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Info 833 do STF

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Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: RE 
870947/SE, RE 848.826/DF, RE 729744/MG, RHC 133121/DF e ARE 958311/SP. 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: MS 31285/DF. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
 Lei estadual que obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular é inconstitucional. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
AUTOTUTELA 
 Anulação de anistia e prazo decadencial. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
CITAÇÃO 
 Citação por hora certa é constitucional. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
Lei estadual que obriga concessionárias a instalarem bloqueadores de celular é inconstitucional 
 
Importante!!! 
Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a 
competência da União para legislar sobre telecomunicações. 
STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco 
Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833). 
 
Leis estaduais determinando a instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios 
É muito comum lermos notícias de crimes que são ordenados por pessoas que estão cumprindo pena em 
presídios. Por meio de telefones celulares, alguns detentos continuam comandando organizações 
criminosas de dentro da unidade prisional. 
Os celulares, apesar de proibidos no interior dos presídios, acabam entrando clandestinamente, seja por 
falta de fiscalização adequada, seja por conta da corrupção de alguns agentes públicos. 
Pensando em resolver este problema, alguns Estados tiveram a seguinte iniciativa: aprovaram leis 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
estaduais obrigando que as companhias de telefonia instalem, nas proximidades dos presídios, 
equipamentos para o bloqueio do sinal de celular. Assim, mesmo que o aparelho entrasse na unidade 
prisional, ele não funcionaria por conta do bloqueador. 
Dentre os Estados que aprovaram leis nesse sentido, podemos citar Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Paraná, Bahia e Santa Catarina. 
 
ADI 
Ocorre que a Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel) não concordou com a medida e ajuizou 
diversas ações diretas de inconstitucionalidade contra as referidas normas. 
A autora argumentou que tais leis estaduais versam sobre o assunto "telecomunicações" e que a 
competência para tratar sobre esse tema é da União (e não dos Estados), conforme previsto nos art. 21, XI 
e 22, IV, da CF/88. 
Os Estados argumentaram que as leis não tratam sobre telecomunicações, mas sim sobre direito 
penitenciário, de forma que a competência seria concorrente (art. 24, I, da CF/88). 
 
O STF concordou com a tese da autora da ADI? Tais leis estaduais são inconstitucionais? 
SIM. 
 
Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a competência da 
União para legislar sobre telecomunicações. 
STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 
ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833). 
 
Lei estadual criou nova obrigação às concessionárias, interferindo no objeto da concessão 
Ao determinar às empresas de telefonia a instalação de equipamentos para interrupção de sinal nas 
unidades prisionais, o legislador local instituiu obrigação diretamente relacionada ao objeto da concessão 
do serviço móvel pessoal. Dessa forma, a lei estadual acabou invadindo na regulação da atividade de 
telecomunicações, o que é de competência da União, já que a ela cabe disciplinar a transmissão de sinais 
no campo eletromagnético de maneira adequada, conforme o art. 21, XI e o art. 175, IV, da CF: 
Art. 21. Compete à União: 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de 
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão 
regulador e outros aspectos institucionais; 
 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
 
Interesse nacional 
Normas estaduais que interfiram diretamente na prestação da atividade desempenhada pelas 
concessionárias de serviços de telecomunicação são formalmente inconstitucionais considerando que, por 
envolverem questões relacionadas ao interesse geral ou nacional, devem ser tratadas de maneira 
uniforme no País inteiro. 
A disciplina dos serviços públicos que funcionam em todo o território cabe à União. 
Pela teoria da prevalência do interesse, quando a matéria transcender os interesses locais e regionais, a 
competência para dispor sobre o assunto é da União. 
A instalação de bloqueadores de sinal nas proximidades dos presídios pode afetar diretamente a qualidade 
da prestação do serviço para a população circundante, de forma que este tema deve ser discutido e 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
disciplinado de maneira uniforme em todo o País. 
Essas leis estaduais não estão relacionadas com peculiaridades locais. A utilização de telefones no interior 
de estabelecimentos prisionais como meio para a prática de crimes é uma questão nacional. Nesse campo, 
tratamentos diferentes pelas diversas unidades da federação não se justificam. 
 
Não se trata de lei sobre direito penitenciário 
O STF não concordou com o argumento dos Estados de que tais leis tratariam sobre direito penitenciário. 
Esta lei trata sobre a relação dos estabelecimentos penitenciários com um serviço externo, qual seja, o 
serviço de telecomunicações. 
É inegável que a questão envolve segurança pública, mas também está relacionada com outros aspectos, 
inclusive de natureza econômica. Isso porque os Estados editaram tais leis com o objetivo de transferir os 
custos do bloqueio de sinal para as prestadoras do serviço. 
 
Lei nº 10.792/2003 
Vale ressaltar, por fim, que já existe uma norma federal sobre o assunto, qual seja, a Lei nº 10.792/2003, 
que impõe este ônus aos presídios (e não às companhias de telefonia). Veja o que diz o art. 4º da Lei: 
Art. 4º Os estabelecimentos penitenciários, especialmente os destinados ao regime disciplinar 
diferenciado, disporão, dentre outros equipamentos de segurança, de bloqueadores de telecomunicação 
para telefones celulares, rádio-transmissores e outros meios, definidos no art. 60, § 1º, da Lei nº 9.472, de 
16 de julho de 1997. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
AUTOTUTELA 
Anulação de anistia e prazo decadencial 
 
A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia 
política concedida mesmo que, antes de completar este prazo, a AGU tenha emitido nota 
questionando os critérios adotados na concessão. 
A nota emitida pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo 
do prazo decadencial, não podendo ser classificada como "exercício do direito de anular", para 
os fins do § 2º do art. 54 da Lei nº 9.784/99. 
Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado. 
Além disso, não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova 
interpretação da Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado 
político. 
STF. 1ª Turma. RMS 31841/DF, Rel.Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2016 (Info 833). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Em 2003, João, ex-militar da Aeronáutica, recebeu anistia política, concedida por meio de portaria do 
Ministro da Justiça. 
Em 2006, a Advocacia-Geral da União emitiu nota técnica fazendo alguns questionamentos sobre a forma 
indevida pela qual estavam sendo concedidas anistias políticas, dentre elas a que foi outorgada a João. 
Segundo esta nota, a Comissão de Anistia estava concedendo o benefício com base apenas em um 
documento produzido na época do regime militar de exceção, não sendo isso suficiente, considerando que 
seriam necessárias provas complementares. 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Em 2011, o Ministro da Justiça e o Advogado-Geral da União, motivados pela nota técnica editada em 
2006, determinaram que fossem revistas as portarias de anistia de inúmeros militares. 
Em 2012, foi aberto processo administrativo para examinar a situação de João e, ao final, determinou-se a 
anulação da anistia política que lhe havia sido concedida sob o argumento de que faltaram provas 
complementares de sua condição. 
 
