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ANTIESPASMÓDICOS: - Fármacos com ação de relaxante muscular. Eles são voltados especificamente para o controle de espasmos ou dores musculares. São divididos em: ● Relaxantes musculares de ação central. Eles agem no SNC ● Relaxantes musculares de ação direta. Eles agem diretamente em mecanismos intracelulares das fibras musculares Agentes com ação na junção neuromuscular (JNM) - Bloqueadores neuromusculares, que são fármacos usados principalmente em anestesias para causar uma paralisia muscular (são fármacos seletivos, pois causam bloqueio de receptores de forma seletiva em musculatura esquelética) - Inibidores AChE, que tem a função de estimular a contração muscular. Eles aumentam a disponibilidade da acetilcolina e permitem que a ativação da fibra motora ocorra com maior frequência (são fármacos não-seletivos, pois atuam em transmissão colinérgica do organismo todo, então eles não tem mecanismo seletivo na JNM) Controle motor central - O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso voluntário e involuntário (ou autônomo) - Quando se fala em controle motor, têm-se os neurônios partindo de vários níveis da medula espinal e com prolongamentos até as fibras motoras. São neurônios únicos que fazem isso, ou seja, não existem gânglios no meio do caminho (o corpo neuronal está na medula espinal e seu prolongamento chega até a fibra muscular, sendo que esses neurônios produzem e liberam acetilcolina, um neurotransmissor responsável pela contração da musculatura esquelética) - na fibra muscular a gente tem a presença de receptores colinérgicos nicotínicos, que são canais iônicos - o sistema autônomo apresenta duas divisões, a parassimpática e simpática. Nos dois casos há gânglios, o que revela que não é apenas um neurônio que leva a informação até a periferia, mas sim um neurônio que faz conexão com outro neurônio, sendo a conexão entre eles estabelecida no gânglio - nas duas divisões é a acetilcolina (ACh) que faz a transmissão ganglionar - na divisão parassimpática também é a ACh que faz a conexão dos neurônios que partem do gânglio, até o tecido alvo (isso implica que, ao usar fármacos com ação colinérgica, podem haver outros impactos fora da via motora, como na via parassimpática do sistema autônomo, por isso, inibidores AChE podem ter efeitos indesejáveis/não-seletivos da via motora) - no esquema da junção neuromuscular há a placa motora com projeções neuronais constituídas de dobramentos e reentrâncias. Na porção superior dessas reentrâncias, ou seja, na parte que está mais em contato com a porção neuronal, há a presença de receptores de ACh (marcado em azul), enquanto que na região de vales (a parte mais profunda) há a presença de enzimas que fazem a degradação da ACh, as acetilcolinerases - na outra imagem, é um esquema da transmissão colinérgica. Nela a acetilcolina é empacotada em vesículas. Ao ocorrer a despolarização do neurônio, ela é liberada por exocitose durante a sinapse/JNM (nesse caso é JNM). A ACh vai agir na JNM nos canais nicotínicos, que é o alvo específico nesse lugar. Esses receptores nicotínicos são os receptores NM (são chamados assim pois tem diferença estrutural com outros receptores nicotínicos encontrados em outros locais do corpo, o que confere certa seletividade, porque permite que alguns fármacos atuem seletivamente nos receptores da placa motora) - preso a membrana pós-sináptica há a presença de enzimas AChE, que realiza a degradação da ACh. Essa enzima apresenta isoformas diferentes, principalmente isoformas presentes da periferia ou no sistema nervoso, além de isoformas que estão presentes dissolvidas no plasma. Então além da ACH, temos também as colinesterases plasmáticas. Mesmo existindo algumas diferenças, a maioria dos fármacos que são usados como inibidores da ACh não tem seletividade clara, então eles vão inibir qual- quer