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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE TOXICOLOGIA GERAL Aluno: EaD – Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE TOXICOLOGIA GERAL MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 CONCEITOS GERAIS E PRINCÍPIOS DE TOXICOLOGIA 1.1 DIVISÕES DA TOXICOLOGIA 1.2 ASPECTOS DA TOXICOLOGIA 1.3 ÁREAS DA TOXICOLOGIA 1.3.1 Toxicologia de alimentos 1.3.2 Toxicologia ambiental 1.3.3 Toxicologia Ocupacional 1.3.4 Toxicologia de medicamentos 1.3.5 Toxicologia social 1.4 PRINCIPAIS CONCEITOS DE TOXICOLOGIA 2 ATENDIMENTO INICIAL DO PACIENTE INTOXICADO 2.1 CONDUTAS DE EMERGÊNCIA 2.2 TRATAMENTO DOS PACIENTES INTOXICADOS 2.2.1 Manutenção das funções vitais 2.3 PROCEDIMENTOS TERAPÊUTICOS ESPECÍFICOS: 2.3.1 Lavagem gástrica 2.3.2 Carvão ativado 2.4 ALGUNS ANTÍDOTOS 2.4.1 Vacina e soro antirrábico (var e sar) 2.4.2 Soro antiveneno 2.4.2.1 Indicações e doses 2.4.2.2 Procedimentos 2.4.2.3 Prevenção das reações adversas: 2.4.2.4 Conduta na reação anafilática 3 INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS DE USO AGRÍCOLA 3.1 O PROBLEMA AN02FREV001/REV 4.0 4 3.2 INSETICIDAS 3.2.1 Inseticidas organofosforados (OF) e carbamatos (Carb) 3.3 INSETICIDAS ORGANOCLORADOS 3.4 DDT – DICLORODIFENILTRICLOROETANO 3.4.1 Indução enzimática 4 DDD – DDD, TDE, ROTHANE ETC. 4.1 METOXICLOR 4.2 CLOROBENZILATO 4.3 DIFOCOL 4.4 HEPTACLOR 4.5 CLORDANE 4.6 ALDRIN 4.7 DIELDRIN 4.8 ENDRIN 4.9 ENDOSULFAN 4.10 DODECACLORO 4.11 CLORDECONA 4.12 TOXAFENO 5 INSETICIDAS PIRETROIDES 6 FUNGICIDAS 7 HERBICIDAS 8 INTOXICAÇÃO POR RATICIDA 9 ESTRICNINA 10 ARSÊNICO 11 FLUORACETATO DE SÓDIO – (Composto 1080) MÓDULO II 12 INTOXICAÇÃO POR DOMISSANITÁRIOS 12.1 ESTATÍSTICAS 13 INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS 13.1 ANSIOLÍTICOS E TRANQUILIZANTES AN02FREV001/REV 4.0 5 13.1.1 Benzodiazepínicos 13.1.1.1 Fenotiazínicos 13.1.1.2 Butirofenonas e Tioxantenos 13.2 ANTICONVULSIVANTES 13.2.1 Barbitúricos 13.2.2 Carbamazepina 13.2.3 Fenitoína 13.2.4 Ácido valproico 13.2.5 Antidepressivos tricíclicos 13.3 DESCONGESTIONANTES NASAIS E SISTÊMICOS 14 INTOXICAÇÃO POR DROGAS DE ABUSO 14.1 O ÁLCOOL 14.2 PSICOESTIMULANTES – ANFETAMINAS E A COCAÍNA 14.2.1 Anfetaminas 14.2.2 A Cocaína 14.3 OS ALUCINÓGENOS 14.3.1 A maconha MÓDULO III 15 ANIMAIS PEÇONHENTOS 15.1 OFIDISMO 15.1.1 Aspectos epidemiológicos 15.2 SERPENTES PEÇONHENTAS 15.2.1 Crotalíneos 15.2.1.2 Características 15.2.1.3 Principais gêneros e espécies 15.2.2 Elapíneos 15.2.2.1 Principais gêneros e espécies 15.3 GÊNERO BOTHROPS 15.3.1 Principais espécies 15.4 GÊNERO CROTALUS 15.4.1 Características AN02FREV001/REV 4.0 6 15.4.1.1 Principal espécie 15.5 GÊNERO LACHESIS 15.5.1 Principal espécie 15.6 GÊNERO MICRURUS (GRUPO ELAPÍNEOS) 15.6.1 Principais espécies 16 SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS 17 ESCORPIONISMO 17.1 PRINCIPAIS ESPÉCIES 18 ARANEÍSMO 18.1 ARANHAS PEÇONHENTAS 18.1.1 Soros 18.1.2 Epidemiologia 18.1.3 Phoneutria 18.1.4 Principais espécies 18.1.5 Loxosceles 18.1.5.1 Principais espécies 18.1.6 Latrodectus 19 OUTROS ANIMAIS PEÇONHENTOS 19.1 LACRAIAS 19.1.1 Tratamento 19.2 ABELHAS 19.2.1 Manifestações 19.3 FORMIGAS 19.3.1 TRATAMENTO 20 PLANTAS TÓXICAS 20.1 OUTRAS PLANTAS TÓXICAS MÓDULO IV 21 INTOXICAÇÃO POR METAIS PESADOS 21.1 CARACTERIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO 21.1.1 Alumínio AN02FREV001/REV 4.0 7 21.1.2 Cádmio 21.1.3 Chumbo 21.1.4 Arsênico 21.1.5 Mercúrio 21.1.6 Níquel 21.1.7 Bário 22 INTOXICAÇÃO POR DERIVADOS DE PETRÓLEO 22.1 ASFALTO 22.2 NAFTALINA 22.3 GASOLINA E QUEROSENE 22.4 METANOL 22.5 BENZENO 22.6 TOLUENO 23 GASES TÓXICOS 23.1 GÁS SARIN 23.2 GÁS VX 24 COMPOSTOS TÓXICOS PROTOPLASMÁTICOS 24.1 MERCÚRIO (Hg) 24.2 FÓSFORO (P) E SEUS COMPOSTOS 25 COMPOSTOS ORGANOMETÁLICOS 25.1 CHUMBO TETRAETILA 25.2 ARSINA (As H3) 25.3 NÍQUEL-CARBONILA Ni (CO)4 26 COMPOSTOS INORGÁNICOS HlDROGENADOS 26.1 FOSFINA (H3P) 26.2 GÁS SULFÍDRICO (H2S) MÓDULO V 27 ALGUNS ANTÍDOTOS UTILIZADOS NA TOXICOLOGIA 27.1 CARVÃO ATIVADO 27.2 PRALIDOXIMA AN02FREV001/REV 4.0 8 27.3 ATROPINA, SULFATO 27.4 DEFEROXAMINA 27.5 FLUMAZENIL 27.6 ACETILCISTEÍNA 27.7 NALOXONA 27.8 METILTIONÍNIO, CLORETO 27.9 BIPERIDENO 27.10 EDTA - EDÉTICO, ÁCIDO 27.11 DISSULFIRAM 27.12 PENICILAMINA 27.13 NEOSTIGMINA MÓDULO VI 28 MEDIDAS DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO 28.1 ESCORPIÕES E ARANHAS 28.1.1 Medidas preventivas 28.2 MEDICAMENTOS 28.2.1 Medidas Preventivas 28.3 PRODUTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS 28.3.1 Medidas preventivas 28.4 PLANTAS TÓXICAS 28.4.1 Medidas preventivas 28.5 SERPENTES 28.5.1 Medidas preventivas 29 TOXICOLOGIA E SAÚDE DO TRABALHADOR 29.1 A PROBLEMÁTICA DO DIAGNÓSTICO DA INTOXICAÇÃO OCUPACIONAL 30 CENTROS DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS 31 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 30.1 LEIS: 31.2 DECRETOS 31.3 NORMAS AN02FREV001/REV 4.0 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 10 MÓDULO I 1 CONCEITOS GERAIS E PRINCÍPIOS DE TOXICOLOGIA Temida por todos, a toxicologia foi considerada até o século XIX como a “ciência dos venenos”. Seu conhecimento, restrito a alguns estudiosos, relacionava- se à traição, ao medo e à morte, pois esse conhecimento pouco era empregado em benefício da humanidade. O envolvimento da substância química na existência humana, como uma arma, fez a toxicologia desenvolver-se inicialmente pelo aspecto legal dada necessidade da identificação do toxicante nas vítimas suspeitadas de assassinato ou de suicídio. Esse fato pode explicar por que o estudo da toxicologia esteve no mundo inteiro restrito aos cursos de graduação em farmácia. Com um currículo abrangendo matérias de química e farmacologia, o farmacêutico, pelas análises toxicológicas em material biológico, pode identificar e quantificar o toxicante, seus produtos de biotransformação e, adicionalmente, as alterações bioquímicas por ele causadas. Essas informações tornaram-se vitais para a emissão de laudos periciais, quando a causa mortis apontava para uma suspeita de intoxicação. A biologia, a fisiologia, a farmacologia, a bioquímica, a genética, a química, a matemática, a física e a estatística são algumas das ciências necessárias ao desenvolvimento da moderna toxicologia. Com um escopo de atuação abrangente, essa denominação da toxicologia neste último século pode ser definida como “a ciência que estabelece condiçõesseguras de exposição às substâncias químicas”. A avaliação do trinômio risco x segurança x benefício na exposição a substâncias químicas dá a certeza da possibilidade dessa convivência, por meio do estudo do xenobiótico e de seu mecanismo de ação no organismo, como ferramenta imprescindível à prevenção da intoxicação. Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes da interação de substâncias químicas com o organismo. A toxicologia abrange uma vasta área do conhecimento, onde atuam profissionais de diversas formações: AN02FREV001/REV 4.0 11 química toxicológica, toxicologia farmacológica, clínica, forense, ocupacional, veterinária, ambiental (ecotoxicologia), aplicada a alimentos, genética, analítica, experimental e outras áreas. 1.1 DIVISÕES DA TOXICOLOGIA Toxicologia possui ramos definidos que contribuem para esclarecer a natureza da ação sob o ponto de vista celular, molecular e bioquímico. Toxicologia química ou analítica – É o ramo da toxicologia que desenvolve técnicas de separação, identificação e quantificação da substância química no ambiente e em material biológico, bem como de seus produtos de biotransformação e as alterações bioquímicas relacionadas com sua ação tóxica. Seu desenvolvimento possibilita o diagnóstico clínico da intoxicação, qualifica e quantifica a cinética e a dinâmica do toxicante, subsidiando o tratamento. Toxicologia clínica – Pela avaliação clínica de sinais e sintomas da intoxicação e de posse dos achados analíticos, torna-se possível acompanhar e controlar a evolução da intoxicação, estabelecendo medidas específicas de proteção, diagnóstico de patologias e o tratamento. Toxicologia experimental – Estuda a toxicidade das substâncias químicas por meio dos experimentos em animais, determinando parâmetros de avaliação de riscos da exposição a um agente tóxico, obedecendo a critérios de similaridade entre o sistema biológico do animal experimentado e o homem, sobretudo em relação ao metabolismo. Fazem parte também da toxicologia experimental os estudos retrospectivos e prospectivos das diversas interações das substâncias nos organismos humanos, animal e vegetal, com vistas à complementação dos dados de toxicidade individualizada e à manutenção da saúde. AN02FREV001/REV 4.0 12 1.2 ASPECTOS DA TOXICOLOGIA Com base nos estudos dos três ramos da toxicologia, torna-se possível identificar aspectos que determinam a finalidade da abordagem, o problema e a sua possível resolução. Aspecto preventivo – A partir do