Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tratamento, Recuperação e Monitoramento de Pacientes Portadores de Úlceras Tróficas e Varicosas Através do Uso do Ultra-som Pulsatil de Baixa Intensidade Associado a Técnicas de Processamento de Imagens João Eduardo Borelli1, Evelina de Almeida Neves2, Luiz Romariz Duarte3, Maria Angélica Drumond Jardini Anastácio4, Adilson Gonzaga5 1,5Escola de Engenharia de São Carlos, Departamento de Engenharia Elétrica EESC - USP, São Carlos, SP, Brazil, 13560-970, Fone: (0XX16)2739362, Fax: (0XX16)2739372 2Instituto de Física de São Carlos IFSC - USP , São Carlos, SP, Brazil, 1560-970 3,4Departamento de Engenharia Biomédica, Interunidades, EESC – USP, 13560-970, São Carlos, SP, Brazil jborelli@sel.eesc.sc.usp.br, evelinan@sel.eesc.sc.usp.br, lduarte@sc.usp.br, jardini@francanet.com.br, agonzaga@sc.usp.brT Resumo Este artigo apresenta um método para tratamento e acompanhamento da reparação tecidual de lesões em pacientes portadores de úlceras tróficas e varicosas. Indivíduos vitimados por patologias que prejudicam a sensibilidade e o movimento dos membros inferiores como lesões medulares e neuropatias periféricas, com insuficiência arterial ou venosa crônica são propensos ao desenvolvimento de úlceras tróficas. O tratamento é feito com a aplicação de radiação ultra-sônica de baixa intensidade sobre as lesões. A recuperação dos pacientes é medida através da variação de características extraídas das imagens das lesões durante o tratamento. O aparelho de ultra-som é composto por um transdutor ligado a uma fonte de excitação pulsada de 1,5 MHz e freqüência de repetição de pulso de 1kHz. Para avaliação das características das imagens foi desenvolvido um sistema composto de dois módulos: aquisição e processamento de imagens. A aquisição das imagens é feita por uma câmera CCD ligada a um microcomputador. O processamento é feito por um software que extrai características das imagens previamente definidas pelo usuário. O sistema possibilita a verificação, registro e diagnóstico baseado na evolução da reparação tecidual destas lesões durante o tratamento com o ultra-som. Foram selecionados 28 pacientes os quais foram submetidos a aplicação da radiação ultra-sônica de baixa intensidade, os resultados obtidos mostram a eficácia do método uma vez que todos os pacientes que concluíram o tratamento, obtiveram cura. 1. Introdução Indivíduos vitimados por patologias que prejudicam a sensibilidade e o movimento dos membros inferiores como lesões medulares, neuropatias periféricas, com insuficiência arterial ou venosa crônica são mais propensos ao desenvolvimento de leões na superfície da pele denominadas úlceras tróficas. Essas úlceras surgem a partir de um pequeno trauma ou de uma infecção secundária em regiões onde há distúrbios nutricionais na pele e apresentam difícil cicatrização [1]. As úlceras podem ser classificadas nos seguintes tipos principais: úlceras de origem venosa e úlceras de origem arterial. Além destas existem outros tipos de úlceras: úlceras linfáticas, úlceras diabéticas, úlceras mistas e úlceras de decúbito. Úlceras de origem venosa também são conhecidas por úlceras de estase, úlceras pós-flebíticas, úlceras varicosas, úlceras gravitacionais ou hipostáticas e surgem com maior freqüência no terço distal das pernas em áreas de dermatite ou de celulite endurecida nas regiões dos maléolos, principalmente dos maléolos mediais [2]. Essas úlceras possuem uma base profunda de massa fibrosa espessa e quase avascular cujas bordas geralmente são irregulares e são causadas principalmente por insuficiência da bomba muscular da panturrilha [3]. Úlceras de origem arterial ou isquêmicas são causadas comumente por arteriosclerose obliterante periférica ou por tromboangiite obliterante. São muito dolorosas e formam a partir de um infarto da derme seguida pela formação de protuberâncias que resultam na interrupção da continuidade normal da pele. As úlceras linfáticas ocorrem devido a obstrução de vasos linfáticos, podendo chegar a ulceração com ao engrossamento da pele e do tecido subcultâneo [2]. As úlceras diabéticas são indolores, por ter uma neuropatia associada. Aparecem nas polpas digitais ou região planar em pontos de pressão [2]. Neuropatias que prejudicam a