tipo de colines- terase do organis- mo, o que os fazem ter um impacto nos níveis de segu- rança e nos efeitos inde- sejados. Mecanismos de contração muscular - a imagem acima é um resumo de como acontece a contração muscular. -> desencadeamento do potencial de ação dos nervos motores (PA) -> liberação da acetilcolina da vesícula -> despolarização muscular (PPT) (aumento da permeabilidade ao Na+ e K+) -> hidrólise de ACh pela colinesterase na JNM -> potencial de ação do músculo -> disseminação da excitação pelo músculo -> contração muscular - em todo esse processo, a gente tem a possibilidade de ação em três pontos diferentes: ● MECANISMOS CENTRAIS (em vermelho): existe a possibilidade de ação no SNC. Os fármacos vão controlar a intensidade do potencial de ação no encéfalo ou na medula espinal. Consequentemente, isso vai resultar em alteração na contração muscular. ● MECANISMOS PERIFÉRICOS (em verde): são os fármacos com ação direta na JNM (alcaloides curare, alpha-toxinas das serpentes, suxametônio e decametônio). Atuam basicamente voltados à transmissão colinérgica: 1) fármacos que atuam diretamente na possibilidade de despolarização, ou seja, se ligam diretamente a receptores nicotínicos, alterando a probabilidade de despolarização/excitação das células musculares 2) inibidores da colinesterase, que tem a capacidade de impedir a degradação da acetilcolina e aumentar a disponibilidade do transmissor ● MECANISMOS DE AÇÃO DIRETA (em azul): só tem o dantroleno e tem ação na fibra muscular. Ele atua, principalmente, nos mecanismos intracelulares de disponibilidade de cálcio, por isso seu mecanismo é direto (independente da neurotransmissão funcional ou não ele altera a disponibilidade intracelular de cálcio, que é necessária para a contração das fibras musculares) Racional terapêutico e usos - é a lógica por trás do uso de um fármaco - qual é o sentido de usar o fármaco, qual sua utilidade prática - temos tanto relaxantes musculares (fármacos de ação central) quanto bloqueadores neuromusculares (que são os bloqueadores de canal) - A ideia principal (o racional terapêutico) é reduzir os mecanismos centrais e periféricos da contração muscular - a aplicação clínica é a redução de espasmos e tensão muscular (em especial os fármacos de ação central); facilitar procedimentos invasivos (voltados aos bloqueadores neuromusculares), pois diminui a contração reflexa em procedimentos cirúrgicos, o que é bom, porque mesmo que o paciente esteja anestesiado num procedimento cirúrgico, ao estimular (por meio de um corte, por exemplo) uma musculatura, é comum que ocorra uma contração reflexa. - problemas do uso desses fármacos: Incoordenação motora e perda de vigor (principalmente pensando nos fármacos de ação central, que são os fármacos usados em uso domiciliar, por exemplo, como dorflex) Relaxantes musculares de ação central - a ideia desses fármacos é reduzir a excitabilidade de neurônios motores, seja por ação direta na medula ou em regiões encefálicas que controlam a contração muscular (espasmolíticos) - os princípios farmacológicos principais são: ● Excitatórios (glutamato, um neurotransmissor excitatório importante das vias motoras). ● Pode-se utilizar um fármaco visando reduzir o potencial excitatório glutamatérgico ou potencializar o potencial inibitório, chamando atenção para os dois neurotransmissores GABA (presente na medula espinal) e noradrenérgica (NA) mediada por receptores alpha 2 (também presente na medula espinal; esse receptor alpha 2 é inibitório e é acoplado à proteína Gi; ele controla aspectos de dor e de controle motor) ● não existe relaxante muscular que atue diretamente em glutamato, mas há receptores alfa 2 adrenérgicos presentes como autorreceptores no neurônio pré-sináptico glutamatérgico. Então, ao usar um agonista Alfa 2, é possível reduzir a liberação de glutamato de maneira indireta. ● como o alfa 2 