reconhecimento dos riscos que uma dada substância oferece, podem se estabelecer padrões de segurança em relação à exposição. É o mais importante aspecto da toxicologia, pois determina os meios de relação segura com substâncias químicas por extrapolação, hipóteses ou fatos, à luz dos conhecimentos existentes, com vistas à prevenção da intoxicação. Como exemplos, cita-se: o estabelecimento de prazos de carência na aplicação de praguicidas nas lavouras até que o alimento chegue à mesa do consumidor, o controle da atmosfera nas grandes cidades, o estabelecimento de concentrações máximas permitidas de aditivos e contaminantes de alimentos e o controle terapêutico de medicamentos de uso prolongado, entre outros. Aspecto curativo – A toxicologia curativa trata o indivíduo de acordo com o tipo de intoxicação. Pelo diagnóstico clínico ou laboratorial, oferece meios de recuperação do intoxicado, identificando as alterações fisiológicas e bioquímicas e restaurando a saúde. Pela toxicologia curativa, faz-se a recuperação de um indivíduo farmacodependente, ou de um trabalhador com alterações da saúde causadas pela exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho, ou ainda a desintoxicação de indivíduos expostos a poluentes ambientais. Aspecto repressivo – Estabelece a responsabilidade penal dos indivíduos envolvidos em situações ilegais no uso de substâncias químicas. É o caso da presença de aditivos químicos nos alimentos não permitidos por lei; a utilização de agentes de dopagem em competições esportivas; a emissão de poluentes atmosféricos por uma fonte acima dos limites permitidos, etc. O caráter repressivo da toxicologia está estreitamente relacionado à toxicologia forense, área especializada que estuda os aspectos médico-legais dos danos que as substâncias químicas causam no sistema biológico. AN02FREV001/REV 4.0 13 1.3 ÁREAS DA TOXICOLOGIA A classificação da toxicologia em áreas decorre do tipo de substância estudada e as circunstâncias sob as quais ocorre a ação tóxica. Assim, a mesma substância pode ser estudada em mais de uma área, dependendo da finalidade do seu uso. É o caso de um determinado agrotóxico: durante sua síntese pode ocorrer um problema relativo à exposição ocupacional nos trabalhadores na indústria e, posteriormente, quando da aplicação na lavoura. Uma vez expandido no ambiente, o mesmo agrotóxico, ao contaminar o solo, ar e água, transforma-se num agente a ser estudado sob o ponto de vista ambiental. Como resíduo no alimento, o agrotóxico em questão deverá ser estudado nessa área específica. 1.3.1 Toxicologia de alimentos Nesta área são estudados os alimentos com substâncias químicas potencialmente tóxicas de origem natural, como a mandioca brava e os cogumelos tóxicos, ou por adição e contaminação em qualquer uma das fases da produção. A adição de substâncias químicas no alimento é feita com diversas finalidades, visando prover à humanidade com alimento em abundância em qualquer época do ano e em qualquer parte do mundo. Outras vezes, para conferir-lhe cor, odor ou sabor. Seja qual for a finalidade a que se propõe, a adição de substâncias naturais ou artificiais nos alimentos requer leis específicas e um programa de toxicovigilância capaz de controlar o alimento em todas as fases de sua produção e monitorizar a população usuária, com ações preventivas à intoxicação. Os aditivos de alimentos podem ser: Diretos – quando a substância química é colocada no alimento para nele permanecer até a fase de consumo. É o caso dos edulcorantes adicionados aos alimentos dietéticos; dos corantes, que dão melhor aspecto a AN02FREV001/REV 4.0 14 alimentos pouco atrativos em relação ao visual; dos conservantes, que preservam o alimento do crescimento bacteriano ou fúngico; dos estabilizantes, que conservam as propriedades físico-químicas; e dos flavorizantes, que conferem sabor. Para cada tipo de aditivo há uma correspondente Ingestão Diária Aceitável – IDA –, padrão de segurança que estabelece a quantidade da substância que pode ser ingerida por dia durante toda a vida, sem representar prejuízo à saúde do consumidor; Indiretos – são resultantes da adição de substâncias químicas durante as fases de produção, de processamento ou de embalagem e estocagem. A ocorrência destes aditivos no alimento é o maior problema de toxicologia alimentar. Sem padrões de segurança definidos, vários aditivos colocados no alimento, geralmente com propósitos tecnológicos e sem controle de qualidade para sua ocorrência segura à mesa do consumidor, podem reunir vários contaminantes e representar um risco toxicológico de proporções ignoradas. Entre estes, estão os antibióticos, para prevenção e controle de doenças em animais, os promotores de crescimento, os praguicidas, os metais pesados, os radioisótopos e outros agentes contaminantes que, com a possibilidade de interações no alimento ou no organismo, pode resultar em efeitos nocivos inesperados e não diagnosticados. Contaminantes – A contaminação do alimento ocorre quando o aditivo direto ultrapassa a IDA ou quando o aditivo indireto permanece no produto final (exemplo, resíduo de agrotóxicos), ou por contaminação incidental resultante de poluentes ambientais, presença de micotoxinas devido ao crescimento de fungos, etc. O contaminante de alimento pode surgir na fase de produção, do processamento ou da estocagem, e é de difícil controle. AN02FREV001/REV 4.0 15 1.3.2 Toxicologia ambiental Estuda as interações das substâncias químicas contaminantes do ambiente com o organismo humano. É uma área de difícil avaliação, pois se deve considerar a exposição total do homem em diferentes condições (ar, água, alimentos, local de trabalho e doméstico). A toxicologia ambiental ocupa-se das intoxicações decorrentes da presença de contaminantes no ar, no solo e na água, definindo as concentrações nas quais cada substância pode causar um dano, os efeitos aditivos e sinérgicos da exposição a misturas de poluentes, estabelecendo padrões de segurança para a população exposta. As principais fontes de contaminação ambiental são: Naturais – quando a própria natureza eleva as concentrações de poluentes na atmosfera, por exemplo, por meio do ciclo do nitrogênio, o qual, resultante da combustão interna de um motor, pode sofrer oxidação na atmosfera, absorver raios ultravioletas e produzir átomos de oxigênio ativados capazes de iniciar uma sequência complexa de reações que conduzem à formação de componentes irritantes como ozônio, aldeídos, nitratos de alquila, etc. Outros contaminantes naturais se originam de fontes de minérios radiativos, vulcões, degradação biológica de florestas, crescimento de algas tóxicas em águas marinhas, entre outros; Industriais/automotivas – é o setor mais agravante da poluição ambiental, influenciando inclusive a contaminação natural, como já descrito. Os poluentes mais comuns resultantes da atividade industrial e automotiva são: dióxido de enxofre, material particulado, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono. Poluentes específicos de determinadas atividades industriais também são de importância toxicológica: amônia, brometos, hidrocarbonetos clorados, cloro e ácido clorídrico, flúor e fluoretos, mercaptanas, metais, sulfetos, são alguns dos poluentes químicos presentes no ambiente das cidades industrializadas; Agrícolas – a poluição decorrente da atividade agrícola está relacionada com a aplicação de agrotóxicos na lavoura com provável AN02FREV001/REV 4.0 16 contaminação do ar, solo e água. São inseticidas, fungicidas e herbicidas e, na maioria organossintéticos, cuja persistência no ambiente dependerá da estabilidade química do composto, pressão de vapor, temperatura, solubilidade, grau de adsorção no solo, degradação química, fotoquímica e biológica. Outros contaminantes ambientais de importância toxicológica são os metais como arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio, todos originados de fontes industriais; os asbestos, fibras de silicatos minerais que causam asbestose; os detergentes que impedem a oxigenação da água quando em quantidades elevadas. A ação nociva da maioria dos poluentes ambientais está razoavelmente bem estudada, entretanto, os efeitos resultantes da exposição a misturas de poluentes, em baixas concentrações em longo prazo são bem pouco conhecidos, sobretudo devido à diversificação das pessoas expostas que incluem crianças, idosos, pessoas com patologias diversas. Daí a dificuldade de relacionar causa/efeito para esses contaminantes e a complexidade da monitorização da saúde da população exposta. Os padrões de segurança em toxicologia ambiental baseiam-se na avaliação do risco para estabelecer as concentrações seguras da exposição. São eles: CME: Concentração Máxima de Emissão – concentração máxima de poluentes, que pode ser emitida por uma fonte qualquer; CMI: Concentração Máxima de Imissão – concentração máxima do poluente que pode