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Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SÍNTESE DOS PRINCIPAIS 
ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
FREITAS, Natanielly de Paula1 
LEITE, Aline Fernanda Ventura Sávio Leite2 
 
 
RESUMO: A história da educação brasileira se inicia com a chegada dos 
primeiros Jesuítas, esses por sua vez tinham como objetivo principal a 
catequização indígena, a fim de conquistar mais fiéis para a igreja católica. 
Esse fato datou a história da educação no Brasil e, a partir daí muitos outros 
acontecimentos contribuíram para a educação que a sociedade tem nos dias 
atuais. Este estudo busca refletir a história da educação no Brasil, com esse 
propósito aponta como objetivos: entender como se estabeleceu todo o 
processo histórico da educação brasileira; analisar quais fatos contribuiu para 
uma educação leiga e quais foram os principais percursores da educação no 
Brasil. Para tal, optou-se pela realização de uma pesquisa bibliográfica. Os 
resultados apontaram que foram muitos os acontecimentos que contribuíram 
para a educação que se encontra o contexto atual. 
 
Palavras-chave: História da Educação. Principais fatos da educação 
Brasileira. Manifesto dos Pioneiros. 
 
ABSTRACT: The history of Brazilian education begins with the arrival of the 
first Jesuits, which had as main objective the indigenous catechization, in order 
to gain more faithful to the Catholic Church. This fact dated the history of 
education in Brazil and in the sequence; many other events contributed to our 
present society. This study reflects the history of education in Brazil and aimed 
understand how settled the historical process of Brazilian education; what facts 
contributed to a secular education; which was the main precursors of education 
in Brazil. For this, we used a literature review. Our results showed that many 
events contributed to current education. 
 
Keywords: History of education. Main facts of Brazilian education. Manifesto of 
the Pioneers. 
 
 
1
 Graduação em Pedagogia pela Facudades Ajes do vale do Juruena (2016). Cursando Pós-
Graduação em Educação e Educação de Tempo Integral Perspectivas e Desafios pela 
Faculdade Fael. 
2
 Graduação em Pedagogia - Administração Escolar pelo INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO 
SUPERIOR DE SÃO MANUEL (2006). Graduação em Letras/Espanhol pela UNAR - Centro 
Universitário de Araras. Especialização lato sensu em Gestão Escolar pela UFSCAR - 
Universidade Federal de São Carlos (2012). Mestre em Educação para Ciência pela Faculdade 
de Ciências UNESP de Bauru e integrante do Grupo de Pesquisa em História e Filosofia da 
Ciência UNESP Bauru. Professora do Instituto Federal de Mato Grosso-Juína MT (2016). 
 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho3 é resultado de leituras e analise referente ao 
processo de educação no Brasil. A educação brasileira encontra-se, ainda nos 
dias atuais caminhando em passos lentos, muitas são as tentativas 
governamentais para oferecer uma educação igualitária e de qualidade para 
toda a sociedade. 
É relevante discutir o processo histórico da educação brasileira, que se 
iniciou com a chegada dos padres jesuítas. Muitos foram os retrocessos e 
avanços nesse processo, mas, nesse trabalho, serão destacados apenas 
alguns dos principais acontecimentos na educação brasileira. 
Nesse trabalho procurou-se responder à seguintes questões: Como se 
estabeleceu o processo histórico da educação brasileira. Tendo como objetivo 
principal: Entender como se estabeleceu todo o processo histórico da 
educação brasileira, e os objetivos específicos: Analisar quais fatos contribuiu 
para uma educação leiga; Quais foram os principais percursores da educação 
no Brasil. 
Essa pesquisa se justifica por levar ao leitor de uma forma clara e 
concisa os principais acontecimentos que marcaram a história da educação 
brasileira, e assim levá-lo a entender melhor a educação dos dias atuais. 
 
METODOLOGIA 
A metodologia é o caminho a ser percorrido para coletas de dados 
acerca de algum assunto. Assim, busca-se, através de questionários, 
observação empírica e pesquisas bibliográficas, entender como acontece e 
como aconteceu determinado assunto, e as ideias de alguns autores que 
 
3
 Esse artigo é parte integrante do “Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa 
de Graduação em Pedagogia do Instituto Superior de Educação da AJES, como requisito 
parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia” (2016), intitulado como: 
Análise da educação de tempo integral em uma escola Municipal na cidade de Juína Mt. 
 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
discutem esta temática. Nesse propósito, esse trabalho tem como linha de 
investigação a pesquisa bibliográfica. 
Segundo Rodrigues (p.1, 2007), “a metodologia científica é um 
conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para 
formular e resolver problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma 
maneira sistemática”. 
Primeiramente foram realizadas pesquisas em sites acadêmicos tais 
como: Scielo, Google Acadêmico, e outros, com o intuito de selecionar 
trabalhos que viessem ao encontro da temática proposta para essa discussão. 
Foram utilizadas algumas palavras-chave, podendo ser destacas para 
essa pesquisa: História da educação; Educação Jesuítica; Educação Colonial; 
Educação, Leiga, Manifesto dos Pioneiros, etc. Depois de realizado os 
downloads, foram feitas leituras em todos os trabalhos já pré-selecionados, 
posterior foram feito uma nova seleção, dentre os critérios de seleção destaca-
se os autores e obras reconhecidas, além de selecionar somente aqueles 
artigos, teses, livros e outros que discutisse de forma clara o assunto. 
 