também está presente no neurônio pós-sináptico, ao utilizar umagonista alfa 2, é possível inibir e pré-sinapse quanto a pós-sinapse ● da mesma forma, os receptores GABAb (GABA é sempre inibitório) são acoplados à proteína Gi. Como ele está presente no neurônio pré-sináptico e no neurônio pós-sináptico, ao usar um agonista de GABAb, há a redução de liberação de glutamato ● por fim, existem os canais iônicos GABAa que, frente a ativação, vão hiperpolarizar os neurônios, principalmente os neurônios pós-sinápticos - Primeira grande classe de fármacos mais comuns usados para relaxamento muscular que tem venda livre nas farmácias: ● Ciclobenzaprina (miosan), orfenadrina (dorflex e sedalex), carisoprodol (tandrilax, sedilax e torsilax) e congêneres ● o mecanismo de ação deles é múltiplo e incerto, não tem um alvo único. Eles diminuem a excitabilidade das vias nervosas envolvidas no controle motor, tendo como principal consequência a diminuição do reflexo medular de estiramento muscular ● esses fármacos têm o so específico para tensão muscular, em especial quando se tem o reflexo medular aumentado -> por exemplo o que acontece em situação de estresse ou de uso extenuante muscular ● a Ciclobenzaprina parece atuar antagonizando receptores de serotonina, embora isso seja incerto. isso abre a possibilidade de mecanismos encefálicos também, não só medulares, embora a serotonina também esteja presente na medula ● o carisoprodol tem o possibilidade de agir não só na medula espinal, mas também no tronco encefálico. além disso eles parecem produzir metabólitos que são ativos e que tem atividade de barbitúricos (tuam por ativação GABAa, o que possibilita uma ação gabaérgica, que é inibitória) ● Ação antimuscarínica (boca seca, relaxamento musc. lisa) ● Sonolência, sedação (variação individual) ● São os mais usados rotineiramente - agonistas noradrenérgicos α2 (acoplados à proteína Gi) ● 2 fármacos podem ser usados: Tizanidina (sirdalud) e clonidina (atensina) ● embora esses 2 fármacos possam ser usados para conmtrole de contração muscular, eles raramente são usados para isso ● eles têm de ação inibitória espinal, com mecanismo de ação de ativação de receptores alfa 2 adrenérgicos (presentes em neurônios pré- e pós-sinápticos) ● tem efeitos analgésicos, pois a via noradrenérgica tem impacto no controle da dor -> Analgesia (supressão de vias nociceptivas aferentes) ● quando associado a outros fármacos antiepilépticos, têm efeito anticonvulsivante (pois eles reduzem a contração) ● pode ser usado no controle da pressão arterial (clonidina/atensina) -> muito usados em gestantes que estão com hipertensão e não podem utilizar os anti-hipertensivos de primeira escolha devido ao risco teratogênico no feto ● efeitos indesejados: sedação (ação em receptores alfa 2 do cérebro que controlam atenção, sono e vigília), hipotensão (noradrenalina tem impacto na pressão e na formação de memória), amnésia (efeito central). - Agonistas GABAb (receptores associados à proteína Gi). Obs.: são receptores diméricos (duas unidades de receptor acoplados à proteína g que só funcionam se estiverem unidos) ● Baclofeno ● Expressão em todo SNC (muito presentes no SNC, mas muito mais na medula espinal e por isso, quando ativa GABAb, há uma redução de excitabilidade espinal, com reflexo direto nas funções controladas pela medula espinal) ● faz um controle de espasmos na neurotransmissão voltada ao controle motor -> espasmos pós-lesões no SNC/neurodegeneração (esclerose); ● Analgesia medular (dor muscular, hiperalgesia, alodinia) -> ex.: pessoas com esclerose podem ter dores por conta das contrações frequentes, por isso, ele pode ajudar também aliviando a dor e realizando um efeito analgésico ● problemas: gastrite/úlceras, transtornos psiquiátricos/neurológico - Agonistas alostéricos GABAa ● Benzodiazepínicos ● a ligação de benzodiazepínicos nos canais GABAa aumenta a afinidade