mobilização de membros inferiores como lesões medulares ou neuropatias periféricas tornam a bomba muscular da panturrilha ineficiente ocasionando o aparecimento da ulceração [4], o mesmo ocorre com a poliartrite. As úlceras de decúbito são causadas por pressões prolongadas sobre áreas do corpo que impedem a circulação sangüínea, são freqüentes em pacientes imobilizados ou semi imobilizados que permanecem acamados por um longo período [2]. As úlceras são geralmente lesões superficiais de fácil visualização e caracterizam-se por tecidos de granulação misturados com tecidos fibrosos de cor amarela por onde goteja líquido plasma. O tratamento desta enfermidade patológica é bastante conservador podendo variar de acordo o tipo de úlcera e suas origens. Em úlceras de origem venosa usualmente faz-se a limpeza e a assepsia do local lesado, uso de faixas de bandagens associados com a recomendação de repouso dos membros inferiores [5]. Em úlceras de origem arterial recomenda-se o uso de meias para aquecer os pés, em muitos casos é necessária a intervenção cirúrgica [1]. Diversos autores constataram que o ultra-som atua positivamente em diversas fases do processo de reparação de lesões do tecido mole como: maior liberação de histamina [6], desenvolvimento de novos vasos sangüíneos [7]; melhoria das propriedades mecânicas do tecido cicatricial da pele e de tendões [8]. A aplicação do ultra-som contribui ainda para a cicatrização tecidual, diminuição da área das lesões e aumento da elasticidade dos tecidos [9-11]. A figura 1 mostra como é feito o tratamento da úlcera mediante a aplicação do ultra-som de pulsátil de baixa intensidade em um paciente. Fig.1. Tratamento com o ultra-som pulsátil de baixa intensidade [2]. O acompanhamento do estado das úlceras é normalmente feito com a simples medida de área. Coloca-se uma folha de papel transparente sobre a lesão e pinta-se a mesma com uma caneta [12]. Ainda podem ser considerados relatos de dor e a observação visual das coloração interna. Fig. 2. Medida do tamanho das úlceras [12]. Com base nesses dados, grosseiros era difícil encontrar parâmetros para regular as variáveis: dosagem, intensidade e freqüência do ultra-som, entre outras, envolvidas no processo de cura (regeneração, reparação e cicatrização). Segundo Hilário, (1993) [2], os parâmetros ideais ainda estão por ser determinados. O diagnóstico da doença é feito através de exame clinico com o auxílio ou não de exames complementares invasivos tais como angiografia, exames de sangue, exames de cultura de células e biópsia. A metodologia de acompanhamento do estado das úlceras desenvolvida neste trabalho é baseada no processamento das imagens dessas lesões em pacientes que foram submetidos ao tratamento com o ultra-som. O acompanhamento através de imagens das úlceras possibilita a extração de características significativas das mesmas através de algoritmos de visão computacional para posterior intervenção medicamentosa, mudança de parâmetros na aplicação do ultra-som ou mesmo para auxilio no diagnóstico. Entende-se por características significativas aquelas capazes de discriminar um determinado padrão de estado patológico da úlcera. 2. Metodologia O tratamento adotado neste trabalho consistiu na aplicações do ultra-som de baixa intensidade do tipo pulsátil com as seguintes características: freqüência deonda de 1,5 MHz, freqüência de repetição de pulsos de 1 kHz, e intensidade de 22,27 mW/cm2, largura de pulso 200 µ/s e potência de 96,04 mW e transdutor PZT – diâmetro de 22 mm. Primeiramente foram separados 28 pacientes voluntários os quais foram submetidos ao tratamento de ultra-som. Foi estabelecido um protocolo onde foram padronizadas doses de ultra-som com periodicidade de aplicação de 3 vezes semanais por um período de 4, 8, e 12 semanas variando o tempo de exposição de 10 a 40 minutos proporcionalmente ao tamanho das lesões. O ultra-som foi aplicado usando-se a técnica estacionária próximo à borda da lesão com um agente gel acoplador aplicado na interface entre a lesão e o transdutor do ultra-som, o gel tem impedância acústica próxima à impedância acústica dos tecidos moles do corpo humano. A cada aplicação foram colhidos dados dos pacientes assim como conjuntos de imagens das lesões. As imagens foram