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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI DEPARTAMENTO DE BIOFÍSICA E FISIOLOGIA DICSIPLINA: FISIOLOGIA PARA NUTRIÇÃO PROFESSOR: ACÁCIO SALVADOR VERAS E SILVA AÇÕES REFLEXAS SOMÁTICAS E VISCERAIS NO HOMEM Camila Vitória dos Santos Alves TERESINA - PI SETEMBRO/2021 Camila Vitória dos Santos Alves RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: AÇÕES REFLEXAS SOMÁTICAS E VISCERAIS NO HOMEM TERESINA – PI SETEMBRO/2021 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3 OBJETIVO ............................................................................................... 5 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 8 CONCLUSÃO ........................................................................................ 12 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 13 3 INTRODUÇÃO O Sistema Nervoso é um conjunto de órgãos formados por um mesmo tipo de tecido. Possui a função de realizar a adaptação e interação do organismo com o meio externo e juntamente com o sistema endócrino, é responsável pela maioria das funções de controle do corpo. Ele recebe, a cada minuto, literalmente, milhões de dados (bits) de informação provenientes de diferentes órgãos e nervos sensoriais e, então, os integra para determinar as respostas a serem executadas pelo corpo. (GUYTON; HALL, 2017). Pode-se dividir o Sistema Nervoso em somático e visceral. O sistema nervoso somático é também denominado sistema nervoso da vida de relação, ou seja, aquele que relaciona o organismo com o meio. Para isto, a parte aferente do sistema nervoso somático conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informando estes centros sobre o que se passa no meio ambiente. Por outro lado, a parte eferente do sistema nervoso somático leva aos músculos esqueléticos o comando dos centros nervosos resultando movimentos que levam a um maior relacionamento ou integração com o meio externo. O sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa relaciona-se com a inervação das estruturas viscerais e é muito importante para a integração da atividade das vísceras no sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). O componente aferente deste sistema conduz os impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do sistema nervoso central. O componente eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas viscerais, sendo elas, as glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco. Por definição, denomina-se sistema nervoso autônomo apenas o componente eferente do sistema nervoso visceral. (MACHADO, 1993). O arco reflexo é uma resposta do Sistema Nervoso a um determinado estímulo, qualitativamente invariável, involuntária, de importância fundamental para a postura e locomoção do animal. O arco reflexo pode ser classificado em dois tipos. O primeiro, denominado arco reflexo simples ou segmentar, composto por um neurônio aferente com seu receptor, um centro onde ocorre a sinapse e 4 um neurônio eferente que se liga ao efetuador, no caso, os músculos. O segundo tipo, arco reflexo polissináptico, é o que existe um terceiro tipo de neurônio denominado neurônio de associação ou interneurônio. Assim, quando um estímulo é aplicado em um segmento, dá-se origem a um impulso que é conduzido pelo neurônio sensitivo ao centro (gânglio). O axônio deste neurônio faz sinapse com o neurônio de associação, cujo axônio, estabelece sinapse com o neurônio motor do segmento vizinho. Deste modo, o estímulo se inicia em um segmento e a resposta se faz em outro. Temos um arco reflexo intersegmentar, pois envolve mais de um segmento e é um pouco mais complicado que o anterior, pois envolve duas sinapses e três neurônios, sensitivo, motor e de associação. (MACHADO, 1993). É importante que se conheça os reflexos observados em condições normais no ser humano quando determinados estímulos são aplicados em partes específicas do corpo pois, clinicamente, quando se testa um reflexo, em verdade se está testando os componentes básicos e o funcionamento do Sistema Nervoso. 