ANÁLISE E DISCUSSÃO 
 
De fato, desde o descobrimento do Brasil, em 1500, a educação 
brasileira passou por momentos de conquistas e perdas no que tange à 
qualidade do ensino. Dessa forma, é nítido que a educação que se tem hoje 
ainda busca seu espaço em direção a uma educação que garanta a eficácia no 
ensino e seja capaz de interferir na sociedade (GHIRALDELLI, 2001). 
Segundo Piletti e Piletti (1990), o processo histórico de educação 
brasileira começa com a vinda da Companhia de Jesus ao Brasil, Companhia 
essa que foi fundada por Inácio de Loyola (1491-1556). Essa companhia foi 
criada quando os fiéis (burguesia e reis) da Igreja Católica se revoltaram contra 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
suas ações que, entre tantas se destacava a venda de indulgências4 nascendo 
naquele momento a Reforma Protestante. 
No século XV, a burguesia e a realeza buscavam cada vez mais o 
poder e riquezas, no entanto, esse ato era condenado pela Igreja, embora ela 
mesma tivesse grandes riquezas e propriedades. Dessa forma, nasce a revolta 
contra a Igreja Católica, pois segundo (APOLINÁRIO, 2007, p.110) “tais 
mudanças foram fundamentais para que as críticas se transformassem em 
rupturas e levassem a reforma religiosa do século XVI”. Inácio de Loyola, 
observando que a Igreja perdia seus fiéis, fundou, então, a Companhia de 
Jesus, que buscava, através da educação missionária, conquistar novos fiéis. 
A Reforma Protestante teve início no século XVI, quando o monge 
alemão Martinho Lutero se revoltou contra as ações da Igreja Católica. Nesse 
sentido, Silveira (2007, p.26) sustenta que: 
 
Sob a influência de Martinho Lutero, os quatro pilares da Reforma 
Protestante do século XVI – Solo Christo, Sola Fide, Sola Gratia e 
Sola Scriptura - passaram a figurar os ensinamentos de que a 
salvação, a justificação, acontece Somente por Cristo (não mais juntocom Maria), Somente pela fé (não mais pelas obras), Somente pela 
graça (não mais pagando) e Somente pelas Escrituras (não mais pela 
tradição e nem pela interpretação da Bíblia que a direção da igreja 
ensinava) (SILVEIRA, 2007, p.26; grifo meu). 
 
Em 1549, os jesuítas abarcaram para o Brasil, juntamente com o 
primeiro Governador dessa colônia, Tomé de Sousa. A Companhia de Jesus 
chefiada pelo Padre Manoel de Nóbrega5, tinha como objetivo expandir a fé 
cristã e a educação dos povos nativos, tentando conquistar novos fiéis para a 
Igreja Católica. Nesse intuito, “ao mesmo tempo em que ensinavam as 
 
4
 Em 1517 o papa Leão X decretou a venda de indulgências, que assegurariam o perdão dos 
pecados de uma pessoa em troca de uma quantia de dinheiro. O dinheiro seria usado no 
término da construção da basílica de São Pedro, em Roma (APOLINÁRIO, 2007, p.110). 
5
 Manoel da Nóbrega nasceu na região do Minho, em Portugal, em 1517. Estudou nas 
universidades de Salamanca e Coimbra. Entrou para a Companhia de Jesus em 1544, três 
anos após formado. Em 1552 saiu da Bahia e veio para São Paulo, onde fundou o Colégio São 
Paulo na aldeia de Piratininga, a futura cidade de S. Paulo. Morreu no Rio de Janeiro em 1570. 
(GHIRALDELLI JR, 2001, p.13). 
 
 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
primeiras letras e a gramática latina, ensinavam a doutrina católica e os 
costumes europeus” (PILETTI; PILETTI, 1990, p. 135). Nesse sentido, Rossi, 
(2009) observa que: 
 
Falar de educação na sociedade colonial brasileira é falar de como 
os homens se educavam, os valores e virtudes a serem favorecidos, 
os vícios a serem evitados, os saberes considerados fundamentais 
para o exercício da vida comum ou da vida letrada, tudo isso em meio 
a um contexto em que o Brasil, enquanto nação, não existia ainda, 
pois predominavam a política, a economia, a cultura portuguesas. 
(ROSSI, 2009, p.32, grifo meu). 
 
