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Simulado de Aprofundamento III Verde Padrão de Resposta

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OAB XXII EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
SIMULADO DE APROFUNDAMENTO 3 – XXII EXAME DE ORDEM 
 
Rogério foi denunciado pelo representante do Ministério Público pela 
prática de crime capitulado no artigo 157, II do Código Penal, pois teria, no dia 29 
de março de 2012, juntamente com Rodrigo, subtraído os objetos de Melissa. 
Recebida a denúncia, o juiz mandou citar o réu para responder às 
acusações. Oferecida a defesa, o acusado informou não querer realizar a 
empreitada criminosa, mas foi ao local porque Rodrigo tinha ameaçado o 
agente. 
Na audiência de instrução e julgamento, em outubro de 2013, as 
testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas, bem como interrogados os 
acusados. Realizadas as alegações finais orais, o juiz da 2ª Vara Criminal 
proferiu sentença condenatória aplicando pena de 06 anos aos agentes, com 
início de cumprimento no regime semiaberto. Apesar de interpostos recursos, 
os Tribunais mantiveram a decisão de primeiro grau. 
Após o trânsito em julgado da decisão, Rogério começou a cumprir a 
pena em 17 de junho de 2014. No estabelecimento prisional, ao longo do 
cumprimento da pena, aprendeu carpintaria e confeccionou banco para vendas. 
Em 05 julho de 2015, foi aberto procedimento administrativo para verificação da 
falta grave constante no artigo 50, VII da Lei 7.210/1984, pois havia informação 
de que Rogério, nesse dia, teria em sua posse aparelho telefônico, 
comunicando-se com o ambiente externo. 
Em novembro do mesmo ano, o processo foi finalizado, tendo o agente, 
de fato, cometido a falta grave. Em dezembro de 2015, o advogado de Rogério 
requereu a progressão de regime do agente, tendo o juiz da execução penal 
negado o pedido, por ausência de preenchimento dos requisitos, decisão essa 
não impugnada. 
Todavia, em 15 julho de 2016, o advogado de Rogério requereu, então, a 
obtenção do livramento condicional, sob a alegação de que o lapso temporal de 
1/3 já havia sido cumprido pelo condenado. 
O juiz da 1ª Vara de Execução Penal, novamente, negou o pedido 
pleiteado pelo advogado do condenado, sob o fundamento de que Rogério, 
apesar de preencher os requisitos subjetivos para a obtenção do livramento, já 
que havia informação no processo de reparação à vítima pelos danos sofridos e, 
mesmo com a falta grave, o agente sempre ostentou excelente comportamento 
carcerário. O não preenchimento do lapso temporal decorreria, segundo o 
magistrado, da falta grave, motivo pelo qual o prazo foi reiniciado. 
Em face da situação hipotética, na condição de advogado de Rogério, que 
foi intimado da decisão dia 20 de setembro de 2016, terça-feira, redija a peça 
processual cabível adequada à defesa de seu cliente, excluída a possibilidade de 
habeas corpus, no último dia do prazo para a sua interposição, sustentando 
todas as teses jurídicas pertinentes. (VALOR: 5,0) 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Endereçamento correto (Valor: 0,2) 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
2 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE 
EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE ________ 
Processo de execução número: 
 
Indicação correta do dispositivo que dá ensejo à apresentação do Agravo em 
Execução – artigo 197 da Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) (Valor: 0,8). 
 
Indicação do juízo de retratação previsto ao recurso de Agravo em Execução. 
(Valor: 0,2) 
 
Rogério, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério 
Público, à fls. ___, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, 
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a 
respeitável decisão que negou o pedido de livramento condicional, conforme fls. ___, 
interpor tempestivamente o presente 
AGRAVO EM EXECUÇÃO 
com fundamento no artigo 197 da Lei de Execuções Penais. 
Requer a realização do juízo de retratação previsto no art. 589 do Código de 
Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso 
encaminhado à superior instância para o devido processamento e julgamento. 
 
Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data, assinatura) 
(Valor: 0,2) 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, 26 de setembro de 2016. 
Advogado, OAB. 
 
Endereçamento correto das razões (Valor: 0,2) 
 
RAZÕES DO AGRAVO EM EXECUÇÃO. 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
Exposição dos Fatos (Valor: 0,2) 
 
1. Dos Fatos 
 
 
 
 
 
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O agente foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado pelo 
concurso de duas ou mais pessoas, nos termos do artigo 157, II do Código Penal, pois 
teria, juntamente com Rodrigo, subtraído os bens de Melissa. 
A denúncia foi recebida, havendo todo o trâmite legal do procedimento. Após 
as alegações finais orais, o juiz proferiu sentença condenatória de 06 anos aos 
agentes, em regime semiaberto, sendo a decisão mantida pelos Tribunais. 
Com o trânsito em julgado da condenação, o agente iniciou o seu cumprimento 
de pena em 17 de junho de 2014, tendo, no estabelecimento prisional, aprendido 
carpintaria e confeccionado banco para vendas. 
Em 05 de julho de 2015, foi instaurado procedimento para apuração de prática 
de falta grave, sendo constatado, em novembro do mesmo ano, referida falta. Apesar 
disso, o agente sempre ostentou bom comportamento carcerário, tendo, assim, 
requerido a obtenção de livramento condicional, negado pelo juízo da execução sob a 
alegação de que a falta grave interrompe o prazo de obtenção de tal benefício. 
A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e 
direito a seguir aduzidos. 
 
Direito (Valor: 2,0) 
- Indicar que o acusado tem direito ao livramento condicional, vez que a falta 
grave não interrompe o prazo para a sua obtenção. (Valor: 1,3). Aplicação da 
Súmula 441 do STJ. (Valor: 0,2) 
- Indicar que, no caso concreto, também caberia o pleito de progressão para o 
regime aberto, já que o agente preenche os requisitos constantes na legislação. 
(Valor: 0,5) 
 
2. Do Direito 
Pela simples exposição dos fatos narrados, é inegável a ocorrência do 
equívoco por parte do juízo das execuções penais, visto a negação da obtenção do 
livramento condicional pela falta de lapso temporal. 
Analisando o caso concreto apresentado, verifica-se que o agente foi 
definitivamente condenado à pena de 06 anos de reclusão a ser cumprida em regime 
inicial semiaberto. Iniciou o cumprimento da pena em 17 de junho de 2014. Por não 
ser considerado crime hediondo, a obtenção do livramento dar-se-á nos moldes 
estabelecidos pelo artigo 83, I do Código Penal, ou seja, na razão de 1/3 da pena, já 
que o agente não é reincidente em crime doloso e ostentava, até a presente 
condenação, bons antecedentes. 
Assim, é necessário que o agente cumpra 02 anos da pena para a obtenção do 
benefício, lapso temporal este cumprido. Ocorre que o juízo da execução penal, de 
forma equivocada, fundamentou o indeferimento do pedido alegando que a falta grave 
interrompe o prazo para o livramento condicional, decisão esta que vai de encontro 
com o entendimento dominante dos nossos Tribunais. 
Ora, doutos julgadores, a Súmula 441 do Superior Tribunal de Justiça é 
taxativa ao informar que a falta grave não interrompe o prazo para a aquisição do 
livramento condicional, não podendo o agente ser prejudicado pelo magistrado
que 
possui entendimento diverso. 
 