Mandado de segurança 
Inconformado, João impetrou mandado de segurança alegando que a anistia foi concedida em 2003 e o 
processo administrativo só foi iniciado em 2011 (oito anos depois), de forma que teria havido a decadência 
do direito da Administração Pública de anular o ato, conforme previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99: 
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para 
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 
 
A União defendeu que não houve decadência, sob dois argumentos: 
1) a nota emitida pela AGU em 2006 estancou o prazo decadencial antes que ele se completasse, de forma 
que, antes de se passarem cinco anos, a Administração Pública teria agido. A publicação da nota 
representa medida de autoridade administrativa visando à anulação do ato ilegal, nos termos do § 2º do 
art. 54 da Lei nº 9.784/99: 
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que 
importe impugnação à validade do ato. 
 
2) o impetrante agiu de má-fé porque não preenchia os requisitos para a receber a anistia, de modo que não 
se aplica a ele o prazo decadencial de cinco anos, por conta da ressalva contida na parte final do art. 54. 
 
A questão chegou até o STF. O que decidiu a Corte? A Administração Pública agiu corretamente ao 
anular a anistia política concedida ao impetrante? 
NÃO. O STF acolheu o argumento do impetrante de que houve decadência. A anistia foi concedida em 
2003, e sua anulação ocorreu apenas em 2012. 
 
Nota da AGU não teve o condão de impedir a consumação da decadência 
A nota emitida pela AGU não anulou a portaria de concessão da anistia a João, mas apenas fez crítica ao 
critério de julgamento de pedidos administrativos por parte da Comissão de Anistia e recomendou outra 
forma de tratamento da questão e a revisão de casos passados. 
A nota não abriu processo administrativo nem formulou censura ao processo específico do impetrante. 
O objetivo da nota foi o de responder questionamentos jurídicos do Ministro da Justiça. 
Desse modo, a nota emitida pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo 
do prazo decadencial, não podendo ser classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 
2º do art. 54 da Lei nº 9.784/99. 
Na verdade, até 2011 não houve qualquer conduta da Administração capaz de obstar o prazo decadencial, 
que, portanto, se consumou. 
 
Ausência de má-fé 
Durante o processo administrativo, não ficou provada má-fé do interessado. A anulação ocorreu em razão 
de a Administração Pública ter constatado, posteriormente, que os critérios adotados pela Comissão de 
Anistia para conceder o benefício em 2003 não foram corretos. Houve erro de avaliação da Administração 
Pública, o que só foi constatado a partir de nova interpretação dada aos critérios alguns anos depois. 
Não se pode, contudo, atribuir ao interessado qualquer conduta que caracterize má-fé. 
 
 
 
 
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Ausência de flagrante inconstitucionalidade 
Vale ressaltar, por fim, que o STF possui alguns precedentes afirmando que o prazo decadencial do art. 54 
da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. 
Nesse sentido: STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741). 
Ocorre que esta não é a hipótese dos autos. Não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão do 
benefício ao impetrante. A Administração promovera intensos debates, de 2003 a 2011, sobre a natureza 
das anistias concedidas em razão do regime militar. Concluíra, posteriormente, que seria insuficiente para 
o reconhecimento da condição de anistiado a simples referência a ato normativo editado no contexto de 
regime de exceção, exigindo-se provas complementares. 
Assim, não se trata de inconstitucionalidade da concessão de anistia, mas de nova interpretação de atos e 
fatos aptos ao reconhecimento do efetivo enquadramento como anistiado político. Houve erro da 
Administração, em decorrência de nova interpretação conferida. 
 
Resumindo: 
A Administração Pública não pode, depois de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia política 
concedida mesmo que, antes de completar este prazo, a AGU tenha emitido nota questionando os 
critérios adotados na concessão. 
A nota emitida pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo do prazo 
decadencial, não podendo ser classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 2º do 
art. 54 da Lei nº 9.784/99. 
Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado. 
Além disso, não houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova 
interpretação da Administração Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado político. 
STF. 1ª Turma. RMS 31841/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/8/2016 (Info 833). 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
CITAÇÃO 
Citação por hora certa é constitucional 
 
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. 
STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado 
em 1º/8/2016 (Info 833). 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE CITAÇÃO 
O que é a citação, no processo penal? 
Citação é o ato por meio do qual o Poder Judiciário... 
• comunica ao indivíduo que foi recebida uma denúncia ou queixa-crime ajuizada contra ele; e 
• convoca o acusado para ingressar no processo e se defender. 
 
O que acontece se não houver a citação válida do réu? 
O processo será nulo desde o seu início, nos termos do art. 564, III, “e”, do CPP, havendo, neste caso, 
violação ao art. 5º, LV, da CF/88 e ao artigo 8º, 2, “b”, da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
Vale ressaltar, no entanto, que a falta ou a nulidade da citação estará sanada, “desde que o interessado 
compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz 
ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá 
prejudicar direito da parte” (art. 570 do CPP). 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
 
Relação angular 
Antes da citação, temos apenas a figura do acusador e do juiz. Depois deste ato forma-se uma relação 
angular na qual existirão três personagens: o acusador, o juiz e o acusado. 
Assim, após ser realizada a citação do acusado, o processo completa a sua formação (art. 363 do CPP). 
 