entrar em contato com o homem sem que haja prejuízo a sua saúde, a curto e longo prazo; Para a CME, estabelecem limites de tolerância (LT) em partes por milhão (ppm), partes por bilhão (ppb) ou em microgramas por metro cúbico (g/m3). Para a CMI, são estabelecidos limites de tolerância biológicos, os quais são obtidos através de indicadores biológicos de exposição (IBEs). AN02FREV001/REV 4.0 17 1.3.3 Toxicologia Ocupacional É a área da toxicologia que identifica e quantifica as substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho e os riscos que elas oferecem. Com o objetivo de prevenir a saúde do trabalhador ocupacionalmente exposto, estudam-se os agentes tóxicos de matérias-primas, produtos intermediários e produtos acabados quanto a: aspectos físico-químicos, interação entre agentes no ambiente e no organismo, as vias de introdução, a toxicidade, a ocorrência de intoxicação a curto, médio e longo prazo, os limites de tolerância na atmosfera e no sistema biológico e os indicadores biológicos de exposição. A prevenção da intoxicação em toxicologia ocupacional pode ser alcançada em três etapas fundamentais: Reconhecimento: Por meio do conhecimento dos métodos de trabalho, processos e operações, matérias-primas e produtos finais ou secundários, faz-se a caracterização das propriedades químicas e toxicológicas do agente e a sua presença em determinado local de trabalho ou em determinado produto industrial. Avaliação: Faz-se pela medição instrumental ou laboratorial do agente químico, comparando os resultados com os limites de tolerância no ambiente e no sistema biológico. Na etapa da avaliação, verifica-se, entre outros fatores, a delimitação da área a ser avaliada, o número de trabalhadores expostos, a jornada de trabalho, ventilação, ritmo de trabalho, agentes a pesquisar e fatores interferentes. Os resultados obtidos definirão a necessidade de execução da terceira etapa. Controle: Visa a eliminar ou a reduzir a exposição do trabalhador ao agente tóxico. São medidas administrativas e técnicas que limitam o uso de produtos e técnicas de trabalho, tempo de exposição e número de expostos, mantêm comissões técnicas de controle, disciplinam o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), melhoram as condições de ventilação, treinam os trabalhadores. Pelo cumprimento dessas etapas, torna-se possível estabelecer parâmetros de exposição tanto na atmosfera do trabalho quanto no organismo dos trabalhadores. São limites de tolerância acima dos quais as atividades são consideradas insalubres. AN02FREV001/REV 4.0 18 Limite de Tolerância (LT): Concentração máxima que dada substância pode alcançar no ambiente de trabalho sem que isso represente um dano à saúde do trabalhador. Os limites de tolerância estão relacionados apenas à via respiratória sem considerar outras vias de penetração Sob o ponto de vista da monitorização da saúde, a observação apenas destes limites no ambiente de trabalho é insatisfatória, porquanto não contempla os indivíduos suscetíveis, hábitos individuais e o somatório de exposições por outras vias de introdução. Para complementar os dados obtidos na monitorização ambiental, é necessário o estabelecimento de limites biológicos para a identificação de diferenças individuais. Limites de tolerância biológica (LTB): É a quantidade-limite do xenobiótico ou seu produto de biotransformação encontrada em material biológico (ar exalado, urina, sangue), bem como alterações bioquímicas e fisiológicas decorrentes da exposição adeterminado agente tóxico, sem sinais clínicos de intoxicação ou efeitos irreversíveis. 1.3.4 Toxicologia de medicamentos Estuda as reações adversas de doses terapêuticas dos medicamentos, bem como as intoxicações resultantes de doses excessivas por uso inadequado ou acidental. As reações adversas na utilização terapêutica de um medicamento podem ocorrer, por exemplo, pela incapacidade do organismo em biotransformar e eliminar o medicamento, mas outros tipos de efeitos inerentes ao medicamento e/ou ao organismo podem ser distinguidos: Efeito secundário: Pode aparecer não necessariamente em alguns indivíduos como consequência da administração de certos medicamentos. Ex.: diarreia concomitante ao uso de antibióticos; Efeito colateral: É previsível, pois faz parte da ação farmacológica do medicamento. Ex.: a sonolência em pacientes tratados com anti-histamínicos; Idiossincrasia: Efeito adverso decorrente de problemas genéticos em geral relacionados à deficiência do sistema enzimático. Independe da dose e AN02FREV001/REV 4.0 19 de sensibilização prévia. Ex.: deficiência na atividade da acetilcolinesterase, enzima responsável pela degradação da acetilcolina; Alergia: Não se caracteriza como intoxicação e, por isso, é estudada pela Imunologia e pela toxicologia. Não depende da dose e necessita de prévia exposição do indivíduo ao medicamento. Ex.: a reação alérgica que ocorre em boa parte da população à penicilina; Tolerância: É a diminuição dos níveis plasmáticos esperados quando da utilização contínua de determinados medicamentos, havendo necessidade de doses crescentes para obtenção dos efeitos iniciais. Ex.: o uso contínuo de anticonvulsivante tipo barbitúrico, indutor enzimático, levando a biotransformação mais rápida com consequente diminuição da meia-vida biológica do medicamento; Dependência: Ocorre quando o medicamento passa a fazer parte do funcionamento do sistema biológico. Neste caso, o organismo muitas vezes necessita do medicamento para se manter vivo ou desempenhar uma função. Ex.: a dependência farmacológica a opiáceos, como morfina e heroína ou a etanol e a anfetamínicos; Interações: Resulta na utilização simultânea de dois ou mais medicamentos, podendo haver neutralização dos efeitos esperados, ou ainda, uma adição ou potenciação de efeitos, levando a um quadro variável de intoxicação. Em toxicologia de medicamentos, é muito importante a observação e a definição dos termos: Meia vida biológica, biodisponibilidade, dose-resposta, dose terapêutica, margem de segurança, dose tóxica, dose letal, com vistas à consecução de resultados terapêuticos satisfatórios e à prevenção do aparecimento de efeitos tóxicos. Um dos instrumentos mais valiosos de que se dispõe para assegurar uma terapia com máxima eficácia e efeitos tóxicos mínimos, em casos de tratamentos prolongados, é a monitorização terapêutica. Desta forma, torna-se possível, ao prescrever uma dose, medir sua concentração no local de ação e, consequentemente, prever a intensidade do efeito. Os fármacos comumente monitorados são: anticonvulsivantes, antineoplásicos, cardioativos, antibióticos, analépticos, neurolépticos. AN02FREV001/REV 4.0 20 1.3.5 Toxicologia social Esta área da toxicologia estuda as substâncias químicas utilizadas sem finalidade terapêutica, com repercussões individuais, sanitárias e sociais. Para uma abordagem eficaz, faz-se necessário adotar medidas que aprofundem o conhecimento acerca dessas substâncias e o perfil do usuário, estabelecendo-se técnicas e programas de educação, tratamento, reabilitação e readaptação social dos indivíduos dependentes desses fármacos, denominados farmacodependentes. É uma área estreitamente ligada à toxicologia forense, no que diz respeito à adoção de medidas repressivas ao cultivo de plantas e à fabricação de drogas psicotrópicas que causam dependência. Entretanto, a prevenção deve se sobrepor ao aspecto repressivo. De acordo com o Comitê de Peritos da OMS em Farmacodependência, não existe causa única para a farmacodependência. É indispensável conhecer a interação do fármaco com o organismo e a interação deste com o meio ambiente. Para isso, classifica-se a farmacodependência, dentro de hipóteses etiológicas, em três grupos: Fatores relacionados com características da personalidade do indivíduo usuário de droga; Fatores relativos a distúrbios mentais ou físicos; Fatores socioculturais e ambientais. Segundo o comitê, é provável que várias combinações destes fatores possam determinar a farmacodependência. Fica claro, porém, que para planejar e executar programas eficazes de prevenção e tratamento necessita-se mais informações sobre os fatores associados ao consumo de drogas que causam dependência e as modalidades e a extensão desse consumo. Além disso, fatores como quantidade, frequência, duração e forma de consumo devem ser avaliados, para tentar analisar e interpretar todas essas interações. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as drogas que causam dependência em: AN02FREV001/REV 4.0 21 Tipo álcool-barbitúrico: etanol, barbitúricos e outros fármacos sedativos; Tipo anfetamina: anfetamínicos em geral; Tipo cannabis: cocaína, folhas de coca, crack; Tipo alucinógeno: LSD, mescalina, psilocibina; Tipo opiáceo: morfina, heroína, codeína; Tipo solvente volátil: tolueno, acetona, clorofórmio. 