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FISIOLOGIA RELATORIO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE BIOFÍSICA E FISIOLOGIA
DISCIPLINA: FISIOLOGIA
PROFESSOR: Dr. ACÁCIO SALVADOR VERAS E SILVA
GABRIELLA MAGALHÃES SILVA
AÇÕES REFLEXAS SOMÁTICAS E VISCERAIS NA ESPÉCIE HUMANA
TERESINA
2018
1 INTRODUÇÃO
O sistema nervoso representa uma rede de comunicações e controle que permite que o organismo interaja, de modo apropriado, com o seu ambiente. Esse ambiente inclui tanto o meio externo (o mundo fora do corpo) quanto o interno (os componentes e cavidades do corpo). O sistema nervoso pode ser dividido nas áreas central e periférica, e cada uma delas apresenta subdivisões. O sistema nervoso periférico (SNP) representa interface entre o meio ambiente e o sistema nervoso central (SNC). Ele inclui os neurônios sensitivos (ou aferentes primários), neurônios motores somáticos e neurônios motores autônomos. As funções gerais do sistema nervoso incluem a detecção sensorial, o processamento das informações e a expressão do comportamento. Outros sistemas, como os sistemas endócrino e imunológico, apresentam algumas dessas funções, mas o sistema nervoso é especializado para elas. A detecção sensorial é o processo pelo qual os neurônios transformam a energia ambiental em sinais neuronais. Ela é feita por neurônios especiais, chamados receptores sensoriais. Diversas formas de energia podem ser sentidas, incluindo a mecânica, luminosa, sonora, química, térmica e, em alguns animais, elétrica (BERNE & LEVY, 2009).
As funções do sistema nervoso baseiam-se na atividade coordenada de dezenas de bilhões de neurônios, mediando desde funções primitivas, como reações reflexas a estímulos simples do ambiente, até a complexa percepção do meio externo, mecanismos de atenção e o controle de movimentos delicados e precisos (AIRES, 2008). Se uma resposta normal é obtida, indica que as estruturas do correspondente arco reflexos (receptor, via aferente, centro de integração, neurônio eferente e efetuador) estão intactas. Os atos reflexos podem se mostrar exacerbados (hiperreflexia), discretos (hiporeflexia) ou ausentes (arreflexia), podendo indicar alguma patologia (GUYTON; HALL, 2006).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar alguns atos reflexos somáticos e viscerais decorrentes de estímulos aplicados em partes específicas do corpo humano e foram observados diferentes respostas (arcos reflexos) nas diferentes estimulações.
2 MATERIAS E MÉTODOS
2.1 Materiais
01 Martelo de borracha;
Lenços de papel;
Caneta;
Lanterna;
Cadeira;
Bacia de alumínio;
Água e gelo.
2.2 Métodos
A presente prática foi realizada no laboratório do departamento de Biofísica e Fisiologia da Universidade Federal do Piauí no dia 12 de março de 2018, assim a turma foi dividida em grupos compostos por 5 integrantes, onde todos os integrantes realizaram todos os experimentos. 
	Primeiramente, foram observados os reflexos somáticos, o qual o primeiro a ser executado, foi o reflexo patelar que em condições de normalidades, o executor com o martelo de borracha percuta o ligamento patelar. O voluntário permaneceu sentado de forma que as pernas balancem livremente. Em seguida pesquisou-se o reflexo com a perna em vários graus de flexão a fim de verificar em que ângulo a resposta é mais efetiva. A pessoa agarrou fortemente os punhos em sentidos opostos para que o reflexo fosse avaliado, repetiu-se em todos os outros membros do grupo. 
O segundo reflexo somático a ser observado, foi o reflexo aquileu, que em condições de normalidades, o executor com o martelo de borracha fez ligeira percussão sobre o tendão de Aquiles. A pessoa permaneceu com os joelhos apoiados sobre uma cadeira de forma que o pé relaxe livremente, e assim o reflexo foi avaliado em todos os integrantes.
O terceiro reflexo testado, reflexo plantar, foi testado com o testador esfregando os dedos ao longo da planta do pé, próximo ao lado medial, como que fazendo cócegas e observou-se o reflexo em todos os integrantes.
O quarto reflexo somático testado foi o reflexo tricipital. Batendo com o martelo de borracha sobre o tendão de inserção do tríceps braquial, a mais ou menos 2 cm do cotovelo. A pessoa estava com o braço repousando sobre uma das mãos do examinador de forma que o antebraço balance livremente, e então o executor bateu o martelo de borracha sobre o tendão de inserção do tríceps braquial, bem proximal ao cotovelo, e observou-se o reflexo do participante.
	O quinto reflexo testado foi o reflexo corneal. Com a ponta de um lenço de papel a córnea foi tocada gentilmente e observou-se a resposta. Após houve o toque agora a esclerótica e compararam-se as respostas reflexas.
