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TRABALHO SOBRE TRAUMA

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O trauma representa, desde a década de oitenta do século passado, um verdadeiro problema de saúde publica, afetando não só o nosso país, mas também o mundo industrializado. Os custos para a sociedade americana giram em torno de 100 bilhões de dólares por ano em hospitalização e redução da produtividade.
No Brasil, o número de mortes por acidentes encontra-se em segundo lugar, sendo menos freqüente do que as mortes atribuídas às doenças cardiovasculares. Nos países desenvolvidos, considerando-se todas as faixas etárias, o trauma é superado apenas pelo câncer e aterosclerose como causa de morte.
Se levarmos em consideração indivíduos até os 44 anos de idade, o trauma é a principal causa de óbito. Em idosos, já é responsável por 30% das mortes.
Embora os avanços na sistematização do atendimento ao politraumatizado tenham sido consideráveis, infelizmente, no Brasil, cerca de 20 a 30% dos óbitos ainda ocorrem por falta de uma melhor integração entre o atendimento hospitalar e pré-hospitalar.
As mortes determinadas pelo trauma ocorrem em três períodos de tempo distintos:
(1) dentro de segundos a minutos do evento (50% dos casos de óbito), sendo as causas mais comuns as lacerações da aorta, o traumatismo cardíaco e as lesões à medula espinhal e tronco cerebral;
(2) dentro de horas do acidente (30% dos óbitos), com a hemorragia e as lesões do sistema nervoso central contribuindo, cada uma, com metade dos casos
(3) após 24h do traumatismo, com os processos infecciosos, a falência orgânica múltipla e a embolia pulmonar, as principais causas.
 TRAUMA TORÁCICO
Cerca de 25% das mortes no politrauma são decorrentes de injúrias à região torácica. A taxa de mortalidade em pacientes internados vítimas desta lesão eleva-se na medida em que outros sistemas são comprometidos de maneira cumulativa.
Quanto ao mecanismo de injúria, sabe-se que as lesões penetrantes acometem, na maior parte das vezes, estruturas na periferia dos pulmões, o que proporciona o surgimento de hemotórax e também pneumotórax.
As injúrias transfixantes que atingem o mediastino podem afetar grandes vasos, coração, pericárdio e esôfago.
De forma geral, todo o paciente com instabilidade hemodinâmica que possui esse tipo de comprometimento, deve ser portador, até segunda ordem, de uma lesão torácica exsangüinante, sendo indicada a toracotomia.
As indicações absolutas de toracotomia imediata no setor de Emergência incluem:
feridas penetrantes do tórax com paciente em parada cardíaca, ou hemorragia incontrolável através de um tubo de toracostomia ou pela abertura torácica
suspeita de lesão de um vaso subclávio com exsangüinação intrapleura
necessidade de massagem cardíaca aberta ou oclusão da aorta descendente antes de laparotomia
necessidade de massagem cardíaca aberta devido a ineficácia das manobras de ressuscitação (cardioversão elétrica e/ou massagem cardíaca fechada).
O trauma torácico fechado pode induzir lesão por golpe direto ao tórax, com:
fraturas de costelas,
injúria por desaceleração (contusão pulmonar ou cardíaca e ruptura da aorta)
injúria por esmagamento com ruptura do coração e diafragma
Do ponto de vista fisiopatológico, três conseqüências diretas ao organismo podem sobrevir de lesões ao tórax:
hipoxemia (contusões pulmonares, ruptura diafragmática, pneumotórax hipertensivo),
hipovolemia (lesões do coração, grandes vasos etc.)
insuficiência miocárdica (contusão cardíaca).
No tratamento inicial dos pacientes com traumatismo de tórax, deve-se ter em mente que na presença de choque não responsivo à administração de volume, algumas possibilidades diagnósticas devem ser consideradas de imediato: pneumotórax hipertensivo, injúria miocárdica, tamponamento pericárdico e embolia aérea para artéria coronária com infarto extenso e choque cardiogênico.
 TRAUMATISMO ABDOMINAL
O traumatismo do abdome pode ser fechado, determinado por forças de desaceleração ou transmissão de choque pela parede abdominal, ou penetrante, geralmente ocasionado por lesões por projéteis de arma de fogo (PAF) ou arma branca.
A avaliação diagnóstica inicial do trauma abdominal não visa determinar precisamente o órgão acometido e, sim, se existe ou não indicação cirúrgica. A abordagem diagnóstica do trauma fechado e trauma penetrante é bastante diferente, sendo necessária a utilização de recursos propedêuticos específicos, uma vez que o exame físico pode ser de pouca sensibilidade na determinação da presença de lesão intra-abdominal.
Este fato é observado principalmente em pacientes onde coexiste trauma craniano, onde o rebaixamento do nível de consciência impede uma adequada interpretação dos achados físicos.
 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE)
O traumatismo craniano é responsável por pelo menos 50% dos casos de morte associada ao trauma, sendo ocorrência muito freqüente em serviços que atendem politraumatizados. Análises estatísticas mostram que a presença de TCE é o principal determinante isolado de mortalidade nestes pacientes. Isto torna o estudo pormenorizado das injúrias ao sistema nervoso central fundamental para a redução na morbi-mortalidade por trauma e seus devastadores efeitos sociais.
A população jovem, com idade entre 15 e 24 anos, é o grupo mais acometido pelo TCE. O sexo masculino supera o feminino em incidência.
Os traumas relacionados com atividades de transporte (acidentes com motocicletas, veículos automotores, atropelamento) são as causas mais comuns de TCE, representando mais da metade dos TCEs graves (escala de coma de Glasgow 3-8) e dos óbitos por TCE. Outras causas de TCE em nosso meio incluem as quedas (crianças e idosos), violência interpessoal e trauma associado a atividades esportivas e recreacionais.

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