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1 Contrato de câmbio É o instrumento firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira e tem por objeto a troca de divisas. A taxa de câmbio é o fator de conversão do montante de moeda estrangeira para sua respectiva contrapartida em moeda nacional. As operações de câmbio podem ser de compra e venda de moeda estrangeira, sempre considerada a ótica da instituição bancária a operar em câmbio. Assim, se falamos em operação cambial de compra, estamos nos referindo à compra da moeda estrangeira pelo banco, neste caso o vendedor é o cliente (exportador). No sentido inverso, em uma operação cambial de venda, estamos nos referindo à venda da moeda estrangeira pelo banco e, neste caso, o comprador é o cliente (importador). Assim, podemos resumir que as operações de câmbio podem ser classificadas em operações de venda e de compra. Um contrato de câmbio de exportação, por exemplo, é um contrato de compra, sempre levando em conta a ótica do banco ou a instituição financeira. Além dessa divisão de compra e venda, os contratos de câmbio são agrupados pela sua natureza, como por exemplo, exportação de mercadorias, importação em geral, juros e financiamento de bens e serviços etc. A partir de 2011 o Banco Central criou um modelo único de contrato de câmbio. A formalização de compra e venda de moeda estrangeira através de um contrato de câmbio denomina-se “fechamento de câmbio” ou “contratação de câmbio”. A “liquidação de um contrato de câmbio” evidencia exatamente a consecução de troca de divisas, que pode ser parcial ou total. 2 A “alteração do contrato de câmbio” significa a repactuação das condições do contrato de câmbio pelas partes, respeitando certos dados que não são passíveis de modificações. O “cancelamento do contrato de câmbio” é a rescisão contratual, bilateral, total ou parcial. A “baixa do contrato de câmbio” é uma operação unilateral do banco, não implicando em rescisão contratual nem alterando a relação existente entre as partes. O “restabelecimento do contrato de câmbio” representa a reversão da baixa, adquirindo a operação seu status anterior e normalmente para efeitos de cancelamento ou liquidação. O momento ideal para contratar o câmbio Para a escolha do momento mais oportuno, alguns pontos devem ser levados em conta: a) Nos casos de liquidação pronta deve-se considerar um prazo para que o exportador possa gerenciar os seguintes pontos: Tempo necessário para que a mercadoria seja preparada e embarcada. Prazo para que os documentos sejam emitidos, preparados, entregues ao banco e remetidos para o exterior. Prazo para que as divisas sejam creditadas na conta do banco. O câmbio deverá ser fechado de modo a se aproveitar ao máximo prováveis variações da taxa de câmbio tidas como benéficas, deixando assim que o contrato seja formalizado exatamente no último dia considerado possível. b) A urgência da empresa de dispor de capital de giro para manutenção e impulso de suas atividades comerciais, uma vez que o exportador poderá se valer dos instrumentos de adiantamento, ACC ou ACE, feitos em moeda nacional e à taxa 3 cambial do dia, referentes aos valores em moeda estrangeira, de contratos para entrega futura ao banco. Essa urgência, diante da falta de alternativa de financiamento de capital de giro, certamente o levará ao uso do ACC e ACE, mesmo que a taxa cambial do dia não seja, naquele momento, a mais vantajosa e que garanta uma maior rentabilidade para a empresa. ACC – Adiantamento de Contrato de Câmbio ACE – Adiantamento de Cambiais Entregues Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) Permite ao exportador antecipar, total ou parcialmente recursos em moeda nacional decorrentes de uma exportação a ser realizada e embarcada no futuro. Trata-se de uma operação de empréstimo em curto prazo. Estas operações são aproveitadas pelas empresas exportadoras visando obter recursos para financiar seus processos produtivos e logísticos, incluindo a compra de matéria- prima, peças e componentes necessários para concluir o produto final que deverá ser exportado. O ACC, desta forma, ocorre com a contratação do câmbio antes do embarque das mercadorias, sendo que os recursos foram captados no exterior pelo banco financiador. Importante destacar que ao optar pela ACC, o exportador perdeu o direito de se beneficiar das futuras variações, (desvalorização do real frente ao dólar) ocorridas com a taxa de câmbio no período do empréstimo, elevando assim o custo da ACC. Quando for o contrário (valorização do real frente ao dólar) poderá negociar com o banco o pagamento dos juros da operação corrigidos pela variação do câmbio que, neste caso, sendo a menor, proporcionaria uma redução dos custos financeiros. 