1.4 PRINCIPAIS CONCEITOS DE TOXICOLOGIA Agente tóxico ou toxicante: Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição; Veneno: Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação; Toxicidade: Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. O efeito tóxico é geralmente proporcional à concentração do agente tóxico em nível do sítio de ação (tecido alvo); Ação tóxica: Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais; DL 50: (dose letal 50%) ou dose letal média de uma substância expressa o grau de toxicidade aguda de substâncias químicas. Correspondem às doses que provavelmente matam 50% dos animais de um lote utilizados para experiência. São valores calculados estatisticamente a partir de dados obtidos experimentalmente. Com base nas DL50 de várias substâncias, são estabelecidas classes toxicológicas de produtos químicos e farmacológicos, no entanto, para dizer se uma substância é tóxica ou inócua para o ser humano, devemos também optar por critérios que avaliem se uma substância oferece risco ou perigo para um determinado sistema biológico, para um determinado AN02FREV001/REV 4.0 22 indivíduo ou para a saúde pública; Antídoto: Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias; Intoxicação: É um processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico, resultante das alterações bioquímicas no organismo. O processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante dados laboratoriais; Intoxicação aguda: Decorre de um único contato (dose única-potência da droga) ou múltiplos contatos (efeitos cumulativos) com o agente tóxico, no período aproximado de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máximo duas semanas. Estuda a relação dose/resposta que conduzao cálculo da DL50; Intoxicação subaguda ou subcrônica: Exposições repetidas a substâncias químicas – caracterizam estudos de dose/resposta após administrações repetidas; Intoxicação crônica: Resulta efeito tóxico após exposição prolongada a doses cumulativas do toxicante ou agente tóxico, em período prolongado, geralmente maior de três meses a anos. Fases da intoxicação: O processo de intoxicação pode ser desdobrado, para fins didáticos, em quatro fases: Fase de exposição: É a fase em que a superfície externa ou interna do organismo entra em contato com o toxicante. Importante considerar nesta fase a via de introdução, a frequência e a duração da exposição, as propriedades físico-químicas, assim como a dose ou a concentração do xenobiótico e a susceptibilidade individual; Fase de toxicocinética: Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do fármaco nos diferentes tecidos do organismo. Intervêm nesta fase a absorção, a distribuição, o armazenamento, a biotransformação e a excreção das substâncias químicas. As propriedades físico-químicas dos toxicantes determinam o grau de acesso aos órgãos-alvos, assim como a velocidade de sua eliminação do organismo; Fase de toxicodinâmica: Compreende a interação das moléculas AN02FREV001/REV 4.0 23 do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático; Fase clínica: É a fase em que há evidências de sinais e sintomas, ou ainda, alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante com o organismo. Interações entre substâncias: A exposição simultânea a várias substâncias pode alterar uma série de fatores (absorção, ligação proteica, metabolização e excreção) que influem na toxicidade de cada uma delas em separado. Assim, a resposta final a tóxicos combinados pode ser maior ou menor que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter: Efeito aditivo (efeito final igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes envolvidos); Efeito sinérgico (efeito maior que a soma dos efeitos de cada agente em separado); Potencialização (o efeito de um agente é aumentado quando em combinação com outro agente); Antagonismo (o efeito de um agente é diminuído, inativado ou eliminado quando se combina com outro agente). 2 ATENDIMENTO INICIAL DO PACIENTE INTOXICADO As intoxicações podem ser de forma aguda ou crônica, podendo ocorrer de causa acidental, provocada, ocupacional entre outras. Os agentes tóxicos são os medicamentos, pesticidas, domissanitários, raticidas, produtos químicos industriais, metais pesados, plantas e animais peçonhentos. 2.1 CONDUTAS DE EMERGÊNCIA AN02FREV001/REV 4.0 24 Procedimentos terapêuticos gerais: Suporte Avançado de vida: (baseado no ATLS, *Advanced trauma life support*) Manutenção das vias aéreas: desobstrução e permeabilidade; Respiração adequada e suporte ventilatório; Circulação: sinais vitais e venóclise periférica; Estado neurológico: nível de consciência; Exposição: exame físico minucioso. 2.2 TRATAMENTO DOS PACIENTES INTOXICADOS 2.2.1 Manutenção das funções vitais Desobstrução das vias aéreas; Ventilação; Venóclise periférica; Aferição dos sinais vitais (Pressão arterial, Função cardíaca, etc.); Avaliar estado neurológico. AN02FREV001/REV 4.0 25 2.3 PROCEDIMENTOS TERAPÊUTICOS ESPECÍFICOS Diminuir a Exposição ao Tóxico. DESCONTAMINAÇÃO: Exposição respiratória: Remover a vítima do ambiente contaminado; Ventilação e oxigenação. EXPOSIÇÃO OCULAR: Eversão da pálpebra; Irrigação com água ou soro fisiológico (20 minutos no mínimo); Neutralização química contraindicada. EXPOSIÇÃO CUTÂNEA: Retirar as roupas e acessórios contaminados; Lavar o paciente com sabonete e água corrente, por 15 a 20 minutos; Atenção para áreas de depósito (unhas, orelhas, genitália, nariz). EXPOSIÇÃO ORAL: DESCONTAMINAÇÃO GASTROINTESTINAL: EMESE VANTAGENS: Realizável no local do acidente; Procedimento rápido; Tempo de latência curto; Remoção de partículas grandes. CONTRAINDICAÇÕES: AN02FREV001/REV 4.0 26 Crianças menores de seis meses; Pacientes com depressão do sistema nervoso central; Presença de convulsões e agitação psicomotora; Ingestão de cáusticos; Ingestão de derivados de petróleo e hidrocarbonetos. MEDIDAS PROVOCADORAS DE EMESE: Estímulo físico; Estímulo químico; Solução emetizante aniônica (detergente de cozinha neutro); Xarope de ipeca; Apomorfina. a) SOLUÇÃO EMETIZANTE ANIÔNICA: Mecanismo de ação Irritante gástrico local Latência de cinco minutos. Posologia: Administração oral; 20 ml diluídos em 200 ml água (morna); Efeitos adversos: Dor abdominal; Diarreia. b) XAROPE DE IPECA AN02FREV001/REV 4.0 27 Cephaellis ipecacuanha ou C.acuminata Mecanismo de ação Irritante gástrico local Emético de ação central Latência de vinte minutos; Administração oral; Efeitos adversos. Vômitos incoercíveis; Diarreia; Arritmias cardíacas; Convulsões. c) APOMORFINA Mecanismo de ação: Emético de ação central: Latência de cinco minutos; Administração subcutânea; Efeitos adversos: Depressão respiratória; Depressão neurológica; Hipotensão. 2.3.1 Lavagem gástrica INDICAÇÕES: Pacientes com depressão SNC; Ingestão de tóxicos potentes; Ingestão de tóxicos que provocam sintomatologia grave e imediata. CONTRAINDICAÇÕES: AN02FREV001/REV 4.0 28 Absolutas: Ingestão de substâncias cáusticas; Ácidos ou bases fortes. Relativas: Paciente com depressão de SNC (sem entubação prévia); Paciente agitado ou apresentando convulsões (sem entubação prévia); Ingestão de derivados de petróleo. PROCEDIMENTO Avaliar permeabilidade de vias aéreas, entubar se necessário; Posição: decúbito lateral esquerdo; Sonda nasogástrica calibrosa (n0 18-22 adultos; 8-12 crianças); Conferir se posição correta da sonda; Retirar primeiro líquido drenável sem diluir (reservar amostra para análise no lab-cci, se necessário); Infundir sf 0,9% (5-6ml/kg – máximo de 200ml para adultos e 100ml para crianças, para cada infusão); Retirar volume infundido; Repetir até retorno límpido. COMPLICAÇÕES: Aspiração pulmonar; Perfuração esofágica; Sangramento nasal; Distúrbio hidroeletrolítico. 2.3.2 Carvão ativado AN02FREV001/REV 4.0 29 Pirólise de material orgânico obtido a partir da polpa da madeira. Mecanismo de ação: Adsorção de substâncias no T.G.I.; 1 g pode adsorver mais de 1m2; Ligam-se ao carvão: Substâncias lipofílicas e não ionizadas Substâncias mal adsorvidas: Ácidos e álcalis; Cianeto; Etanol; Lítio; Sulfato ferroso; Derivados de petróleo; Posologia: Administração oral; Dose: 1g/kl (máximo 50 g); Diluição em 200 ml de água. Eficácia: Dependedo tempo decorrido da ingestão. Efeitos adversos: AN02FREV001/REV 4.0 30 Náuseas e vômitos; Obstrução gastrointestinal; Constipação; Fezes enegrecidas; Pneumonite por aspiração. CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA Mecanismo de ação: Mecanismo fisiológico para reabsorção de sais biliares (94%); Conduta: carvão ativado seriado; Via oral ou pela SNG; Posologia: Dose: 15-20 g adultos; 250 mg/kl crianças; 1 hora após administração do carvão ativado. Precauções de uso: Doenças cardiovasculares; Doenças renais; Distúrbios hidroeletrolíticos. Contraindicações: Íleo adinâmico; Obstrução intestinal; Diarreia. 