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FICHAMENTO 1 - 10 MANDAMENTOS DA ARQUITETURA

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FICHAMENTO DE LEITURA
	
	CURSO: ENGENHARIA CIVIL
	DATA: 02/04/2018
	
	DISCIPLINA: ARQUITETURA E URBANISMO
	TURNO: NOTURNO
	
	PROF: ANA ISABELA
	TURMA: 07 “P”
	
	ALUNO (A): HELTON SILVA DE PAULO
	RA: 02410020039
	Assunto: 10 MANDAMENTOS DA ARQUITETURA
Fonte: HOLANDA, Frederico de. 10 mandamentos da arquitetura. Brasília: FRBH, 2013. (p. 23-67) 
	VISTO 
	 
 “Arquitetura” é uma palavra de muitas acepções. Em geral, refere lugares que produzimos para nossa vida: pode focar um tempo(“arquitetura da antiguidade”, arquitetura barroca”), um espaço(“arquitetura brasileira”) ou pode juntar tempo e espaço ()” arquitetura moderna brasileira”). Há, todavia, acepções mais amplas, como em “elementos que perfazem em todo’, ou relativas a características das pessoas: “a atleta era dotada de bela arquitetura física”, “a inveja é uma das máquinas(“a arquitetura dos computadores”) ou à biologia(“arquitetura da célula”). Pode ter um caráter institucional, relativo a um conjunto de princípios ou regras: “uma sociedade de arquitetura jurídica defeituosa”.
Lucio Costa
 Tome a primeira acepção do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
 “arte e técnica de organizar espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas, visando também a determinada intenção plástica”
 Dicionário ressalta um aspecto da “organização dos espaços” – aquele relacionado à estética, á beleza. Não por acaso. Ela é análoga a muito referida definição de Lúcio Costa:
 A mais tolhida das artes, a arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas construção concebida com propósito de organizar e ordenar plasticamente o espaço e os volumes decorrentes, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica, de um determinado programa e de uma determinada intenção.
 Há varias delimitações. Primeiro, Lucio Costa refere construção “antes de mais nada” : a arquitetura diz respeito a artefatos, a algo feito pelos humanos. Não explicitamente aqui, mas por seus escritos e obras entendemos que ele não distingue tamanho ou escala: abarca edifícios e cidades no âmbito da arquitetura. Segundo, vem para a boca de cena o espaço da arquitetura como elemento primordial: os volumes são decorrentes da ordenação espacial, são meios para os fins que são os vãos, os vazios, os ocos dentro de onde estamos ou por onde nos movemos. Isto é curioso, vai contra o senso comum, que vê, por exemplo, uma sala como o resultado de paredes, piso e teto, não a composição destes últimos como decorrência do tipo de ambiente que se quer criar na sala; ou que vê o espaço de uma rua como resultado das casas lindeiras, não estas como meio para definir certa ambiência urbana (como faz a boa arquitetura, como Lucio Costa compõe as superquadras de Brasília). Curioso, sim, mas á ideia somam-se ricas reflexões posteriores sobre a arquitetura, como as de Evaldo Coutinho e Bill Hillier, por exemplo. Terceiro, ele engloba vários aspectos da arquitetura – época, meio, técnica, “programa” (o ultimo, a gíria arquitetônica para as atividades abrigadas).
 O Palácio da Alvorada, de Oscar Niemeyer, e belíssimo. Carece exemplificar Horrível? 
 Primeira ampliação do conceito, portanto: não cabe designar edifícios por “intencionais” plasticamente, mas avaliar a todos na “escala estética” (entre outras). Ademais, ganharemos na reflexão se, em vez de considerarmos “intenções”, focarmos o conceito mais amplo de intencionalidade, como o fazem filósofos e psicólogos: uma característica pela qual nossos estados mentais se dirigem a coisas do mundo fora deles.
Bill Hillier
 A definição de Bill Hillier tem parentesco com a de Lucio Costa, porem foca mais preciosamente a natureza dos processos mentais envolvidos:
 A arquitetura começa quando os aspectos configuracionais da forma e do espaço, pelos quais os edifícios se transformam em objetos culturais e sociais, são tratados não como regras do pensamento consciente, comparativo, tornando-se desta maneira objeto de atenção criativa.
 Como Lucio Costa, igualmente confere primazia ao espaço. O problema agora é a definição de “pensamento consciente” e de “criatividade”. Ele distingue tipos de conhecimento:
 1 – conhecimento “A”, “SOCIAL” ou irreflexivo são os princípios abstratos que nos permitem p.ex. falar uma língua, comportamos-nos à mesa, vestirmos-nos adequadamente nessa ou naquela ocasião;
 2 – conhecimento “B”, “CIENTÍFICO”,”ANALÍTICO” ou reflexivo são as teorias ou hipóteses que formulamos conscientemente para explicar os fenômenos, culturais (p.ex. a língua) ou naturais. Supostamente, arquitetos dignos do nome, os que fazem “ arquitetura”, e não “meras construções”, são “conscientes” e “reflexivos”; como em Lucio Costa, a “arquitetura” acontece quando certa qualidade é adicionada à “construção” , agora pelos processos mentais envolvidos.