5 OBJETIVO O objetivo desta prática é o estudo do arco reflexo integrando os reflexos somáticos e viscerais. Objetivos específicos Observar as manifestações reflexas somáticas e viscerais. Comparar e analisar o resultado das observações com reflexos somáticos e viscerais em estado de normalidade encontrados na literatura. 6 MATERIAIS E MÉTODOS Durante a aula ao vivo o professor analisou e discutiu com os discentes acerca dos tipos de reflexos abordados e trabalhados nesta prática. A observação dos reflexos somáticos e viscerais foram feitas de maneira remota, através de vídeos demonstrativos, os quais o docente responsável encaminhou. 1. REFLÉXOS SOMÁTICOS Reflexo corneal: para obter o reflexo corneal, foi necessário tocar gentilmente a córnea com um lenço de papel. Reflexo plantar: esfregou-se a ponta de um lápis ao longo da planta do pé, próximo ao lado medial. Reflexo patelar: percutiu-se o ligamento patelar (logo abaixo da rótula) com um martelo de borracha. A pessoa estava sentada de forma que as pernas balançassem livremente. Reflexo aquileu: foi feita uma ligeira percussão com o martelo de borracha sobre o tendão de Aquiles. A pessoa estava com os joelhos apoiados sobre uma cadeira de forma que o pé estivesse relaxado. Reflexo tricipital: afim de obter tal reflexo, foi necessário bater com o martelo de borracha sobre o tendão de inserção do tríceps braquial, a 2cm do cotovelo. A pessoa estava com o braço repousando sobre uma das mãos do examinador de forma que o antebraço balançava livremente. 2. REFLEXOS VISCERAIS Reflexo fotomotor: para a obtenção deste reflexo, a pessoa foi solicitada a olhar para um ponto iluminado. Após isto, verificou-se no centro das íris os diâmetros das pupilas. Em seguida, a pessoa foi orientada a cobrir os olhos com as mãos durante cerca de 10 segundos, não deixando penetrar luz entre os dedos, nem comprimindo os globos oculares e mantendo os olhos abertos. Foi ordenado que ele retirasse rapidamente uma das mãos e, na mesma fração de segundos, verificou-se o diâmetro da pupila. Reflexo espino-ciliar: beliscou-se, com o grau de surpresa possível, a pele da "nuca" da pessoa examinada e verificou-se o que aconteceu com os diâmetros das pupilas. 7 Reflexo bradicárdico: dois examinadores determinaram, de forma secreta e simultânea, a frequência cardíaca em 30 segundos de um voluntário, apalpando os pulsos das artérias radiais e, então, anotaram os valores encontrados. Em seguida, e sem deixar de ter os pulsos palpados, o voluntário mergulhou a face em uma bacia com água um pouco fria, durante 15 segundos. Após isto, esperou-se 5 segundos e, da mesma forma anterior, foi determinado novamente a frequência de pulso por 30 segundos. 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO É importante que se conheça os reflexos observados em condições normais no ser humano quando determinados estímulos são aplicados em partes específicas do corpo. Se uma resposta normal é obtida, indica que as estruturas do correspondente arco reflexo estão intactas, podendo ser uma maneira de comprovar que o Sistema Nervoso está funcionando dentroda normalidade. Os atos reflexos podem se mostrar exacerbados (hiperreflexia), discretos (hiporeflexia) ou ausentes (arreflexia). Porém, é importante ressaltar que a ausência ou alterações temporárias da resposta reflexa não devem ser vistas de imediato como resultantes de alguma deficiência ou patologia, pois devem ser exigidos mais exames, a fim de que o motivo para tal acontecimento seja identificado. O reflexo desencadeado pelo estiramento discreto de um músculo esquelético qualquer é conhecido como reflexo miotático ou de estiramento. A estrutura sensorial que capta o estímulo é denominada fuso neuromuscular. Esta estrutura é formada por 3 à 12 fibras musculares modificadas, as fibras intrafusais, circundadas por uma cápsula de tecido conjuntivo. As fibras musculares regulares fora do fuso são denominadas de extrafusais. O fuso responde a variações no comprimento das fibras musculares; assim, no alongamento muscular (estiramento), o neurônio sensitivo, na região