do GABA pelo canal e, consequentemente, ocorre um aumento da frequência de ativação desse canal. Ao ativar o canal, ocorre a entrada de cloreto, o que causa hiperpolarização neuronal e inibição da atividade neuronal. Essa é a base do mecanismo relaxante muscular desses fármacos ● eles vão atuar no sistema nervoso como um todo ● esse efeito pode ser mediado tanto por inibição de regiões cerebrais envolvidas no controle motor quanto por inibição neuronal espinal ● o efeito relaxante muscular é muito intenso, por isso eles são restritos para uso em situações muito específicas ● são tarja preta ● Distribuição heterogênea de populações GABAa no SNC, o que permite que no futuro haja fármacos mais seletivos aos GABAa’s ● Os GABAa’s com subunidade α2/α3/α5 são os principais que tem efeito de relaxante muscular desses fármacos. ● Ação desses fármacos é principalmente na medula espinal e no encéfalo (áreas motoras) ● tem efeito o miorrelaxante e antiespasmódico (secundários) ● Controla “tensão muscular” da ansiedade ● Não são prescritos só como relaxantes, são tarja preta ● Todas as limitações dos BZDs (como dependência e tolerância farmacológica -> vai aumentando) Relaxantes musculares de ação direta - antagonista de canais de Ca2+ do retículo endoplasmático. No RE/retículo sarcoplasmático há armazenamento de cálcio e existem canais que vão controlar a saída desse Ca2+. Essa liberação de Ca2+ é extremamente importante para a contração muscular. - o dantroleno causa um bloqueio do canal de Ca2+ do RE/retículo sarcoplasmático (esse canal é chamado de rianodina), provocando uma menor disponibilidade de Ca2+ intracelular e, consequentemente, uma menor interação entre actina e miosina, acarretando, então, numa menor contração muscular -> ↓[Ca2+ ] intracelular, ↓interação actina/miosina -> ↓Força muscular e contração - ou seja, mesmo que se tenha toda via neuronal funcionando normalmente, não há o mecanismo final, que é a liberação de cálcio, por isso o fármaco tem ação direta no músculo - efeito seletivo para musculatura esquelética, pois há muito mais presença de canais de rianodina na musculatura esquelética, além de isoformas específicas nesse tecido; - pode ser usado no controle da hipertermia maligna (i.v.), que é uma reação de aumento da contração muscular que causa produção de calor, com consequente aumento muito grande da temperatura (quase como uma reação alérgica) -> administração de um fármaco, como algum anestésico -> causa uma resposta hipermetabólica (em pessoas com herança autossômica dominante), a hipertermia maligna. Fármacos com ação na JNM - neurônio libera acetilcolina -> ela atua nos receptores nicotínicos que estão presentes da jNM e podem ser degradadas pela acetilcolinesterase -> com o canal nicotínico ativado -> há a entrada de sódio -> que causa despolarização muscular com consequente mobilização de cálcio -> excitação da fibra muscular -> contração subsequente ➔ Bloqueadores musculares periféricos - ↓Ativação da placa motora (junção neuromuscular) via acetilcolina -> visa a redução da contração muscular ● Antagonismo/inativação de receptores nicotínicos (N) -> quando 2 moléculas de acetilcolina se ligam a um canal colinérgico pentamérico, ocorre a passagem de sódio, o que leva à despolarização da fibra muscular, o que causa a contração muscular ❏ ao usar um antagonista ou uma forma de inativar os receptores nicotínicos há a possibilidade de redução da atividade motora -> então a proposta desses bloqueadores neuromusculares é justamente impedir a funcionalidade desses canais nicotínicos e, consequentemente, a transdução de sinal do sistema nervoso motor para a fibra muscular - Receptores nicotínicos são bastante heterogêneos, pois há diferentes possibilidades de agrupamentos das 5 subunidades (αβγδ), gerando diferentes receptores nicotínicos ● Seletividade no bloqueio nicotínico (junçãoneuromuscular) -> como