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Contabilidade Gerencial 1 10 q capítulo 1 1. Contabilidade Gerencial O presente capítulo se propõe a apresentar como os gestores das empresas po- dem utilizar as informações da Contabilidade Gerencial para planejar e coorde- nar estratégias, tomar decisões, avaliar projetos entre outros, pois, esses são os responsáveis por decisões na empresa e precisam estar munidos de instrumen- tos para o embasamento necessário. Dessa forma, estas informações, podem estar disponíveis na contabilidade societária e, devem ser organizadas e disponibilizadas de forma clara e tempes- tiva, na linguagem dos gestores. Dessa forma o capítulo busca contextualizar a Contabilidade Gerencial de forma a apresentar os aspectos introdutórios e o seu histórico, as diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira e, como se dá o processo de tomada de decisões baseado na Contabilidade Gerencial. OBJETIVOS Ao final deste capítulo, você será capaz de: q� Contextualizar a Contabilidade Gerencial; q� Apresentar a Contabilidade Gerencial e a diferença entre esta e a Contabilidade Financeira; q� Descrever as principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Contabilida- de Gerencial; q� Apresentar a relação da Contabilidade Gerencial e o processo de tomada de decisões. 1.1 A Contabilidade Gerencial Inicialmente é necessário elucidar o que é a Contabilidade Gerencial. Contabilidade Gerencial é “o processo de identificar, mensurar, acumular, ana- lisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais”. (HORNGREN, SUNDEM, STRATTON, 2004 apud FREZATTI et al, 2009). Assim, para atingir os objetivos organizacionais, os gestores colocam em prática o processo decisório, que envolve as atividades de planejar, dirigir e controlar, para que, a partir dessas atividades, possam buscar alcançar os tais objetivos da organização. capítulo 1�q 11 De acordo com (HORGREN; FOSTER; DATAR, 2000 apud FREZATTI et al, 2009) a Contabilidade Gerencial busca medir e reportar as informações finan- ceiras e não financeiras que ajudam os gestores a tomar decisões, para atingir os objetivos da organização. Consequentemente, a Contabilidade Gerencial, fornece as informações ge- renciais para tomada de decisão a fim de que eles possam planejar, dirigir e controlar a organização. © S H U TT E R S TO C K /R A W P IX E L. C O M Figura 1.1 – Tomada de Decisão. Esses objetivos organizacionais que os gestores devem atingir estão relacio- nados aos resultados que a organização pretende alcançar em um determinado período. Está relacionado aos objetivos e metas de desempenho, como lucrati- vidade e crescimento. © P IX A B AY .C O M Figura 1.2 – Objetivos Organizacionais. 12 q capítulo 1 A seguir serão apresentadas as definições de Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial. 1.2 Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial Para Crepaldi (2014) A Contabilidade Financeira é o processo de elaboração de demonstrativos financeiros para propósitos externos: pessoal externo à organi- zação, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Processo que tem influência de autoridades que estabelecem padrões regulamentadores e fiscais conforme exigências de auditoria de contadores independentes. Segundo Atkinson et al (2011): A Contabilidade Financeira é o processo de geração de demonstrativos financeiros para públicos externos, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Esse processo é fortemente limitado por autoridades governamentais que defi- nem padrões, regulamentações e impostos, além de exigir o parecer de auditores independentes. Em sentido amplo, a Contabilidade trata da coleta, apresentação e in- terpretação dos fatos econômicos. Assim, usam-se os termos Contabilidade Gerencial para descrever essa atividade dentro da organização e Contabilidade Financeira quando a organização presta informações a terceiros. De acordo com Crepaldi (2014, 1- 2): A contabilidade é uma das ciências mais antigas do mundo. Existem diversos regis- tros de que as civilizações antigas já possuíam um esboço de técnicas contáveis. Em termos de registro histórico, é