central da fibra intrafusal, envia impulsos à medula espinal, fazendo sinapse com um interneurônio ou diretamente com um motoneurônio. Este, por sua vez, envia impulsos para as fibras musculares estiradas, encurtando o mesmo músculo. A resposta reflexa sempre será a contração subsequente do músculo estimulado. (SILVERTHORN, 2017). Os reflexos de estiramento muscular têm função protetora, especialmente para a postura e o caminhar, além de fixar a posição das articulações e rapidamente contrapor a influência de qualquer agente externo e súbito que modifique a posição articular. (GAGLIARDI & TAKAYANAGUI, 2019). A seguir, serão discutidos os resultados de cada um dos reflexos realizados. REFLEXOS SOMÁTICOS 9 1. Reflexo corneal: após o toque do lenço de papel na córnea acontece um movimento de piscar bilateral, ou seja, ambas as pálpebras se fecham, mesmo que somente uma tenha sido estimulada. Este exame usado para avaliar a função do nervo oftálmico (NC V1). O ramo aferente do reflexo é mediado pelo NC V1 e o ramo eferente pelo nervo facial (NC VII). O reflexo de piscar é um teste eletrofisiológico no qual se aplica um estímulo elétrico ao nervo trigêmeo e registra-se a resposta dos músculos faciais. Tal prática é importante para a verificar se esses nervos estão em estado normal de funcionamento. (CAMPBELL, 2014). 2. Reflexo plantar: o contato do objeto com o pé do indivíduo resulta numa flexão plantar do pé e dos dedos. Há variação individual da resposta e alguma variabilidade dependente do local de estimulação máxima. No reflexo plantar normal, a resposta costuma ser bem rápida, a flexão do hálux é menor do que a dos demais dedos e a reação é mais intensa quando o estímulo é aplicado ao longo da região medial da superfície plantar. A flexão é a resposta normal após os primeiros 12 a 18 meses de vida. A variação patológica do reflexo plantar é o sinal de Babinski. Nestes casos, pode haver extensão (dorsiflexão) dos dedos, sobretudo do hálux, com variável separação ou abertura em leque dos quatro dedos laterais, o qual também é chamado de resposta plantar extensora. (CAMPBELL, 2014). 3. Reflexo patelar: em resposta à percussão do ligamento da patela, houve uma contração do músculo quadríceps femoral, com consequente extensão do joelho. A percussão firme sobre o tendão move a patela para baixo, estira o quadríceps e provoca a contração reflexa. O reflexo patelar é mediado pelo nervo femoral (seguimentos lombares L2- L4). (GAGLIARDI & TAKAYANAGUI, 2019). Possíveis lesões do nervo femoral comprometem o reflexo patelar e causam perda da sensibilidade na face anterior e medial da coxa e na face medial da perna. (CAMPBELL, 2014). 4. Reflexo aquileu: a percussão do martelo no tendão de Aquiles provoca a contração dos músculos curais posteriores, gastrocnêmio, sóleo e plantar, causando flexão plantar do pé no tornozelo. O reflexo aquileu é mediado pelo nervo tibial (S1). Assim como o reflexo patelar, o reflexo de 10 Aquiles também é essencial para detectar quaisquer deficiências nos nervos presentes nos membros inferiores. (CAMPBELL, 2014). 5. Reflexo tricipital: tem-se como resposta da ação de bater com o martelo de borracha sobre o tendão de inserção do tríceps braquial, uma contração do músculo tríceps com extensão do cotovelo. O reflexo tricipital é mediado pelos segmentos medulares C6 – C7 – C8. O erro mais comum ao se provocar o reflexo tricipital é a percussão demasiado tímida. O reflexo tricipital paradoxal ou invertido é a flexão do cotovelo em resposta à percussão do tendão do tríceps. Essa reação ocorre quando há danos ao arco aferente do reflexo tricipital, como nas lesões do sétimo e do oitavo segmentos cervicais, sobretudo quando há um elemento de espasticidade, como na espondilose cervical com radiculomielopatia. (CAMPBELL, 2014). Na manutenção da constância do meio interno (homeostase), a participação integrada de vários sistemas orgânicos é evidente. Entretanto dois desses sistemas se destacam: sistema endócrino e sistema nervoso visceral (SNA simpático e parassimpático). Este manifesta suas ações através