crônica: >60% T. Cruzi - Tratamento • Desvantagens: – Efeitos colaterais – Tratamento demorado – Já existem cepas de laboratório que são resistentes T. Cruzi - Tratamento Efeito colateral pelo uso de Rochagan T. Cruzi - Profilaxia • Transmissão vetorial – Controle químico de vetores com inseticidas quando a investigação entomológica indicar a presença de triatomíneos domiciliados; melhoria habitacional em áreas de alto risco suscetíveis a domiciliação. T. Cruzi - Profilaxia • Transmissão transfusional – Manutenção do controle de qualidade rigoroso de hemoderivados • Transmissão vertical – Identificação de gestantes chagásicas na assistência pré- natal ou de recém-nascidos por triagem neonatal para tratamento precoce. T. Cruzi - Profilaxia • Transmissão oral – Cuidados de higiene na produção e manipulação artesanal de alimentos de origem vegetal. T. Cruzi - Profilaxia • Transmissão acidental – Utilização de equipamento de biossegurança. – Vacina? • Inúmeras tentativas: de parasitas atenuados a recombinantes – Problemas • Como avaliar? • Autoimunidade? T. Cruzi - Profilaxia T. Cruzi - Profilaxia Leishmania spp. • Reino Protista • Sub-Reino Protozoa • Filo Sarcomastigophora • Sub-Filo Mastigophora • Classe Zoomastigophora • Ordem Kinetoplastida • Sub-Ordem Trypanosomatina • Família Trypanosomatidae • Gênero Leishmania • Sub gêneros Leishmania/ Viannia Taxonomia Leishmania - Morfologia • Forma esférica ou oval, flagelo rudimentar • Multiplica-se por fissão binária •Interior de macrófagos (ninhos); livres após rompimento destas células • Presentes no SFM (Sistema Fagocítico Mononuclear) - pele, baço, fígado, medula óssea, linfonodos, mucosa Amastigota flagelo núcleo mitocôndria bolsa flagelar Leishmania - Morfologia Amastigota Leishmania - Morfologia • Formas extracelulares - intestino dos insetos • Flagelo longo alongado sem membrana ondulante (porção anterior) • Núcleo arredondado ou oval • Processo de diferenciação celular (inseto) Promastigota Flagelo Leishmania - Morfologia • Amastigota intracelular, no sistema fagocítico mononuclear do hospedeiro vertebrado. • Promastigota flagelado, no trato intestinal do inseto vetor Amastigota Leishmania - Morfologia Leishmania - Vetor • Flebotomínios (mosquito palha, tatuquira, birigui) – Gênero Lutzomyia (América Central e do Sul) – L. longipalpis – Gênero Phlebotomus (Europa, Ásia e norte da África) Leishmania - Vetor • Se reproduzem e vivem em solo úmido; áreas de matas ou florestas • Fêmea se alimenta de sangue de animais silvestres e/ ou domésticos; homem. Leishmania - Flebotomíneos • Pequenos • Reproduzem em matéria orgânica em decomposição • Hábito de se alimentar ao anoitecer e ao amanhecer. 500 espécies de flebotomíneos 30 infectadas por Leishmania spp. Leishmania - Alimentação • Hematofagia – fêmeas necessitam do sangue para a maturação dos seus ovários. Hábitos ecléticos sugam qualquer tipo de vertebrado (aves, bovinos, suínos, equinos e homens). Fotos: Dr. José Dilermando Andrade Filho - CPqRR Leishmania - Alimentação • Necessidade de carboidratos – machos (e eventualmente as fêmeas) alimentam-se de seiva de planta e mel. • Nas fêmeas essa alimentação pode afetar o desenvolvimento e a infectividade da Leishmania spp. no tubo digestivo. Leishmaniose cutânea Leishmaniose cutânea Endêmica em 88 países; 22 - Novo Mundo 66 - Velho Mundo Incidência estimada: 1-1,5 milhões de casos de LC 500 000 casos de LV; Leishmaniose cutânea Distribuição geográfica das leishmanioses no Brasil Leishmaniose cutânea - Triângulo Mineiro • Leishmania (V.) braziliensis - espécie regional – Número crescente de casos associados à frequência em matas ciliares – Não ocorre transmissão urbana – Não há estudos para medir grau de desmatamentos e número de casos Leishmaniose cutânea - Triângulo Mineiro • Vetores flebotomineos: Lutzomyia whitmani , L. intermedia, L. Pessoai – Sorologia canina indica infecção ativa na região, mas sem comprovação parasitológica e clínica – Desconhecidos animais silvestres hospedeiros Leishmaniose cutânea • Reservatórios – Depende da espécie de Leishmania – Leishmania (Leishmania) amazonensis • Marsupiais, roedores "rato-sóia" (Proechymis), Oryzomys. – Leishmania (Vianna) guyanensis • Preguiça (Choloepus didactylus), tamanduá (T. tetradactyla), marsupiais e roedores. Leishmaniose cutânea • Reservatórios – Depende da espécie de Leishmania – Leishmania (Viannia) braziliensis - não há definição de animais silvestres como reservatório: • Cão (Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) • Equinos e mulas (Ceará, Bahia e Rio de Janeiro) • Roedores domésticos ou sinantrópicos (Ceará e Minas Gerais) Leishmaniose cutânea - Ciclo Biológico Leishmania - Síndromes clínicas • Leishmaniose cutânea localizada – Exclusivamente lesões cutâneas limitadas, ulcerosas ou não – L. braziliensis, L.amazonensis, L. guyanensis Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea localizada • L. (V.) braziliensis • L. (V.) guyanensis • L. (L.) amazonensis • L. (L.) mexicana • Evolução clássica: – 2-8 sem. após infecção – Nódulo/ Pápula no local infecção – Crosta central – Úlcera clássica Reservatório: roedores silvestres, marsupiais (gambá), preguiça, tamanduá Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea localizada Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea localizada Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea localizada Leishmania - Síndromes clínicas • Leishmaniose cutâneo-mucosa – Lesões ulcerosas destrutivas nas mucosas do nariz, boca e faringe – L. braziliensis Leishmania - Quadro clínico - forma muco - cutânea • L. (V.) braziliensis • Acometimento inicial - Cornetos e septos nasais, faringe, palato e úvula. • A doença se estende a epiglote, laringe , cordas vocais - doença grave Leishmania - Quadro clínico - forma muco - cutânea Reservatório: ? roedores silvestres • L. (V.) braziliensis • Ulceração e erosão - destruição progressiva de tecidos moles e cartilagens das cavidades oronasal e faríngea. Leishmania - Síndromes clínicas • Leishmaniose cutâneo-difusa – Formas disseminadas cutâneas, não ulcerosas que aparecem em indivíduos anérgicos – L. amazonensis Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea difusa Reservatório: roedores silvestres Anergia da resposta imune Disseminação da doença (lesões nodulares) Difícil tratamento Leishmania - Quadro clínico - forma cutânea difusa • L. (V.) braziliensis • Doença crônica - associada a morbidade e estigma social. • Tratamento prolongado e tóxico Leishmania - Pacientes UFU Leishmania NEVES, D.P. (2001), REY, L. (1991) Leishmaniose visceral Leishmaniose visceral - Definição • Enfermidade complexa causada por espécies do gênero Leishmania transmitida por insetos vetores, que afetam seres humanos e animais domésticos e silvestres • Grave problema de saúde pública • Usualmente fatal quando não tratada Leishmaniose visceral - Sinonímia • Leishmaniose tropical • Febre negra • Esplenomegalia tropical • Febre caquetizante ou caquética • Doença de Leishman-Donovan Leishmaniose visceral - Distribuição Geográfica LEISHMANIOSE VISCERAL Leishmaniose visceral - Distribuição Geográfica • Incidência anual: 12 milhões de casos em todo o mundo • 350 milhões → risco de adquirir uma das formas da doença • Leishmaniose - 6 doenças infecciosas tropicais de grande importância na Saúde Pública Moura,2007 Leishmaniose visceral - Distribuição Geográfica • Caráter endêmico – epidêmico • 3 a 4 mil casos novos/ ano • Distribuição - Roraima ao Paraná Moura,2007 Leishmaniose visceral - Distribuição Geográfica • Migração e urbanização • Precárias condições sanitárias e nutricionais da população migrante • Presença de animais domésticos - reservatórios e fonte alimentar para o vetor • Capacidade de adaptação do vetor ao ambiente urbano Moura,2007 Leishmaniose visceral - Brasil • 1990 a 2005: LVH em expansão • Região Nordeste – Década de 90: 90% dos casos do Brasil – 2005: 55% casos ↓ ↓ ↓ • Região Sudeste: 21,5% • Região Norte: 15,9% BRASIL- Ministério da Saúde (2006) Leishmaniose visceral - Brasil Margonari et al., 2006, Secretaria Municipal de Saúde, 2007 8000 casos de LVC 113 casos de LVH Leishmaniose visceral • Como se dá a transmissão do agente? – Pela picada do inseto vetor infectado* – Transfusão sanguínea – Sexual – Acidentes de laboratório – Congênita – rara Leishmaniose visceral humana • Agente etiólogico: Leishmania donovani • Leishmaniainfantum (Velho Mundo) • Leishmania chagasi (Novo Mundo) Leishmaniose visceral - Epidemiologia • 500 mil novos casos/ ano • 200 milhões de pessoas sob risco de infecção • 90% dos casos: Bangladesh, Brasil, Índia, Nepal e Sudão (OMS) Leishmaniose visceral - Epidemiologia • Agente etiológico: Leishmania chagasi • Vetor: Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi • Incubação 20 dias a dois anos • Febre 38-40°C. • Alterações hepáticas e esplênicas - Aumento do volume abdominal (hepatoesplenomegalia), órgãos densamente parasitados Leishmaniose visceral - Sintomas e alterações fisiológicas • Alterações no tecido hemocitopoético - anemia, hemorragias • Alterações renais - lesões renais pela presença de imunocomplexos • Alterações pulmonares - pneumonite intersticial devido a presença de material antigênico do parasita. Tosse seca Leishmaniose visceral - Sinais Clínicos Pastorino et al. 2002 Leishmaniose visceral canina (LVC) Síndrome clínica grave Sinais clínicos: descamação, pelo opaco, ulcerações, alopecia, hepatesplenomegalia, onicogrifose, ceratoconjuntivite. (Slappendel & Greene, 1990; Abranches et al., 1991; Genaro,1993; Dias et al.,1999) Ausência de sinais LVC - Amplo espectro clínico Leishmaniose visceral canina MOURA, E.P., 2007 LVC – Cães Assintomáticos LVC – Cães Sintomáticos Onicogrifose acentuada LVC – Cães Sintomáticos LVC - Fígado - Alterações Macroscópicas • Aumento de peso e volume • Presença ou não de nódulos • Aspecto noz-moscada • Congestão Prof. WagnerTafuri -UFMG LVC - Linfonodos • Aumento de tamanho • Aumento de peso • Linfonodo Cervical Superficial Prof. WagnerTafuri -UFMG Leishmanioses - Diagnóstico • Clínico – Presença de úlcera de bordas cortantes/ com fundo granuloso e avermelhado. – Sintomas + dados epidêmicos • Sorológico: – Elisa – Rifi Leishmanioses - Diagnóstico • Parasitológico – Amastigotas em raspado de pele, biópsia e cultura – Histoquímica e imuno-histoquímica – Coleta do material – fundo da úlcera - 90,4% sensibilidade (↑ n° de parasitos) • Imunológico – Reação de Montenegro Leishmaniose visceral – Diagnóstico no cão • Sorológico – Elisa, RIFI*, RFC • Parasitológico – citologia, cultura, ImH • Molecular - PCR • Títulos totais de Acs • Reconhecido pelo MS • Hemograma • Função renal (urinálise, uréia e creatinina) • Proteinograma (A/G) Leishmanioses - Tratamento • O tratamento é prolongado e tóxico! • Diferentes espécies requerem diferentes tratamentos • Observado resistência a droga utilizada Leishmanioses - Tratamento • Antimoniais pentavalentes - Glucantime, Pentostam (1a escolha) • Anfotericina B (2a escolha) • Pentamidina Toxicidade Duração do tratamento Resistência Leishmanioses - Tratamento • Esquema alternativo: Glucantime intralesional • (1 ampola/semana/lesão) + calor local. Leishmaniose visceral – E no cão? • *Proprietário: – Adequado esclarecimento – Posse responsável – Demonstração dos custos • Protocolos: – Glucantime + Alopurinol – Anfotericina b + Alopurinol – Anfotericina b – Alopurinol – Aminosidina – Imunoterapia - Leishmune® (Associada a protocolos padronizados) – prosposta de pesquisa – Anfotericina b aplicada em emulsão lipídica – Anfotericina b lipossomal Ambisone® – Miltefosine – 2 mg/kg sid oral – 28 dias – proposta de pesquisa O Tratamento canino não é reconhecido pelo MS O Tratamento canino não é reconhecido pelo MS Leishmanioses – Vigilância e Controle • Controle do vetor • Construção de moradias distantes da mata • Telas de proteção • Repelentes Leishmanioses – Problemas • Vetor não é domiciliar • Capaz de desenvolver resistência aos inseticidas • • Os inseticidas apresentam efeito residual curto. Leishmanioses – Medidas de controle geral • Busca ativa de doentes e encaminhamento para diagnóstico e tratamento • Inquérito sorológico canino – LVC • Apreensão e eliminação dos cães soropositivos? LCV • Borrifação sistemática de inseticida residual nos domicílios • Programas de educação comunitária Programa de Controle das Leishmanioses • Brasil - Fundação Nacional de Saúde (FNS) - órgão do Ministério da Saúde – É esta instituição que promove as ações de campo. – Agentes da FNS são lotados nas áreas endêmicas onde trabalham em caráter permanente. Medidas de controle Detecção e eliminação de cães soropositivos Aplicação de inseticidas residuais no intradomicílio e anexos (Deltametrina) Tratamento dos casos humanos Reservatórios - Eliminação dos reservatórios domésticos Pacientes - Tratamento Controle do hospedeiro mamífero • Problemas: • Os reservatórios selvagens não podem ser “eliminados”; • O tratamento é longo, existem efeitos colaterais, muitos pacientes não têm acesso ao tratamento. Medidas de controle Vacina • Apresenta • Resultados questionáveis • Resistência técnica • Resistência social • Apesar disso... se perpetua • Pressão sobre os veterinários clínicos e sobre a população • > Medo! • > Mal relacionamento profissional • > Processos judiciais • > Processos éticos Eutanásia em massa dos cães soropositivos • Combate ao vetor Fundamental • Inseticidas tópicos no cão • Inseticidas ambientais • Controle do microambiente (evitar animais que atraiam flebótomos) • Controle de matéria orgânica ambiental • Plantas repelentes • Passeios com a luz do sol Medidas associadas referente ao cão Medidas associadas referente ao cão Combate ao vetor Citronela Plantas repelentes Azadiractina Shampoos Talcos Sprays Colônias Emulsão DalNeem – produto comercial Diluição 1% Tópico Plantas repelentes Vacinas • Em fase de desenvolvimento: – Parasitas vivos / recombinantes – Bacterias ou vírus recombinantes – Subunidades definidas – Vacinas de DNA Não mate o cão e sim o mosquito! Filo Sarcomastigophora Aula 4 Obrigada! Profª: MSc. Laura C. Tibiletti Balieiro laura.balieiro@hotmail.com UNIPAC CURSO DE NUTRIÇÃO 187
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