digitalizadas e armazenadas em uma base de dados contendo nome, data e idade da lesão para cada um dos pacientes. Foram separados os casos de pacientes que obtiveram melhora. Em seguida, foi feito um estudo baseado na comparação das imagens de cada um desses pacientes nas diferentes datas ao longo do tratamento. A análise das características foi auxiliado por um software de processamento de imagens. Nesse estudo (análise) participaram especialistas da área de angiologia, dermatologia, fisioterapia e processamento de imagens. Esses profissionais avaliaram as imagens e enumeram características peculiares e indícios de melhora do estado das lesões. Estas características serviram para estabelecimento dos padrões de cura. Notou-se que os principais indícios de melhora foram: diminuição da área compreendida pela lesão, diminuição do índice de elongação e diminuição da medida linear dos eixos principais, alteração da textura do tecido na superfície interna e externa das úlceras. Além destas, outras características podem ser consideradas para a análise: características baseadas no histograma de primeira e segunda ordem e análise de Fourier dentre outros. A figura 3 mostra as características escolhidas sendo que a área no gráfico corresponde a importância da mesma na caracterização do proc so do cura. Para u softwar pequen Fig. 3. Visão é proveni identifi [13]. P mesmas interpre em desc Segund máquin do sina e interp Fig. 4. Visão de máquina. Para aquisição das imagens usou-se uma câmera CCD Sony ligada a uma placa frame grabbrer MÍROVIDEO DC30 fabricada pela Miro. Para o pré-processamento, processamento e analise dos dados foi usado um computador Pentiun II, 450 MHz e 128 Mb de RAM. O pré-processamento melhora o sinal que vem do sensor e prepara a imagem para que dela sejam extraídas as características de interesse do usuário. Os filtros usados para eliminar ruídos e detectores de borda, segmentação, histograma, equalização, binarização, são exemplos de rotinas de pré-processamento e podem ser implementados em software ou hardware. O pré-processamento é condição necessária à extração de características. Nessa etapa utilizou-se a rotina de segmentação de região de duas maneiras: automática e iterativa. O processo automático consiste na aplicação es m melhor entendimento das ferramentas de e utilizadas, a seguir será apresentada uma a revisão bibliográfica de visão computacional. Principais características extraídas das imagens dos pacientes que apresentaram melhora. a tarefa de decodificar informações luminosas entes do mundo exterior que nos possibilitem car objetos, perceber cores e calcular distâncias ara que o sistema visual da máquina execute as tarefas é necessário que o mesmo seja capaz de tar uma imagem, isto é, traduzir o mundo real rição simbólica e então interpretar. o Nitzan, (1988) [14], a tarefa de visão de a pode ser dividida em quatro etapas: transdução l, pré-processamento, extração de características retação das características, conforme figura 4. do algoritmo denominado crescimento de região ou region growing que isola e binariza regiões de interesse na imagem. A figura 6 mostra o resultado do algoritmo aplicado na figura 5. O processo iterativo necessita de um especialista que delimite a região de interesse e especifica a segmentação com o auxilio de um mouse. A figura 7 mostra a delimitação e binarização da região selecionada pelo especialista. O processo iterativo é útil em casos onde o processo automático não é capaz de segmentar as regiões de interesse. A medida da área superficial da lesão em cm2 é calculada tomando-se como base a imagem de uma plaqueta graduada de área conhecida posicionada perto da lesão em todas as imagens colhidas ao longo do tratamento, conforme pode ser visto na figura 5. A imagem da plaqueta passa pelos mesmos processo de segmentação e binarização descritos anteriormente: automático ou iterativo. A segmentação é um processo que divide o domínio espacial da imagem em um conjunto de regiões mutuamente exclusivas. Cada região é uniforme e homogênea em relação a alguma propriedade em comum, tal como tom ou textura e o valor de sua propriedade é de alguma maneira significativamente diferente do valor de cada região vizinha. O processo de segmentação que