Espécies de citaçãoExistem duas espécies de citação: 
1) Citação real (pessoal) 
2) Citação ficta (presumida) 
 
Citação REAL (PESSOAL) 
É aquela na qual o acusado é citado pessoalmente, ou seja, ele mesmo recebe a comunicação. 
A citação pessoal pode ser dividida em subespécies: 
a) Citação por mandado (art. 351); 
b) Citação por carta precatória (art. 353); 
c) Citação do militar (art. 358); 
d) Citação do funcionário público (art. 359); 
e) Citação do acusado que estiver preso (art. 360); 
f) Citação do acusado no estrangeiro (art. 368); 
g) Citação em legações estrangeiras (art. 369). 
 
Citação FICTA (PRESUMIDA) 
Ocorre quando o acusado não é encontrado para ser comunicado pessoalmente da instauração do 
processo. Apesar disso, se forem cumpridos determinados requisitos legais, a lei presume que ele soube 
da existência do processo e, por isso, autoriza que a marcha processual siga em frente. 
Existem duas subespécies de citação ficta: 
a) Citação por edital (art. 361); 
b) Citação por hora certa (art. 362). 
 
Formas de citação que não são admitidas no processo penal 
• Citação por via postal (correios); 
• Citação eletrônica; 
• Citação por e-mail; 
• Citação por telefone. 
 
CITAÇÃO POR HORA CERTA 
Nomenclatura 
O CPP fala em “citação com hora certa”. Apesar disso, alguns doutrinadores e julgados denominam esta 
espécie como sendo “citação por hora certa”. 
 
O que é a citação por hora certa e quando ela ocorre? 
A citação por hora certa ocorre quando o oficial de justiça vai tentar citar o réu, mas nunca o localiza no 
endereço onde ele normalmente deveria estar. Diante disso, o meirinho percebe que réu está, na verdade, 
praticando manobras para não ser encontrado, buscando, com isso, evitar o início dos atos processuais. 
Se o oficial de justiça constatar realmente essa situação, a lei autoriza que ele marque determinado dia e 
horário para voltar no endereço do réu e, nesta data designada, tentar novamente citar o indivíduo. Caso 
ele não esteja mais uma vez presente, a citação considera-se realizada e presume-se que o réu tomou 
conhecimento da ação penal que irá seguir o seu curso normal. 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
Previsão 
Veja como o CPP previu a citação por hora certa: 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e 
procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719/2008). 
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado 
defensor dativo. (Incluído pela Lei nº 11.719/2008). 
 
Obs: os arts. 227 a 229 do CPC/1973, mencionados acima pelo art. 362 do CPP, correspondem, 
atualmente, aos arts. 252 a 254 do CPC/2015. É o que determina o art. 1.046, § 4º do novo CPC: 
Art. 1.046 (...) § 4º As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras 
leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código. 
 
Citação por hora certa foi introduzida pela Lei nº 11.719/2008 
A citação por hora certa já existia há muito tempo no processo civil e foi introduzida no processo penal 
apenas em 2008, por força da Lei nº 11.719/2008, que modificou a redação do art. 362 do CPP. 
Antes da Lei nº 11.719/2008, quando o réu estava se ocultando, a providência determinada pela legislação 
era a citação por edital. O “problema” da citação por edital é que se o acusado não comparecer nem 
constituir advogado, o processo e o prazo prescricional ficam suspensos (art. 366). Já na citação por hora 
certa, o processo segue normalmente. Assim, para o Estado-acusação, a citação por hora certa é mais 
efetiva à persecução penal. 
 
Réu que se oculta para não ser citado 
Antes da Lei nº 11.719/2008 Depois da Lei nº 11.719/2008 
Era citado por edital. É agora citado por hora certa. 
O processo e o prazo prescricional ficavam 
suspensos. 
O processo e o prazo prescricional continuam correndo 
normalmente. 
 
Explicando com detalhes a citação por hora certa 
• O juiz determina a citação do indivíduo. 
• O oficial de justiça comparece uma primeira vez no domicílio ou residência do citando, mas não o 
encontra no local. 
• O oficial de justiça, em um outro dia, vai novamente até o endereço, no entanto, mais uma vez não 
encontra o réu. 
• Além de não ter encontrado o citando em dois dias diferentes, o oficial de justiça percebe, por 
circunstâncias do caso concreto, que há suspeita de que o réu esteja se ocultando. 
• Chamo atenção mais uma vez para este fato. Existem dois requisitos para que ocorra a citação por 
hora certa: 
a) o oficial de justiça deve ter procurado o réu duas vezes no seu endereço, sem conseguir localizá-lo 
(requisito objetivo); 
b) deve haver suspeita, com base nas circunstâncias do caso concreto, de que o réu está se ocultando 
para não ser citado (requisito subjetivo). 
 
• Diante disso, ele chama alguém da família do réu que mora na casa e intima esta pessoa, dizendo mais 
ou menos o seguinte: eu sou oficial de justiça e amanhã (ou no próximo dia útil), às tantas horas, eu 
voltarei aqui para citar o “Fulano”. Avise que ele deverá estar aqui para receber a citação e que, 
mesmo se ele não estiver, a citação será realizada e o processo continuará contra ele normalmente. 
• Caso não tenha nenhum parente do réu morando na casa, o oficial de justiça poderá dar esse aviso 
para um vizinho, requerendo que seja transmitido o recado ao réu quando ele chegar. 
• Se o réu morar em um condomínio edilício ou loteamento com controle de acesso (guarita, portaria etc.), o 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
oficial de justiça, em vez de intimar um parente ou vizinho do réu, poderá intimar o porteiro responsável 
pelo recebimento de correspondências, requerendo que ele transmita a informação ao morador. 
• No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá 
ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. 
• Se o citando estiver presente, o oficial de justiça fará normalmente sua citação (neste caso, será 
citação real/pessoal). 
• Por outro lado, se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões 
da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, 
seção ou subseção judiciárias. 
• A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido 
intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber 
o mandado. 
• O oficial de justiça fará uma certidão de ocorrência de tudo o que se passou acima e deixará uma 
contrafé (cópia) com qualquer pessoa da família ou vizinho. 
• Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, no prazo de 10 dias, 
contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, 
dando-lhe ciência. 
 