importante destacar a obra Summa de arithmética, geometria, proportioni et proportionalita, do Frei Luca Pacioli, publicado em Veneza em 1494. Nos séculos seguintes ao livro de Pacioli, a contabilidade expandiu sua utilização para instituições como a Igreja e o Estado foi um importante instrumento no desenvolvimento do capitalismo. No entanto, as técnicas e as informações ficavam restritas ao dono do empreendimento, pois os livros eram considerados sigilosos. Isto possibilitou consideravelmente o desenvolvimento da ciência, uma vez que não existia troca de ideias entre os profissionais. capítulo 1�q 13 Pois bem, foi o desenvolvimento forte do mercado acionário e o fortaleci- mento da sociedade anônima como forma de sociedade comercial, a contabi- lidade passou a ser acatada, também, como um importantíssimo instrumento para a sociedade. O usuário das informações contábeis já não é mais somente o proprietário; outros usuários também têm interesse em saber sobre uma em- presa: sindicatos, governo, fisco, investidores, credores etc. Assim, o crescimento no mercado, fez com que as organizações se preocu- passem em atualizar-se constantemente, inovar o modelo de gestão para seus negócios. Isso torna-se essencial para as empresas que buscam maior compe- titividade, continuidade e controle de suas atividades, com o objetivo de obter informações econômicas, fornecidas pela Contabilidade Gerencial, para apoio no processo de tomada de decisão. A Contabilidade Gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que auxiliem em suas funções geren- ciais. É voltada para a melhor utilização de recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. CREPALDI (2014, p.06). Segundo Atkinson et al. (2011) a Contabilidade Gerencial é uma ferramenta para administração da organização, oferecendo relatórios que contém dados úteis que permite aos seus usuários a tomada de decisões mais acertadas e em tempo hábil. Desta forma a Contabilidade Gerencial auxilia os gestores em seu processo decisório e controle financeiro. Já Padoveze (2010) afirma que Contabilidade Gerencial tem como função -objetivo a criação de valor para acionistas, empresários, contribuindo para a geração do lucro empresarial, que é finalidade da empresa para seu proprie- tário. No ambiente em que as microempresas estão inseridas requer que seus proprietários e gestores tomem decisões que lhes permitam garantir a sobrevi- vência, continuidade e crescimento, contribuindo para a permanência no mer- cado. E, para isso se faz necessário que essas organizações utilizem técnicas que facilite sua gestão e oriente seus gestores. As empresas geralmente não se preocupam em desenvolver e utilizar mode- los de gestão com base nas informações contábeis e gerenciais para a obtenção dos objetivos almejados (SCHIER, 2008). 14 q capítulo 1 © P IX A B AY .C O M Figura 1.3 – Informações Contábeis. De acordo com Frezzati, Aguiar e Gerreiro (2007): As principais referências conceituais em termos de definição dos objetivos da Conta- bilidade Financeira provêm dos órgãos reguladores, em especial, International Accou- nting Standard Board (IASB), em nível mundial, Financial Accounting Standard Board (FASB), no ambiente norte-americano, e Comissão de Valores Mobiliários(CVM), quando se trata do Brasil. A tabela 1.1 apresenta os objetivos da Contabilidade Financeira segundo cada um desses três órgãos. Percebe-se que, de maneira geral, o objetivo da Contabilidade Financeira se confunde com o objetivo das demonstrações contábeis que, para fins de publicação externa, precisam atender aos princípios e normas de Contabilidade Financeira. © P IX A B AY.C O M Figura 1.4 – Contabilidade Financeira. capítulo 1�q 15 FONTES CONCEITO/OBJETIVO SOBRE CONTABILIDADE FINANCEIRA IASB (1989) O objetivo das demonstrações contábeis é dar informações sobre a posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa que sejam úteis a um grande número de usuários em suas tomadas de decisão. FASB (1980) A divulgação financeira deve fornecer informações que sejam úteis para investidores e credores atuais e em potencial, bem como para outros usuários que visem à tomada racional