	Dentre os reflexos viscerais, o primeiro observado foi o reflexo fotomotor, onde o participante olhou para um ponto iluminado (lâmpada), e cobriu os olhos com as mãos durante cerca de 10 segundos, sem deixar penetrar luz entre os dedos nem comprimir os globos oculares, pois o aluno permaneceu com os olhos aberto e observando em direção do mesmo ponto iluminado do início. Após isso o aluno retirou uma das mãos e rapidamente o observador verificou o que aconteceu com o diâmetro da pupila. Repetiu-se o mesmo procedimento observando o outro olho. Após verificou-se o reflexo fotomotor emitindo um foco de luz como uma lanterna em um dos olhos do voluntário observando reflexo fotomotor direto, ao mesmo tempo em que emitia o foco de luz em um dos olhos, no olho oposto observou-se o reflexo fotomotor consensual, e observaram-se as diferenças nos diâmetros das pupilas.
	O segundo reflexo visceral observado foi o reflexo espino-ciliar, onde o observador beliscou o voluntário de surpresa, na “nuca” e outro observador verificou rapidamente o que acontece com os diâmetros das pupilas.
O terceiro reflexo visceral observado foi o reflexo bradicárdico, onde a frequência cardíaca foi determinada palpando os pulsos. Durante 60 segundos, a frequência cardíaca de cada aluno foi determinada por outros dois alunos, e anotou-se os resultados. Em seguida, ainda com os pulsos palpados, o aluno voluntário, mergulhou a face em uma bacia com água fria, por 15 segundos. Após o aluno retirar a face da bacia, aguardou-se 5 segundos e, da mesma forma anterior, determinou-se novamente a frequência de pulso por 60 segundos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
	A tabela 1 mostra os resultados obtidos através da observação dos reflexos somáticos observados nos 5 alunos:
Tabela 1. Respostas dos reflexos somáticos - Teresina/2018.
	Indivíduos/
Reflexos
	Aluno 1
	Aluno 2
	Aluno 3
	Aluno 4
	Aluno 5
	Patelar
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Aquileu
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Plantar
	Hiperreflexia
	Arreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Tricipital
	Arreflexia
	Hiporreflexia
	Arreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Corneal (Córnea) 
	Arreflexia
	Arreflexia
	Arreflexia
	Arreflexia
	Hiporreflexia
	Corneal (esclerótica)
	Hiporreflexia
	Hiperreflexia
	Hiporreflexia
	Hiporreflexia
	Hiperreflexia
Fonte: Própria. Laboratório do Departamento de Biofísica e Fisiologia/UFPI.
	No primeiro e segundo reflexo observado, o patelar e aquileu, todos os alunos demonstraram hiporreflexia, uma resposta discreta à execução da batida do martelo de borracha. 
O reflexo patelar é a contração do músculo quadríceps femoral, com conseqüente extensão do joelho, em resposta a percussão do tendão patelar. A contração do quadríceps causa um movimento rápido para cima, juntamente com a extensão da perna. Se o paciente encontra-se tenso ou apresenta resposta patelar fraca, realiza-se a manobra de Jendrassik, fazendo o paciente agarrar suas próprias mãos, uma na outra, puxando-as vigorosamente, isso permite a facilitação dos reflexos. A ausência do reflexo patelar é designado como sinal de Westphal. Um reflexo invertido pode ser visto em lesões do nervo ou das raízes nervosas que caracterizareflexo miotático invertido. (CAMPBELL, 2007).
A percussão do martelo no tendão de Aquiles provoca a contração dos músculos crurais posteriores, o gastrocnêmio, o sóleo e o plantar, causa flexão do pé no tornozelo. Quando há disseminação reflexa, bater no tendão de Aquiles pode causar flexão do joelho. O reflexo aquiliano tende a diminuir com a idade (CAMPBELL, 2007).
Na observação do reflexo plantar houve diferença no reflexo dos alunos. 
O reflexo plantar é um estímulo de pressão que toma como referência a planta do pé. A resposta mais freqüente a este estímulo é a flexão plantar. Nas respostas reflexas, a contração decorre de estimulação dos órgãos sensoriais no músculo, quer direta ou indiretamente por um estímulo aplicado aos seus tendões, ao osso ao qual ele está fixado ou à pele sobrejacente (CAMPBELL, 2007).
Na análise do reflexo tricipital 2 alunos obtiveram arreflexia (sem reflexo) e 3 hiporreflexia (reflexo discreto). A prática do reflexo tricipital testa o nervo radial que surge dos segmentos da medula espinhal C7 e T2. O reflexo do tríceps invertido consiste em flexão do cotovelo em resposta a percussão do tendão do tríceps (CAMPBELL, 2007).
Ao analisar-se o reflexo corneal no toque da córnea apenas um aluno teve resposta ao toque e piscou, enquanto que ao toque da esclerótica em todos os alunos houve incômodo alguns apresentaram resposta discreta e outros uma resposta exacerbada. O reflexo corneal é um piscar brusco em resposta ao toque da córnea. 