O que acontece se o acusado, citado por hora certa, não integrar o processo? 
Se o acusado, mesmo citado por hora certa, não constituir advogado nem apresentar resposta à acusação, 
o juiz deverá encaminhar os autos à Defensoria Pública ou, não havendo órgão na localidade, nomear 
defensor dativo (art. 362, parágrafo único, do CPP) para que faça a defesa do réu. 
Vale ressaltar que o processo segue seu curso normal, sendo produzidas todas as provas necessárias e, ao 
final, o acusado será julgado (absolvido ou condenado). 
 
Repare que a citação por hora certa é uma espécie de citação ficta (presumida), no entanto, com um 
agravante para a situação do réu. Isso porque, ao contrário do que ocorre na citaçãopor edital, na 
citação por hora certa o processo segue seu curso normal e o réu pode ser condenado. Diante disso, 
muitos doutrinadores sustentam que a citação por hora certa seria inconstitucional por violar a ampla 
defesa. O que decidiu o STF? A citação por hora certa viola a Constituição Federal? 
NÃO. 
 
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. 
STF. Plenário. RE 635145, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 01/08/2016 (repercussão geral). 
 
Segundo o Min. Relator Marco Aurélio, deixar de reconhecer a constitucionalidade da norma do CPP, que 
tem como objetivo exatamente assegurar a continuidade do processo nas situações em que o réu 
deliberadamente se esconde para evitar a citação, representaria um prêmio à sua atuação ilícita. 
 
Mas não haveria violação à ampla defesa? 
NÃO. Essa modalidade de citação não compromete o direito de ampla defesa. 
A ampla defesa é a combinação entre: 
• defesa técnica e 
• autodefesa. 
 
A defesa técnica é indeclinável, ou seja, o réu possui o direito inalienável de ser assistido por um 
profissional e, caso o acusado não constitua um advogado, o Estado tem o dever de encaminhar os autos à 
Defensoria Pública ou nomear um defensor dativo para fazer a sua defesa técnica, sob pena de nulidade 
total do processo. Vale ressaltar, no entanto, que essa garantia é prevista expressamente no 
procedimento da citação por hora certa, conforme vimos acima, nos termos do parágrafo único do art. 
362 do CPP. Assim, a defesa técnica é assegurada mesmo havendo citação por hora certa. 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
 
A autodefesa é a garantia de o acusado estar presente ao julgamento. Esta modalidade, contudo, é 
facultativa, ou seja, o réu pode escolher ou não exercê-la. Caso o acusado opte por não comparecer, 
estará também exercendo um direito, qual seja, o de não se autoincriminar ou produzir provas contra si. 
Esta escolha, entretanto, não pode interromper o curso normal do processo. 
 
Dessa forma, na citação por hora certa, é garantida a defesa técnica do réu e a autodefesa não é por ele 
exercida por conta de uma opção sua, já que existem concretos indícios de que ele tomou conhecimento 
da existência do processo, mas optou por não comparecer. 
 
Requisitos formais 
A citação por hora certa é cercada de cuidados, entre os quais a certidão pormenorizada elaborada pelo 
oficial de justiça e o aval pelo juiz. 
Caso não existam elementos concretos de ocultação, o juiz pode determinar a suspensão do processo, 
preservando a autodefesa. Entretanto, nos casos em que constatada a intenção de interromper o 
processo, o magistrado dispõe de instrumentos para dar prosseguimento à ação penal. 
 
A citação por hora certa, como vimos, é prevista no art. 362 do CPP. Esta modalidade de citação pode ser 
utilizada também nos juizados criminais especiais, rito sumaríssimo, regido pela Lei nº 9.099/95? 
Há polêmica sobre o tema: 
1ª corrente: NÃO. Se o oficial de justiça informar que o réu está se ocultando para não ser citado, deverá o 
juiz declarar a incompetência do Juizado Especial e remeter os autos a uma vara criminal comum, a fim de 
que seja adotado o rito sumário (art. 538 do CPP), com base no art. 66 da Lei nº 9.099/95. É adotada por 
Norberto Avena. Veja o que diz a Lei dos Juizados: 
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. 
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao 
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 
 
2ª corrente: SIM. É a posição que prevalece no âmbito dos Juizados Especiais, havendo um enunciado do 
FONAJE nesse sentido: 
Enunciado 110 - No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa (XXV Encontro – São 
Luís/MA). 
 
O STF chegou a iniciar esta discussão no RE 635145 acima explicado, no entanto, em virtude de o recurso 
extraordinário tratar apenas da constitucionalidade da citação por hora certa, não foi possível avançar na 
análise do tema, já que não era objeto do recurso. 
 
 
 
JULGADO NÃO COMENTADO 
 
Ato do CNJ e extensão de gratificação de servidor público - 2 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou mandado de segurança impetrado 
em face de ato do CNJ, que determinara a alteração da Resolução 10/2010 do Tribunal de Justiça do Estado 
da Bahia, para que o referido ato normativo contemplasse, no rol de beneficiários da Gratificação por 
Condições Especiais de Trabalho (CET), determinada categoria de servidores — v. Informativo 805. 
A Turma afirmou que a Lei estadual 11.919/2010, que criara a gratificação, não teria afastado o direito dos 
demais servidores efetivos — à luz do seu art. 1º, “caput” — à percepção daquele benefício. Essa 
interpretação seria corroborada pelo fato de que o próprio tribunal de justiça, ao regulamentar a lei, 
estendera a outros servidores efetivos o direito à citada gratificação. 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Fundamentada a possibilidade de extensão da gratificação criada por lei, não haveria como, em sede de 
mandado de segurança — cuja dilação probatória seria limitada —, infirmar essa conclusão. Assim, 
havendo, em tese, direito à percepção da gratificação, não haveria ilegalidade na decisão do CNJ, que 
reconhecera a omissão e determinara que o tribunal de justiça regulamentasse as condições pelas quais 
outros servidores a recebessem. 
Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que deferia o mandado de segurança por entender que a 
decisão impugnada, ao igualar a remuneração de categorias distintas de agentes públicos, revelaria 
desrespeito às balizas constitucionais relativas à atuação administrativa do CNJ. 
MS 31285/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 2.8.2016. (MS-31285) 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
C L I P P I N G D O D JE 
1º a 5 de agosto de 2016 
 