2.4 ALGUNS ANTÍDOTOS AN02FREV001/REV 4.0 31 Antídoto: produto químico que diminui e neutraliza a ação de um agente tóxico ou se opõe a seus efeitos. Antagonista: antídoto que age por competição, pelo mesmo receptor no sítio de ação, com o agente tóxico. Alguns exemplos de antídotos: Pralidoxima: inseticidas organofosforados (IOP); Atropina: IOP, Carbamatos; EDTA: Pb, Cd, Cu, Zn; Etanol: metanol, etilenoglicol; Azul de metileno: metahemoglobinizantes; N-acetilcisteína: paracetamol; Flumazenil: benzodiazepínicos; Vitamina K: cumarínicos; Carvão ativado; Soro antiveneno; Soros disponíveis no CTI: 1. Soro antiveneno: Antibotrópico (sab); Anticrotálico (sac); Antibotrópicocrotálico (sabc); Antiaracnídico (saa); Antielapídico (sae); Antiescorpiônico (saes); Antilonomia. 2.4.1 Vacina e soro antirrábico (var e sar) AN02FREV001/REV 4.0 32 CLASSIFICAÇÃO E N0 DE AMPOLAS ACIDENTE LEVE MODERADO GRAVE Bothops 2 – 4 4 – 8 12 Coritalus 5 10 20 Micrurus ? ? 10 Tityus * 2 – 3 4 – 6 Phoneutria * 2 – 4 5 – 10 Losxoceles * 5 10 2.4.2 Soro antiveneno 2.4.2.1 Indicações e doses: Neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante. Dose: o De acordo com a gravidade do acidente; o Indicação da equipe clínica do CTI; o Independe do peso e idade; o Não tem contraindicações; o Via intravenosa (diluir em SF ou SG, se a diluição for necessária). 2.4.2.2 Procedimentos AN02FREV001/REV 4.0 33 Duas venóclises periféricas calibrosas; Paciente em repouso absoluto; Soroterapia na sala de emergência; Comunicar médico do P.S. (antes); Preparo para prevenção de reações adversas (acidente ofídico ou loxoscélico); Infusão lenta (20-60 minutos) e vigilância constante do paciente, durante uma hora após a soroterapia. REAÇÕES ADVERSAS: Urticárias; Tosse; Epigastralgia; Tremores; Náuseas; Dispneia; rash cutâneo; Vômitos; Hipotensão; Arritmias. 2.4.2.3 Prevenção das reações adversas: Controlar dose, concentração, e velocidade de infusão; Administrar 15 minutos antes: Antagonista h1: maleato de dextroclorofeniramina ou prometazina Antagonista h2: ranitidina ou cimetidina. corticoide: hidrocortisona AN02FREV001/REV 4.0 34 2.4.2.4 Conduta na reação anafilática Suspender o soro imediatamente; Adrenalina (1:1000) subcutânea; Repetir medicações acima, se necessário. 3 INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS DE USO AGRÍCOLA 3.1 O PROBLEMA O uso de substâncias químicas orgânicas ou inorgânicas em agricultura remonta à antiguidade clássica. Escritos de romanos e gregos mencionavam o uso de certos produtos, como o arsênico e o enxofre, para o controle de insetos nos primórdios da agricultura. Do século XVI até fins do século XIX, o emprego de substâncias orgânicas como a nicotina e piretros, extraídos de plantas eram constantemente utilizados na Europa e nos EUA também com aquela finalidade. No início do século XX, iniciaram-se os estudos sistemáticos do emprego de substâncias inorgânicas para a proteção de plantas, deste modo, produtos à base de cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, etc. foram desenvolvidos comercialmente e empregados contra grande variedade de pragas, porém com limitada eficácia. Todavia, a partir da Segunda Guerra Mundial, com a descoberta de o extraordinário poder inseticida do organoclorado DDT e do organofosforado Sharadam, inicialmente utilizado como arma de guerra, deu-se início à grande disseminação dessas substâncias na agricultura. Nos anos 60, os agrotóxicos passam a serem amplamente difundidos. Basicamente podemos classificar os efeitos dos agrotóxicos em agudos e crônicos, sendo estes últimos ainda pouco pesquisados, embora devastadores para o organismo. Há pelo menos 50 agrotóxicos que são potencialmente carcinogênicos para o ser humano. Outros efeitos são neurotoxidade retardada, lesões no Sistema AN02FREV001/REV 4.0 35 Nervoso Central – SNC, redução de fertilidade, reações alérgicas, formação de catarata, evidências de mutagenicidade, lesões no fígado, efeitos teratogênicos entre outros, compõem o quadro de morbimortalidade dos expostos aos agrotóxicos. As principais lesões apresentadas, pelos expostos à ação direta ou indireta dos agrotóxicos, geralmente utilizados na agricultura irrigada, segundo o médico Flávio Zambrone, do Centro de Intoxicação da Unicamp, estão relacionadas abaixo: AÇÕES OU LESÕES CAUSADAS PELOS AGROTÓXICOS AO HOMEM TIPO DE AGROTÓXICO UTILIZADO Lesões hepáticas Inseticidas organoclorados Lesões renais Inseticidas organoclorados Fungicidas fenil-mercúricos Fungicidas metoxil-etil-mercúricos Neurite periférica Inseticidas organofosforados Herbicidas clorofenóxis (2,4-D e 2,4,5- T) Ação neurotóxica retardada Inseticidas organofosforados Desfolhantes (DEF e merfós ou Folex) Atrofia testicular Fungicidas tridemorfo (Calixim) Esterilidade masculina por oligospermia Nematicida diclorobromopropano Cistite hemorrágica Acaricida clordimeforme Hiperglicemia ou diabetes transitória Herbicidas clorofenóxis Hipertemia Herbicidas dinitrofenóis e pentaclorofenol Pneumonite e fibrose pulmonar Herbicida paraquat (Gramoxone) Diminuição das defesas orgânicas pela diminuição dos linfócitos imunologicamente competentes (produtores de anticorpos) Fungicidas trifenil-estânicos Reações de hipersensibilidade (urticárias, alergia, asma) Inseticidas piretroides Teratogênese Fungicidas mercuriais AN02FREV001/REV 4.0 36 Dioxina presente no herbicida 2,4,5-T Mutagênese Herbicida dinitro-orto-cresol Herbicida trifluralina Inseticida organoclorado Inseticida organofosforado Carcinogênese Diversos inseticidas, acaricidas, fungicidas, herbicidas e reguladores de crescimento. A falta de informação parece ser o maior efeito dos agrotóxicos no meio ambiente. Desenvolvidos para ter ação biocida, são potencialmente danosos para todos os organismos vivos, todavia, sua toxidade e seu comportamento no ambiente variam muito. Esses efeitos podem ser crônicos quando interferem na expectativa de vida, crescimento, fisiologia, comportamento e reprodução dos organismos e/ou ecológicos quando interferem na disponibilidade de alimentos, de hábitats e na biodiversidade, incluindo-se os efeitos sobre os inimigos naturais das pragas e a resistência induzida aos próprios agrotóxicos. Sabe-se que há interferência dos agrotóxicos sobre a dinâmica dos ecossistemas, como nos processos de quebra da matéria orgânica e de respiração do solo, ciclode nutrientes e eutrofização de águas. Pouco se conhece, entretanto, sobre o comportamento final e os processos de degradação desses produtos no meio ambiente. Os dados de contaminação ambiental que mais parecem preocupar a opinião pública nos países desenvolvidos são as contaminações do ar, do solo e principalmente das águas. Há evidências que algumas substâncias são transportadas a grandes distâncias pela volatilização, retornando junto com a precipitação, contaminando áreas não tratadas, as quais foram detectadas até em solos urbanos. A maior parte dos agrotóxicos utilizados acaba atingindo o solo e as águas principalmente pela deriva na aplicação, controle de ervas daninhas, lavagem das folhas tratadas, lixiviação, erosão, aplicação direta em águas para controles de vetores de doenças, resíduos de embalagens vazias, lavagens de equipamentos de aplicação e efluentes de indústrias de agrotóxicos. Num levantamento nacional da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), concluiu-se que em aproximadamente 10,4% dos 94.600 AN02FREV001/REV 4.0 37 reservatórios comunitários de água e 4,2% dos 10.500.000 poços domésticos da zona rural há resíduos de agrotóxicos, excedendo em 0,6% acima os limites permitidos (Garcia, 1996). No Brasil, praticamente não há vigilância dos sistemas aquáticos nem monitoramento ou tratamento de águas de consumo para detectar e/ou eliminar agrotóxicos, sendo muito provável que tenhamos o mesmo problema ampliado. No Paraná, de 1976 a 1984, de 1825 amostras de água colhidas nos rios, sem finalidades estatísticas, mas para atender a outros fins, a Surehma (Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente) constatou que 84% apresentaram resíduos e 78% ainda estavam contaminadas depois dos tratamentos convencionais de água. Nos sistemas aquáticos estão incluídos os peixes, um recurso natural dos mais importantes, pois está intimamente ligado à sobrevivência do homem, sendo por muitas vezes a principal fonte de alimento de determinadas populações. A conservação deste recurso depende de técnicas de manejo adequadas que garantam a reprodução das espécies e a proteção dos alevinos, além da fiscalização eficiente do cumprimento da legislação em vigor e da educação ambiental. A fauna ictiológica reclama a mesma proteção que as florestas, os animais silvestres e os campos agricultáveis, afinal os produtos oriundos destes ambientes tornar-se-ão alimentos humanos, e, caso estejam contaminados com agrotóxicos, trarão reflexos irreversíveis ao bem-estar e à qualidade de vida das populações consumidoras. 