 
 
 
 
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4 
O condenado não pode ter o seu mérito, para o livramento condicional, aferido 
com base em fatos passados, sob pena de se transformar em requisito de ordem 
objetiva aquele que deve ser de ordem subjetiva, não atendendo aos objetivos de 
ressocialização do condenado a consideração de uma circunstância que não foi 
considerada pelo legislador. A falta grave influencia, na concessão de progressão de 
regime, sua regressão e até a cassação de outros benefícios, porém não há previsão 
de que ela interrompa o prazo para o livramento condicional. 
Sendo assim, tem o agravante direito ao livramento condicional, nos termos do 
artigo 83, I do Código Penal em combinação com o artigo 131 e seguintes da Lei 
7.210/1984, devendo ser estabelecidos os requisitos para o cumprimento do benefício. 
Além disso, ressalte-se que, apesar da ocorrência da falta grave, o agravante 
também possui lapso temporal para a progressão do regime aberto, pois entre o 
cometimento da falta grave e o pedido do advogado já se passou mais de 01 ano, 
prazo para a possibilidade de progressão de regime, já que o agente cumpriu mais de 
1/6 da pena imposta. 
É importante destacar que a falta grave interrompe o prazo para a progressão, 
porém este se reinicia a partir do cometimento desta infração, conforme preceitua a 
Súmula 534 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, se o agente iniciou o cumprimento 
da pena em junho de 2014 e cometeu falta grave em julho de 2015, o prazo foi 
interrompido, voltando a contar da data em que houve a infração ou seja, 05 de julho 
de 2015. 
Estabelece o artigo 112 da Lei 7.210/1984 que a pena será executada, sempre 
que possível, de forma progressiva e que, conforme estabelecido pelo artigo 114 da 
Lei de Execuções Penais, o agente poderá progredir para o regime aberto, desde que 
comprove estar trabalhando ou possibilidade de trabalhar de forma imediata e ainda 
possua bons antecedentes. 
Ora, desembargadores, é notório que o agente ostenta bom comportamento 
carcerário. Desde que iniciou o cumprimento da pena, trabalha no cárcere, pois 
aprendeu a carpintaria e iniciou a confecção de bancos para venda, estando 
totalmente apto a ingressar no regime aberto. 
Por fim, por mais que haja a falta grave, o agente já preenche o lapso temporal 
de 1/6 para a progressão, pois entre a data do cometimento da falta grave, dia 05 de 
julho de 2016, até o momento, já se passou mais de 01 ano de cumprimento de pena, 
sendo permitida a progressão de regime. 
 
Pedido (Valor: 1,0) 
- Provimento do recurso e reforma da decisão para determinar o livramento 
condicional com base no artigo 83, I do Código Penal e artigo 113 e seguintes da 
Lei 7.210/1984. (Valor: 0,7) 
- Pedido subsidiário de progressão de regime do agente com base no artigo 112 
e artigo 114 da Lei 7.210/1984. (Valor: 0,3) 
 
3. Do Pedido 
Diante do exposto, pleiteia-se o provimento do recurso e a reforma da decisão 
para que, após ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário, sejam 
determinadas as condições para o livramento condicional, expedindo-se a carta de 
livramento. 
 
 
 
 
 
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Apenas em caráter subsidiário, casos doutos Desembargadores não acatem o 
pedido de livramento condicional, o que não se espera, seja concedida a progressão 
de regime do recorrente para o aberto, em virtude do preenchimento dos requisitos 
objetivos e subjetivos previstos no artigo 112 e artigo 114 da Lei 7.210/1984. 
 
OBS: O candidato também poderia pleitear o pedido de provimento do recurso e 
reforma da decisão para determinar o livramento condicional, sem requerer oitiva do 
Ministério Público e Conselho Penitenciário que também seria pontuado. 
 
Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data, assinatura) 
(Valor: 0,2) 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, 26 de setembro de 2016. 
Advogado, OAB. 
 