HC N. 127.900/AM 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
Habeas corpus. Penal e processual penal militar. Posse de substância entorpecente em local sujeito à administração militar (CPM, art. 290). Crime 
praticado por militares em situação de atividade em lugar sujeito à administração militar. Competência da Justiça Castrense configurada (CF, art. 124 c/c 
CPM, art. 9º, I, b). Pacientes que não integram mais as fileiras das Forças Armadas. Irrelevância para fins de fixação da competência. Interrogatório. 
Realização ao final da instrução (art. 400, CPP). Obrigatoriedade. Aplicação às ações penais em trâmite na Justiça Militar dessa alteração introduzida pela 
Lei nº 11.719/08, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. Precedentes. Adequação do sistema acusatório democrático aos preceitos 
constitucionais da Carta de República de 1988. Máxima efetividade dos princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, inciso LV). Incidência da 
norma inscrita no art. 400 do Código de Processo Penal comum aos processos penais militares cuja instrução não se tenha encerrado, o que não é o caso. 
Ordem denegada. Fixada orientação quanto a incidência da norma inscrita no art. 400 do Código de Processo Penal comum a partir da publicação da ata 
do presente julgamento, aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial, 
incidindo somente naquelas ações penais cuja instrução não se tenha encerrado. 
1. Os pacientes, quando soldados da ativa, foram surpreendidos na posse de substância entorpecente (CPM, art. 290) no interior do 1º Batalhão de 
Infantaria da Selva em Manaus/AM. Cuida-se, portanto, de crime praticado por militares em situação de atividade em lugar sujeito à administração 
militar, o que atrai a competência da Justiça Castrense paraprocessá-los e julgá-los (CF, art. 124 c/c CPM, art. 9º, I, b). 
2. O fato de os pacientes não mais integrarem as fileiras das Forças Armadas em nada repercute na esfera de competência da Justiça especializada, já 
que, no tempo do crime, eles eram soldados da ativa. 
3. Nulidade do interrogatório dos pacientes como primeiro ato da instrução processual (CPPM, art. 302). 
4. A Lei nº 11.719/08 adequou o sistema acusatório democrático, integrando-o de forma mais harmoniosa aos preceitos constitucionais da Carta de 
República de 1988, assegurando-se maior efetividade a seus princípios, notadamente, os do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, inciso LV). 
5. Por ser mais benéfica (lex mitior) e harmoniosa com a Constituição Federal, há de preponderar, no processo penal militar (Decreto-Lei nº 
1.002/69), a regra do art. 400 do Código de Processo Penal. 
6. De modo a não comprometer o princípio da segurança jurídica (CF, art. 5º, XXXVI) nos feitos já sentenciados, essa orientação deve ser aplicada 
somente aos processos penais militares cuja instrução não se tenha encerrado, o que não é o caso dos autos, já que há sentença condenatória proferida 
em desfavor dos pacientes desde 29/7/14. 
7. Ordem denegada, com a fixação da seguinte orientação: a norma inscrita no art. 400 do Código de Processo Penal comum aplica-se, a partir da 
publicação da ata do presente julgamento, aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e a todos os procedimentos penais regidos por 
legislação especial incidindo somente naquelas ações penais cuja instrução não se tenha encerrado. 
*noticiado no Informativo 816 
 
Rcl N. 18.564/SP 
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI 
Constitucional e Administrativo. Súmula Vinculante nº 13. Ausência de configuração objetiva de nepotismo. Reclamação julgada improcedente. 
Liminar anteriormente deferida cassada. 
1. Com a edição da Súmula Vinculante nº 13, embora não se tenha pretendido esgotar todas as possibilidades de configuração de nepotismo na 
Administração Pública, foram erigidos critérios objetivos de conformação, a saber: i) ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a 
relação de parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou função comissionada; ii) relação de 
parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante; iii) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, 
chefia ou assessoramento a quem estiver subordinada e iv) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce ascendência 
hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante. 
2. Em sede reclamatória, com fundamento na SV nº 13, é imprescindível a perquirição de projeção funcional ou hierárquica do agente político ou do 
servidor público de referência no processo de seleção para fins de configuração objetiva de nepotismo na contratação de pessoa com relação de 
parentesco com ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento no mesmo órgão, salvo ajuste mediante designações recíprocas. 
3. Reclamação julgada improcedente. Cassada a liminar anteriormente deferida. 
*noticiado no Informativo 815 
 
 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
RE N. 655.265-DF 
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. EDSON FACHIN 
EMENTA: INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA. ART. 93, I, CRFB. EC 45/2004. TRIÊNIO DE ATIVIDADE JURÍDICA 
PRIVATIVA DE BACHAREL EM DIREITO. REQUISITO DE EXPERIMENTAÇÃO PROFISSIONAL. MOMENTO DA COMPROVAÇÃO. 
INSCRIÇÃO DEFINITIVA. CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA. ADI 3.460. REAFIRMAÇÃO DO PRECEDENTE PELA SUPREMA 
CORTE. PAPEL DA CORTE DE VÉRTICE. UNIDADE E ESTABILIDADE DO DIREITO. VINCULAÇÃO AOS SEUS PRECEDENTES. STARE 
DECISIS. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA ISONOMIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DE SUPERAÇÃO TOTAL 
(OVERRULING) DO PRECEDENTE. 
1. A exigência de comprovação, no momento da inscrição definitiva (e não na posse), do triênio de atividade jurídica privativa de bacharel em Direito 
como condição de ingresso nas carreiras da magistratura e do ministério público (arts. 93, I e 129, §3º, CRFB - na redação da Emenda Constitucional 
n. 45/2004) foi declarada constitucional pelo STF na ADI 3.460. 2. Mantidas as premissas fáticas e normativas que nortearam aquele julgamento, 
reafirmam-se as conclusões (ratio decidendi) da Corte na referida ação declaratória. 3. O papel de Corte de Vértice do Supremo Tribunal Federal 
impõe-lhe dar unidade ao direito e estabilidade aos seus precedentes. 4. Conclusão corroborada pelo Novo Código de Processo Civil, especialmente 
em seu artigo 926, que ratifica a adoção – por nosso sistema – da regra do stare decisis, que “densifica a segurança jurídica e promove a liberdade e a 
igualdade em uma ordem jurídica que se serve de uma perspectiva lógico-argumentativa da interpretação”. (MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da 
persuasão à vinculação. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016). 5. A vinculação vertical e horizontal decorrente do stare decisis relaciona-se 
umbilicalmente à segurança jurídica, que “impõe imediatamente a imprescindibilidade de o direito ser cognoscível, estável, confiável e efetivo, 
mediante a formação e o respeito aos precedentes como meio geral para obtenção da tutela dos direitos”. (MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e 
cortes supremas: do controle à interpretação, da jurisprudência ao precedente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013). 6. Igualmente, a regra do 
stare decisis ou da vinculação aos precedentes judiciais “é uma decorrência do próprio princípio da igualdade: onde existirem as mesmas razões, 
devem ser proferidas as mesmas decisões, salvo se houver uma justificativa para a mudança de orientação, a ser devidamente objeto de mais severa 
fundamentação. Daí se dizer que os precedentes possuem uma força presumida ou subsidiária.” (ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre 
permanência, mudança e realização no Direito Tributário. São Paulo: Malheiro, 2011). 7. Nessa perspectiva, a superação total de precedente da 
Suprema Corte depende de demonstração de circunstâncias (fáticas e jurídicas) que indiquem que a continuidade de sua aplicação implicam ou 
implicarão inconstitucionalidade. 8. A inocorrência desses fatores conduz, inexoravelmente, à manutenção do precedente já firmado. 9. Tese 
reafirmada: “é constitucional a regra que exige a comprovação do triênio de atividade jurídica privativa de bacharel em Direito no momento da 
inscrição definitiva”. 10. Recurso extraordinário desprovido. 
*noticiado no Informativo 821 
 