os receptores nicotínicos são constituídos por diferentes subunidades, existe a possibilidade do fármaco agir com bloqueio seletivo nesses canais nicotínicos, o que dá o efeito muito seletivo -> confere um grau de segurança grande para esses fármacos ● Esse bloqueio é preferencialmente reversível, ou seja, dura um determinado tempo, mas é transitório - Existem 2 tipos de ação para um bloqueador neuromuscular: ação adespolarizante (quando ele atua como um antagonista) ou despolarizante (quando ele atua como um agonista) - um bloqueador muscular adespolarizante é um antagonista nicotínico (ele é representado na imagem pelo círculo amarelo) -> Ele se liga no local de ligação da acetilcolina, impedindo a ação dela -> Assim, a ACh não exerce seu efeito -> não ocorre a despolarização, nem a passagem de sódio, nem a contração muscular - um bloqueador muscular despolarizante funciona como agonista (ele está representado por bolinhas azuis) -> Ele se liga ao sítio ortostérico da acetilcolina e ativa o canal, o que faz com que ocorra a entrada temporária de sódio -> isso porque ele se liga com uma afinidade muito grande a esses receptores(afinidade maior que a da acetilcolina) -> o que causa uma ativação muito frequente e duradoura do canal -> posteriormente essa abertura frequente e duradoura causa um bloqueio do canal, o que impede que mais sódio entre. -> ou seja, inicialmente há o aumento da atividade do canal e depois ocorre o bloqueio / dessensibilização do receptor (mesmo ativado, o canal encontra-se fechado) ❖ Ação despolarizante: ● esses fármacos são análogos estruturais da Ach (degradação pela AChE). Como eles tem essa semelhança estrutural com a acetilcolina, esse fármaco também é degradado pela AChE e também vai ter um efeito curto, assim como a ACh. ● têm-se 2 fármacos, a succinilcolina (ou suxametônio) e o decametônio (quase não é mais usado) - O fármaco é um agonista nicotínico que gera uma despolarização persistente e dessensibilização do canal (↓duração), causado pelo bloqueio despolarizante - O gráfico de eletromiografia que representa a atividade de fibras musculares frente ao uso do fármaco(suxametônio). - No traçado de cima, inicialmente, não há contração. - depois da administração de uma pequena dose do fármaco há uma excitabilidade/uma contração (como a dose é pequena, isso é transitório) - No traçado de baixo há a administração de uma dose grande se suxametônio. - a partir daí há uma ativação descontrolada e uma excitabilidade frequente da fibra muscular, pois a succinilcolina está ativando constantemente receptores nicotínicos, levando a uma despolarização frequente (ocorre fasciculação/espasmos musculares/ ativação descontrolada da musculatura, pois há microcontrações iniciais causadas pela droga). Como tem essa fasciculação no começo(antes do bloqueio dos canais), é comum que os pacientes relatem dor muscular após o procedimento - esse fármaco é administrado via intravenosa. - o suxametônio é um análogo da acetilcolina, então a sua utilização não ativa somente receptores nicotínicos da JNM (ele vai ter efeito não são seletivos), tendo efeito colinérgicos em vários lugares do organismo. principalmente porque a acetilcolina é a principal responsável pelos efeitos autonômicos parassimpáticos. Obs.: esse fármaco é uma exceção dos bloqueadores musculares periféricos, pois não são seletivos como estes, além de não apresentar reversibilidade. ❖ succinilcolina (exceção) não apresenta Reversibilidade (antagonistas não “anulam” o efeito) ❖ Efeitos colinérgicos (↑pressão ocular, bradicardia e aumento da produção de secreções na via respiratória – ajuda a entubar) ❖ Fasciculação (espasmos) e dor muscular subsequente ❖ com grande entrada de sódio, há um grande efluxo de[K+ ] plasmática ❖ pode desencadear Hipertermia maligna (sensibilidade individual) - Ação adespolarizante – 3 tipos: “Curare”, “cúrios” e “curônios” ● todos esses fármacos são antagônicos nicotínicos diretos (sem ativação), então eles competem pelo sítio de ligação com a acetilcolina no sítio ortostérico e eles não causam ativação dos receptores nicotínicos, não causando fasciculação, dor subsequente, nem aumento de potássio. ● eles não tem efeito disseminado pelo organismo ● eles são agonistas seletivos das JNM ● o bloqueio que eles causam é seriado (primeiro afeta músculos menores, como dedos, olhos, depois músculos maiores) ● o curare tem mais importância histórica, pois seu uso é muito antigo. Hoje em dia quase não é usado (sua estrutura é a d-tubocurarina) ● Algumas tribos indígenas retiram o curare do dorso de alguns sapos e utilizam na ponta de flechas para causar paralisia muscular na presa, o que facilita a caça. ● eles não têm paralisia ao ingerir a presa porque a estrutura da molécula é muito polar, o que faz com que ela tenha efeito por vias parenterais, mas não por via oral. ● Todos os 3 tipos têm estruturas complexas e polares (sem absorção via oral). De acordo com sua estrutura química, é dividido em curare, cúrio ou curônio. ● Sintéticos benzilisoquinolínicos(cúrios) ou estereoidais(curônios). - todos tem efeito revertido por agonistas colinérgicos (tanto agonista nicotínico, como a acetilcolina, que é um agonista direto quanto por agonistas indiretos, como a neostigmina, que é um inibidor da AChE - é mais vantajoso usar um indireto, pois a ACh não é degradada, então o próprio mecanismo fisiológico aumenta sua quantidade no organismo) - Efeitos revertidos pelo sugamadex, fármaco que serve como antídoto de um bloqueio muscular causado por um curônio (reverte apenas o efeito causado por um curônio/estereoidais). Seu uso é melhor do que o dos inibidores acetilcolinesterases, como neostigmina. - isso porque os inibidores da AChE inibem a atividade da AChE no organismo inteiro, o que causa efeitos colinérgicos aumentados no corpo todo. Já no uso do sugamadex esse problema não existe, por isso os curônios tem sido até preferidos nos ambientes hospitalares. - Particularidades dos principais agentes A. eliminação: qual a forma de eliminação do fármaco B. depuração: quantidade do fármaco que é eliminada do organismo por minuto C. tempo aproximado de ação: tempo que o fármaco age no organismo D. potência aprox. do fármaco em relação à tubocurarina(não é mais usada) - Reversibilidade vs. Tempo: quanto maior o tempo de duração de um bloqueador neuromuscular, mais tempo vai levar para o seu efeito ser revertido naturalmente. Por esse motivo é bom ter formas farmacológicas de reverter esses efeitos ➔ Inibidores da Acetilcolinesterase (AChE) - Podem ser usados para o aumento da atividade colinérgica desejada… - alguns dos motivos são: ● para reversão de bloqueio neuromuscular -> ao usar um inibidor da AChE, ocorre um aumento da ACh e, como consequência, há a retomada da contração muscular ● contornar problemas de “Neurotransmissão deficiente” -> MIASTENIA GRAVIS, POR EXEMPLO ❖ Nela há autoanticorpos que são produzidos e que se ligam a receptores nicotínicos da junção neuromuscular. Ao se ligar a esses receptores, os anticorposfuncionam como antagonistas (impede a ação da acetilcolina), inutilizando esse receptor. Isso pode ser transitório, mas alguns receptores, quando se ligam ao anticorpo, podem ser metabolizados e degradados. ❖ Na miastenia, utilizar um inibidor da AChE, há uma vantagem clínica, pois ocorre o bloqueio da enzima, além do aumento da liberação de ACh e da sua presença na placa motora. Essa Ach em excesso consegue ativar mais receptoes que estão sem o anticorpo e ainda existe a possibilidade da ACh em excesso deslocar o anticorpo, ou seja, competir com ele pela ligação nos receptores nicotínicos -> consegue-se, então, retomar a “neurotransmissão deficiente” (o problema nãotá no neurotransmissor, mas sim no alvo) ❖ 7 fármacos inibidores da