3.2 INSETICIDAS Organofosforados: Ex.: Malathion, Diazinon, Nuvacrom, Parathion (Folidol, Rhodiatox), Diclorvós (DDVP), Metamidofós (Tamaron), Monocrotophós (Azodrin), Fentrothion, Coumaphós, entre outros; Carbamatos: Ex: Aldicarb, Carbaril, Carbofuram, Metomil, Propoxur entre outros; AN02FREV001/REV 4.0 38 Organoclorados: Uso progressivamente restringido ou proibido. Ex: Aldrin, Endrin, BHC, DDT, Endossulfan, Heptacloro, Lindane, Mirex, Dicofol, Clordane, entre outros; Piretroides: Ex.: Aletrina, Cipermetrina, Piretrinas, Tetrametrina, entre outros. 3.2.1 Inseticidas organofosforados (OF) e carbamatos (Carb) Mecanismos de ação: Os inseticidas OF ligam-se ao centro esterásico da acetilcolinesterase (AChe), impossibilitando-a de exercer sua função de hidrolisar o neurotransmissor acetilcolina em colina e ácido acético. Os inseticidas Carb agem de modo semelhante aos OFs, mas formam um complexo menos estável com a colinesterase, permitindo a recuperação da enzima mais rapidamente. A AChe está presente no sistema nervoso central (SNC), no sistema nervoso periférico (SNP) e também nos eritrócitos. Inativa a acetilcolina, responsável pela transmissão do impulso nervoso no SNC, nas fibras pré-ganglionares, simpáticas e parassimpáticas e na placa mioreural. Manifestações clínicas: Os principais sinais e sintomas da intoxicação aguda por inseticidas inibidores da colinesterase podem ser agrupados didaticamente da seguinte forma: Síndrome colinérgica aguda: Manifestações muscarínicas (parassimpáticas): Falta de apetite, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, incontinência fecal, dor ao defecar; Broncoespasmo, dificuldade respiratória, aumento da secreção brônquica, rinorreia, cianose, edema pulmonar não cardiogênico, tosse, dor torácica; Lacrimejamento, salivação, sudorese; Incontinência urinária; Bradicardia, hipotensão, raramente fibrilação atrial. Manifestações nicotínicas (ganglionares, simpáticas e somatomotoras): AN02FREV001/REV 4.0 39 Fasciculações musculares, tremores, câimbras, fraqueza, ausência de reflexos, paralisia muscular (incluindo musculatura respiratória acessória) e arreflexia; Hipertensão, taquicardia, palidez, pupilas dilatadas (midríase), hiperglicemia. Manifestações em sistema nervoso central: Inquietação, labilidade emocional, cefaleia, tremores, sonolência, confusão mental, linguagem chula, marcha descoordenada, fraqueza generalizada, depressão do centro respiratório, hipotonia, hiporreflexia, convulsões, coma. Síndrome intermediária: De 24 a 96 horas da exposição a alguns OF, pode surgir fraqueza ou paralisia muscular proximal (membros superiores e pescoço). Outros grupos musculares também podem ser afetados, inclusive a musculatura respiratória (respiratórios acessórios), levando à parada respiratória. A recuperação pode levar de 4 a 18 dias. Pode ocorrer em intoxicações graves e está relacionada à inibição irreversível da acetilcolinesterase. Polineuropatia tardia: Este quadro desenvolve-se de duas a quatro semanas após a exposição a inseticidas OF. Caracteriza-se por fraqueza muscular distal, câimbras musculares dolorosas, formigamento, reflexos diminuídos e um quadro caracterizado por incoordenação motora, hipertonia ou espasticidade, reflexos exageradamente aumentados e tremores (síndrome de liberação extrapiramidal – parkinsonismo). A recuperação é variável. Esse quadro não tem relação com a inibição das colinesterases e relaciona-se com exposições a alguns OF. Diagnóstico diferencial: intoxicação por fungos de ação muscarínica, barbitúricos, medicamentos de ação colinérgica e opioides. traumatismo cranioencefálico, infecção pulmonar e acidente vascular cerebral. síndrome convulsiva e edema agudo de pulmão. Diagnóstico e tratamento: AN02FREV001/REV 4.0 40 Medidas gerais: manter ventilação adequada pela desobstrução das vias aéreas, aspiração das secreções e, se necessário, ventilação assistida. Na exposição dérmica, fazer descontaminação, lavando áreas atingidas com água fria e sabão neutro, por 20 a 30 minutos, pode-se usar solução de bicarbonato – os fosforados são instáveis em meio alcalino, com atenção especial a cabelos, unhas e dobras cutâneas, não esfregar a pele com força. Na exposição ocular, lavar com água ou solução salina morna, durante 15 a 20 min., pode ser usado colírio anestésico previamente para facilitar procedimento. Na ingestão, descontaminar o trato gastrointestinal com lavagem gástrica até quatro a seis horas após, entubado o paciente, não provocar vômitos pelo risco de aspiração de derivados de petróleo (solventes utilizados nos inseticidas) e que podem evoluir para pneumonite química. Uso de carvão ativado, com laxativos como sulfato de sódio ou hidróxido de magnésio (para evitar constipação intestinal pelo uso do carvão). Não usar laxantes oleosos, leite ou alimentos gordurosos, pois aumentama absorção – agentes tóxicos são lipossolúveis. Em todos os casos, a partir de moderada gravidade, usar Diazepam EV para controlar fasciculações musculares e convulsões. Bicarbonato EV para corrigir a acidose metabólica (a correção do bicarbonato sérico deve ser plena). Controle hidroeletrolítico. Avaliar funções renal e hepática. Contraindicado: teofilina, aminofilina, morfina, reserpina e fenotiazínicos: podem aumentar a depressão central, colaborar para inibição da colinesterase ou provocar arritmias cardíacas. O socorrista deve proteger-se com luvas e avental de borracha durante a descontaminação do paciente, que precisa ser feita em local ventilado. DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Intoxicação Leve Mal-estar, fraqueza muscular discreta, náuseas, alguns episódios de vômitos. AChe está pouco alterada, raramente inferior a 50% do basal. 1. Descontaminar pele e mucosa; 2. Afastar o paciente da exposição até AChe = 75% do basal. Intoxicação Síndrome muscarínica 1.Sulfato de Atropina: adultos-2 a AN02FREV001/REV 4.0 41 Moderada franca, e/ou sinais de estimulação nicotínica evidente (tremores, fasciculações e fraqueza muscular) além de alterações do SNC (ansiedade, confusão mental ou letargia e sonolência). A AChe geralmente está entre 25 e 50% do basal. 4mg, crianças-0,01 a 0,05mg/Kg a cada 10 a 15 min. EV até sinais de atropinização (ausência de secreção pulmonar e sudorese; rubor facial; moderada taquicardia FC: 120-140bpm; resposta pupilo- midríse não é parâmetro confiável). Repetir a cada 30 ou 60 min, conforme necessidade para manter atropinização (por 24 h ou +). Retirada lenta e gradual e uso suspenso na ausência de manifestações colinérgicas, atropina deve ser restituída. 2. Pralidoxima (Contrathion®): em sol. 1% – maior eficácia nas primeiras 24 h. Adultos: 1 g a 2 g EV a cada 4 ou 6 h, diluída em 150 ml de SF, em 30min. (não exceder 200mg/min). Crianças: 20 mg a40 mg/kg de peso, EV, a cada 4 ou 6 h, diluída em SF, em 30 min.(não exceder a 4 mg/kg/min). Manutenção por 48 h ou mais (preferir infusão contínua a doses repetidas) enquanto presentes s/s e AChe menor 50% do basal. Descontaminação cutâneo-mucosa; suporte e manutenção do estado geral. Intoxicação Agravamento do quadro 1. Aspiração de secreções, AN02FREV001/REV 4.0 42 Grave anterior. Síndrome muscarínica franca e/ou insuficiência respiratória, fraqueza muscular, fasciculações, convulsões e coma. A AChe está inferior a 25% do basal ou a enzima está completamente inativada (AChe = 0). intubação endotraqueal e oxigenação ao mesmo tempo em que se administra atropina EV até obter sinais de atropinização (ver item anterior). 2. Pralidoxima: dose de ataque de 2 g EV (20 – 40 mg/kg para crianças) e manutenção. 3. Diazepam como sedativo ansiolítico e anticonvulsivante. 4. Descontaminação cutâneo- mucosa; suporte e manutenção do estado geral. OBSERVAÇÕES: Atropina bloqueia efeitos da acetilcolina nos receptores muscarínicos e a pralidoxima (Contrathion®) reverte a colinesterase. Até o momento, o Contrathion® não deve ser usado em intoxicações por inseticidas carbamatos, pois não atuam na colinesterase carbamila e o processo inibitório reverte espontaneamente. Doses sugeridas de atropina podem ser aumentadas ou reduzidas, se necessário, garantindo um estado de atropinização moderada com o objetivo de eliminar a secreção pulmonar e o broncoespasmo, otimizando a função respiratória e como consequência haverá melhora no estado de agitação e taquicardia. Quando se administra em conjunto atropina e pralidoxima, as doses necessárias do anticolinérgico passam a ser bem menor: por mecanismos de ação diferentes, os dois fármacos associados produzem efeitos sinérgicos. A pralidoxima não substitui a atropina. Pacientes assintomáticos com história de exposição (dérmica, inalatória ou ingesta) a OF deve ser observado por 24 horas, e exposição a Carb, observar por seis a oito horas. Laboratório: Os parâmetros bioquímicos mais utilizados para avaliação de intoxicação aguda por OF e Carb são: AN02FREV001/REV 4.0 43 1 Medida de atividade da colinesterase: Plasmática (“pseudocolinesterase”) e Eritrocitária (indicador mais preciso). Na intoxicação por Carb, esta dosagem tem valor diagnóstico reduzido, devido à rápida reversão e à normalização dos níveis alterados (de alguns minutos a horas). (Variáveis que aumentam a atividade da acetilcolinesterase: alcoolismo, artrite, asma brônquica, bócio nodular, diabetes, esquizofrenia, estados de ansiedade, hiperlipidemia, hipertensão, nefrose, obesidade, psoríase, tireotoxicose, exposição a organoclorados; algumas variáveis que diminuem a atividade da acetilcolinesterase: anemias crônicas, carcinoma, desnutrição, enfermidades hepáticas, epilepsias, febre reumática, infarto do miocárdio, infecções agudas, anticoncepcionais orais, clorpromazina, corticoides, drogas anticâncer, fisostigmina, neostigmina, raios X, outros). 