de uma grande variedade de reflexos envolvendo a participação de praticamente todos os setores do organismo. A seguir, procura-se demonstrar e discutir as respostas a cerca de alguns desses reflexos. REFLEXOS VISCERAIS: 6. Reflexo fotomotor: o resultado do reflexo fotomotor pupilar normal é a constrição brusca imediata (miose), seguida por ligeira dilatação de volta a um estado intermediário (escape pupilar). O escape pode ser consequência da adaptação do sistema visual ao nível de iluminação. (CAMPBELL, 2014). De maneira mais específica, quando a luz atinge a retina, o impulso gerado passa pelo nervo óptico para chegar ao sistema nervoso central e retorna pelo nervo parassimpático para promover a contração do esfíncter da íris, que causa o encolhimento das pupilas (GUYTON; HALL, 2017). 7. Reflexo espino-ciliar: O reflexo espino-ciliar é causado pela dor e o susto causado pela ação de beliscar, e isso vai causar um período de excitação, que estimula o sistema nervoso simpático, que está contido no 11 nervo parassimpático e causa dilatação da pupila. (HENRIQUES; LEÃO, 1976). 8. Reflexo bradicárdico: o resultado é a frequência cardíaca diminuir após o mergulho do rosto numa água fria. O nodo sino atrial é o marca-passo fisiológico do coração e sua frequência de despolarização reflete a frequência cardíaca em todo o corpo. O nodo tem dois tipos de inervação, simpático e parassimpático, que operam reciprocamente para controlar a frequência cardíaca. Portanto, o aumento da atividade simpática aumenta a frequência cardíaca, aumentando a atividade parassimpática, a diminui. Ao entrar em uma condição onde a temperatura está bem abaixo do normal, o sistema nervoso parassimpático é ativado, submetendo o indivíduo a uma condição de bradicardia dada pelo lançamento do mediador químico "acetilcolina" pelas fibras colinérgicas o sistema nervoso parassimpático no coração, causando uma diminuição na pressão arterial. (CONSTANZO, 2015). 12 CONCLUSÃO Mediante análise e discussão dos dados supracitados, é possível confirmar a importância que o estudo dos reflexos somáticos e viscerais possui. A partir de testes simples, mas realizados da maneira correta, é possível averiguar o funcionamento de componentes básicos do Sistema Nervoso, por consequência, investigar possíveis surgimentos de patologias ou lesões associadas a este sistema. Logo, percebe-se tanto a importância da existência dos reflexos para o próprio organismo, pois ajuda a tomar decisões que necessitam de resposta imediata, quanto clinicamente, pois a análise destes leva a uma avaliação do funcionamento do Sistema Nervoso. 13REFERÊNCIAS CAMPBELL, W. O exame neurológico. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. CONSTANZO, L. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. FISIOLOGIA 3D. Reflexo miotático. 1 vídeo (15:03). Disponível em: (618) reflexo miotático - YouTube. Acesso em: 11 de set. de 2021. GAGLIARDI, R.; TAKAYANAGUI, O. Tratado de neurologia: academia brasileira de neurologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. GUYTON, A.; HALL, J. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. HENRIQUES, F.; LEÃO, I. Reflexo cilioespinhal no homem. Arquivos de Neuro-psiquiatria. São Paulo, v. 34, n° 3, p. 258 – 265, set. 1976. MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 2.Ed. São Paulo, Atheneu, 1993. 363 p. MEDICINA TRADUZIDA. Exame neurológico: Reflexos - Standford Medicine 25. 1 vídeo (6:08 min) Disponível em: (619) Exame neurológico: Reflexos - Stanford Medicine 25 (legendado/traduzido) - YouTube. Acesso em: 11 de set. de 2021. NEUROFUNCIONAL. Como avaliar os reflexos profundos (tendinosos). 1 vídeo (1:52 min). Disponível em: (619) COMO AVALIAR OS REFLEXOS PROFUNDOS (Tendinosos) - YouTube. Acesso em: 11 de set. de 2021. PRIONIX. Biologia - Fisiologia - Os reflexos. 1 vídeo (1:52 min). Disponível em: (618) Biologia - Fisiologia - Os reflexos - YouTube. Acesso em: 11 de set. de 2021. SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7. ed. São Paulo: Artmed, 2017.
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