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Introdução a Bacteriologia

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MICROBIOLOGIA 
 
Dário G. Pôrto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2011
INTRODUÇÃO A BACTERIOLOGIA 
Bactérias são organismos unicelulares, procarioto, ou seja, não há uma membrana separando 
o material genético do citoplasma. Possuem parede celular composta por peptideoglicanos, e 
dividem-se por fissão binária. 
Os Procariotos se subdividem em dois grandes grupos as Eubactérias e as Arquibactérias. Os 
milhares de tipos de bactérias diferem uma das outras por morfologias, composições químicas 
celulares, necessidades nutricionais, atividades bioquímicas, fonte de energias diferentes. 
Quanto ao tamanho varia de 0,2 a 2 micrometros, e a forma variando em coco (esférico), 
bacilo (bastão) e espiral. 
 
Figura 01 – Morfologia de bactérias. 
Os cocos podem ter formas variadas como ovais, alongados, achatados em uma das pontas. 
Após a reprodução, podem-se ficar unidos os cocos, dando arranjos variados como o 
diplococo, estreptococos, tétrades, sarcinas, estafilococos. 
O mesmo se dá para bacilos, podendo ser diplobacilos e estreptobacilos. 
 
 
Referencia Bibliográfica 
TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flavio. MICROBIOLOGIA. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2004. 
 
 
Parede Celular 
Tem como função manter a forma da bacteriana, pois a célula sofre grande pressão osmótica 
(15 a 20 atm) no interior em comparação ao exterior. Também, a parede celular, desempenha 
grande papel na divisão celular, servindo de primer para a biossíntese da própria parede dando 
origem ao septo que separa as duas novas células. 
 Estrutura Química 
Na maioria das bactérias a parede é constituída por uma substância, o peptideoglicano. Em 
bactérias do tipo Gram-positivas o peptideoglicano representa 15 a 20% da massa celular, já as 
Gram-negativas não ultrapassa 5%. O peptideoglicano é composto por um arranjo alternado 
de N-acetilmurâmico (NAM) e N-acetil-glicosamida (NAG). Moléculas de NAM encontra-se 
covalentemente ligadas por cadeias laterais de tetrapeptídeos (CLT), que são compostos por L-
alanina, D-glutamanto, mesodiaminopimelato e D-alanina. Duas CLT’s podem se interligarem, 
o quarto aminoácido de um com o terceiro de outro. O numero de ligações de CLT’s é bem 
maior em gram-positivas. 
 
Figura 01 – Desenho representativo de parede celular. 
Em “A” uma parede de uma Gram-positiva e em “B” de uma Gram-negativa. 
 
 
 
A forma celular é determinada pelo comprimento das cadeias do peptideoglicano e pela 
quantidade de ligações existentes entre estas na cadeia. 
Também na parede celular de gram-positivas encontra-se o Ácido Teicóico, que também é 
encontrado na membrana plasmática da célula, que são formados por resíduos de glicerol ou 
ribitol, unidos por ligação fosfodiéster. E tem como função: 
 Facilitar a ligação e regular entrada e saída cátions na célula; 
 Regular atividade das autolisinas durante o processo de divisão celular; 
 Constituir sítios receptores de bacteriófagos; 
 Servir de sítio de ligação com o epitélio do hospedeiro; 
Alem do mais, o ácido teicóico constitui importantes antígenos celulares para a identificação 
sorológica de muitas bactérias gram-positivas. 
As gram-negativas é bem mais complexa, ela é formada por poucas camadas de 
peptideoglicano e possui uma membrana externa. E possui um espaço entre a parede celular e 
membrana celular denominado de espaço periplasmático que contem uma série de enzimas 
hidrolíticas e proteínas transportadoras de soluto. 
A membrana externa é composta por dupla camada lipídica, a interna constituída por 
fosfolipídios e a externa por lipopolissacarídeos (LPS ou endotoxina). O LPS é constituído por 
lipídio-A (complexo lipídico) e por antígeno-O (a cadeia lateral de polissacarídeos varia 
conforma a espécie). 
Essa membrana externa confere uma característica especial as bactérias gram-negativas, pois 
devido a cargas residuais positivas dos polissacarídeos possibilita uma evasão à ação 
fagocitária e ao complemento, durante a invasão de um hospedeiro. Ela também, a membrana 
externa, constitui uma barreira adicional à entrada de substancias, como antibióticos, 
detergentes, lisozima, metais pesados, sais de bile, enzimas digestivas e alguns corantes. 
Há bactérias que não possuem a Parede Celular, como as micoplasmas que seu citoplasma é 
limitado apenas por uma bicamada fosfolipídica associada a proteínas. As Arqueobactérias não 
possuem peptideoglicano típico. Mas podem possuir uma parede celular com NAG ou só com 
outras proteínas. 
 Substancias Poliméricas Extracelulares 
As substancias poliméricas extracelulares formam uma massa amorfa mais dispersa com 
natureza polissacarídica. E tem como função de ser reservatório de água e nutrientes; 
aumenta a capacidade invasiva das bactérias patogênicas; aumenta a aderência (biofilme, 
mineralização). 
Cápsula é uma camada que fica ligada a parede celular. A camada S, presente, sobretudo em 
arqueobactérias é composta por proteínas ou glicoporteínas ligadas a parede, que é 
responsável pela sustentação da bactéria. 
 