usa a intensidade da imagem como propriedade produz regiões que apresentam características tonais discretas [15]. A segmentação é um dos elementos mais importantes na análise automatizada de imagens porque é neste processo que objetos e outras entidades de interesse são extraídas da imagem para processamento posterior. Os algoritmos de segmentação geralmente baseiam-se em uma das duas propriedades básicas de valores de nível de cinza: descontinuidade e similaridade. Podem ser usadas técnicas como binarização, (threshold), crescimento de região (region growing) e estratégias “divide - e - une” (splitting and merging) [16]. A binarização significa dividir a imagem em dois tons com corte em um threshold pré estabelecido. Figura 5. Imagem original. Figura 6. As caracterís dos eixos m extraídas com baixa ordem relacionadas calculada pe momentos de calcular o c momentos de obter as direç equações (1) Considerando imagem segm uma elipse c definidos e imagem, con Teague, (1980 Os comprimentos dos eixos maior α e eixo menor β são calculados pelas equações (2) e (3) [17,19]. A inclinação do eixo principal da elipse é dada pela equação (4) e a excentricidade ou elongação de uma região pode ser calculada através da equação (5). dxdyyxfyxm dxdyyxfym dxdyyxfxm dxdyyxfym dxdyyxfxm dxdyyxfm ),(. 1,1 ),(2 2,0 ),(2 0,2 ),(. 1,0 ),(. 0,1 ),( 0,0 ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∞ ∞− ∞ ∞− = ∞ ∞− ∞ ∞− = ∞ ∞− ∞ ∞− = ∞ ∞− ∞ ∞− = ∞ ∞− ∞ ∞− = ∞ ∞− ∞ ∞− = (1) Algoritmo de segmentação region growing aplicado na imagem da lesão. Fig. 7. Segmentação iterativa. ticas de forma como área, comprimento aior e eixo menor e elongação foram o uso de momentos. Os momentos de representam várias características com a forma dos objetos. A área pode ser lo momento de ordem zero (m00). Os primeira ordem m01 e m10 são usados para entro de massa do objeto e com os segunda ordem (m11, m20 e m02) pode-se ões principais, conforme pode ser visto nas [15, 17-18]. os momentos de segunda ordem, a entada da lesão é equivalente a imagem de om tamanho, orientação e excentricidade centralizados no centro de massa da forme mostra a figura 6 extraídade )[17]. ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ =α ⎢⎢ ⎢⎢ ⎣ ⎡ =β Figura 8. Imagem da Elipse. ( ) 21 00 2 114 2 022002202 ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ +−++ m mmmmm (2) ( ) 21 00 2 114 2 022002202 ⎥⎥ ⎥⎥ ⎦ ⎤ ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ +−−+ m mmmmm (3) )( 2 tan 2 1 0220 111 mm m −= −φ (4) )2(cos11mcos02msen20m )2(sen11msen02mcos20me 222 222 φ−φ+φ φ−φ+φ= (5) As características de média de nível de cinza tanto na parte interior das lesões como na parte exterior, foram calculadas através da equação 6 [16,18]. ∑ ∑ = = = 2 1 2 1 ),( 00 1 x xm y yn yxf m Mc (6) Onde f(x,y) representa a intensidade de cinza da imagem no ponto (x,y). 3. Resultados Uma seqüência de imagens do acompanhamento do estado da lesão do paciente 26 durante o tratamento é mostrada na figura 7 a seguir. Fig. 9 uma utiliz são m Tab. Pac Área Elon Médi Cinza Médi Cinza EixoM EixoM Os gráficos representando a evolução das características para o paciente 26 são mostrados nas figuras a seguir: Variação da Área da Lesão 8 9 10 11 12 0 20 40 6 Dias Á re a 0 Fig. 10. Evolução da Área para o paciente 26. Variação da Elongação 0,32 0,34 0,36 0,38 0,4 0,42 0 20 40 60 Dias El on ga çã o . Seqüência das imagens da l A extração das caracterí das imagens da seqü ados para o diagnóstico d ostrados na tabela 1. 1. Evolução das característica iente 26 16/06/97 24/0 [cm2] 11,52 10 gação 0,3405 0,3 a de Nível externa 138,40 148 a de Nível interna 120,32 102 aior [cm] 7,14 6, enor [cm] 2.70 2, esão de um dos pacientes. sticas foi feita para cada ência e os resultados o estado do paciente 26 s ao longo do tratamento 6/97 14/07/97 30/07/97 ,66 9,98 9,14 509 0,3890 0,3981 ,32 152,72 158,49 ,40 109,92 94,20 97 6,20 5,92 73 2,58 2,49 Fig. 11. Evolução da elongação da lesão para o paciente 26. Variação da Média de Nível de Cinza Interna á Lesão 75 90 105 120 135 0 20 40 60 Dias M éd ia d e N ív el d e C in za Fig. 12. Evolução da tonalidade de cinza interna à lesão para o paciente 26. Fig. 13. Evolução da tonalidade de cinza externa à lesão, paciente 26. Fig. 14. Evolução do Eixo Maior da lesão, paciente 26. Fig. 15. Evolução do Eixo Menor da lesão para o paciente 26. Para a validação dos resultados foi a feita a análise histopatológica dos tecidos excisados do leito da úlcera através da técnica “punch”. A excisão foi feita por um dermatologista com o consentimento dos pacientes antes, durante e depois da estimulação ultra-sônica. Variação da Média de Nível de Cinza Externa à Lesão 130 140 150 160 0 20 40 60 Dias M éd ia d e N ív el d e C in za Fig.16. Análise histopatológica de tecidos após a estimulação ultra-sônica. 