2 Creatino-fosfo-quinase (CPK) 3 Eletromiografia Exames complementares: hemograma, radiografia de tórax, ionograma, gasometria arterial, ureia, creatinina, eletrocardiograma, e outros. Prognóstico: Morte usualmente por insuficiência respiratória devido à fraqueza muscular e à depressão respiratória do SNC, agravados por broncoconstrição e excessiva secreção brônquica (efeitos muscarínicos). 3.3 INSETICIDAS ORGANOCLORADOS Mecanismo de ação: Desconhecido, atua principalmente estimulando o SNC, causando hiperexitabilidade. Parece atuar nos canais de cálcio, alterando o fluxo de sódio (sensibilização do miocárdio). Em altas doses, são indutores das enzimas microssômicas hepáticas (possíveis lesões hepáticas). Toxicidade geralmente de moderada a alta; potencial de armazenamento tecidual. Absorção via oral, inalatória e dérmica. Manifestações clínicas: Náuseas, vômitos, diarreia; Fraqueza, entorpecimento de extremidades; AN02FREV001/REV 4.0 44 Apreensão, excitabilidade, desorientação; Contrações palpebrais, tremores musculares, convulsões generalizadas, podendo evoluir para coma e depressão respiratória, acidose metabólica, arritmias; Pneumonite química se produtos com solventes derivados do petróleo. TRATAMENTO: Assistência respiratória, Diazepam para convulsões, monitorização cardíaca por seis a oito horas; Medidas de descontaminação: cutânea, gástrica quando pertinente (lavagem gástrica com carvão ativado em doses repetidas – recirculação entero- hepática), se ingestão pequena, só CA, sem LG, catárticos salinos. Não induzir vômitos pelo risco de convulsão e aspiração. Medidas de suporte: corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, propanolol para arritmias ventriculares; Avaliação hepática, renal, hematológica, 48 a 72 horas após quadro agudo; Para eliminação, não são efetivas, diálise, diurese forçada e hemoperfusão, devido ao grande volume de distribuição; Contraindicados: alimentos lipídicos, catárticos oleosos (aumentam absorção) e simpaticomiméticos (risco de arritmias). Os principais Inseticidas organoclorados utilizados são: Hexaclorocicloexano: nome técnico ou comum: HCH, antes BHC. O isômero gama é o lindane. Além de inseticidas ocorre também em sabões e loções escabicidas. Nome comercial – Nedax. Como inseticida é apresentado em formulações comerciais como: concentrado emulsionável, pó seco ou grânulos, comdiversos nomes de registro: aficide, agrocide, agronexit, ameisenmittel, aparasin, aplidal, arbitex, BBX, bexol, celanex, chloran, exagama, forlin, gamacid, gamaphex, magalin, gamahexa, gexane, AN02FREV001/REV 4.0 45 hexaton, lendine, lentox, lindgam, lindagranox, lindatox, ldosep, lintox, novigam, omnitox, silvanol, viton. Comparado com o DDT, o HCH possui baixa persistência no ambiente. 3.4 DDT – DICLORODIFENILTRICLOROETANO Outros nomes: anofex, cesarex, neocid etc. Pó sólido branco cristalino, de PF 108,9 graus. O produto técnico é um pó sólido de cor creme, formado por diversos isômeros e impurezas de fabricação. É praticamente insolúvel em água e solúvel na maioria dos solventes orgânicos. Sintetizado em 1873, sendo as propriedades descobertas por Paul Müller em 1939. É altamente persistente no meio. Seu uso é proibido na maioria dos países, ficando restrito a áreas endêmicas de malária. Foi introduzido como pesticida na metade dos anos 1940. Possui solubilidade em água extremamente baixa e elevada solubilidade em gorduras. Após a absorção concentra-se no tecido adiposo, o que provoca uma proteção, pois diminui sua concentração no sítio de ação tóxica, o sistema nervoso central. Atravessa com extrema facilidade a barreira placentária, e sua concentração no feto é igual à da mãe exposta. Pela sua degradação lenta, produz o fenômeno de bioamplificação, ou seja, uma série de organismos da cadeia alimentar acumula quantidades crescentes do inseticida em seus tecidos gordurosos a cada nível trófico mais elevado. Por último, espécies no topo da cadeia acabam sendo adversamente afetados. Por exemplo, a população de aves comedoras de peixes pode decair. O declínio é atribuído à diminuição da espessura da casca dos ovos. 3.4.1 Indução enzimática O DDT, mesmo em doses relativamente baixas, induz o sistema microssomal hepático ou as oxidases de função mista, mediadas pelo citocromo P450. O resultado é a alteração da biotransformação de drogas, fármacos e hormônios esteroides. O AN02FREV001/REV 4.0 46 DDT parece aumentar o metabolismo dos estrogênios nos pássaros. Este desequilíbrio pode levar a distúrbios no metabolismo do cálcio. Para complicar, o DDT também exerce um efeito estrogênico: inibe a Ca+2-ATPase, que é necessária para a calcificação da casca do ovo. Voluntários humanos consumiram 35 mg de DDT diariamente, cerca de 1.000 vezes mais elevada que a ingestão humana média, for períodos de 25 meses, sem se observar sintomas. Entretanto, há estudos apontando para a carcinogenicidade, que ocorre após pequenas quantidades por um longo período (IARC, 1974). O DDT foi banido dos EUA em 1972, baseando-se esta decisão no desequilíbrio ecológico, no desenvolvimento de insetos resistentes e na carcinogênese, além de ser potente indutor enzimático. Não obstante esse problema, seu mérito de ser um erradicador da malária em muitas regiões tropicais continua e ser obstáculo para sua total proscrição como pesticida. 4 DDD – DDD, TDE, ROTHANE ETC. É o diclorodifenildicloroetano. Etilan. É o 2,2 –bis(p-etilfenil) – l,l – dicloroetano. Conhecido também como perthane. É uma modificação do DDT, com substituição dos cloros das fenilas por radicais etila, conferindo a este composto menor persistência no meio, o que lhe confere uma redução expressiva da toxicidade. DL50 em torno de 8.000 mg/kg a 9.000 mg/kg em ratos. Apresenta baixa absorção pelo trato gastrointestinal de cerca de 5% apenas. 4.1 METOXICLOR Nome técnico ou comum: metoxicloro, metoxi-DDT, DMDT e marlate. Nome químico: 2,2-bis (p-metoxifenil) l,l,l-tricloroetano. Sólido em forma de escamas acinzentadas, praticamente insolúvel em água, pouco solúvel nos alcoóis e bastante solúvel na maioria dos solventes orgânicos. Baixa toxicidade, pequena meia-vida AN02FREV001/REV 4.0 47 biológica, sendo por isso um substituto natural do DDT, especialmente no controle de insetos de frutas e de vegetais comestíveis. É também utilizado em forragens. 4.2 CLOROBENZILATO Nome técnico ou comum: clorobenzilato, acar, acarben, benzilan, diclorobenzilato, folbex, composto 338 etc. Sólido cristalino, incolor ou levemente amarelado, com ponto de fusão 36-37,5 graus. Bastante solúvel em acetona, hexano, metanol, cloreto de metilino, tolueno e em outros solventes orgânicos. É empregado como inseticida não sistêmico e acaricida, especialmente em culturas cítricas. É também utilizado em apicultura. 4.3 DIFOCOL Nome técnico ou comum: difocol, kelthane, acarin, mitigan etc. Nome químico: 2,2-bis-(clorofenil)-l,l,l-tricoloroetanol. O produto puro é sólido incolor, com ponto de fusão de 78,5-79,5 graus, sendo insolúvel na água e solúvel na maioria dos solventes orgânicos. O produto técnico é um óleo viscoso de coloração marrom. 4.4 HEPTACLOR Nome técnico ou comum: heptacloro, heptagran, ceresol, dinox, arbinex 30TN, basaklor, heptaclorane, heptasol, heptox, rhodiaclor, velsicol 104 etc. Tem aspecto de cera, fundindo-se entre 46 e 74 graus. Puro é um sólido cristalino, com pf de 95 graus. Praticamente insolúvel em água e solúvel em solventes orgânicos. Usado quase exclusivamente como formicida. Em alguns países, é usado unicamente no controle de térmitas no tratamento da madeira. Altamente persistente AN02FREV001/REV 4.0 48 no meio, sendo oxidado a epóxido ou epoxiheptacloro. Isolado do clordane técnico em 1946. 4.5 CLORDANE Nome técnico ou comum: clordano, octacloro, chloridan, chlortox, toxichlor, aspon, belt, topichlor, topiclor, sydane, termex, synclor etc. Líquido escuro de aspecto xaroposo. Mistura complexa de compostos clorados. Utilizado como inseticida em culturas de arroz, sementes oleaginosas, cana-de-açúcar e em frutíferas. Em solução oleosa, é usado quase que exclusivamente no controle de térmitas. 