de decisões de investimento, crédi- to e outras semelhantes CVM (1986) Permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Para a consecução desse objetivo, é preciso que as empresas dêem ênfase à evidenciação de todas as informações que permitam não só a avaliação da sua situação patrimo- nial e das mutações desse patrimônio, mas, além disso, que possibilitem a realização de inferências sobre o seu futuro. Tabela 1.1 – Objetivos da Contabilidade Financeira. Fonte: Frezzati, Aguiar e Gerreiro (2007) Ainda, de acordo com os autores Frezzati, Aguiar e Gerreiro (2007): No que se refere à Contabilidade Gerencial, algumas referências conceituais podem ser consideradas no estudo do tema e foram sintetizadas no Quadro 2. Os principais pontos em comum em termos de conceitos/objetivos da Contabilidade Gerencial são: ß� Composição do processo As etapas de composição do processo que envolvem a Contabilidade Gerencial são assemelhadas, algumas mais abrangentes e detalhadas, mas in- cluindo identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpre- tação e comunicação das informações. ß� Informações para usuários De um modo genérico e abrangente, a Contabilidade Gerencial produz in- formações que se destinam aos usuários internos. Especificamente, as infor- mações são direcionadas aos gestores responsáveis pelo processo decisório. ß� Apoio ao processo decisório A descrição das etapas do processo (planejar, avaliar, controlar) convive com termos mais genéricos (dar apoio às necessidades dos gestores ou infor- mações úteis, ou que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais). 16 q capítulo 1 ß� Conexão com os objetivos da entidade De maneira explícita, pode ser descrita como:[...] auxiliam os gestores a atingir objetivos organizacionais. (HORNGREN et al., 2004, p.4). Segue abaixo a tabela 1.2 que apresenta a Comparação de conceituações disponíveis sobre Contabilidade Gerencial: FONTES CONCEITO/OBJETIVO SOBRE CONTABILIDADE GERENCIAL ANDERSON, NEE- DLES E CADWELL (1989) Processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, inter- pretação e comunicação da informação financeira usada pelos gestores para pla- nejamento, avaliação e controle. A informação financeira possibilita aos gestores, de um lado, o uso apropriado de recursos, de outro lado, a prestação de contas (accountability) decorrente desse uso. LOUDERBACK ET AL. (2000) Prover informações para dar apoio às necessidades dos gestores internos da organização. ANTHONY E WELSCH (1981) Fornecer informações úteis para os gestores, que são pessoas que estão dentro da organização. HANSEN E MO- WEN (1997) Identificar, coletar, mensurar, classificar, e reportar informações que são úteis para os gestores no planejamento, controle e processo decisório. HORNGREN, FOSTER E DATAR (2000) Medir e reportar as informações financeiras e não-financeiras que ajudam os gestores a tomar decisões, para atingir os objetivos da organização HORNGREN, SUN- DEM E STRATTON (2004) Processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comu- nicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais. Tabela 1.2 – Comparação de conceituações disponíveis sobre Contabilidade Gerencial. Fonte: Frezzati, Aguiar e Gerreiro (2007). Corroborando com Atckinson et al (2011) Vale ressaltar que as informações dos sistemas de Contabilidade Gerencial devem ajudar os funcionários a pren- der a fazer o seguinte: 1. Melhorar a qualidade das operações; 2. Reduzir o custo das operações; 3. Aumentar a adequação das operações às necessidades dos clientes. E, é claro que os estudantes de Contabilidade Gerencial focam as decisões e as necessidades dos participantes da organização. A partir de agora serão apresentadas as principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial. capítulo 1�q 17 1.3 Principais diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial A princípio coloca-se o seguinte questionamento: Por que será que a conta- bilidade, que poderia oferecer informações satisfatoriamente a todos os usuá- rios, é dividida e apresenta diferenças conforme o usuário? Pois bem, estudar a evolução histórica da contabilidade é a melhor