4. Discussão e Conclusões As úlceras têm sido um dos problemas de saúde mais importantes na maioria dos países com pacientes que sofrem de insuficiência venosa ou arterial, trazendo sérios problemas de ordem médico-econômica e sócio- econômica. No Brasil presume-se a existência de dois milhões de casos entre aposentados e aqueles que recebem auxilio doença. Nos países desenvolvidos o problema é igualmente grave. A radiação ultra-sônica tem se mostrado eficiente para a reparação tecidual de úlceras tróficas e foi aplicada neste trabalho em um grupo de 28 pacientes voluntários. Os resultados mostrados nos gráficos e na biópsia comprovam a sua eficácia. A aplicação do ultra-som favorece a angiogênese e o aparecimento de colágeno promovendo a regeneração reparação e a cicatrização das úlceras. Dos 28 pacientes submetidos ao tratamento, foram obtidos 8 casos de cicatrização e 12 casos de redução significativa. Os demais pacientes não continuaram o tratamento e foram monitorados como o grupo controle. O estado das lesões nestes pacientes piorou tendo sido caracterizadas pelo aumento de área, profundidade, aparecimento de regiões necrosadas entre outras. A visão computacional é uma importante ferramenta para o acompanhamento do estado das lesões. A metodologia empregada neste trabalho teve o objetivo de extrair características de imagens de lesões de pacientes portadores de úlceras tróficas ou varicosas. Os resultados obtidos para um determinado paciente, paciente 26, estão mostrados nas figuras 10 a 15. O Vetor de características extraído a partir da teoria dos momentos mostrou ser eficiente para caracterizar as variáveis envolvidas no processo de cura das lesões. Através dessas características, os profissionais da área de saúde dispõem de recursos para prescrever e justificar o diagnóstico cientificamente. É importante também para o paciente que ele saiba que esta sendo curado. No caso do paciente 26, os gráficos indicam uma melhora considerável, mesmo com poucos dias de tratamento (44 dias). A cicatrização da úlcera nesse paciente se deu somente após 1 ano de tratamento. Isso ocorre pois, dependendo da origem da úlcera, recuperação pode ser lenta e o tratamento pode se estender durante anos. Devido a esse fato, os sinais de cura podem não ser tão evidentes visualmente. A Variação do Eixo Maior da Lesão 5 5,5 6 6,5 7 7,5 0 20 40 60 Dias Ei xo M ai or Variação do Eixo Menor 2,45 2,5 2,55 2,6 2,65 2,7 2,75 0 20 40 6 Dias Ei xo M en or 0 metodologia empregada aqui permite uma nova maneira de se avaliar e controlar o processo envolvido no tratamento e na cura das lesões através de medidas extraídas de suas imagens. A metodologia utilizada apresenta ainda outras vantagens em relação ao método convencional como: - Constitui um método não invasivo, evitando os riscos de aparecimento de infecções nas lesões e contaminação durante a aquisição das medidas, bem como o desconforto dos pacientes e profissionais envolvidos. - Simplicidade e rapidez na obtenção dos resultados, além de fornecer um suporte para diagnóstico. - Maior confiabilidade e controle dos parâmetros envolvidos no processo. - O sistema também pode ser extendido para uso em telemedicina e diagnóstico auxiliado por computador (computer aided diagnostic) [20] O uso de telemedicina particularmente no caso de lesões tróficas e varicosas pode favorecer a aquisição de imagens na residência dos pacientes, devido a grande dificuldade de locomoção dos mesmos. As imagens podem então ser processadas em um servidor remoto [21]. A automação do processo de aquisição e pré- processamento de imagens é condição necessária para a automação do processo de monitoramento e diagnostico de patologias que de alguma maneira possam