Os jesuítas possuem grande importância no processo histórico da 
educação brasileira. Com a vinda dessa Companhia para o Brasil, começam os 
primeiros passos da história da educação brasileira. Ao se instalarem com suas 
caravanas, primeiramente em Salvador, aonde chegaram em 1549, e 
rapidamente por diversas partes do território brasileiro, vão transformando o 
estilo de vida tropical em europeu (SILVEIRA, 2007). 
 A catequização dos povos nativos (indígenas) se deu por meio da 
leitura e escrita. Nesse intuito, para atrair as crianças nativas, os Jesuítas 
colocavam crianças para desempenhar esse papel. Para Piletti e Piletti (1990, 
p.135 e 136), “só seria possível catequisar os índios, os filhos dos senhores de 
engenho, os colonos e os escravos convertendo-os a fé católica se 
primeiramente esses soubessem ler e escrever”. Assim, surgi a escola de 
primeiras letras no Brasil. 
Nessa época, o ensino era destinado somente aos filhos dos colonos, 
do sexo masculino, pois, nesse período, a educação feminina era voltada 
somente as “boas maneiras e prendas domésticas” (TRINDADE, [200?]). 
A Companhia de Jesus também foi a responsável pela criação dos 
ensinos secundário e superior no Brasil, com o objetivo de formação religiosa, 
porém, os filhos da elite se viam obrigados a estudarem nesse sistema de 
ensino voltado para a religião, pois eram os únicos colégios disponíveis 
(GHIRALDELLI JR, 2001). 
Conforme as pertinentes ideias de Trindade ([200?]), desde o período 
colonial já se observava a discrepância entre as classes sociais, visto que a 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
educação que visava um ensino mais rigoroso e preparatório para as 
universidades era destinada à formação da elite. 
De acordo com as palavras de Piletti e Piletti (1990, p.136), o ensino 
secundário abrangia três cursos, sendo eles: “o curso de Letras, Filosofia e 
Ciências, já os cursos superiores eram destinados às disciplinas de Teologia e 
Ciências Sagradas, voltados para a formação de sacerdotes”. Além das 
escolas de primeiras, letras a Companhia de Jesus organizou mais uma forma 
de se manter no poder no que se refere a educação, e elaborou um plano de 
ensino denominado “Ratio Studioriom6”. Esse sistema era uma forma de 
organização dos estudos utilizado pela Companhia de Jesus. 
Os jesuítas foram os percursores da educação movidos pela fé cristã e 
sentimentos religiosos. Após a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal7, 
a Educação Brasileira entrou em declínio e rupturas. Diante desse novo 
contexto, estabeleceu-se no Brasil as aulas régias8 de Latim, Grego e de 
Retórica, que, segundo Piletti e Piletti, (1990, p.137) “nem de longe chegaram a 
substituir o eficiente sistema de ensino organizado pela Companhia de Jesus”. 
Esse novo momento da educação, as aulas régias9, ficou conhecido 
como a Reforma Pombalina, devido à expulsão dos jesuítas por Marquês de 
Pombal. Para Aranha (2006, p.175), ao “expulsar os jesuítas, instituiu naquele 
mesmo ano a educação leiga, com responsabilidade total do Estado”, ou seja, 
educação voltada para o ensino pedagógico e não mais para a catequização. 
Nesse momento educacional, com a educação sendo responsabilidade 
do Estado, o ensino passa a servir aos interesses de quem governa, deixando 
 
6
 O Ratio Studiorum era a organização e plano de estudos da Companhia de Jesus (1599), 
baseado na cultura européia. Consistia de aulas elementares de Humanidades, Filosofia 
(Artes), e Teologia, possibilitando a obtenção dos títulos de bacharel, licenciado e mestre em 
artes (TRINDADE, [200?], p. 2). 
7
 Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e, em seguida, transformado em 
Marquês de Pombal (1699-1782), foi Primeiro Ministro de D. José I. Marcou o século XVIII e o 
absolutismo régio através de uma política de concentração de poder com o objectivo de 
restabelecer a economia nacional e resistir à forte dependência desta relativamente à Inglaterra 
(GHIRALDELLI, 2001, p.14). 
 
9
 Eram aulas avulsas de latim, grego, filosofia e retórica. Ou seja: os professores, por eles 
mesmos, organizavam os locais de trabalho e, uma vez tendo colocado a “escola” para 
funcionar, requisitavam do governo o pagamento pelo trabalho do ensino (GHIRALDELLI JR , 
2006, p.27) 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
de ser voltada aos interesses da Igreja, passando a ser mais próximas dos 
ideais iluministas10, buscando-se um ensino pedagógico (GHIRALDELLI JR, 
2001). 
A educação brasileira, após a expulsão dos padres jesuítas, passa a 
ser definida através do conhecimento intelectual, e não pelo viés religioso. 
Porém, após a expulsão dos jesuítas, o ensino brasileiro entrou em rupturas, 
pois, “deixam de existir, repentinamente, dezoito estabelecimentos de ensino 
secundário e cerca de 25 escolas de ler e escrever” (PILETTI; PILETTI, 1990, 
p.139). 
A vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, mudou o cenário da 
educação brasileira. Nesse tempo, a França liderada por Napoleão Bonaparte 
decide invadir Portugal. Por este motivo, a Família Real decidiu vir para o 
Brasil. Após a instalação da Família Real no Rio de Janeiro, o Brasil passou a 
ser sede do reino português. D. João VI criou alguns cursos profissionalizantes, 
Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim 
Botânico, e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa 
Régia. O ensino do império foi dividido em três níveis: primário, secundário e 
superior (GHIRALDELLI JR, 2001). 
O ensino primário ou elementar ficaria destinado à população rural, 
sendo essa, até esse momento, a população mais predominante. O ensino 
secundário estaria voltado a uma educaçãopreliminar ao ensino superior, 
ficando ainda mais propedêutico quando, em 1837, foi fundado, no Rio de 
Janeiro, o Colégio D. Pedro II. Sob o poder da Coroa, esse colégio servia de 
padrão aos demais e visava uma educação elitista. Já o ensino superior que o 
Brasil oferecia era mais uma vez voltado aos interesses da Coroa, visto que 
 