forma para compreender o motivo dessas diferenças. Para os autores Cardoso; Mario e Aquino (2007): A contabilidade tem regis- tro de sua existência desde as civilizações mais remotas, sendo os mais signifi- cativos, devido à comprovação, os dos Babilônios e dos Egípcios. Para tanto, até o século XIII, a contabilidade tinha como papel principal o de contar quanto era o patrimônio de uma determinada pessoa ou família. O registro do patrimô- nio de determinada pessoa ou família também está relacionado ao surgimento da contabilidade. Em virtude das mudanças sociais, econômicas e políticas que ocorreram na Europa medieval, principalmente as causadas pela guerra contra os muçulma- nos, deu-se a necessidade de não somente avaliar quanto é o patrimônio, mas também de descrever como ele é formado, devido à existência de um comércio mais intenso, tanto dentro da Europa, como desta para com outras regiões geo- gráficas, como a Ásia, principalmente. É interessante notar que, com isso, eles desenvolviam práticas de planejamento, mensuração e controle, ainda que de maneira muito rudimentar. Após em virtude das caravanas que já existiam desenvolveu-se também o comércio marítimo. E, assim a necessidade da quantificação do patrimônio, que era feita por meio de medidas iniciais e finais. No século XV, a contabilidade das partidas dobradas foi organizada e divul- gada pelo monge Luca Pacioli. Até a Revolução Industrial, a contabilidade apu- rava o custo das vendas mediante o levantamento físico dos estoques. Forças como comércio intensificado, a existência de moeda como meio de troca, utilização da escrita e da matemática, a propriedade particular e outras mais ajudaram no desenvolvimento da Contabilidade e no aperfeiçoamento de sua técnica, especialmente o Método das Partidas Dobradas, descrito pelo Frei Luca Pacioli. 18 q capítulo 1 No século XVIII, com a Revolução Industrial e o nascimento do capitalismo, surge a necessidade de compreender os custos dos recursos empregados, pois eles são, agora, fatores de produção: matéria-prima, mão de obra e outros insu- mos, e não mais mercadorias. Tornou-se mais complexa a função do contador, que, para levantamento do balanço e apuração do resultado, não dispunha tão facilmente dos dados para poder atribuir valor aos estoques: o seu valor de “compras”na empresa comer- cial era substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados. Os autores Johnson e Kaplan optaram por delimitar o início do século XIX, mais precisamente em 1812, como marco inicial da Contabilidade Gerencial: “A Contabilidade Gerencial surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, quan- do as organizações comerciais, em vez de dependerem dos mercados externos para trocas econômicas diretas, passaram a conduzir trocas econômicas inter- nas”. (JOHNSON e KAPLAN, 1996, p. 17-19). Segundo Cardoso; Mario e Aquino (2007), as indústrias norte-americanas, tais como as têxteis, as de siderurgia, as de transporte (ferrovias) e as de distri- buição varejista, apesar de suas peculiaridades, atuavam de maneira a conhe- cer os custos em relação aos seus processos produtivos e de comercialização. Assim, essas indústrias demandavam informação e controle. A Contabilidade Gerencial pôde continuar se desenvolvendo no século XIX com o aumento da demanda, do tamanho e da complexidade das organizações. Afinal, uma consequência dessa nova realidade foi a necessidade de descentra- lização e da avaliação por unidade de negócios ou por mercados, que facilitasse os proprietários ou principais gestores a acompanharem o desempenho de to- dos os mercados em que atuavam, mas que estavam fisicamente distantes. Daí o foco no usuário interno. Conforme Atkinson et al. (2011), no início do século XX uma série de ino- vações começaram a ocorrer na Contabilidade Gerencial para dar suporte ao crescimento de empresas multidivisionais diversificadas. As siderúrgicas já efetuavam mensuração de custo dos insumos por unidade e avaliação de inves- timentos e decisões sobre preços. A Marshall Field’s e Sears se destacaram pelo desenvolvimento de conceitos de margem bruta e retorno sobre os estoques para