RE N. 723.651-PR 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IMPORTAÇÃO DE BENS PARA USO PRÓPRIO – CONSUMIDOR FINAL. Incide, 
na importação de bens para uso próprio, o Imposto sobre Produtos Industrializados, sendo neutro o fato de tratar-se de consumidor final. 
*noticiado no Informativo 813 
 
RE N. 598.572-SP 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA. FOLHA DE SALÁRIO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E ASSEMELHADAS. DIFERENCIAÇÃO DE ALÍQUOTAS. 
CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL DE 2,5%. ART. 22, §1º, DA LEI 8.212/91. CONSTITUCIONALIDADE. 
1. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a lei complementar para instituição de contribuição social é exigida para aqueles tributos não 
descritos no altiplano constitucional, conforme disposto no § 4º do artigo 195 da Constituição da República. A contribuição incidente sobre a folha de 
salários esteve expressamente prevista no texto constitucional no art. 195, I, desde a redação original. O artigo 22, § 1º, da Lei 8.212/91 não prevê 
nova contribuição ou fonte de custeio, mas mera diferenciação de alíquotas, sendo, portanto, formalmente constitucional. 
2. Quanto à constitucionalidadematerial, a redação do art. 22, § 1º, da Lei 8.212 antecipa a densificação constitucional do princípio da igualdade que, 
no Direito Tributário, é consubstanciado nos subprincípios da capacidade contributiva, aplicável a todos os tributos, e da equidade no custeio da 
seguridade social. Esses princípios destinam-se preponderantemente ao legislador, pois nos termos do art. 5º, caput, da CRFB, apenas a lei pode criar 
distinções entre os cidadãos. Assim, a escolha legislativa em onerar as instituições financeiras e entidades equiparáveis com a alíquota diferenciada, 
para fins de custeio da seguridade social, revela-se compatível com a Constituição. 
3. Fixação da tese jurídica ao Tema 204 da sistemática da repercussão geral: “É constitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em 
relação às contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis, 
após a edição da EC 20/98.” 
4. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
*noticiado no Informativo 819 
 
AG. REG. NO ARE N. 948.578-RS 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA FÁTICA E LEGAL. O recurso extraordinário não é meio próprio ao revolvimento da prova, também 
não servindo à interpretação de normas estritamente legais. 
RECURSO – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a fixação de honorários recursais, preconizados no artigo 85, § 11 do Código de Processo 
Civil de 2015, quando tratar-se de extraordinário formalizado no curso de processo cujo rito os exclua. 
*noticiado no Informativo 831 
 
HC N. 125.016-SP 
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: Estatuto da Criança e do Adolescente. Habeas Corpus Incidência da Súmula 691/STF. Ato infracional análogo ao tráfico de drogas. Medida 
de Internação. Ordem concedida de ofício. 
1. Não compete ao Supremo Tribunal Federal examinar questão de direito não apreciada definitivamente pelo Superior Tribunal de Justiça 
(Súmula 691/STF). 
2. A conduta praticada pelo paciente não envolveu violência ou grave ameaça à pessoa. Ademais, não se comprovou o cometimento de outras 
infrações graves ou mesmo o descumprimento de medida anteriormente imposta. Interpretação do art. 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, exclusivamente com relação ao paciente, para que seja fixada medida socioeducativa 
diversa da internação. 
*noticiado no Informativo 818 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Acórdãos Publicados: 346 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Presunção de Inocência – Direito Fundamental – Execução Provisória da Condenação – Inconstitucionalidade (Transcrições) 
 