10
 O século XVIII conheceu várias revoluções. A Revolução Industrial, a Revolução Francesa e 
também a Revolução Intelectual. O auge da Revolução Intelectual em Filosofia se deu com o 
Iluminismo, também chamado de “Ilustração” ou “Filosofia das Luzes”. Esse movimento iniciado 
na Inglaterra e rapidamente difundido pelo norte da Europa, condenava o Antigo Regime, 
combatendo assim o absolutismo monárquico, que era considerado um sistema injusto por 
impedir a participação burguesa nas decisões políticas e impedir a realização de seus ideais. 
Combatia também o mercantilismo, que impedia à livre iniciativa e o desenvolvimento 
espontâneo do capitalismo e, o poder da igreja, pois esse poder baseava-se em verdades 
reveladas pela fé. Isso se chocava com a autonomia intelectual defendida pelo racionalismo 
iluminista (SILVA et al, 2001, p.8). 
 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
esse ensino visava formar oficiais para o exercito e marinha, com o propósito 
de defesa para a colônia brasileira (ARANHA, 2006). 
No entanto, esse novo modelo de educação que D. João VI implanta 
no Brasil nada mais vinha a atender do que seu próprio interesse e 
necessidades de governo, pois o ensino primário, assim, como o ensino 
profissionalizante perdia espaço para os cursos secundários e superiores, que 
por sua vez passaram a ser privilegiados pelo governo (ARANHA, 2006). 
Nessa perspectiva, o período Joanino foi um marco no processo de 
educação, ganhando avanços consideráveis que possibilitou o crescimento 
educacional no Brasil daquela época. No entanto, esses avanços eram elitistas. 
Surge o período imperial (1822-1888), marcado pela volta da Família 
Real para Portugal, pela Proclamação da Independência em 1822, por D. 
Pedro I, que assume o trono, e pela primeira Constituição Brasileira de 1824 
(GHIRALDELLI JR, 2001). 
Na Constituição de 1824, segundo (ARANHA, 2006, p.222) 
“mantiveram-se o princípio de liberdade de ensino sem restrições e a intenção 
de instrução primária gratuita a todos os cidadãos”. No entanto, embora essa 
Constituição abordasse em seu texto um sistema nacional de educação, isso 
não acontecia na prática, devido aos vários problemas econômicos, técnicos e 
políticas desse período. 
A falta de recursos para se construir escolas e adquirir materiais 
pedagógicos afetou a educação. A falta de professores também era outro 
problema enfrentado nesse período, instalando-se então o Método Lancaster. 
Esse ensino, segundo Ghiraldelli Jr (2001), acontecia de forma “mútua”, ou 
seja, aqueles alunos mais adiantados ajudavam aqueles menos adiantados, 
trabalhando como se fossem monitores dos professores. Segundo Aranha 
(2006), o Método Lancaster recebe este nome devido seu percursor ser o 
pedagogo Joseph Lancaster11. 
 
 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
Esse é um método inglês, criado para atender o maior número de 
alunos com pouquíssimo gasto. É importante evidenciar que os monitores 
surgiram em meio a uma necessidade apresentada durante o período imperial, 
e que esse cargo ainda é exercido por muitos alunos nos dias atuais, tralhando 
de forma conjunta com os professores, com o escopo de proporcionar a mais 
pessoas um conhecimento maior. 
Segundo Aranha (2006) o Método Lancaster recebe este nome devido 
seu percursor ser o pedagogo Joseph Lancaster. Esse é um método inglês 
criado para atender o maior número de alunos com pouquíssimo gasto. 
Para Nascimento et al (2012), D. Pedro II, para tentar reverter os 
prejuízos no processo de educação, promovem a descentralização do ensino, 
passando a responsabilidade para as Províncias, ficando apenas a educação 
superior sobre o poder do governo central. 
A Primeira República (1889-1929) é lembrada pelo fim do voto 
censitário12, pela urbanização das cidades, pela descentralização do poder e o 
fim dos títulos de nobreza. O modelo político que passa a vigorar é o 
presidencialista (GHIRALDELLI JR, 2006). 
O voto censitário dava o direito de apenas algumas pessoas de votar, 
ficando esse direito nas mãos da elite, a classe dominante. No entanto, após a 
Primeira República, o direito ao voto foi alterado através da Reforma da 
Constituição de 1824 pela Lei Saraiva. Essa lei garantia o direto ao voto direto 
através do Decreto n° 3.029, de 9 de janeiro de 1881, porém conseguiu afastar 
ainda mais a população do direito do voto, pois a partir dela os analfabetos não 
tinham direito de votar (FERRARO, 2013). 
Esse período, segundo Aranha (2006, p.294), também é “designado 
como República Velha, República Oligárquica, República dos Coronéis. Para a 
autora, esta forma de se referir ao governo descrevia as características da 
época, ou seja, sempre prevalecia o poder nas mãos dos fazendeiros, coronéis 
ou pessoas de influência. Segundo Ghiraldelli Jr: 
 
12
 No Brasil, a Constituição de 1824 adotou uma modalidade de voto onde apenas algumas 
pessoas, em razão de sua riqueza, teriam o direito de votar. Trata-se do chamado voto 
censitário, originário do Direito Romano, que dentre outras restrições, estabelecia uma renda 
mínima para alguns cidadãos terem direito a voto (QUEIROZ, 2008, p.10). 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
 
A Primeira República durou quarenta anos. Foi a época da política 
café com Leite. Grupos de proprietários e homens influentes em 
Minas gerais (coronéis do leite) e em São Paulo (barões do café) se 
alternaram no controle da presidência da República 
(GHIRALDELLI JR, 2006, p. 39; grifo meu). 
 