mensurar e avaliar desempenho. Duas empresas se destacaram pelo de- senvolvimento de sistemas de custo e orçamento para planejar, avaliar e con- trolar os negócios: a DuPont e a General Motors. capítulo 1�q 19 Pode-se afirmar que de fato no século XX, os sistemas contábeis das empre- sas eram preparados para atender às necessidades de tomada de decisão. A tabela 1.3 a seguir mostra as características básicas e o contraste entre a Contabilidade Financeira e gerencial (ATKINSON et al., 2011, p. 37 e 38). CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL AUDIÊNCIA Externa: acionistas, credores, autorida- des tributárias Interna: funcionários, gerentes, executivos. PROPÓSITO Relatar o desempenho passado ao público externo; contratos com proprie- tários e credores. Informar as decisões internas tomadas por funcionários e ge- rentes; dar feedback e controlar o desempenho operacional. POSIÇÃO NO TEMPO Histórica; atrasada Atual, orientada para o futuro. RESTRIÇÕES Regulamentada; orientada por princípios contábeis geralmente aceitos e por autoridades governamentais. Desregulamentada; sistemas e informações determinados pela administração para atender às necessidades estratégicas e operacionais. TIPO DE INFORMAÇÃO Apenas mensurações financeiras. Mensurações financeiras, opera- cionais e físicas sobre processos, tecnologias, fornecedores, clientes e concorrentes. NATUREZA DA INFORMAÇÃO Objetiva, auditável, confiável, consisten- te, precisa. Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor; válida, relevante, precisa. ESCOPO Altamente agregada; relatórios sobre a organização total. Desagregada: informa decisões e ações locais. Tabela 1.3 – Características básicas das Contabilidades Financeira e Gerencial. Fonte: Atkinson et al. (2011), Corroborando com Atickson et al (2011) Vale ressaltar, que no século XXI a contabilidade passou a ser bastante exigida para o público externo em razão da crescente regulamentação e dos vários padrões de relatórios externos (FASB e SEC nos Estados Unidos) e, a demanda desse público externo levou muitas organizações a enfatizar mais o desenvolvimento de informação para os rela- tórios financeiros externos do que para a tomada de decisão gerencial interna e o controle. 20 q capítulo 1 CONCEITO A Securities and Exchange Commission (Comissão de Valores Mobiliários), frequentemente abreviada SEC, é uma agência federal dos Estados Unidos que detém a responsabilidade primária pela aplicação das leis de títulos federais e a regulação do setor de valores mobiliá- rios, as ações da nação e opções de câmbio, e outros mercados de valores eletrônicos nos Estados Unidos. CONCEITO O Financial Accounting Standards Board (FASB) é uma organização estadunidense sem fins lucrativos criado em 1973 para padronizar os procedimentos da Contabilidade Financei- ra de empresas cotadas em bolsa e não governamentais. Órgão autorizado e reconhecido pela SEC (Securities and Exchange Commission). Essas normas são oficialmente reconhe- cidas. O FASB tem objetivo de trazer padronização, maior eficiência na economia e nas deci- sões tomadas pelas empresas trazendo maior clareza nas informações divulgadas. De acordo com Crepaldi (2012) O contador gerencial é definido pelo IFAC (Internacional Federation of Accounting) – como um profissional que: “...identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas fun- ções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos”. CONEXÃO Mais aspectos sobre os conceitos e as diferenças entre a Contabilidade Financeira e Geren- cial podem ser obtidos pela deliberação número 29 de 1986 – Estrutura conceitual básica da contabilidade da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, no site: <www.cvm.gov.br>. capítulo 1�q 21 © P IX A B AY .C O M Figura 1.5 – Contador gerencial. CONEXÃO Você poderá conhecer um pouco mais sobre os aspectos dos sistemas de controle ge- rencial em organizações no artigo AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE CONTROLE GEREN- CIAL EM I: NSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR COM O PERFORMANCE MANAGE- MENT AND CONTROL. Disponível no site: < http://www.revistas.usp.br/jistem/article/ viewFile/80182/84082>. Esse contador gerencial deve esforçar-se para assegurar que a administra- ção tome as melhores decisões estratégicas. Teve-se, ainda, como resultado, que os sistemas de Contabilidade Gerencial na maioria das organizações provaram ser inadequados para mudar e desafiar as condições competitivas, tecnológicas e de mercado. Veremos a seguir o processo de tomada de decisão pela Contabilidade Gerencial. 