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Ação de Curatela com pedido de antecipação de tutela maria leticia

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS
7ª COORDENADORIA REGIONAL – BACIA LEITEIRA
1ª DEFENSORIA PÚBLICA DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS/AL
______________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA ​______ VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS-AL
	Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no RG sob o n. xxxxxxxx e CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, órgão emissor: xxxx, residente e domiciliado(a) (endereço completo), CEP: 57.600-000, telefone para contato: xxxxxxxxxxx, contato eletrônico xxxxxxxxxxxx, contato eletrônico inexistente, através da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS, situada na Rua Domingos Roque da Costa, nº 45, São Luís, Palmeira dos Índios/AL, neste ato por conduto da Defensora Pública subscrita, vem, perante Vossa Excelência ajuizar a presente:
AÇÃO DE INTERDIÇÃO
COM PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA
em face de mãe, a Sra. Nome completo, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no RG sob o n. xxxxxxxx e CPF sob o n. xxx.xxx.xxx-xx, órgão emissor: xxxx, residente e domiciliado(a) (endereço completo), CEP: 57.600-000, telefone para contato: xxxxxxxxxxx, contato eletrônico xxxxxxxxxxxx, com base nos substratos fáticos e jurídicos a seguir delineados. 
I - DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
A requerente pugna pela concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, preceituada na Lei nº 1.060/50, pois não dispõe de condições financeiras suficientes para arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme atesta Declaração de Hipossuficiência anexa.
II - DOS FATOS 
A requerida, Nome completo, é portadora de Perda não especificada da visão (CID 10- H 54.7), Úlcera de decúbito (CID 10- L 89), Perda e atrofia muscular não classificadas em outra parte (CID 10 – M 62.5), Seqüelas de acidente vascular cerebral não especificado como hemorrágico ou isquêmico (CID 10 – I 69.4), Senilidade (CID 10 - R54). Atualmente encontra-se em acompanhamento domiciliar, acamada, sem condições de ausentar-se de casa, necessitando, portanto, de total assistência para o desempenho das funções mais básicas, estando visivelmente impossibilitado de praticar os atos regulares da vida civil, conforme Atestado Médico em anexo, subscrito pela Dra. Cinthya lucera Marinho, Médica, CRM/AL – 5936.
Registre-se que a Interditanda encontra-se sob os cuidados da requerente, que é sua filha, conforme documento em anexo, e é quem lhe provê a subsistência e os demais cuidados ordinários à sua sobrevivência.
Ressalte-se, inclusive, que a maior parte dos cuidados dispensados a ora interditanda é custeada pelos proventos de sua aposentadoria. No entanto, o INSS vem exigindo o Termo de Curatela, estando o benefício suscetível, portanto, de ser bloqueado a qualquer momento em prejuízo da interditanda. 
Dessa forma, e na tentativa de melhor cuidar dos interesses da Interditanda, recorre a Requerente ao Estado-Juiz para que o Judiciário, constatando a veracidade dos fatos declinados, decrete a interdição da promovida.
III- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
O Código Civil preceitua que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (art.1º). Estes direitos estão relacionados à capacidade jurídica das pessoas enquanto sujeitos de direitos e deveres. 
Ao lado da capacidade jurídica subsiste a capacidade fática, que está atrelada ao exercício destes direitos. O Código Civil, então, prevê que a maioridade é fato jurídico suficiente para a aquisição da capacidade de fato (art. 5º do CC).
Ocorre, contudo, que existem situações que excepcionam esta regra geral, de tal sorte que, ademais da maioridade, não haverá capacidade para o exercício de determinados direitos, isto é, há incapacidade de exercício.
Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015), o qual modificou os arts. 3º e 4º do Código Civil, deixou de existir a classificação de pessoa maior de idade absolutamente incapaz:
“Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)  (Vigência)
IV - os pródigos.”
