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ATIVIDADE ESTRUTURADA

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DEFINIÇÃO BREVE DA PSICANÁLISE
A teoria da psicanálise busca entender o funcionamento da mente humana e parte do princípio de que os processos psíquicos são, em boa parte, inconscientes. Ou seja, para a psicanálise, nós não temos consciência de vários fatores que definem nossas emoções e comportamentos.
Esta teoria serve como uma abordagem para o tratamento de uma série de transtornos que causam sofrimento emocional, como fobias, compulsões e angústias. Por exemplo, quando alguém apresenta alterações de humor, problemas de autoestima, dificuldades de relacionamento no trabalho ou em relações amorosas, os psicanlistas buscam o explicação no inconsciente.
FUNCIONAMENTO DA PSICANÁLISE
A imagem clássica da pessoa no divã conversando com o analista ajuda a explicar como funciona uma terapia psicanalítica. Tudo está pautado na relação de confiança entre o analista e cliente, sendo o diálogo o principal instrumento de trabalho.
A abordagem criada por Freud usa o princípio da associação livre. A ideia é orientar a pessoa a conversar sobre vários temas com o analista, sem nenhum filtro. Seja acontecimentos e detalhes da vida cotidiana, devaneios ou lembranças de sonhos. Esse processo ajuda a trazer a tona certos pensamentos que, normalmente, não seriam acessados.
Durante o processo terapêutico, investiga-se também as memórias e experiências da infância, que têm grande importância no entendimento do inconsciente. O profissional, por sua vez, irá ajudar a interpretar e organizar todas as informações e identificar de onde surge determinado trauma, inibições ou medos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), as sessões geralmente tem uma duração de 45 a 50 minutos, com uma frequência de aproximadamente três vezes por semana. Esta alta periodicidade é fundamental para obter sucesso no processo de acessar o inconsciente.
PASSOS DO PROCESSO 
O processo terapêutico psicanalítico consiste em descortinar conflitos originados, na maioria das vezes, no passado do paciente e submersos em seu inconsciente causando-lhe sofrimento em sua vida atual. Esse processo permite ao paciente, compreender seus conflitos e a razão da repetição de seu sintoma. Para isso deve haver o estabelecimento de um contrato entre terapeuta e paciente que, envolvidos na busca de um acordo consensual, promovam condições para que a terapêutica possa se desenvolver. Esse acordo e a evolução do tratamento irão depender de ambas as partes, tendo em vista de que o que se busca no setting terapêutico (relação contratual) é o enfoque nos aspectos inconsciente do sujeito, cujas representações só poderão ser compreendidas por meio do comprometimento do paciente e da disposição do terapeuta, em tentar descobrir quais os significantes inconscientes envolvidos causaram no paciente essa situação atual. Por ser o inconsciente atemporal, desejos insatisfeitos e experiências traumáticas recalcadas pelo sujeito, e que não estão acessíveis à consciência, tem um significado simbólico atual e presente causando-lhe sofrimento. 
Na relação terapêutica podem-se encontrar muitas dificuldades e uma dessas dificuldades reside no campo da contratransferência. Freud, no decorrer de suas obras sempre alertou para os perigos que o terapeuta/analista pode estar sujeito com relação à contratransferência. A contratransferência se define como todo sentimento hostil ou desejoso do terapeuta com relação ao seu paciente. Ela implica em deixar-se levar pelas emoções do que lhe é mostrado ou dirigido pelo paciente. É a possibilidade perigosa de projeção de seus conflitos e angústias na figura do paciente, atribuindo ao mesmo aquilo que se refere a si próprio. Já para Násio (1999), a contratransferência designa o conjunto de obstáculos imaginários que se opõe à ocupação do terapeuta no lugar do objeto, do Outro, do sujeito suposto saber. Ele coloca que “se o desejo do analista designa o fato de ocupar efetivamente o lugar do objeto, a contratransferência designa tudo o que se opõe a isso” (NASIO, 1999, p. 106). Para autores como Freud, Lacan, Nasio entre outros, a condição essencial para que o terapeuta não caia nos perigos da contratransferência é ter passado ou que esteja passando por um processo de análise, por um tempo relativamente longo.
Outra condição essencial para que ocorra o processo terapêutico com sucesso é a de que o paciente fale, pois é por meio da fala do paciente que o terapeuta terá condições de ter acesso ao material inconsciente do mesmo. Nasio (1997) revela que o sintoma aparece justamente quando há um fracasso da fala, quando o paciente não consegue simbolizar aquilo que sente por meio da palavra, é representado por meio de sintomas. 
Assim o terapeuta tem a função de auxiliar seu paciente na simbolização do que está submerso em seu inconsciente. Isso torna a fala o elo entre o que está consciente e o inconsciente. Menezes (2001) coloca que não teríamos condição de explorar o inconsciente sem a sua representação por meio de interação com o sistema consciente-pré-consciente. Então, para emergir o que está inconsciente no paciente, o terapeuta terá que encoraja-lo a falar, falar tudo o que vier a mente, sem se preocupar se essa fala tem ou não algum significado. 
A representação verbal irá possibilitar vir à tona fragmentos inconscientes por meio de associação livre possibilitando, assim uma interpretação do material recalcado pelo terapeuta. Menezes (2001), aponta ainda que a psicanálise como técnica terapêutica é baseada exclusivamente na decodificação dos sentidos subjacentes à fala do analisando, limitando o analista a resgatar, restituir “os fragmentos perdidos ou deformados, por efeito da defesa, de um texto histórico, que se encontra substituído por outras representações no sintoma”. (MENEZES, 2001, p. 61 e 62). Mesmo que ocorram manifestações não verbais no processo de significação ou ressignificação que é próprio na análise, esta é totalmente dependente das potencialidades verbais.
Neste caso o terapeuta deve abandonar o artifício de buscar focar algum momento ou problema específico, estudando tudo que se achar presente no momento, pois sabemos que o inconsciente é atemporal e se faz presente e o sintoma se repete em qualquer situação independente de algum assunto específico. Segundo Menezes (2001), para se desenvolver uma escuta eficiente, baseada na atenção flutuante o analista necessita de uma mobilidade descontraída, assim como respeitar o silêncio do paciente e quando necessário, lançar mão de seu próprio silêncio. Além de, como salienta Herrmann (1999), conseguir ouvir de maneira que se vá suprimindo de maneira gradual a redução consensual, ou seja, a rotina. 
AVALIAÇÃO PSICODIAGNÓSTICO
Ao consultar a literatura, identificamos convergências conceituais. Arzeno (1995, p. 5) diz, por exemplo, que “. . . fazer um diagnóstico psicoló- gico não significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico. Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são necessários ou convenientes”. Portanto, parece claro o entendimento da autora de que toda avaliação psicológica que não utilize testes não deva ser nomeada de “psicodiagnóstico”.
Cunha (2000, p. 23, grifo nosso), em concordância, preconiza que “psicodiagnóstico” é um termo que designa um tipo de avalia- ção psicológica com propósitos clínicos, em que “. . . há a utilização de testes e de outras estraté- gias, para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas”. A autora segue afirmando que: 
“Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemáticas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso. (Cunha, 2000, p. 26, grifo nosso).”
“A avaliação psicológicaé um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações e análise de documentos, enquanto a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos.”

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