1.4 Contabilidade Gerencial e o processo de tomada de decisões Como já mencionado no tópico anterior antes da Revolução Industrial as em- presas viviam basicamente do comércio; a apuração do valor monetário dos estoques era baseado em levantamentos físicos e valorizado pelo montante pago pelos itens. Com o aparecimento das indústrias, outros valores passaram 22 q capítulo 1 a agregar o estoque devido ao processo de transformação que os bens sofriam. Com isso, surge a necessidade de avaliar os estoques de matéria-prima, de produtos acabados, de produtos em processo, a necessidade de decidir o que produzir, quanto produzir, além de determinar o total de recursos consumidos pelo item produzido. Conforme Hendriksen & Van Breda (1999) “À medida que aumen tava a ne- cessidade de informação gerencial sobre os custos de produção e os custos a se- rem atribuídos à avaliação de estoques, o mesmo acontecia com a necessidade de sistemas de contabilidade de custos”. Grande parte das informações gerenciais para tomada de decisão forneci- das pela ContabilidadeGerencial está relacionada a custos, que são utilizados, por exemplo, para: ß� Decisões sobre mix de produtos e mix de clientes, ß� Lucro que desejo obter versus o preço que o mercado está dis posto a pagar. Atkinson et al (2011) relatam a necessidade que gerentes de empresas in- dustriais e de serviços possuem em obter informações precisas e relevantes sobre seus custos realizados. Quanto maior a competitividade do mercado em que a empresa atua, maior a necessidade. Segundo os autores, essas informa- ções sobre custos são importantes para, por exemplo: ß� Ajudar os engenheiros a projetarem produtos que possam ser fabricados com maior eficiência; ß� Apontar demandas de melhorias de qualidade, eficiência e rapi dez na produção; ß� Orientar decisões relacionadas a mix de produto; ß� Escolher entre fornecedores alternativos; ß� Negociações sobre preços, especificações de produto, qualida de, entrega e serviços. Dessa forma, pode-se dizer que o grande desafio que se enfrenta até hoje na Contabilidade Gerencial é o de conseguir a agregação de valor para as empresas às partes que com ela se relacionam (stakeholders). capítulo 1�q 23 Umas das técnicas utilizadas para auxiliar no avanço competitivo é o uso do sistema de informações, oferecen- do as empresas relatórios gerenciais com informações que auxilie, no pro- cesso de gestão criando vantagens competitivas no mercado concorrente. © P IX A B AY.C O M Figura 1.6 – Contabilidade Gerencial. Crepaldi (2012, 15) afirma que o ponto fundamental da Contabilidade Gerencial é o uso da informação contábil como ferramenta para administra- ção. É o processo de produzir informação operacional financeira para funcio- nários e administradores. Corroborando com Crepaldi (2012) o sistema de informação contábil geren- cial só poderá ser executado de forma eficiente, através de um sistema integra- do de informações contábeis que abrangem tanto os recursos humanos quanto o tecnológico. © P IX A B AY .C O M Figura 1.7 – Sistema de informação contábil gerencial. 24 q capítulo 1 ATIVIDADES 01. Explique as principais características da Contabilidade Gerencial enfatizando o que a diferencia da Contabilidade Financeira. 02. Quando se estuda a contabilidade, do ponto de vista dos seus usuários. Ela pode ser dividida em Contabilidades: a) financeira e legal; b) gerencial e pública; c) financeira e gerencial; d) gerencial e proprietária. 03. Quais as semelhanças entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira? a) São feitas para os usuários internos e externos. b) Pretende usar a Contabilidade como fonte básica no processo decisório. c) Seguem uma legislação que determina as regras e padrões. d) Relatam apenas fatos passados. e) Usam o custeio por absorção em suas operações. 