4.6 ALDRIN Nome técnico ou comum: aldrin, aldrex, toxadrin, HHDN etc. Quando puro é um sólido cristalino com pf de 104-104,5 graus. O produto de grau técnico é uma substância de coloração pardacente. Praticamente insolúvel na água e solúvel em solventes orgânicos, estável em meio alcalino e também em meio ácido em pH superior a 3. Altamente persistente no ambiente. Tem sido extensivamente usado como inseticida, especialmente como formicida, concentrado (40g/100g). No Brasil, seu uso é rigorosamente restringido. 4.7 DIELDRIN Nome técnico ou comum: Dieldrin, HEOD. É produto de epoxidação do aldrin. No estado sólido, é levemente escuro, apresentando aproximadamente 85% do composto puro. Quando em estado de pureza de 90% é de coloração branca com pf de 172-176 graus. É estável em meio alcalino, e decompõe-se lentamente sob a AN02FREV001/REV 4.0 49 ação da luz. Praticamente insolúvel em água, muito pouco solúvel em óleos minerais, hidrocarbonetos alifáticos e alcoóis, moderadamente solúvel em acetona e muito solúvel em solventes aromáticos e halogenados. Bastante empregado como inseticida em ambientes domiciliares, no controle dos vetores, como no caso da malária. É altamente persistente. 4.8 ENDRIN Nome técnico ou comum: endrin, endrex, hexadrin etc. É um estereoisomero do dieldrin. O composto puro é um sólido critalino, branco, que funde a mais de 200 graus, com decomposição. Produto de grau técnico tem cor pardacenta. Praticamente insolúvel em água, moderadamente solúvel em acetona, benzeno e xileno. É indicado como inseticida nas culturasde algodão e cereais, e no combate ao gafanhoto e ratos silvestres em pomares. Todavia, o seu uso está proibido em diversos países, inclusive no Brasil. 4.9 ENDOSULFAN Nome técnico ou comum: endosulfan, tiodan, malix, ciclodan etc. Mistura de dois estereoisômeros, o alfaendosulfan, e o betaendosulfan. O produto técnico contém de 90% a 95% da mistura dos dois isômeros. É um sólido cristalino de cor marrom, com odor de dióxido de enxofre, tem um pf de 70-100 graus. É estável à ação da luz, solar, pouco estável com ácidos e bastante instável à ação dos álcalis. É insolúvel na água e moderadamente solúvel na maioria dos solventes orgânicos. É um inseticida de amplo espectro, sendo utilizado no combate às pragas de culturas como o café, chá, algodão arroz, milho, sorgo, cítricas e hortaliças. AN02FREV001/REV 4.0 50 4.10 DODECACLORO Nome técnico ou comum: dodecacloro, Mirex. Sólido cristalino branco, insolúvel em água e solúvel em solventes orgânicos. Utilizado como formicida sob a forma de iscas atrativas em com máximas de 0,3 %. Seu uso é severamente restrito, sendo substituído por outros compostos, como exemplo, a sulfluramida. 4.11 CLORDECONA Nome técnico ou comum: Clordecone, kepone etc. É obtido pela substituição de um átomo de cloro por um oxigênio, resultando em um grupo cetona no dodecacloro. Assim é um produto de oxidação do Mirex. O produto técnico, no estado sólido, contém cerca de 90 % do composto puro. É pouco solúvel na água, pouco solúvel em acetona e solúvel em benzeno e hexano. A clordecona é utilizada como inseticida em hortaliças. O principal metabólito da clordecona é a clordecona álcool, que aparece na bile como conjugado com ácido glicurônico. A principal rota de excreção é pelas fezes. Colestiramina administrada a pacientes intoxicados eleva de 3 a 18 vezes a excreção fecal da clordecona, diminui o T1/2 no sangue de 140 a 80 dias, e aumenta a velocidade de recuperação das manifestações tóxicas. Apenas de 5% a 10% da clordecona excretada pela bile aparece nas fezes, o que indica extensiva reabsorção intestinal. Clordecona em leite de vaca pode ser uma fonte de exposição humana. 4.12 TOXAFENO É obtido pela cloração do canfeno, apresentando de 67% a 69 % de cloro. Tem o aspecto de graxa viscosa, de cor que varia do amarelo ao âmbar, com AN02FREV001/REV 4.0 51 densidade de l,660 a 20 graus. É constituído de cerca de 200 compostos químicos similares, dos quais três são considerados os responsáveis principais pela sua ação inseticida. Também conhecido como canfeno clorado, é pouco solúvel em água e solúvel na maioria dos solventes orgânicos. É um inseticida não sistêmico de contato, apresentando também uma atividade acaricida. Apresenta pequena persistência no ambiente e é facilmente excretado quando absorvido por mamíferos. É empregado no combate às pragas do algodão e, em menor escala, nas culturas de grãos e na pecuária bovina, caprina e suína. 5 INSETICIDAS PIRETROIDES Mecanismo de ação: Alergênicos. Também atuam nos canais de sódio da membrana das células nervosas, alterando a despolarização e a condução do impulso nervoso (estimulam o SNC e em doses altas podem produzir lesões duradouras ou permanentes no sistema nervoso periférico). Manifestações clínicas: Dermatite de contato, urticária; secreção nasal aumentada (irritação de vias aéreas), broncoespasmo; irritação ocular, lesão de córnea; em casos de intoxicação grave: manifestações neurológicas como hiperexcitabilidade, parestesia e convulsões. Tratamento: Medidas de descontaminação – pele: água e sabão; olhos: soro fisiológico ou água durante 15 minutos; digestiva: carvão ativado, catártico. Anti-histamínicos, broncodilatadores, corticoides, anticonvulsivantes (Diazepam) Em casos de hipersensibilidade severa, tratamento imediato: manter respiração, adrenalina, anti-histamínicos, corticoides, fluídos EV. Medidas de suporte. AN02FREV001/REV 4.0 52 6 FUNGICIDAS Os principais grupos químicos são: Etileno-bis-ditiocarbamatos (Maneb, Mancozeb, Dithane (Manzate), Zineb, Thiram); Trifenil estânico (Duter, Brestan, Mertin); Captan (Orthocide e Merpan); Hexaclorobenzeno. Etileno-bis-ditiocarbamatos: Alguns compostos (Maneb, Dithane) contêm manganês, que pode determinar parkinsonismo pela sua ação no SNC. Presença de etileno-etilureia (ETU), como impureza de fabricação, com efeitos carcinogênicos (adenocarcinoma de tireoide), teratogênicos e mutagênicos em animais de laboratório. Intoxicações por estes produtos ocorrem por via oral, respiratória e cutânea. Exposição intensa provoca dermatite, faringite, bronquite e conjuntivite. Trifenil estânico: Em provas experimentais com animais há redução dos anticorpos circulantes; Captan: Pouco tóxico utilizado para tratamento de sementes para plantio. Observado efeito teratogênico em animais de laboratório; Hexaclorobenzeno: Pode causar lesões de pele tipo acne (cloroacne), além de uma patologia grave, a porfiria cutânea tardia; Tratamento: Esvaziamento estomacal com carvão ativado; para irritação cutâneo-mucosa, tratamento sintomático; no caso de risco de colapso, oxigenoterapia e vasoconstritores por via parenteral. 7 HERBICIDAS Os principais representantes são: Paraquat: (Gramoxone, Gramocil); Glifosato (Round-up, Glifosato Nortox); Pentaclorofenol; Derivados do Ácido Fenóxiacético: (2,3 diclorofenoxiacético ( Tordon 2,4 D) e 2,4,5 triclorofenoxiacético (2,4,5 T). A mistura de 2,4 D com 2,4,5 T é o agente laranja; Dinitrofenóis: Dinoseb e AN02FREV001/REV 4.0 53 DNOC. Utilização crescente na agricultura nas duas últimas décadas. Substituem a mão de obra na capina, diminuindo o nível de emprego na zona rural. Seus principais representantes e produtos mais utilizados são: Dipiridilos: Entre os herbicidas dipiridilos, o Paraquat (Gramoxone) é extremamente tóxico se ingerido (ação rápida); ingestão de volumes superiores a 50 ml é sistematicamente fatal. Para prevenir contra o uso para tentativas de suicídio, a preparação comercial contém substâncias nauseantes e que conferem odor desagradável ao produto. Manifestações clínicas: Lesão inicial: irritação grave das mucosas; lesão tardia: de quatro a 14 dias, começam as alterações proliferativas e irreversíveis no epitélio pulmonar; sequelas: insuficiência respiratória, insuficiência renal, lesões hepáticas. A absorção dérmica é mínima. Contato com olhos pode provocar inflamação da córnea e conjuntiva. Contato frequente com a mucosa nasal pode determinar sangramento. A ingestão de Paraquat causa desconforto gastrointestinal em algumas horas. O início dos sintomas respiratórios e a morte podem ser retardados por vários dias. Os casos de evolução fatal podem ser divididos em três tipos: 1. Intoxicação aguda fulminante, após absorção maciça, ocorrendo óbito por uma combinação de edema pulmonar, oligúria, insuficiência hepática, adrenal e distúrbios bioquímicos. 2. Óbito mais tardio é resultante de edema pulmonar, mediastinite e falência múltipla de órgãos e sistemas. 3. Fibrose pulmonar tardia iniciando após quatro dias e podendo evoluir por várias semanas, normalmente culminando com óbito por insuficiência respiratória. Devido à grave e tardia toxicidade pulmonar, é importante o tratamento precoce. Tratamento: Remoção do Paraquat ingerido por lavagem gástrica e uso de catárticos. Prevenção da absorção pela administração de Terra de Fuller
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