Evaldo Coutinho
 Para Evaldo Coutinho, a essência da arquitetura é o espaço interno dos edifícios, embora ele admita que a arquitetura contem elementos-meio (paredes, piso, teto, próprios da linguagem volumétrica da escultura) e elementos-fim (vazios, ocos, vãos) – os elementos específicos da arquitetura como gênero artístico autônomo. Juntos, constituem a forma-espaço da arquitetura. Aqui, barreiras e permeabilidades, opacidades e transparências facultam condições especiais de luz e sombra, temperatura e movimento do ar, ruído e silencio, aroma, a implicarem estados d´alma e possibilidade ou restrições movimento aos nossos corpos.
 Definir arquitetura como relativa ao espaço interno dos prédios (ou estes como volumes autônomos) reverbera no senso comum. Se digo “a arquitetura desta rua”, a maioria pensará nos edifícios dela individualmente, não na qualidade da própria rua - largura, comprimento, se é reta ou curva, sombreada ou não, se as calçadas são largas e confortáveis, se os prédios lindeiros definem um espaço aconchegante entre eles fazendo a rua nem muito larga nem muito estreita etc. São atributos da rua como, ele mesma, exemplo de arquitetura. Usufruirmos uma rua arquitetonicamente, no sentido de Evaldo Coutinho, seus atributos espaciais afetam nosso corpo e nossa mente de maneira análoga à que fazem os atributos espaciais do interior de um prédio. 
Carlos Antonio Leite Brandão
 Outros pensadores apoiam a definição de arquitetura na etimologia da palavras, como Carlos Antonio Leite Brandão. Ele parte da palavra “arquiteto”. A origem está no grego àpxitektwv (transliterando: architéktôn), junção do prefixo arch(i) (primeiro, principal), com a sufixo tekton (carpinteiro, montador, construtor). Architekton seria carpinteiro-chefe ou construtor-chefe. Partindo daí, Brandão faz uma extrapolação indevida , assim interpretando “arquitetura”.
Vitrúvio
 Quanto ao tipo de conhecimento, as palavras iniciais de Vitrúvio no capitulo 1 foram: “ O arquiteto deve estar equipado com conhecimento de muitos ramos de estudo e vários tipos de aprendizado, pois é por meio de seu julga,ente que todo o trabalho feito pelas outras artes é testado. “ Esta visão de “ponto de encontro” incluía estudos de historia, filosofia, musica, medicina, direito, astronomia... Numa versão degenarada (não a de Vitruvio) ela terá vida longa: muitos ainda afirmam a arquitetura como ciência ou arte aplicada, desobrigando-a de ser um campo de conhecimento em si mesmo. Ao contrario, e como os gregos, para Vitrúvio o arquiteto tinha de ser um mestre em fabrica (prática, fazer) e em raciocinário (saber de cunho científico, teoria).
O conceito de arquitetura em cinco direções
 1 – todos os edifícios são arquitetura, não apenas os que revelam cerra “intenção” estética (contradizendo Lucio Costa); 
 2 – o espaço produzido por meio de um saber implícito, inconsciente, popular e tão legitimamente arquitetura quanto o produzido pelo saber explicito e reflexivo (contradizendo Bill Hillier);3 – o espaço externo de ruas e praças é arquitetura, não apenas o espaço interno das edificações (contradizendo Evaldo Coutinho);
 4 – todos os edifícios produzidos no âmbito de uma cultura são “dignos de teorização”, constituem e reproduzem princípios e valores desta cultura (arché), os quais não se restringem a contaminar prédios de características excepcionais (sim, eles existem), por quaisquer critérios que os definamos (contradizendo Carlos Brandão);
 5 – a paisagem virgem, natural, não transformada pelo homem tem uma configuração passível de analise e avaliação enquanto arquitetura, tanto quanto o espaço artificial de edifícios e cidades (contradizendo a generalizada ideia de que arquitetura conota apenas o que é construído pelos humanos – o artefato).
Classes e elementos arquitetônicos
 As classes de elementos arquitetônicos inspiram-se em Evaldo Coutinho e seus elementos-fim e elementos-meio. Aqui acrescentamos as relações entre eles:
 - Vazios: Elementos-fim da arquitetura. Cômodos em um prédio (p.ex. sala, quarto, cozinha, numa sala); ruas, avenidas, esplanadas, praças dentre outros. 
 - Cheios: Elementos-meio da arquitetura. No âmbito dos edifícios os planos ou os elementos volumétricos que definem os vãos – piso, paredes, teto, colunas, superfícies ou volumes diversos.
 - Relações vazios x cheios: Relação entre elementos-fim e elementos-meio da arquitetura. No interior dos prédios, forma e dimensões, absolutas e relativas, de planos, colunas ou outros elementos volumétricos, e a natureza das respectivas superfícies (sim , uma parede ou mesmo um painel de cristal são sólidos – cheios – a relacionarem-se com os vazios contíguos.)

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