ser visíveis. Os níveis de automação dependem da necessidade da aplicação, das especificações dos usuários (profissionais da área de saúde) ou dos requisitos do sistema a ser desenvolvido. Neste trabalho, o software desenvolvido contém funções específicas que fornecem suporte para a tomada de decisões dos usuários e que cumprem os requisitos do sistema de monitoramento proposto inicialmente. Como a metodologia empregada baseia-se em medidas extraídas deimagens das lesões, é necessário que durante o processo de aquisição da imagem sejam mantidas constantes outras variáveis externas à patologia tais como: iluminação, distância e posicionamento. Para este fim, foi desenvolvido no laboratório de Visão Computacional da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, um equipamento dedicado às tarefas de aquisição e processamento das imagens. O equipamento é simples, de baixo custo e pode ser estendido para análise de outras enfermidades visíveis da área dermatológica [20]. Referências [1] W. A. Dale, “Cronic leg ulcers”, Management of vascular surgical problems, New York, pp. 461-481, 1985. [2] M. Hilário, “Radiação ultra-sônica de baixa intensidade na reparação tecidual de úlceras tróficas de perna”, São Carlos, EESC, Universidade de São Paulo, Dissertação de Metsrado, 1993. [3] C. Arantes et al, “Fisioterapia preventiva em complicações de úlceras dos membros inferiores”, FT em movimento, v.4, n.2, out 1991. [4] N.L. Bowse, “The ethiology of venous ulceration”, Word journal of surgery, v.10, n.6, p.936, 1986. [5] R. Fischer, “Processos em cirurgia de varizes”, São Paulo, Manole, 1979. [6] M.C. Fyfe, L.A. Chahl, “Mast cell degranulation: a possible mechanism s of action of therapeutic ultrasound”, Ultrasound in medicine and biology, v.8, p.62, 1982. [7] Young, S. R. - “The effect of therapeutic ultrasound in the biological mechanisms involved in dermal repair”, London, University of London, PhD Thesis, 1990. [8] M. Dyson, “Stimulation of tissue regeneration by pulsed plane wave ultra-sound”, IEEE Transactions on sonic and ultra-sonics, V.SU-17, n.2, p.133-139, Jul.1970. [9] M. Dyson, “ Mechanisms involved in therapeutic ultrasound physiotherapy”, Psiotherapy, v.4. p. 100-103. [10] M.J. Callam, D.R. Harper, J.J. Dale, C.V. Ruckley, R.J. Prescott, “A controlled trial of weekly ultrasound therapy in chronic leg ulceration”, The Lancet, p. 204-206, 1987. [11] T. Lundeberg et al, “Pulsed US does not improve healing of venous ulcers”, Scand. J. Rehab. Med, v.22, p.195-197, 1990. [12] V. Falanga, W.H. Eaglstein, “Úlceras dos membros inferiores: diagnósticos e tratamentos”, Rio de Janeiro, Revinter Ltda, ISBN:85-7309-123-1, 1996. [13] C.A., França, “Determinação da posição de objetos tri- dimensionais para manipuladores de robôs”, Tese de mestrado apresentada na Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 1994. [14] D. Nitzan, “Three-dimensional Vision Structure for Robot Applications”, IEEE Trans on PAMI, v.10, n.3, May, p.291-309, 1988. [15] R. C. Gonzalez, R. E. Woods, “Digital image processing”, New York, Addison-Wesley Publishing Company, ISBN 0-201-60078-1, 1993 [16] D.H. Ballard, C.M. Brown, “Computer Vision”, Prentice Hall Inc, New Jersey, 1982. [17] M.R. Teague, “Image Analysis via the general theory of moments”, Journal of Opt. Soc. Am., v.70, n.8, p.920-930, 1980. [18] J. R. Parker, “Practical computer vision using C”, New York, John Wiley & Sons, Inc. ISBN: 0-471-59259-5. [19] R. J. Prokop, A. P. Reeves, “ A survey of moment-based techniques for unoccluded object representation and recognition”, CVGIP: Graphical Models and Image Processing, v.54. v.5, p.438-460, 1992. [20] J.E. Borelli, F.J. Monaco, E.A. Neves, A. Gonzaga, “Telediagnóstico auxiliado por computador e monitoramento através de imagens de reparação tecidual de úlceras trófica de perna”, Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, XVII CBEB, Florianópolis, SC, Brazil, 2000. [21] J.E. Borelli, E.A. Neves, F.J. Monaco, A. Gonzaga, “Aplicação doe telediagnóstico para investigação do estado patológico e monitoramento remoto de indivíduos portadores de desabilidades: recuperação tecidual de úlceras tróficas de perna”, trabalho aceito para publicação no IBERDISCAP2000, Madrid, Espanha, 2000. Resumo
Compartilhar