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RELAÇÃO JURÍDICO TRIBUTÁRIA

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RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA
Segundo o prof. Sabbag, a relação jurídico-tributária pode ser assimilada por meio da representação gráfica abaixo apresentada, pois traz a demonstração simultânea de todos os episódios norteadores do evento tributacional, vejamos:
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HI = Hipótese de Incidência
FG = Fato Gerador
OT = Obrigação Tributária
CT = Crédito Tributário
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Obs* Parte da doutrina não faz a distinção entre HI e FG.
Hipótese de Incidência
Representa a situação abstrata, prevista em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária. Caracteriza-se pela abstração, que se opõe à concretude fática, definindo-se pela escolha, feita pelo legislador, de determinados fatos, em meio ao mundo fenomênico, propensos a ensejar o nascimento da relação jurídico-tributária.
Fato Gerador
Fato Gerador ou “fato imponível” é a materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de realização da hipótese, que se opõe à abstração do paradigma legal que o antecede.
Percebam, que na verdade, há dois momentos distintos em relação ao fato gerador: a descrição abstrata ou hipotética e a realização concreta da situação prevista em lei.
Cabe relembrar que, da perfeita adaptação do fato ao paradigma (arquétipo) legal, tem-se o fenômeno da subsunção. Com efeito, a partir dessa subsunção, nasce o liame jurídico obrigacional, que lastreará a relação tributária.
Além disso, a ocorrência do fato gerador é um momento de significativa importância, uma vez que também define a natureza jurídica do tributo, consoante dicção do art. 4º, I, do CTN, valendo lembrar que o nome ou denominação do tributo são irrelevantes.
Em suma, hipótese de incidência é a situação descrita em lei, recortada pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo fenomênico, a qual, uma vez concretizada no FATO GERADOR, ENSEJA O SURGIMENTO 
DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
 § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
 Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
 Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
O objeto da obrigação tributária se refere à prestação a que deve se submeter o contribuinte ou o responsável. Tal prestação pode ser de cunho pecuniário ou de cunho não pecuniário. Se pecuniária, a obrigação será principal; se não pecuniária, sê-lo-á acessória.
Obrigação principal: prestação representante do ato de pagar (tributo ou multa), sendo, portanto, uma “obrigação de dar”, com cunho de patrimonialidade.
Obrigação Acessória: prestação positiva ou negativa, que denota atos “de fazer” ou “não fazer”, despidos do timbre de patrimonialidade. São também denominados de “deveres instrumentais”. Ex.: emitir notas fiscais, não trafegar com mercadoria desacompanhada de nota fiscal.
Atenção! O descumprimento das obrigações acessórias converte-se em obrigação principal (com a aplicação da multa).
Prosseguindo... para verificar a incidência ou não de tributo em determinada situação devemos atentar para os seguintes aspectos:
Pessoal → Sujeitos Ativo e Passivo.
Temporal → Momento da ocorrência do Fato Gerador.
Espacial → Lugar da ocorrência do Fato Gerador.
Material → Descrição do núcleo da hipótese de incidência.
Quantitativo → Base de Cálculo e Alíquota.
De acordo com o art. 118 do CTN, são irrelevantes, para ocorrência do fato gerador, a natureza do objeto dos atos praticados e os efeitos desses atos. Assim, podem ser tributados os atos nulos e os atos ilícitos, prevalecendo o princípio da interpretação objetiva do fato gerador (Cláusula Non Olet).
Quanto ao aspecto temporal, considera-se ocorrido o fato gerador:
I - em se tratando de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que se produzam os efeitos que são delas decorrentes;
II – em se tratando de situação jurídica, desde o momento em que tal situação jurídica esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável.
Em se tratando de negócios jurídicos condicionais, considera-se ocorrido o fato gerador:
a) sendo condição suspensiva (evento futuro e incerto, de cuja realização se faz depender os efeitos do ato), no momento de seu implemento, vale dizer, no momento em que se realiza a condição. Ex.: doação condicionada a um casamento.
b) sendo condição resolutória (evento futuro e incerto, de cuja realização se faz decorrer o desfazimento do ato), desde que o ato ou negócio jurídico foi celebrado, sendo, neste caso, inteiramente irrelevante a condição. Ex.: casamento desfazendo a doação, a qual foi feita sob condição de o donatário não se casar.
 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
 I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
 II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
 Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
 I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
 II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.
Sujeito Ativo
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.
Cabe lembrar que pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares, por delegação das funções de arrecadar e ou fiscalizar tributos (art. 7º do CTN).
Sujeito Passivo
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. 
Trata-se do devedor da relação jurídica tributária, que pode ser classificado da seguinte forma: o “Direto” (contribuinte) e o “Indireto” (responsável). O primeiro tem relação pessoal e direta com o FG. Já o segundo não, mas é responsável pelo CT em razão determinação legal. Vejam o que diz o art. 128 do CTN abaixo transcrito.
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcialda referida obrigação.
Solidariedade
No Direito Tributário, admite-se tão-somente a solidariedade passiva, pois numa relação jurídico-tributária não há a possibilidade de existir mais de um credor. Em outras palavras, dois entes públicos não podem ser credores de um mesmo tributo.
Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.
Caso Prático:
Imaginem que “A”, “B” e “C” são proprietários de um imóvel na área urbana do município de Niterói/RJ. O imóvel tem valor de R$100.000,00, tendo “A” uma quota de setenta mil reais (70%), “B” uma quota de vinte mil reais (20%) e “C” de dez mil reais (10%).
Suponham que a alíquota do IPTU aplicável seja de 1%. Raciocinando proporcionalmente: “A” deveria arcar com setecentos reais; “B”, duzentos reais; “C”, cem reais.
Acontece que, na solidariedade passiva, cada devedor é integralmente obrigado pela dívida toda, de forma que o Estado pode resolver cobrar todo valor de “C”, mesmo este possuindo a menor quota, não havendo que se falar em benefício de ordem (art. 124, parágrafo único do CTN). Em suma, na solidariedade não existe devedor principal. Todos devem o total da dívida!
No caso em apreço, se “B”, entendendo que sua quota é de duzentos reais, recolhe este valor aos cofres públicos municipais, ainda restará um débito de oitocentos reais, que poderá ser cobrado de qualquer dos devedores solidários, inclusive do próprio “B”. Lembrem-se! O pagamento efetuado por um dos obrigados (B) aproveita aos demais, ou seja, a dívida de todos foi reduzida para oitocentos reais.
Atenção! Situação diferente seria se “B” tivesse direito a uma isenção de natureza pessoal (ex: doença grave incurável). Nesse caso, o contribuinte beneficiado (B) e a parcela que corresponderia a sua quota (duzentos reais) são retirados da relação jurídico-tributária, continuando os demais devedores “A” e “C” solidariamente responsáveis pelo saldo (oitocentos reais).
 
Capacidade Tributária Passiva
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
Domicílio Tributário
Na seara tributária, é o local onde o sujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos de ordem tributária.
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
 § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.
Segundo o artigo transcrito, em suma, temos:
 Regra geral: aplica-se o “domicílio de eleição”.
 Na ausência de eleição: aplica-se o art. 127, I, II, III, do CTN.
Na impossibilidade de aplicação dos artigos citados ou na recusa fundada da Administração do domicílio eleito: aplica-se o art. 127, §1º, do CTN. 
 
HI → FG → OT → CT
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