Para Vieira ([200?], p.6), essa fase pode ser caracterizada como a 
alternância de poder, pois o governo era liderado somente através desses dois 
grupos, sendo eles o Partido Republicano Paulista-PRP e o Partido 
Republicano Mineiro-PRM, passando então ser chamado esse período do 
governo como Republica Café com Leite. 
No que tange ao ensino na Primeira República, muitas foram as 
Reformas realizadas durante esse governo, principalmente para o Ensino 
Médio e Superior, como assim é conhecido nos dias atuais. 
Dentre essas Reformas pode-se destacar a Reforma Benjamim 
Constant (1890), que fracassou com menos de um ano e a Reforma de Carlos 
Maximiliano (1915), sendo essa reforma a que vinha ao encontro das 
necessidades da população. 
Na Reforma Benjamim Constant evidenciou-se como princípios a 
laicidade e gratuidade do ensino primário, assim como a modificação na matriz 
curricular no ensino secundário, acrescentando o estudo de ciências 
fundamentais. No entanto, essa reforma, apesar de ser bem elaborada, não 
agradou aos estudantes, sendo revogado com menos de um ano de duração 
(PINHO, 2010). 
A Reforma de Carlos Maximiliano foi, talvez, uma das mais inteligentes 
da época, onde buscou-se aproveitar os progressos das Reformas anteriores, 
priorizando a qualidade do ensino secundário. Essa reforma também foi 
“responsável pela criação da primeira Universidade Brasileira, a Universidade 
do Rio de Janeiro, resultante do agrupamento em uma única instituição da 
Escola Politécnica, da Faculdade de Medicina e de uma escola livre de Direito” 
(PINHO, 2010 p.76). 
O que se pode observar é a semelhança da educação atual para a de 
mais de cem anos atrás, desde a falta de estrutura, como a descentralizaçãoe 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
mudanças variadas no modelo de ensino. Desde o período Jesuítico até a 
Primeira República o ensino passou por várias mudanças, sempre em busca 
de uma educação que abarca toda a sociedade. 
No período que corresponde à Segunda República (1930-1936), a 
Revolução de 1930 foi um marco para o crescimento do Brasil, no que se 
refere a produção capitalista. Essa Revolução se embasava no fim do poder da 
“República Café com Leite”. 
Para Ghiraldelli Jr (2006. p.39), essa ruina do poder da Primeira 
República “criou a oportunidade de grupos gaúchos e outros acenderem ao 
poder, mas não através das eleições, e sim através da Revolução de Outubro 
de 1930”. Nessa chamada Revolução de 30, Getúlio Vargas governou o país. 
Durante o Governo Provisório, que durou por volta de quinze anos, Vargas 
elaborou um plano de “reconstrução nacional13”, onde, no item três, era 
abordada a educação. 
 
Difusão intensiva do ensino público, principalmente técnico-
profissional, estabelecendo, para isso, um sistema de estímulo e 
colaboração direta com os Estados; para ambas as finalidades 
justificar-se-ia a criação de um Ministério de Instrução e Saúde 
Pública, sem aumento de despesas (GHIRALDELLI JR, 2006, p.40; 
grifo meu). 
 
 
O Brasil em 1930 passava por um processo de industrialização 
avançado. A reconstrução nacional, voltada para o âmbito educacional, 
procurou expandir o ensino público, em especial na classe técnico-profissional 
(GHIRALDELLI JR, 2006). 
 Durante a Segunda República a Reforma de Francisco Campos trouxe 
avanços para a educação brasileira, pois foi nela que se organizou e 
regulamentou o ensino secundário e superior, através do Decreto nº 19.890, de 
 