Sendo assim, todas as pessoas com deficiência passam a ser, em regra, plenamente capazes para o direito civil, em atendimento aos Princípios da Inclusão Social e Dignidade da Pessoa Humana:
“Art. 1o  É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”
Ainda quanto à inovação legislativa, o mesmo diploma traz o conceito de pessoa com deficiência (art. 2º) e reforça o “banimento” da total incapacidade (art. 6º):
“Art. 2o  Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”  
“Art. 6o  A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.”
No caso em apreço, conforme relatado anteriormente, a interditada é incapaz de administrar os seus bens e praticar os atos regulares da vida civil, haja vista os problemas psiquiátricos e físicos que apresenta. 
Diante do exposto, a Promovente pugna a concessão da curatela para que possa como representante legal da Interditanda, gerenciando os atos da vida civil deste, tal medida judicial pleiteada possibilitará sobrevivência digna a interditanda. 
 Por fim, ficará formalizada, também, no mundo jurídico, a responsabilidade da Sra. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx (filha da requerida), quanto aos cuidados e representação dos atos da vida civil com relação a Interditanda. 
IV - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA-CURATELA PROVISÓRIA
A antecipação dos efeitos da tutela pretendida encontra supedâneo no art. 273 da Lei Adjetiva Civil, podendo ser concedida sempre que existindo prova inequívoca dos fatos articulados como causa de pedir, o órgão judicante se convença da verossimilhança da alegação, bem como do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Há, ainda, um terceiro requisito, que consiste na possibilidade de reversibilidade do provimento.
No caso em tela, entende a Defensoria Pública estarem presente os requisitos legais na íntegra. Com efeito, a verossimilhança do alegado pode ser claramente verificada através da Declaração Médica em anexo, que atesta de forma cristalina as doenças das quais a ora interditanda é portadora. 
O perigo da demora, por sua vez, é evidente, diante do caráter alimentar da aposentadoria percebida pela interditanda,cuja quantia pode ser, a qualquer momento, bloqueada, em virtude da ausência do “Termo de Curatela”, comprometendo a sobrevivência da requerida, já que a renda é utilizada inteiramente para o seu sustento, sendo tal benefício indispensável para manutenção dos cuidados necessários à sua saúde. 
Por fim, não há qualquer obstáculo à reversibilidade da medida, vez que em qualquer momento do processo pode-se determinar a reversão da medida e a nomeação de outra pessoa para assumir o encargo da curadoria.
V - DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer a DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS:
a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, uma vez que, a Requerente declara-se hipossuficiente na forma da lei, não podendo prover as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;
a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, declarando-se a incapacidade civil de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e deferindo-se a curatela provisória para sua filha, a Sra. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, a fim de possibilitar à requerente representá-la perante terceiros, inclusive, junto ao INSS e a qualquer agência bancária na defesa dos seus interesses; 
c) a citação da Interditanda, sendo-lhe oportunizada a impugnação do pedido de interdição ora pleiteado, caso queira, no prazo legal;
d) a intimação do representante do Ministério Público;
e) a nomeação de perito para a realização de exame médico-pericial no interditando e elaboração do respectivo laudo, decorrido o prazo estipulado pelo artigo 1.182, caput, do CPC, e caso Vossa Excelência entenda necessário; 
f) após os trâmites legais, a confirmação dos efeitos da tutela antecipada, para nomear a Autora CURADORA da incapaz xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, ordenando-se ao oficial do Cartório de Registro Civil competente anotar às margens da Certidão de Nascimento do interditando as remissões recíprocas, na forma do parágrafo 1º, do Art. 107, da Lei nº 6.015/73, para que produza seus efeitos legais.
Protesta-se provar o alegado pelos documentos ora acostados e por todos os meios de prova admitidos em Direito, inclusive, através das declarações da Autora, caso se faça necessário.
Dá-se à causa o valor de R$ 937,00 (novecentos e trinta e sete reais), para efeitos fiscais. 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
Palmeira dos Índios/AL, 20 de fevereiro de 2017.
BRUNA RAFAELA CAVALCANTE PAIS DE LIMA
DEFENSORA PÚBLICA
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