 
HC 135.100-MC/MG 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. CONDENAÇÃO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO (CP, ART. 121, § 2º, INCISOS I E IV). 
CRIME HEDIONDO. TRÂNSITO EM JULGADO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU. 
“REFORMATIO IN PEJUS”. VEDAÇÃO (CPP, ART. 617, “in fine”). DECRETAÇÃO, “ex officio”, DE PRISÃO. EXECUÇÃO 
PROVISÓRIA DA PENA (“CARCER AD POENAM”). INADMISSIBILIDADE. AFIRMAÇÃO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, 
DE QUE A CONDENAÇÃO CRIMINAL EM PRIMEIRA INSTÂNCIA, NÃO OBSTANTE AINDA RECORRÍVEL, AFASTA A 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E FAZ PREVALECER A PRESUNÇÃO DE CULPABILIDADE DO RÉU (VOTO DO 
DESEMBARGADOR REVISOR). INVERSÃO INACEITÁVEL QUE OFENDE E SUBVERTE A FÓRMULA DA LIBERDADE, QUE 
CONSAGRA, COMO DIREITO FUNDAMENTAL DE QUALQUER PESSOA, A PRESUNÇÃO CONSTITUCIONAL DE INOCÊNCIA. 
PRERROGATIVA ESSENCIAL QUE SOMENTE SE DESCARACTERIZA COM O TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO 
CRIMINAL (CF, ART. 5º, INCISO LVII). CONSEQUENTE ILEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA 
DA PENA. ENTENDIMENTO QUE IGUALMENTE DESRESPEITA A PRÓPRIA LEI DE EXECUÇÃO PENAL, QUE IMPÕE, PARA 
EFEITO DE APLICAÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE E/OU RESTRITIVAS DE DIREITOS, O PRÉVIO TRÂNSITO EM 
JULGADO DO TÍTULO JUDICIAL CONDENATÓRIO (LEP, ARTS. 105 E 147). INAPLICABILIDADE, AO CASO, DO 
JULGAMENTO PLENÁRIO DO HC 126.292/SP: DECISÃO MAJORITÁRIA (7 VOTOS A 4) PROFERIDA EM PROCESSO DE PERFIL 
MERAMENTE SUBJETIVO, DESVESTIDA DE EFICÁCIA VINCULANTE (CF, ART. 102, § 2º, E ART. 103-A, “CAPUT”). 
PRECEDENTE QUE ATUA COMO REFERÊNCIA PARADIGMÁTICA, E NÃO COMO PAUTA VINCULANTE DE JULGAMENTOS. 
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 
 
DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar, impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de 
Justiça, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado: 
 
“PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’ IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. HOMICÍDIO. 
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. 
AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. ‘HABEAS CORPUS’ NÃO CONHECIDO. 
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe ‘habeas corpus’ 
substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a 
existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 
2. Conforme recente decisão do Plenário da Suprema Corte, no julgamento do HC n. 126.292/SP, ‘a execução provisória de 
acórdão penal condenatório proferido em julgamento de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não 
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência’. Logo, esgotadas as instâncias ordinárias, fica autorizado o 
recolhimento do réu para o início do cumprimento da pena, imposta ou confirmada pelo Tribunal de segundo grau, mesmo que 
pendente o trânsito em julgado da condenação. 
3. ‘Habeas corpus’ não conhecido. Fica sem efeito a liminar anteriormente deferida.” 
(HC 348.598/MG, Rel. Min. RIBEIRO DANTAS – grifei) 
 
Busca-se, nesta sede processual, “a concessão da presente Ordem de ‘Habeas Corpus’ em caráter LIMINAR, no intuito de que seja 
imediatamente recolhido o mandado de prisão expedido em desfavor do paciente (…)”. 
 
Sendo esse o contexto, passo a apreciar a postulação cautelar em causa. E, ao fazê-lo, verifico que o exame dos fundamentos em que se 
apoia esta impetração parece evidenciar, ao menos em juízo de estrita delibação, a plausibilidade jurídica da pretensão ora deduzida pelos autores 
do presente “writ”. 
 
Com efeito, o exame dos autos revela que se teria registrado, na espécie, possível ofensa, por parte do E. Tribunal de Justiça do Estado de 
Minas Gerais, à cláusula legal que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”), eis que, em recurso exclusivo do réu, ora paciente, 
ordenou-se medida claramente lesiva à situação jurídica do sentenciado, que sofreu grave constrição imposta ao seu “status libertatis”. 
 
Mais do que isso, o acórdão emanado do colendo Tribunal de Justiça local parece haver transgredido postulado essencial à configuração do 
processo penal democrático, ao inverter a fórmula da liberdade, que se expressa na presunção constitucional de inocência (CF, art. 5º, inciso 
LVII), degradando-a à inaceitável condição de “presunção de culpabilidade”, como resulta de fragmento do voto proferido pelo eminente 
Desembargador Eduardo Machado, Revisor da apelação criminal interposta, exclusivamente, pelo ora paciente (Apelação Criminal nº 
1.0024.09.707833-1/004, na parte em que deixou assentada orientação que prevaleceu no julgamento de mencionado recurso: 
 
“Assim, a meu ver, o acusado, inicialmente é, de fato, presumidamente inocente. Entretanto, finalizada a instruçãocriminal e 
sobrevindo a sentença condenatória, esta presunção deve ser invertida. Ou seja, o acusado passa de presumidamente inocente para 
presumidamente culpado, incumbindo-lhe o ônus de provar o contrário. 
Desta forma, não há que se falar em ofensa ao princípio de presunção de inocência (…).” (grifei) 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Com essa inversão, o acórdão local entendeu suficiente à nulificação da presunção constitucional de inocência a mera prolação, já em 
primeira instância (como o evidencia o trecho do voto que venho de reproduzir), de sentença penal condenatória recorrível, em frontal colisão com 
a cláusula inscrita no inciso LVII do art. 5º de nossa Lei Fundamental, que erigiu o trânsito em julgado da condenação criminal em fator de legítima 
descaracterização do postulado do estado de inocência. 
 
Não constitui demasia reafirmar que, em nosso sistema jurídico, ninguém pode ser despojado do direito fundamental de ser considerado 
inocente até que sobrevenha o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 5º, inciso LVII). 
 
E a razão é simples: a presunção de inocência apoia-se nos fundamentos que estruturam o próprio modelo político-jurídico conformador do 
Estado Democrático de Direito, no qual as imputações criminais jamais se presumem provadas, como esta Suprema Corte tem reiteradamente 
advertido em seu magistério jurisprudencial: 
 
“AS ACUSAÇÕES PENAIS NÃO SE PRESUMEM PROVADAS: O ÔNUS DA PROVA INCUMBE, EXCLUSIVAMENTE, A 
QUEM ACUSA. 
– Nenhuma acusação penal se presume provada. Não compete ao réu demonstrar a sua inocência. Cabe, ao contrário, ao Ministério 
Público comprovar, de forma inequívoca, para além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do acusado. Já não mais prevalece, em 
nosso sistema de direito positivo, a regra que, em dado momento histórico do processo político brasileiro (Estado Novo), criou para o réu, 
com a falta de pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto-lei nº 88, 
de 20/12/37, art. 20, n. 5). Precedentes.” 
(HC 84.580/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
 
A consagração constitucional da presunção de inocência como direito fundamental de qualquer pessoa – independentemente da 
gravidade ou da hediondez do delito que lhe haja sido imputado – há de viabilizar, sob a perspectiva da liberdade, uma hermenêutica 
essencialmente emancipatória dos direitos básicos da pessoa humana, cuja prerrogativa de ser sempre considerada inocente, para todos e 
quaisquer efeitos, deve prevalecer até o superveniente trânsito em julgado da condenação criminal. 
 