13
 Apresento à sociedade brasileira o documento Brasil: Um Projeto de Reconstrução Nacional. 
O projeto é um desdobramento necessário dos ideais defendidos durante a campanha eleitoral 
e que foram consagrados nas eleições democráticas de 1989. Minha proposta de Governo 
incorporava como ponto fundamental, o anseio do povo brasileiro por mudanças profundas. 
Mais do que isto: incorporava uma concepção do que seria o Brasil moderno e das condições 
de realizar o salto qualitativo na vida nacional (COLLOR, 2008, p.20). 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
18 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização do Ensino Secundário e o 
Decreto de n°19.851, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização 
do ensino superior. Nesse decreto o ensino secundário visava à preparação 
para o curso superior (PINHO, 2010). 
Segundo Aranha (2006, p.306), após a Reforma de Campos o ensino 
superior passou a ter mais “autonomia didática e administrativa, ênfase na 
pesquisa, difusão da cultura”. Nesse sentido, aconteceram alguns avanços na 
educação brasileira, embora, em sua grande maioria, eles beneficiassem a elite 
burguesa. 
Também, em 1932, entre as conferências que se faziam para discutir a 
educação nasceu o que conhecemos como “Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova” tendo como seguidores: Anísio Teixeira, Fernando de 
Azevedo, Lourenço filho dentre outros grandes nomes da educação 
(GHIRALDELLI JR, 2006). 
Em concordância com as palavras de Menezes (2001), O Manifesto 
dos Pioneiros da Educação Nova foi um marco para a educação brasileira. 
Esse Manifesto vinha em direção ao direito do povo, buscando uma educação 
“igualitária e pública para toda a sociedade”. 
 Esse Manifesto resultou, na verdade, em um dos documentos mais 
importantes para a história da educação brasileira, redigido por alguns 
intelectuais da época como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Cecilia 
Meireles entre outros, que tinham como objetivo descentralizar a educação da 
elite e direciona-la a toda a sociedade. Porém, conforme lembra Vieira ([200?], 
p.2) “embora apresente 26 assinaturas, o Manifesto não foi resultado de uma 
construção coletiva, Fernando de Azevedo assumiu a autoria do documento 
que afirma ter feito em cinco dias”. 
O Manifesto dos Pioneiros da Educação, em 1932, também faz parte 
da grande relevância na luta por uma educação melhor. Observa-se que os 
intelectuais da época já entendiam e viam a educação como o único fator de 
crescimento para todos os setores. 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
Esse Manifesto foi elaborado com o objetivo de levar ensino de 
qualidade a todas as pessoas, superando o carácter discriminatório imposto até 
então. Neste viés o ensino será prestado com igualdade, deixando de 
beneficiar somente a elite com uma educação de qualidade. Segundo Aranha 
(2006, p. 304), o “Manifesto foi um divisor de águas, reiterando a necessidade 
do Estado em assumir a responsabilidade da educação, que se achava em 
defasagem com as exigências do desenvolvimento”. A esse propósito 
Ghiraldelli Jr. argumenta: 
 
Dentre todos os problemas nacionais nem mesmo os problemas 
econômicos poderiam disputar a primazia com o problema 
educacional. Isso porque, se a evolução orgânica do sistema cultural 
de um país depende de suas condições econômicas seriam, então 
impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção sem o 
preparo intensivo de forças culturais e o desenvolvimento do 
acréscimo de riqueza em sociedade (GHIRALDELLI JR, 2006, p.42, 
grifo meu). 
 
Percebe-se que os educadores engajados nesse Manifesto defendiam 
a educação com um ensino público e de qualidade, com professores formados 
e escolas laicas. A educação começa a ser analisada como um dos principais 
meios de mudança, sendo entendida como uma arma de luta limpa para o 
crescimento do Brasil. 
Observa-se que no documento do Manifesto em defesa de uma 
educação voltada para o povo, o termo educação integral já era discutido, 
assim como relata Ferreira (2007), sendo, então, idealizado o pensamento de 
educação integral voltado para a formação do cidadão em termos de função 
educativa, porém essa educação integral não estava voltada para a ampliação 
de jornada escolar e sim na formação do cidadão integral. 
De 1937 a 1945 nasce o período denominado por Getúlio Vargas como 
“Estado Novo”, caracterizado pelo golpe militar, quando foi elaborada uma nova 
Constituição. Porém, desta vez, os interesses não mais privilegiavam a 
educação popular, como se observa na Carta de 1937, em seu artigo 125: 
 
A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos 
pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução de 
suprir as deficiências e lacunas da educação particular 
(GHIRALDELLI JR. 2006, p.78, grifo meu). 
 
A partir deste momento, o Estado se esquiva da responsabilidade de 
educação populista, passando, assim, segundo as palavras do autor, a 
“subsidiar o ensino”, ou seja, o Estado apenas irá auxiliar, deixando, portanto, 
de expandir o ensino público. Nesse sentido, a educação era vista como um 
“dualismo educacional”14, onde apenas parte da população tinha direito à 
educação, sendo essa classe a economicamente mais forte, a outra parcela da 
população tinha apenas o ensino profissionalizante, pois, nesse momento já se 
necessitava de uma maior qualificação para o trabalho devido a 
industrialização que se expandia (GHIRALDELLI JR, 2006). 
Nascimento et al (2012, p.9) menciona que muitos fatos que ocorreram 
durante o governo de Vargas são relevantes para a educação: “Instituto 
Nacional de Pedagogia, mais tarde, renomeado como Instituto Nacional de 
Estudos Pedagógicos (INEP); também permitiu, no mesmo ano, a criação da 
União Nacional dos Estudantes(UNE)”. 
Outro fato marcante nesse governo foi à criação das Leis Orgânicas 
(1942) pelo Ministro Gustavo Capanema. Dentre essas Leis, destacavam-se as 
leis que visavam regulamentar o ensino secundário, além de regularizar a 
formação dos professores, que segundo Aranha (2006), eram “leigos, não 
formados”. As leis de Capanema traziam benefícios, entretanto, para sua 
efetivação ou aplicação encontravam-se obstáculos. 
O Decreto-Lei n° 4.244, de 9 de abril de 1942 (Lei Orgânica do Ensino 
Secundário), na verdade, pouco se conseguiam das modificações propostas, 
sendo esse ensino, na prática voltado ainda para a preparação do ensino 
superior. Sua proposta original vinha ao encontro de uma educação voltada 
para a preparação de um cidadão crítico, assim como Pinho (2010, p.96), 
retoma as ideias de Nunes (1999); 
 