AChE: - fisostigmina: usada mais no SNC - neostigmina: para fins neuromusculares(usado na clínica para miastenia) - piridostigmina: para fins neuromusculares(usado na clínica para miastenia) - edrofônio: usado em teste para detectar a miastenia (não pode ser usado para tratar, mas é usado para detectar, pois com uma dose administrada, o paciente demonstra uma melhora aguda no quadro de miastenia, o que comprova o problema) - donepezila - galantamina - rivastigmina - Interação reversível ou irreversível: como acontece essa interação com a enzima? ● preferencialmente os agentes inibidores da AChE tem ação reversível com a enzima, entretanto existem alguns que tem ação irreversível (tem mais importância para situações muito específicas ou toxicológicas) ● para a miastenia, os fármacos tem efeito transitório, ou seja, ação reversível com a enzima e permitem o controle agudo do quadro sintomático ou a reversão do bloqueio neuromuscular A) funcionamento normal: a acetilcolina se liga ao sítio ativo da enzima -> ocorre a degradação da ACh pela AChE -> grupo acetil fica ligado à enzima e o grupo colina é liberado B) com uso de edrofônio: o edrofônio se liga e ocupa o espaço da ACh, mimetizando-a (ele não é metabolizado) e impedindo que a AChE degrade a ACh -> eventualmente se desliga da enzima C) com uso de neostigmina: a neostigmina tem outro padrão de localização, ela se liga com a ACh, sofre degradação pela própria enzima -> é liberado um metabólito inativo -> enzima volta ao seu estado inativo (o ideal é ter esse tipo de interação reversível para não inutilizar a enzima de maneira persistente) - Usos e efeitos indesejados (sistêmicos) A) num paciente normal, um potencial de ação determinado gera uma força de contração padronizada/constante B) num paciente com miastenia, frente à estimulação elétrica, o potencial de ação vai sendo cada vez menor, pois cada vez que a ACh é liberada, tem-se menos receptores disponíveis, pois uma parte já está ocupado por anticorpos e outra já vai estar desativada ou dessensibilizada transitoriamente. Desse modo, de acordo com que faz estimulações frequentes, o potencial de ação reduz, tendo como consequência a redução da força de contração,muscular progressiva C) já se é utilizado nesse paciente a neostigmina, que é um inibidor da AChE, ocorre a retomada da grande do potencial de ação e da força de contração - problemas do uso de inibidores de AChE: são problemas sistêmicos, pois ele impede a degradação de AChE no corpo inteiro A) contração da musculatura lisa visceral, podendo ter cólicas B) miose/contração da pupila C) hipotensão, já que a ACh causa dilatação de vasos D) bradicardia/redução da frequência cardíaca FARMACOLOGIA CLÍNICA - estudo que avalia o uso de cada fármaco para situações específicas *** GRAU DE RECOMENDAÇÃO: varia de mais recomendado para não recomendado, nessa ordem: I(mais recomendado), IIa, IIb e III(não recomendado) *** NÍVEL DE EVIDÊNCIAS: varia de A, B e C (A é o nível adequado de evidências e C é o pior nível possível) OBS.: tabela no slide 30 Outros agentes com ação muscular - há outras possibilidades além dos agentes bloqueadores despolarizantes, adespolarizantes e anticolinesterásicos ou inibidores da AChE, existem outras possibilidades de agentes que têm a capacidade de bloquear/reduzir a contração muscular: ● Hemicolínio: impede o transporte de colina para o interior do neurônio, reduzindo a produção de ACh ● Vesamicol: impede o armazenamento da ACh em vesículas, o que faz com que na exocitose haja liberação de uma vesícula vazia ou com pouca ACh ● Toxina botulínica: impede a exocitose de vesículas contendo ACh, uma vez que não permite a fusão de membrana da vesícula com a membrana do neurônio e por isso não ocorre a exocitose. Essa toxina tem efeito prolongado e pode ser usada para bloqueio muscular também.
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