Na realidade, a presunção constitucional de inocência qualifica-se como importantíssima cláusula de insuperável bloqueio à imposição 
prematura de quaisquer medidas que afetem ou que restrinjam a esfera jurídica das pessoas em geral. 
 
É por isso que ninguém, absolutamente ninguém, pode ser tratado como se culpado fosse antes que sobrevenha contra ele condenação penal 
transitada em julgado, tal como tem enfatizado a jurisprudência desta Suprema Corte: 
 
“O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE 
CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. 
– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por 
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que culminem por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias 
fundamentais proclamados pela Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. 
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória 
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a culpabilidade. 
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que 
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. 
O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, 
uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao 
réu, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário. Precedentes.” 
(HC 96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
 
Mesmo que não se considere o argumento constitucional fundado na presunção de inocência, o que se alega por mera concessão dialética, 
ainda assim se mostra inconciliável com o nosso ordenamento positivo a preconizada execução antecipada da condenação criminal, não obstante 
sujeita esta a impugnação na via recursal excepcional (RE e/ou REsp), pelo fato de a Lei de Execução Penal impor, como inafastável pressuposto de 
legitimação da execução de sentença condenatória, o seu necessário trânsito em julgado. 
 
Daí a regra inscrita no art. 105 de referido diploma legislativo, que condiciona a execução da pena privativa de liberdade à existência de 
trânsito em julgado do título judicial condenatório: 
 
“Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz 
ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.” (grifei) 
 
Idêntica exigência é também formulada pelo art. 147 da LEP no que concerne à execução de penas restritivas de direitos: 
 
“Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento 
do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou 
solicitá-la a particulares.” (grifei) 
 
Vê-se, portanto, qualquer que seja o fundamento jurídico invocado (de caráter legal ou de índole constitucional), que nenhuma execução de 
condenação criminal em nosso País, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode ser implementada sem a existência do indispensável título 
judicial definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
 
Nem se invoque, finalmente, o julgamento plenário do HC 126.292/SP – em que se entendeu possível, contra o meu voto e os de outros 03 
(três) eminentes Juízes deste E. Tribunal, “a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a 
recurso especial ou extraordinário” –, pois tal decisão, é necessário enfatizar, pelo fato de haver sido proferida em processo de perfil 
eminentemente subjetivo, não se reveste de eficácia vinculante, considerado o que prescrevem o art. 102, § 2º, e o art. 103-A, “caput”, da 
Constituição da República, a significar, portanto, que aquele aresto, embora respeitabilíssimo, não se impõe à compulsória observância dos juízes 
e Tribunais em geral. 
 
Concluindo: tenho por inquestionável a plausibilidade jurídica da pretensão cautelar ora em exame. 
 
Evidente, de outro lado, o perigo da demora, eis que se revela iminente a possibilidade de cumprimento do mandado de prisão cuja 
expedição foi ordenada pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. 
 
 
Informativo 833-STF (15/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final julgamento desta ação de “habeas 
corpus”, suspender, cautelarmente, a execução do mandado de prisão expedido contra o ora paciente na Apelação Criminal nº 1.0024.09.707833-
1/004, do E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, restandoimpossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Leonardo 
Coutinho Rodrigues Cipriano em decorrência da condenação criminal que lhe foi imposta no Processo-crime nº 7078331-50.2009.8.13.0024 (1º 
Tribunal do Júri da comarca de Belo Horizonte/MG), sem prejuízo da manutenção das medidas cautelares diversas da prisão estabelecidas pelo 
magistrado de primeira instância. 
 
Caso o ora paciente já tenha sido preso em razão do decreto condenatório proferido nos autos do Processo-crime nº 7078331-
50.2009.8.13.0024 (1º Tribunal do Júri da comarca de Belo Horizonte/MG), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade, se por al não estiver 
preso. 
 
Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia da presente decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 348.598/MG, ao E. 
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Apelação Criminal nº 1.0024.09.707833-1/004) e ao Senhor Juiz-Presidente do 1º Tribunal do Júri 
da comarca de Belo Horizonte/MG (Processo-crime nº 7078331-50.2009.8.13.0024. 
 
Publique-se. 
Brasília, 01 de julho de 2016. 
 
 
Ministro CELSO DE MELLO 
Relator 
 
* decisão publicada no DJe de 1º.8.2016 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 
1º a 5 de agosto de 2016 
 
Lei nº 13.329, de 1º.8.2016 - Altera a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais 
para o saneamento básico, para criar o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento do Saneamento Básico - 
REISB, com o objetivo de estimular a pessoa jurídica prestadora de serviços públicos de saneamento básico a aumentar 
seu volume de investimentos, por meio da concessão de créditos relativos à contribuição para o Programa de Integração 
Social - PIS e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP e à Contribuição para 
Financiamento da Seguridade Social - COFINS. Publicada no DOU, Seção 1, Edição nº 147, p. 1, em 2.8.2016. 
 
Lei nº 13.330, de 2.8.2016 - Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para 
tipificar, de forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de semovente domesticável de produção, ainda que 
abatido ou dividido em partes. Publicada no DOU, Seção 1, Edição nº 148, p. 2, em 3.8.2016. 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
1º a 5 de agosto de 2016 
 
Decreto nº 8.833, de 4.8.2016 - Promulga a Convenção de Auxílio Judiciário em Matéria Penal entre os Estados 
Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, firmada pela República Federativa do Brasil, em Cidade da 
Praia, em 23 de novembro de 2005. Publicado no DOU, Seção 1, Edição nº 150, p. 2, em 5.8.2016 
 
 
 
Secretaria de Documentação – SDO 
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD 
CJCD@stf.jus.br

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