 
14
 Tratava-se de organizar um sistema de ensino bifurcado, com o ensino secundário público 
destinado, nas palavras do texto da lei, as “elites condutoras”, e um ensino profissionalizante 
para outros setores da população (GHIRALDELLI JR., 2006, p. 82). 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
[...] em ensino capaz de dar ao adolescente a compreensão dos 
problemas e das necessidades, da missão, e dos ideais, da nação, e 
bem assim dos perigos que a acompanhem, cerquem o ameacem, 
um ensino capaz, além disso, de criar, no espírito das gerações 
novas a consciência da responsabilidade diante dos valores 
maiores da pátria, a sua independência, a sua ordem, e seu 
destino (PINHO, 2010, p.96; grifo meu). 
 
Embora a Lei argumentasse para uma educação de qualidade, voltada 
para o senso crítico, isso na prática não acontecia, sendo desenvolvida uma 
educação de preparação ao ensino superior. 
A conjunção de tais fatores carreia à análise de que Getúlio Vargas 
embora conhecido como “pai dos pobres”, mantinha a população sobre seu 
idealismo. De acordo com Aranha (2006), ele manipulava a opinião pública, 
usando da censura e promessas de “prisões, tortura e exílio” para aqueles que 
não seguissem suas ordens. 
Entre 1946 a 1963, a história da educação brasileira conta com o 
período conhecido também como República Populista, caracterizado pela voz 
do povo, ou seja, os governantes passam a ser eleitos pelo voto do povo, onde, 
notoriamente, como menciona Aranha (2006), passam a ter esperança de um 
Brasil melhor. Com o fim do Estado Novo e a queda de Getúlio Vargas do 
poder, adota-se, nas palavras de Nascimento et al (2012), uma Constituição de 
cunho “liberal e democrático” (1946). 
É de grande relevância mencionar que durante este período foi “criada 
uma comissão por Clemente Mariano com o objetivo de elaborar um 
anteprojeto de reforma geral na Educação Nacional – A Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB)”. Esse projeto visava o ideal de uma 
educação para todos, no entanto, esse projeto não foi executado, sendo 
engavetado por motivos de discordância, sendo aprovado somente em 1961, 
data que marca a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(NASCIMENTO et al, 2012): 
 
Depois de 15 anos de promulgação da Constituição de 1946, a mais 
democrática de quantas tivemos, nasceu a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, que ganhou o número 4.024/61. Dez anos 
depois, o Congresso Nacional sentiu necessidade de propor 
alterações no ensino de 1° e 2° graus, vindo a Lei n° 5.692/71, que 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
ganhou o nome de Reforma Passarinho, por ter sido o então ministro 
da Educação autor da mensagem governamental que deu origem à 
Lei (NISKIER, 1996, p.21; grifo meu). 
 
Nesse propósito, com as Reformas de 1968 e 1971 (Reforma 
Universitária, que buscava uma melhor qualificação, pois o Brasil se 
encontrava em um crescimento industrial avançado mão de obra, vagas nas 
universidades e instituição de ensino que não atendiam a demanda), houve 
modificações no texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
onde estas Reformas tendiam “atrelar a educação brasileira ao modelo de 
educação norte‐americano e foram precedidas por um acordo entre o Ministério 
da Educação e Cultura (MEC) e a United States Agency for internacional 
Development (USAID”15) ( NASCIMENTO et al, 2012, p.10). 
Esse Acordo entre o Brasil- Ministério da Educação e a United States 
Agency for internacional Development (USAID) foi assinado ainda no ano de 
1964 na data de 26 de junho. Dentre os acordos firmados, “Alguns voltavam-se 
para o aperfeiçoamento primário; outros, para o ensino médio e outros, ainda, 
para o ensino superior” (PINA, 2011, p.81). A este propósito, continua Pina: 
 
Entre os objetivos a serem alcançados por meio das medidas acima 
citadas estava o aumento da taxa de escolarização, a eliminação 
do analfabetismo e a distribuição de bolsas de estudo a alunos 
pobres. Dentro deste contexto, a educação passou a ter um papel 
decisivo na formação da mão de obra profissional e técnica (PINA, 
2011, p. 78, grifo meu). 
 