04. Explique as principais características da Contabilidade Gerencial enfatizando o que a diferencia da Contabilidade Financeira. 05. Fale sobre o desenvolvimento da Contabilidade Gerencial no século XVIII e sua evolução no século XIX. 06. Cite ao menos três tipos de decisões tomadas internamente pelos gestores das empre- sas auxiliados por informações proporcionadas pela análise de custos. REFLEXÃO Nesta unidade você aprendeu o que é Contabilidade Gerencial e porque ela é diferente da Contabilidade Financeira ou societária. Estudou que a Contabilidade Gerencial tem como objetivo oferecer a seus diversos usuários informações e avaliações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, relacionadas a uma entidade objeto de estudo, e o faz a partir de demonstrações e análises. capítulo 1�q 25 Destacam-se as informações de natureza econômica e financeira, sendo que se enten- dem por informações de natureza econômica as relativas aos eventos, tais como receitas e despesas, bem como capital e patrimônio. Por outro lado, a dimensão financeira refere-se, por exemplo, a fluxos de caixa, capital de giro etc. Trata-se de um sistema de informações que permite oferecer aos gestores da empresa diversos tipos de indicadores para mensurar a eficá cia da empresa. Porém, os diversos in- dicadores de eficácia, tais como posição de mercado, inovação, produtividade, rentabilidade, recursos físicos e financeiros etc., são pressupostos para o atendimento da eficácia, e não exatamente a eficácia. LEITURA Sugere-se a leitura do artigo citado a seguir que mostra na prática as diferenças entre as duas contabilidades bem como os elementos que as distanciam: Diferenciações entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países RESUMO Este trabalho objetiva identificar os principais elementos que diferenciam a Contabilidade Financeira da Contabilidade Gerencial em vários países do mundo. A evolução mostra que, em algum momento, na verdade, em alguma situação esses dois ramos da Contabilidade poderiam ser assemelhados e, até mesmo, iguais. Contudo, as diferentes demandas e per- cepções de seus usuários, em vários países, fazem com que elas se distanciem. Para enten- der essas diferenças foi feita uma pesquisa em 24 países a fim de identificar os elementos que podem apresentar diferenciações entre os dois ramos da Contabilidade. Os elementos incluídos neste estudo foram definidos a partir da combinação de abordagem de vários au- tores. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de um questionário com estrutura de perguntas baseada em escala Likert, respondido por especialistas. Percebeu-se que os principais elementos que diferenciam as duas Contabilidades são: aplicação de prin- cípios, foco de análise, grau de confiabilidade, agentes que influenciam ou podem influenciar, freqüência de emissão de relatórios e exigência legal de pessoal habilitado em amplitudes variadas. As diferenças reforçam a necessidade de um sistema de informação contábil que possa atender, igualmente, aos seus dois principais grupos de usuários: externos e internos. 26 q capítulo 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREZATTI, Fábio; AGUIAR, Andson Braga de; GUERREIRO, Reinaldo. Diferenciações entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países. Revista Contabilidade & Finanças, [S.l.], v. 18, n. 44, p. 9-22 , aug. 2007. ISSN 1808- 057X. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34230>. Acesso em: 14 mar. 2016. ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG S. Mark. Contabilidade Gerencial. 3ª Edição. São Paulo: Ed. Atlas S/A, 2011.CARDOSO, R. L., et al. Contabilidade Gerencial: Mensuração, Monitoramento e Incentivos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Contabilidade Financeira. Disponível em: <https://encrypted-tbn1.gstatic.com/ images?q=tbn:ANd9GcTl2hZ_kyQ8CoF7nksV9nXbJffZlCjFr_qWkvRzVoB80GFR0hWTKg>. Acesso em: mar. 2016. Contabilidade Gerencial Disponível em: <https://www.google.com.br/
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