4 Cabe destacar que a segurança financeira do banqueiro local depende, também, da modalidade de pagamento que está sendo praticado pelo exportador assim, pela ordem, o banco prefere, em escala decrescente: 1. Uma carta de crédito a vista, irrevogável. 2. Uma carta de crédito a prazo, irrevogável e confirmada. 3. Uma cobrança documentária a vista. 4. Uma cobrança documentária simples remessa. 5. Uma cobrança documentária limpa (o banqueiro como consignatário no B/L). 6. Uma cobrança documentária a prazo. 7. Uma cobrança documentária remessa sem saque. As garantias locais exigidas pelo banco ao exportador serão maiores para uma ACC amparada em cobrança documentária, que para uma operação de ACC coberta por uma carta de crédito a vista, irrevogável e confirmada. Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) A palavra cambiais se refere aos documentos originais internacionais. O exportador levanta recursos financeiros no banco local após o embarque das mercadorias, entregando os documentos internacionais ao banco financiador nos casos de exportações a prazo cuja cambial, com vencimento futuro, será quitada pelo importador no vencimento. As operações de ACE representam um risco menor para o banqueiro, pois as mercadorias já foram embarcadas e somente resta aguardar o pagamento por parte do importador. No mercado interno existem operações semelhantes denominadas descontos de duplicatas, pelas quais os bancos adiantam os recursos ao cedente do 5 título (duplicata) sem perder o direito de regresso, caso não seja quitada pelo sacado. Analogamente, na operação de ACE, o exportador desconta o chamado saque ou cambial que representa uma exportação a prazo cuja mercadoria já foi embarcada. Por se tratar de um título cambial, o saque deverá ser endossado em favor do banco financiador do ACE, com direito de regresso sobre o exportador, caso o importador resulte inadimplente. Os juros da operação serão cobrados a partir da data do endosso do saque até a efetiva entrada das divisas, decorrente da quitação feita pelo importador, assim, o deságio é pactuado entre o exportador e o banco, dependendo do prazo da cambial e da condição de pagamento internacional, seguindo os mesmos critérios financeiros de um ACC. Além de um bom cadastro, o banqueiro pode exigir da empresa exportadora a assinatura de uma promissória com aval particular dos sócios, a caução de um imóvel ou qualquer outra garantia firme, a critério do banco, mantendo, ainda, o direito de regresso contra o exportador. Caso prático de ACC e ACE Durante o mês de outubro, a empresa exportadora recebeu uma letter of credit at 60 days irrevocable and confirmed no valor de US$50,000.00 FOB correspondendo à exportação de 10.000 peças de equipamentos gráficos. O importador, entre as exigências normais de uma carta decrédito, fixou o prazo máximo para embarque até 30 de dezembro. No dia 4 de novembro, tendo necessidade de levantar capital de giro para produzir as mercadorias, o exportador procurou um banco brasileiro para obter um ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio correspondente a 40% sobre o valor da carta de crédito, o qual foi concedido pelo banqueiro uma vez que o cadastro da 6 empresa e as garantias oferecidas ao banco eram satisfatórias, sendo assinado um contrato de câmbio de US$20,000.00 equivalente a R$34.000,00 pela taxa cambial de R$1,70, fixando o deságio sobre dólar a partir da assinatura do contrato de câmbio. O embarque das mercadorias foi feito em 20 de dezembro e os documentos requeridos pela carta de crédito foram negociados com o banco brasileiro em rigorosa ordem, sem discrepâncias. Como se trata de uma carta de crédito a 60 dias do B/L, as divisas serão honradas pelo banco emitente em 20 de fevereiro. Em 6 de janeiro, o exportador, com necessidade financeira para ampliar suas atividades internacionais e não tendo condições de aguardar o reembolso do banco emitente, procurou novamente o banco brasileiro para solicitar um ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues relativo ao saldo restante de 60% do valor da carta de crédito, o qual foi concedido pelo banqueiro no ato, pois a negociação documental da carta de crédito já estava encaminhada em boa ordem, aguardando somente a vinda das divisas no vencimento do saque. Para formalizar o ACE foi assinado um novo contrato de câmbio no valor de US$30,000.00 equivalente a R$48.000,00, conforme a taxa cambial de R$1,60, vigente no dia do contrato. É pactuado o correspondente deságio a partir de 6 de janeiro até a efetiva entrada das divisas que deverá ocorrer em 20 de fevereiro. Finalmente, em 20 de fevereiro, o banco emitente remete as divisas ao banco negociador, honrando o compromisso financeiro da carta de crédito. Ato seguido, os contratos de câmbio de ACC e ACE são liquidados com o acerto do deságio, dando por encerradas ambas as operações.
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