Nesse sentido, ainda de acordo com as palavras de Pina (2011), o 
acordo listado como Acordo MEC-USAID, tinha como escopo modernizar a 
administração universitária. 
Seguindo esse viés, é notoriamente sabido que, até este momento, o 
Brasil contou com duas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
sendo elas a primeira em 1961 com a Lei n° 4.024 de 20 de dezembro de 1961, 
a segunda com a Lei n° 5.692 de 11 de agosto de 1971 e, consequentemente a 
 
15
 Entende-se, que o objetivo maior desta cooperação/acordo, entre a USAID e o MEC era 
internalizar no indivíduo a esperança maior de ele se escudar nos méritos pessoais, através do 
processo de educação pragmática e profissionalizante, necessária ao processo de 
modernização da produção nacional brasileira, ou seja, estes acordos políticos eram na prática 
resultados da política da Aliança para o Progresso (ARAUJO, [199?], p.2). 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, atual Lei vigente. Essa ultima Lei foi 
aprovada após a Constituição de 1988, sendo elaborada pelo Senador Darcy 
Ribeiro no governo de Fernando Henrique Cardoso, Lei essa que busca o 
pleno desenvolvimento da pessoa humana (NISKIER, 1996, p.22). 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 
estabelece as linhas mestras da educação brasileira, isto é, ela projeta uma 
educação a ser implantada de qualidade e equidade para todos, por meio de 
uma escola democrática e participativa. Neste propósito, a presente lei, define 
educação em seu artigo Art. 2º: 
 
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios 
de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade 
o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho 
(SABATOVISK, 2012, p.21, grifo meu). 
 
Sendo direito de todos uma educação que contemple aos cidadãos o 
pleno desenvolvimento nos aspectos cognitivos e sociais, a Lei de Diretrizes e 
Bases n° 9.394/96 estabelece os padrões mínimos de qualidade, para esta 
educação de qualidade se efetive em todo território nacional brasileiro. Assim, 
ela estabelece, em seu artigo Art. 3º, inciso IX – “garantia de padrão de 
qualidade” sendo esta reforçada no Art. 4º inciso IX - “padrões mínimos de 
qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por 
aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem”. Esses padrões de qualidade, seguindo a lei são 
obrigatoriedade e responsabilidade do Estado oferecer e garantir esta 
efetivação (SABATOVISK, 2012). 
ALDB n° 9.394/96, buscando ainda contemplar o artigo 516 da 
Constituição Federal de 1988, estabelece a carga horária mínima do trabalho 
escolar e a evolução das escolas para a condução a educação integral. 
 
 
16 Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer 
cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe 
ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para 
exigi-lo (SABATOVISK, 2012, p.22). 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
Art.34. A jornada de trabalho escolar no ensino fundamental incluirá 
pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo 
progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 2º 
O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo 
integral, a critério dos sistemas de ensino. 
Art.87. § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a 
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino 
fundamental para o regime de escolas de tempo integral. § 6º A 
assistência financeira da União aos estados, ao Distrito Federal e aos 
municípios, bem como a dos estados aos seus municípios, ficam 
condicionadas ao cumprimento do art. 212 da Constituição Federal e 
dispositivos legais pertinentes pelos governos beneficiados. 
(SABATOVISK, 2012, p.41 e 57; grifo meu). 
 
Essa proposta de matriz curricular diferenciada deve oferecer 
atividades que possibilitem o crescimento intelectual e social dos alunos. 
Parar cumprir o determinado nos artigos 37 e 87 da Lei n° 9.394/96, o 
Governo Federal cria, em 2007, o Programa Mais Educação, com o intuito de 
levar as escolas com baixo IDEB- Índice de Desenvolvimento da Educação 
Básica mais cultura, lazer e possibilidades de conhecimentos com a ampliação 
de novos tempos e espaços. O Programa Mais Educação é uma tática para as 
escolas em um segundo momento implantar a Escola Tempo de Tempo 
Integral. 
 
CONCLUSÃO 
A educação no Brasil passou e ainda passa por momentos difíceis e 
que contribuem para uma educação desigual para a sociedade. Muitas são as 
leis que afirmam que a educação é um direito e direito igualitário a todos os 
cidadãos. No entanto, a realidade em que a educação se encontra é o reflexo 
de todo seu processo histórico. 
Observa-se que muitos foram os avanços e também retrocessos em 
que a educação por muitas vezes se manteve. Esse trabalho trouxe um breve 
histórico da história da educação. 
A problemática apresentada nesse trabalho foi respondida, pois com o 
problema: Como se estabeleceu o processo histórico da educação brasileira? 
Identificou-se que a educação brasileira passou por muitos momentos, sendo 
cada um deles imprescindível para a educação que se apresenta no contexto 
educacional, sendo, portanto, estabelecido através de cada fase em que a 
 
Juína/MT/Brasil, v.2, n. 2, jul./dez. 2016. 
história apresenta um novo viés, onde buscou-se com essas mudanças 
estabelecer uma educação de qualidade e equidade a todos os cidadãos . 
Essa pesquisa é relevante, porque trouxe a luz sobre a importância em 
se estudar e discutir a história da educação no Brasil, apontando como 
principal objetivo levar o leitor a entender o contexto educacional atual através 
dos vários acontecimentos em que a educação passou até se chegar a uma 
educação leiga e oferecida a todos os cidadãos de forma gratuita. Assim, como 
identificar os principais autores para essa faceta, podendo destacar entre os 
grandes nomes dos idealizadores Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, 
Lourenço filho dentre outros grandes nomes da educação. 
Espera-se que esse trabalho venha a contribuir para outros 
profissionais na área da educação e a todos os estudantes e amantes da 
educação que queiram saber um pouco mais sobre a história da educação e 
todos seus processos de implantação até os dias atuais. 
 
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