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 
 
QUESITO AVALIADO FAIXA DE 
VALORES 
ATENDIMENTO 
AO QUESITO 
1. Endereçamento correto ao Juiz de Direito da 1ª 
Vara de Execuções Penais da Comarca de ___ (0,2) 
 
0,00 / 0,2 
 
2. Indicação correta do dispositivo que dá ensejo à 
apresentação do Agravo em Execução - artigo 197 
da Lei das Execuções Penais (Lei 7.210/1984) (0,8) 
 
0,00 / 0,8 
 
3. Indicação do juízo de retratação previsto ao 
recurso de Agravo em Execução. (0,2) 
0,00 / 0,2 
4. Estrutura correta da peça de interposição. (0,2) 0,00 / 0,2 
5. Endereçamento correto das razões. (0,2) 0,00 / 0,2 
6. Exposição dos fatos. (0,2) 0,00 / 0,2 
7. Indicar que o acusado tem direito ao livramento 
condicional, (0,8) vez que a falta grave não 
interrompe o prazo para a sua obtenção. (0,5) 
Aplicação da Súmula 441 do STJ. (0,2) 
 
0,00 / 0,8 / 1,5 
 
7.1. Indicar que, no caso concreto, também caberia 
o pleito de progressão para o regime aberto, (0,3) já 
que o agente preenche os requisitos constantes na 
legislação. (0,2) 
 
0,00 / 0,3 / 0,5 
 
8. Pedido de provimento do recurso e reforma da 
decisão (0,2) para determinar o livramento 
condicional (0,3), com base no artigo 83, I do 
Código Penal (0,1) e artigo 113 e seguintes da Lei 
7.210/1984 (0,1) 
 
0,00 / 0,2 / 0,5 / 
0,6 / 0,7 
 
8.1. Pedido subsidiário de progressão de regime 
(0,2) ao agente com base no artigo 112 E/OU artigo 
114 da Lei 7.210/1984. (0,1) 
 
0,00 / 0,2 / 0,3 
 
9. Data da Peça: 26 de setembro de 2016 (0,2) 0,00 / 0,2 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 01 
 
Luciano, utilizando-se de uma arma de brinquedo, colocou o referido objeto na 
cabeça de Angélica, constrangendo-a para que esta preenchesse três cheques 
seus no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), cada. Depois de preenchidos os 
cheques, entregou a Luciano que se dirigiu a agência bancária em que Angélica 
era correntista no intuito de obter a quantia referida. Todavia, por falta de 
provisão de fundos, houve recusa dos referidos cheques, não sendo retirado 
nenhum dinheiro da conta da vítima. Diante exclusivamente das informações 
narradas, pergunta-se: 
A) Qual o crime praticado por Luciano? (Valor: 0,6) 
B) Qual o momento consumativo do referido delito? (Valor: 0,65) 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) Luciano cometeu o crime de extorsão tipificado ao teor do artigo 158, caput do 
Código Penal. 
Para a ocorrência da extorsão, é necessário que o agente delituoso, agindo 
com o objetivo patrimonial, empregue violência ou grave ameaça a pessoa para a 
obtenção da vantagem indevida. 
Analisando o caso concreto, Luciano, ao colocar uma arma de brinquedo na 
cabeça de Angélica, utiliza-se do emprego da grave ameaça, constrangendo-a a 
preencher os talões de cheques no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) cada para 
obtenção da vantagem indevida, configurando, assim, o delito analisado. 
 
B) O momento consumativo do crime de extorsão ocorre quando o meliante 
efetivamente constrange a vítima com o emprego de violência ou grave ameaça, ainda 
que não haja obtenção da vantagem indevida, conforme previsão na súmula 96 do 
Superior Tribunal de Justiça. 
Verifica-se que o crime de extorsão está consumado porque Luciano 
constrangeu Angélica a preencher os cheques para obter o dinheiro. Ainda que o 
agente não tenha conseguido a quantia por falta de provisão de fundos, o crime resta
consumado por ser delito formal, em que a obtenção da vantagem é mero exaurimento 
do delito. 
 
