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A economia e a corrupção pública PROF. SÔNIA BRAZIL A economia apresenta três visões tradicionais sobre as causas e consequências da corrupção. Elas são complementares e formam um arcabouço teórico útil para a análise da relação entre regras, instituições, payoffs, comportamento corrupto e consequências econômicas da corrupção. VISÕES DE CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS: • teorias sobre a ação de rent seeking [caçadores de renda]; • teoria econômica da propina; • relação entre eficiência, crescimento e desenvolvimento e corrupção. Motivação básica: a busca de lucro econômico positivo a longo prazo, associada à existência de imperfeições institucionais. Obter o máximo de renda possível, respeitando ou não as regras de conduta econômica e social. Transferências dentro da sociedade, via monopólios e diversas formas de privilégios. A TEORIA DOS CAÇADORES DE RENDA A relação entre a teoria do caçador de renda e a corrupção aparece na própria definição da função objetivo dos agentes públicos e privados e na estrutura de incentivos que predomina dentro de uma economia. A TEORIA DOS CAÇADORES DE RENDA Minimizar a regulamentação e buscar um desenho institucional que iniba as oportunidade de caçar renda ilegalmente Impor um sistema de crime e castigo que aumente o risco, na margem, da ação corrupta. Três formas de controlar o fenômeno dos “caçadores de renda” Criar um sistema de incentivos e uma cultura organizacional dentro da máquina pública que valore negativamente a corrupção (ética do mérito e da correção). DEFINIÇÃO: meio financeiro de se transformar relações impessoais em pessoais, geralmente visando à transferência de renda ilegal dentro da sociedade ou a simples apropriação indevida de recursos de terceiros ou a garantia de tratamento diferenciado. A TEORIA ECONÔMICA DA PROPINA Os políticos têm como objetivo principal a eleição, a reeleição e a obtenção de um fluxo de renda. Dada a assimetria da informação, o próprio processo de negociação política (logrolling) gera espaço para o pagamento de serviços de representação de interesse de lobbies. A TEORIA ECONÔMICA DA PROPINA (continuação) Imposição de sistemas de punição. Avaliação do sistema de pay- off (incentivos) que o conjunto de instituições gera na sociedade e que influencia a ação dos políticos, burocratas e clientes em geral. Solução para o problema da propina Distorção no emprego da máquina pública e, além disso, gera um custo adicional na sua obtenção (cooptação e manutenção de uma rede funcionários a um esquema de corrupção, manipulação de informações orçamentárias etc.). O resultado da corrupção, em termos de custos, é a redução do crescimento econômico, na medida em que favorece a alocação de recursos em atividades improdutivas e gera custos de transação desnecessários. Relação entre eficiência, crescimento, desenvolvi- mento e corrupção A corrupção na máquina pública em geral – e na compra de serviços em particular – denuncia que não existe uma administração gerencial pura dentro do Estado, não se podendo comparar a máquina pública com estruturas de mercado. As escolhas públicas não são estritamente técnicas ou gerenciais; elas são sujeitas a critérios políticos, lícitos ou não. A corrupção e o problema da produção de bens públicos e semipúblicos A corrupção altera a produção de bens públicos e semipúblicos, visto que o Estado não é um sistema gerencial puro. O Estado e o mercado político não são perfeitos: políticos e burocratas representam seus interesses dentro do governo e os interesses de agentes privados que se organizam coletivamente para agir sobre a máquina governamental. E quais são os mecanismos que a sociedade pode criar para aumentar o controle sobre a burocracia e sobre os políticos? A corrupção e o problema da produção de bens públicos e semipúblicos (continuação) Atenção especial ao problema principal-agente: uma questão de supervisão e controle de comportamento de agentes que podem agir de forma oculta. Incentivos aos contratos: na relação entre o governo (principal) e o burocrata (agente), um contrato eficiente entre as partes pode ser a existência de leis que limitem ao máximo o poder discricionário do agente. Solução para o problema da corrupção e da produção de bens públicos e semipúblicos. Agenda de pesquisa Governo eletrônico, bolsa de compras e controle da corrupção. Este tópico torna-se cada vez mais importante, já que há tecnologia disponível hoje para a redução de custos de transação dentro do governo e para o aprimoramento das estruturas de governança e accountability. Agenda de pesquisa Democracia eletrônica, participação popular e accountability Aumento da eficácia gerencial dentro do Estado, com a implementação e qualificação de governos eletrônicos. Há relações entre democracia eletrônica e controle da corrupção que precisam ser estudadas, particularmente no que se refere aos processos de execução orçamentária. Agenda de pesquisa Governo eletrônico no Executivo, no Legislativo e no Judiciário Governo eletrônico não é um conceito que se reduz à informatização de processos licitatórios, mas envolve a informatização de processos e procedimentos em geral. Realizar estudos de caso e modelos que permitam mostrar quais foram os impactos da adoção de governos eletrônicos sobre o controle da corrupção. Agenda de pesquisa Corrupção, risco, competitividade e custos de transação Estudos setoriais e macroeconômicos sobre os impactos da corrupção são importantes para estimar os custos diretos e indiretos sobre a atividade econômica em geral e para o investimento em particular. Agenda de pesquisa Por fim, mas não por último, pois a agenda de pesquisa é ampla, recomenda-se que se concentrem esforços no estudo da corrupção sobre o Judiciário. A existência de uma capacidade empreendedora sólida, perseverante, disseminada por todos os setores da economia brasileira e presente em todas as regiões do Brasil tem sido, ao longo dos anos, o grande ativo com que o país tem contado para enfrentar sucessivas crises e crescer, apesar de todos os vaticínios em contrário. Economia e Gestão do Setor Público... Um segmento importante desses empreendedores é constituído por empresas de porte médio, que se contam às milhares. Ironicamente, essas empresas, que são o grande combustível produtivo do país, ao invés de contar com o apoio irrestrito de políticas públicas, quanto a financiamento, infraestrutura, informações e apoio logístico, quase sempre têm de funcionar em condições adversas no que se refere a todos esses aspectos. Economia e Gestão do Setor Público... Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, in BIDERMAN, C e ARVATE, P. Economia do Setor Público no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Campus/Elsevier, 2005 REFERENCIAL TEÓRICO:
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