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DIREITO ROMANO O Direito Romano, com seu perfil individualista e amplamente desenvolvido no que diz respeito ao direito privado, surgiu tardiamente se comparado ao egípcio e ao grego, Passou-se durante um longo período histórico em formações grupais (clãs), sendo que, devido ao enfoque dado à evolução do Direito, considerou-se a fase da realiza como momento importante para início do presente estudo. a) Realeza O rei era o único magistrado, comandante supremo do exército, do poder de polícia, exercia a função de sacerdote e era irresponsável por seus atos e decisões. Seu cargo era vitalício e não era transmitido hereditariamente, sendo na maior parte das vezes indicado pelo antecessor. O Senado, subordinado ao rei, era tido como conselho do rei e tinha como atribuições: (i) consultiva: em momentos relevantes e de necessidade, o rei solicitava uma consulta, contudo não era obrigado a seguir a posição do Senado; (ii) confirmatória: todas as deliberações resultantes dos comícios1 deveriam passar pela confirmação do Senado para se tornarem válidas. A organização social era composta da seguinte forma: Gens ou gentiles Agrupamento de famílias com caráter político, que tinha um chefe responsável por conduzir rituais religiosos, conservar as instituições e costumes. Posteriormente formaram o patriarcado e eram os únicos que possuíam plenos direitos civis e políticos. Clientela Trabalhavam para os gentiles em uma relação semelhante à vassalagem, e recebiam deles assistência e proteção. Plebe Embora habitassem o território romano, não tinham direitos cívicos. Eram originários dos povos conquistados ou de clientes que perderam a proteção oferecida pelos gentiles. A fonte principal do direito era o costume. Há notícia de leis régias, mas elas se baseavam no costume da comunidade. b) República Após a queda da monarquia, tem início um período em que o governo era dividido entre dois cônsules, cargo que poderia ser ocupado por plebeus, conforme previsão da lei Licinia, a qual reduziu outros privilégios dos patrícios. As disputas entre os patrícios e os plebeus terminou no século III a.C. com vitória da plebe. Como principal resultado os plebeus passaram a exercer todos os cargos da magistratura e funções sacerdotais. MAGISTRATURA ROMANA Com a República, os magistrados eram considerados como representantes de todo o Estado, para o qual eles tinham sido investidos com direitos, obrigações e poder executivo (potestas), de acordo com a autoridade do Senado e do povo, embora a 1 Comícios eram assembleias convocadas pelo rei para a deliberação da ordem legal da civitas. participação deste último estivesse confinada à confirmação da eleição dos candidatos patrícios2 Os magistrados foram um novo grupo que auxiliava o Senado no desempenho das tarefas político-administrativas de Roma. Os magistrados tinham grandes atribuições e podiam ter cargos que diferiam em função da tarefa desempenhada3. Cônsules Eram dois magistrados que tinham por obrigação presidir as sessões senatoriais e assembleias. Eles também comandavam os exércitos e conduziam os cultos públicos. Pretores Eram os magistrados que tratavam das questões jurídicas. Esses eram divididos em pretores urbanos, responsáveis pela justiça na cidade, e os pretores peregrinos, que tratavam da justiça no meio rural e entre os estrangeiros. Censores Cargo temporário (5 anos) cuja função consistia em contar a população e classificá-la de acordo com seu nível de renda. Além disso, podiam conduzir trabalhos públicos e vigiar os cidadãos romanos. Edis Tinham funções diversas. Podiam ser responsáveis pela preservação da cidade de Roma, pelo abastecimento e o policiamento da população. Questores Eram uma classe de magistrados que tratava das finanças de Roma. Cuidavam dos recursos financeiros depositados no Templo de Saturno e eram consultados pelos cônsules na administração das verbas públicas e no gasto com campanhas militares. Tribunos da Plebe Podiam vetar qualquer lei que ferisse os interesses dos plebeus, exceto em tempo de guerra ou na vigência de uma ditadura. O Senado, na República, era um órgão importante e respeitado, pois todos os magistrados o procuravam para obterem consultas antes de deliberarem sobre assuntos relevantes. Assim, o Senado não apenas influenciava as decisões relativas à política externa de Roma, como também as de política interna, especificamente, as concernentes à Administração Pública. O Senado também fazia um controle das leis quanto ao respeito das formalidades dos costumes e de seu conteúdo. Em momento posterior, o Senado avaliava a lei antes de sua votação nos comícios. Em três as principais fontes do direito: costume, leis e editos dos magistrados. O primeiro era a principal fonte do direito, notadamente em razão da atividade dos jurisconsultos4, os quais moldaram as tradições primitivas às novas relações sociais. Já as leis podem ser divididas em: - Lex rogata: quando a lei era proposta por um magistrado e aprovada pelos comícios. - Lex data: leis elaboradas por magistrados em razão de poderes concedidos pelos comícios. A lex data mais relevante do período foi da Lei das XII Tábuas, que representou