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS 
 
QUESITO AVALIADO FAIXA DE 
VALORES 
ATENDIMENTO 
AO QUESITO 
I. O crime cometido por Luciano é o de extorsão OU 
aplica-se o constante no artigo 158, caput do Código 
Penal. (0,6) 
 
0,00 / 0,6 
 
II. O momento consumativo dar-se-á com o 
constrangimento da vítima e o emprego de violência 
ou grave ameaça OU trata-se de delito formal que se 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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consuma no momento do constrangimento com 
emprego de violência ou grave ameaça, pois o 
recebimento da vantagem é exaurimento do delito. 
(0,55). Aplicação da Súmula 96 do Superior Tribunal 
de Justiça (0,1) 
 
0,00 / 0,55 / 0,65 
 
QUESTÃO 02 
 
Ulisses, após assistir ao jogo de futebol do seu time do coração, no último 
sábado, ficou tão animado e feliz com a vitória e retorno à série A do Brasileirão, 
que comemorou todo o final de semana, não conseguindo acordar na segunda-
feira para ir ao trabalho, pois estava com muita ressaca. Por ter faltado ao 
serviço e, objetivando justificar sua falta, procurou um médico do Sistema Único 
de Saúde do Estado de Gama, solicitando um atestado. Márcio, médico 
credenciado do SUS, por sua vez, e, amigo de Ulisses, mesmo verificando que o 
agente não tinha nenhum problema de saúde, ainda assim elaborou o atestado 
médico, informando que o agente não havia comparecido ao trabalho em virtude 
de uma forte enxaqueca, razão pela qual necessitaria de repouso por dois dias. 
No outro dia, Ulisses apresentou no trabalho o atestado falso, que foi recebido 
pela empresa, justificando a sua falta. Diante das informações prestadas, 
tipifique, caso seja possível, a conduta praticada por Ulisses, fundamentando a 
sua resposta. (Valor: 1,25) 
Justifique a sua resposta. 
A mera indicação do artigo de lei não pontua. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
É possível a tipificação da conduta praticada por Ulisses como crime de uso de 
documento falso, ao teor do constante no artigo 304 do Código Penal. O mencionado 
crime corresponde a conduta do agente em fazer uso de quaisquer papéis falsificados 
ou alterados, previstos nos artigos 297 a 302 do Código Penal. 
O delito restou caracterizado, no caso concreto, por ter o agente se utilizado do 
atestado médico falso no intuito de justificar a sua falta no trabalho, sendo elementar 
para a caracterização de tal instituto a efetiva utilização do documento falso, não 
bastando o porte ou a posse de tal documento. 
A intenção do agente, nesse caso, é utilizar o documento falso como se fosse 
verdadeiro, com o objetivo de provar um fato juridicamente relevante. 
Analisando a casuística apresentada, Ulisses, com a clara intenção de justificar 
a sua ausência no trabalho por ter bebido em virtude da comemoração do acesso do 
seu time, resolve comparecer a um hospital para requerer um atestado. 
Ressalte-se na impossibilidade de caracterização, em relação ao agente, de 
participação no delito de falsificação de documento, já que a questão é clara ao 
informar que só houve, por parte de Ulisses, da utilização do documento. 
 
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS 
 
 
 
 
 
 
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8 
QUESITO AVALIADO FAIXA DE 
VALORES 
ATENDIMENTO 
AO QUESITO 
A conduta praticada por Ulisses pode ser tipificada 
como crime de uso de documento falso OU aplica-se 
o constante no artigo 304 do Código Penal. (1,0). 
Não responde o agente pela falsificação. (0,25) 
 
 
0,00 / 1,0 / 1,25 
 
 
QUESTÃO 03 
 
Augusto, funcionário público, atua em posto alfandegário na fronteira do Brasil. 
Sua função consiste basicamente em fiscalizar e controlar produtos que 
ingressam em território nacional. Durante a fiscalização de rotina, obsta um 
veículo carregado de placas eletrônicas para montagem de máquinas caça 
níqueis que adentram no país sem a devida autorização dos órgãos 
competentes. Ao realizar a abordagem e identificar que o condutor do veículo é 
um antigo amigo de infância, resolve liberar o mesmo sem proceder com a 
devida retenção da mercadoria, a lavratura do termo de apreensão 
administrativa e a captura em flagrante do condutor, facilitando, assim, a entrada 
dos produtos nos país. Tomando por base exclusivamente os fatos narrados, 
tipifique, caso seja possível, a conduta praticada por Augusto, fundamentando 
nos dispositivos legais cabíveis e pertinentes. (Valor: 1,25) 
 