Este reflexo é importante para proteger o globo ocular contra a entrada de corpos estranhos que possam vir a prejudicá-lo. Os reflexos têm função protetora, especialmente em atividades como ficar de pé e andar; eles ajudam a contrabalançar quaisquer forças inesperadas (CAMPBELL, 2007).
A tabela 2 mostra os resultados obtidos através da observação dos reflexos viscerais observados nos 5 alunos:
Tabela 2. Respostas dos reflexos viscerais - Teresina/2018.
	Indivíduos/Reflexos
	Aluno 1
	Aluno 2
	Aluno 3
	Aluno 4
	Aluno 5
	Fotomotor (com lanterna)
	Midríase
	Midríase
	Midríase
	Midríase
	Midríase
	Fotomotor (sem lanterna)
	Miose
	Miose
	Miose
	Miose
	Miose
	Espino-ciliar
	Piscou
	Piscou
	Piscou
	Piscou
	Piscou
	Bradicárdico (antes da imersão)
	93
	95
	66
	96
	74
	Bradicárdico (após imersão)
	82
	83
	82
	89
	72
Fonte: Própria. Laboratório do Departamento de Biofísica e Fisiologia/UFPI.
	Ao reflexo fotomotor, observou-se que em todos os alunos houve midríase (dilatação) da pupila, e ao incidir rapidamente a lanterna no olho oposto observou-se miose (redução).
A pupila é circular, bem centrada e com diâmetro de 2 a 4 mm. Quando seu diâmetro é aumentado chamamos de midríase, e o contrário chama-se miose. Quando a luz incide sobre a retina, os impulsos resultantes seguem, pelo nervo óptico, em direção ao sistema nervoso central e voltam, pelos nervos parassimpáticos, para promover a contração do músculo do esfíncter da íris, ocasionando a miose. Quando a luz brilha nos olhos as pupilas se contraem, uma reação chamada de reflexo fotomotor. A luz ao invadir a retina, alguns dos impulsos resultantes passam dos nervos ópticos para os núcleos pré-tectais. Daí os impulsos secundários passam para o núcleo Edinger-Westphall e, finalmente, voltam para os nervos parassimpáticos para contração do esfíncter da Iris. Inversamente, na escuridão, o reflexo se torna inibido, o que resulta em dilatação da pupila. A função do reflexo luminoso é ajudar o olho a adaptar-se de forma extremamente rápida às mudanças das condições de luminosidade. (GUYTON; HALL, 2006).
	Na observação do reflexo espino-ciliar todos os alunos piscaram à resposta do beliscão inesperado. A dor e o susto provocado pelo ato de beliscar causam períodos de excitação que estimulam o sistema nervoso simpático que prevalece sobre o parassimpático, assim a pupila dilata-se.
Na observação do terceiro reflexo bradicárdico, tomaram-se como base as medidas da pulsação dos indivíduos examinados em duas etapas. O pulso é a onda de contração e expansão das artérias, resultante dos batimentos cardíacos. O valor normal da pulsação em adultos é de 60 a 100 batimentos por minuto.
Observou-se que a frequência dos batimentos cardíacos da maioria dos indivíduos examinados diminuiu após a imersão da face em uma bacia de água fria (Tabela 02). A face fria estimula o nervo trigêmeo que manda a informação até o núcleo do trigêmeo que se localiza próximo ao núcleo do nervo vago que é um nervo exclusivamente do sistema nervoso autônomo parassimpático. Há, então, a estimulação deste nervo que manda a mensagem para o coração liberando acetilcolina que se liga aos receptores muscarínicos, e dessa forma, faz com que as proteínas G se liguem a eles, abrindo os canais de potássio e hiperpolarizando o coração, e finalmente, provocando a diminuição dos batimentos cardíacos. 
4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos e sua devida comparação com os resultados esperados, pode-se afirmar que os indivíduos examinados apresentam-se normais, fato observado pelos reflexos somáticos e viscerais analisados. Mediante a interpretação dessas experiências, pode-se concluir que os sistemas do corpo humano operam de forma contínua e coordenada, se um órgão ou sistema deixar de funcionar todo o organismo será comprometido. 
Os sistemas nervosos autônomo simpático e parassimpático operam de forma antagônica e rápida e complementam um ao outro na regulação do funcionamento dos órgãos. Essa característica é importante para o organismo se adaptar ao meio ambiente que sempre está se modificando, e dessa forma desencadeando reações no organismo que impedem que ações do meio externo causem danos ao organismo. Uma das características principais desse sistema é a rapidez e intensidade com que pode modificar as funções viscerais.
REFERÊNCIAS
BERNE & LEVY : Fisiologia / editores Bruce M. Koeppen, Bruce A. Stanton ; [tradução Adriana Pitella Sudré...[et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2009.
CAMPBELL, W. W. O exame neurológico. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006.

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