a base de todo o direito romano. • 1ª tábua: chamamento a juízo 2 https://www.infopedia.pt/$magistraturas-romanas 3 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/romarepublica.htm 4 Eram grandes estudiosos da regra de Direito, contratados pelos pretores para informá-los nas suas decisões. Assemelhavam à figura do advogado na sociedade atual. • 2ª tábua: depoimento das partes • 3ª tábua: manus injectio (execução forçada) • 4ª tábua: direito de família e patrio poder • 5ª tábua: direito de mulheres, menores, alienados e de sucessão • 6ª tábua: domínio e posse • 7ª tábua: direito de vizinhança e de circulação • 8ª tábua: delitos e penas • 9ª tábua: direito público • 10ª tábua: direito sagrado • 11ª tábua: proibia casamento entre patrícios e plebeus • 12ª tábua: cobrança de dívidas e ação contra senhor de escravo que tivesse cometido crimes. Os editos eram documentos divulgados pelos magistrados quando assumiam o cargo. Neles estavam contidas informações de como pretendiam agir ante a aplicação do direito. É preciso ressaltar que os magistrados não concediam direitos a ninguém, apenas recusavam ou aceitavam as ações interpostas, as quais tutelavam determinados direitos. A jurisprudência exerceu papel importante no período da República, sendo considerada pelo direito clássico a ciência do justo e do injusto. Os jurisconsultos possuíam as atribuições de evitar o prejuízo da parte interessada por ausência de alguma formalidade; exercer atividade relativa ao processo e emitir pareceres em questões de difícil solução. Assim, os jurisconsultos eram tidos como indivíduos de vastos conhecimentos, possuindo a capacidade de encontrar a justiça na causa objeto de sua análise. c) Principado É o período marcado pela expansão territorial do Império Romano e pelo aumento do poder político do corpo militar, especialmente dos generais, muitos dos quais se tornaram famosos imperadores. O imperador tinha que respeitar todas as instituições políticas, as quais estavam acima dele. Todavia, nas demais províncias do Império, ele era um monarca absoluto. Com o passar do tempo, os poderes se concentraram na figura do imperador, que passou a ter poderes absolutos também em Roma. À medida que os poderes dos imperadores cresciam, observou-seuma redução das atribuições do Senado, que não mais cuidava da política externa romana. A autonomia do Senado foi também reduzida, sofrendo forte influência do imperador, que indicava os senadores. O imperador podia ainda apresentar propostas ao Senado que, influenciado por ele, passava a deliberar em seu favor. As fontes do direito no período são: - Costumes: já não era a principal fonte, mas podiam ser aplicados, desde que sua prática fosse reconhecida e reiterada. - As deliberações do Senado. - Constituições imperiais: embora o Imperador não tivesse competência para legislar, o aumento de poder acarretou na elaboração de diversos preceitos jurídicos que deveriam ser respeitados e seguidos por todos. - Respostas dos jurisconsultos: com o imperador Augusto, alguns jurisconsultos tinham o privilégio de ter suas respostas às consultas de maior autoridade divulgadas. d) Dominato Trata-se da monarquia absoluta, iniciada em 284 d. C., fruto do ápice de concentração de poderes nas mãos dos imperadores. Foi neste período em que o império foi dividido entre Império do Ocidente e Império do Oriente. Em 476 d. C., houve a queda do Império Romano do Ocidente, sendo ocupado pelos bárbaros. Já o Império do Oriente sobreviveu até 1453 d. C., quando Constantinopla foi dominada pelos turcos otomanos. Devido à extensão do Império durante o dominato, há uma complexa burocracia administrativa para controlar Roma. Verifica-se uma organização hierárquica rígida, tendo como chefe maior o imperador. Das magistraturas existentes no período da República, permaneceram apenas três: o consulado, a pretura urbana e o tribunato da plebe. Já o Senado, existente em Roma e em Constantinopla, transformou-se em mero conselho municipal. As fontes do direito foram restringidas, tendo preponderância as constituições imperiais, as quais eram de grande relevância, devido à monarquia instituída. Os costumes eram utilizados apenas para suprir lacunas. As demais fontes produzidas ao longo das outras fases faziam parte do sistema jurídico e poderiam ser utilizadas, mas não existiram novas elaborações. Com a ausência de inovações jurídicas, surgem escolas, principalmente em Constantinopla, que visavam ao estudo das obras dos juristas clássicos. Formou-se, então, um ambiente propício para a realização do trabalho que marcou o governo de Justiniano: o Corpus Iuri Civilis. Em 527 d. C., Justiniano reuniu uma comissão para uma compilação de todas as constituições imperiais e, na sequência, a compilação de outras fontes do direito utilizadas em Roma ao longo do tempo. O Corpus Iuri Civilis é um livro composto por 4 partes: o Código de Justiniano, que continha toda a legislação romana revisada desde século 2; o Digesto ou Pandectas, composto pela jurisprudência romana; Institutos, os princípios fundamentais do direito; e as Novelas ou Autênticas, com leis formuladas por Justiniano.
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