GABARITO COMENTADO 
 
É possível tipificar a conduta de Augusto, funcionário público, pelo crime de 
facilitação de contrabando ou descaminho, nos termos do artigo 318 do Código Penal. 
A facilitação de contrabando ou descaminho consiste na conduta do agente em 
facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho. 
No caso em tela, a facilitação se deu ao crime de contrabando, uma vez que 
Augusto, funcionário público, ao realizar a abordagem em veículo carregado de placas 
eletrônicas para montagem de caça níqueis, identifica ser o condutor seu amigo de 
infância, razão pela qual libera o agente, facilitando, assim, a entrada dos produtos no 
país, incorrendo no delito em análise. 
 
OBSERVAÇÃO: Não caberia a tipificação do caso concreto como prevaricação, 
constante no artigo 319 do Código Penal, por ser, nesse caso, o crime do artigo 318 
do Código Penal mais específico, utilizando-se assim a especialidade na casuística 
apresentada. 
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS 
 
QUESITO AVALIADO FAIXA DE 
VALORES 
ATENDIMENTO 
AO QUESITO 
Augusto responde pelo crime de facilitação de 
contrabando ou descaminho OU aplica-se o 
constante no artigo 318 do Código Penal. (1,15). 
 
0,00 / 1,15 / 1,25 
 
 
 
 
 
 
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9 
Não responde o agente pela prevaricação, por ser o 
artigo 318 mais específico. (0,1) 
 
QUESTÃO 04 
 
Juliana, maior e capaz, submeteu-se a um processo para trabalhar em uma 
determinada pessoa jurídica de direito privado, pertencente exclusivamente a 
pessoa de Breno. Durante a fase final do processo de seleção, o proprietário 
informou que Juliana satisfez todos os requisitos para o ingresso na atividade, 
mas que não efetuaria a contratação de Juliana pela ausência de comprovação 
de que a agente não estava grávida, pois não desejava pagar licença 
maternidade. Assim, exigiu que Juliana procurasse um médico e, 
posteriormente, apresentasse atestado comprobatório de que não estava em 
estado gestacional, para que o contrato de trabalho fosse formalizado. Tomando 
por base exclusivamente as informações apresentadas, indique, de forma 
fundamentada, a possibilidade de tipificação da conduta praticada por Breno. 
(Valor: 1,25) 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Breno incorreu no crime de exigência de atestado de gravidez e esterilização, e 
outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais, disciplinado ao teor do art. 
Art. 2º, II, da lei 9.029/1995, em decorrência de ter exigido que Juliana apresentasse 
atestado comprobatório de estado não gestacional como pré-condição para proceder a 
formalização do contrato de trabalho. 
O crime em tela objetiva proteger aprioristicamente a liberdade da vítima em 
poder exercer seus direitos reprodutivos de forma não condicionada a instauração, 
manutenção ou rompimento do contrato de trabalho, reconhecendo ofensa relevante 
ao ordenamento
penal quaisquer condutas destinadas ao tolhimento desta liberdade. 
Como Breno é o proprietário da pessoa jurídica em que Juliana pretendia 
trabalhar, este há de ser reconhecido como sujeito ativo do delito, por força de 
previsão normativa constante ao teor do art. 2º, parágrafo único, II, da lei 9.029/1995. 
 
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS 
 
QUESITO AVALIADO FAIXA DE 
VALORES 
ATENDIMENTO 
AO QUESITO 
Breno responde pelo crime constante no artigo 2º, II, 
da Lei 9.029/1995. (1,0). Informar que a exigência de 
apresentação do atestado não pode ser condição 
para a formalização do contrato de trabalho. (0,25) 
 
0,00 / 1,0 / 1,25 
 
 
 
 
 
 
 
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