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Farmacologia da Junção Neuromuscular

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Farmacologia da Junção Neuromuscular
A JNM constitui um importante sítio de ação de fármacos que podem facilitar ou, mais frequentemente, inibir o processo de transmissão neuromuscular. Neste último grupo, merecem destaque os chamados bloqueadores neuromusculares, amplamente utilizados para promover relaxamento muscular controlável durante processo cirúrgico.
Os fármacos podem interromper a transmissão neuromuscular através de ação pré-sináptica – interferindo com processos que ocorrem na terminação nervosa, inibindo a síntese ou a liberação de ACh. Ou podem interromper a transmissão neuromuscular através de ação pós-sináptica – atuando sobre os receptores nicotínicos da placa motora e, este grupo agrega a grande maioria dos fármacos de importância terapêutica, sendo classificados em dois subgrupos principais, os bloqueadores competitivos (ou não despolarizantes) e os bloqueadores despolarizantes.
Os receptores nicotínicos são receptores associados a canais iônicos, e suas ativações causam um rápido aumento na permeabilidade ao Na+ K+ e ao Ca2+, despolarização e excitação. 
Bloqueadores pós-sinápticos não-despolarizantes ou competitivos 
A d-tubocurarina foi o primeiro bloqueador neuromuscular utilizado em anestesiologia clínica em 1942.
Trata-se de um alcaloide natural obtido dos curares, extratos de vegetais dos gêneros Chondrodendron e Strychnos, utilizados como venenos pelos índios da América do Sul.
É um relaxante muscular não-despolarizante ou competitivo, o qual exerce bloqueio competitivo dos receptores colinérgicos na placa motora, sem alterar o potencial de repouso da membrana muscular. 
Utilizado como coadjuvante da anestesia no relaxamento do músculo esquelético, redução da contração muscular nas convulsões induzidas por fármaco ou eletricidade e utilizado no tratamento do tétano. 
Mecanismo de ação
Os bloqueadores competitivos antagonizam a ação despolarizante da acetilcolina sobre a placa motora. Entretanto, não afetam a despolarização da fibra muscular induzida pelo íon K+, nem a contração evocada pela estimulação elétrica direta da fibra muscular.
Do ponto de vista eletrofisiológico, a amplitude do potencial de placa terminal é progressivamente reduzida na presença de doses sucessivamente maiores desses fármacos, até que este se torne subliminar, de maneira que não mais seja capaz de levar à deflagração do potencial de ação propagado.
A d-tubocurarina atua como competidor da acetilcolina pela ligação aos receptores nicotínicos da placa motora. Assim, ao bloquear esses receptores (ionotrópicos), esses não se abrem, o que impossibilita o influxo de Na+ desencadeado pela atividade normal da placa motora, que provocaria a despolarização da membrana, o qual é responsável por estimular a abertura dos Na+ dV, desencadeando a contração.
Bloqueadores neuromusculares despolarizantes 
A succinilcolina (suxametônio), descrita por Bovet et al. (1949), constitui o único agente despolarizante atualmente em uso.
Apresenta como componente ativo o cloreto de suxametônio,
É um relaxante muscular em anestesia de curta duração (músculo esquelético). 
Mecanismo de ação
Os agentes despolarizantes promovem a ativação dos receptores nicotínicos da mesma forma que a ACh. A ligação desse fármaco no receptor resulta na abertura deste, abrindo o canal de Na+, o que causaria despolarização da membrana que irá desencadear a liberação de Ca+2 e futura contração muscular. 
Todavia, esses fármacos são resistentes à ação da acetilcolinesterase, causando uma despolarização mais duradoura da placa motora. Isso resulta em um bloqueio no sítio ativo do receptor nicotínico impedindo que a célula receba uma nova sinalização pela ACh, bloqueando o potencial muscular, que se manifesta por fasciculações musculares.
O Ca+2 é removido do citoplasma independentemente da repolarização e o músculo relaxa, o que explicaria a flacidez muscular e a tentania seguida da fasciculação (tremor involuntário).

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