 
 
Referencia Bibliográfica 
TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flavio. MICROBIOLOGIA. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2004. 
 
 
Coloração 
Os microorganismos são quase todos incolores na observação ao microscópio óptico, assim 
necessita-se preparar a amostra para ser observada, uma das formas mais comuns é por 
coloração, de modo que o corante vai ressaltar determinadas estruturas celulares. 
 O Esfregaço 
Para serem corados os microorganismos precisam ser primeiramente fixados em lâminas, 
estes então são mortos e fixados, dando uma duração significativa para a amostra. 
Deve-se formar um filme delgado com a amostra sobre a lâmina, que se denomina esfregaço, 
que pode ser secado ao ar livre ou em lamparina ou bico de Bunsen. Quando se utiliza o calor 
para secar a lâmina deve observar que o lado do esfregaço deve ficar para cima, ou seja, com 
contato indireto com a chama. Desta forma a amostra já está fixada. 
 Coloração Positiva e Negativa 
Quando o cromóforo a parte carrega da molécula do corante se une a determinadas estruturas 
celulares tornando assim colorida. Comumente a corantes básicos (íon positivo é que dará cor) 
tendem a corar as estruturas negativas, pois em pH 7 as estruturas bacterianas tendem a ficar 
carregadas negativamente. Assim a coloração da célula se dá de forma direta. Contudo em 
corantes ácidos (é o íon negativo que dará cor) não há atração com as estruturas negativas que 
repelirá o corante, e assim haverá a coloração do fundo. Esta técnica de coloração do fundo é 
valida para analisar forma geral da célula, tamanho e cápsula pois a célula se torna bem visível 
contra um fundo escuro. 
Corantes Básicos 
 Violeta de Genciana; 
 Azul de metileno; 
 Safranina; 
Corantes Ácidos 
 Eosina; 
 Nigrosina; 
 Tinta nanquim; 
 
 
 
 Coloração Simples 
O objetivo da coloração simples é destacar todo o organismo, assim ficando nítida a forma 
celular e estruturas básicas. Faz um esfregaço, aplica-se a solução corante por determinado 
tempo, lava-se em água corrente e depois se seca suavemente a lâmina. É comum colocar um 
mordente na solução, para intensificar a coloração. 
 Coloração Diferencial 
 Coloração de Gram 
 Método de Gram 
1. “Coloração Primária” Recobrir um esfregaço por calor por um corante básico 
púrpura (violeta genciana); 
2. Lava-se o esfregaço e recobri-lo com um mordente (Iodo). Pois todas as 
bactérias (Gram positivas e negativas se coram em violeta escuro ou púrpura); 
3. Lava-se a lâmina com álcool-acetona (Agente descolorante); 
4. Lava-se o álcool e cora-se com safranina, o contra-corante (corante básico 
vermelho)5. Lave-se o esfregaço e seque-o; 
As gram-negativas são perdem ao corante púrpura após a lavagem com álcool e são sensíveis a 
safranina. E as gram-positivas não perdem essa coloração e assim não são afetadas pela 
safranina. Isto ocorre porque as bactérias gram-positivas possuem uma parede mais espessa 
de peptideoglicano do que as gram-negativas que possuem uma camada de lipopolisacarídeos. 
Assim o complexo violeta-iodo (CV-I) é formado dentro da parede celular, pois o violeta de 
genciana não pode mais sair de lá, devido o seu tamanho. Contudo já nas bactérias gram-
negativas por haver a camanda de lipopolisacarídeos, este é rompido pela lavem com álcool e 
assim o CV-I é removido da camada delgada de peptideoglicana, permanecendo assim incolor. 
Por isso é que se faz necessário o contra-corante de safranina. 
O método de coloração Gram é útil para a clínica médica, pois as bactérias gram-positivas 
tendem a serem mais susceptíveis a antibióticos como penicilinas e cefalosporina. Já as 
bactérias gram-negativas tendem a ser mais resistente a antibióticos, pois não conseguem 
atravessar devido a sua camada de lipopolisacarídeos. 
 Coloração Alcool-Ácido Resistente (Ziehl-Neelsen) 
Este tipo de coloração é usado principalmente pelos microbiologistas para corar bactérias do 
gênero Mycobacterium e identificar cepas patogênicas de Nocardia. 
O corante carbolfucsina é aplicado no esfregaço e aquecido lentamente por vários minutos, 
resfria-se a lâmina e lavada em água, depois tratado com um descolorante (álcool-ácido). 
Assim as bactérias não álcool-ácida resistentes são descoradas, permanecendo só as coradas 
de vermelho. Após, aplica-se azul de metileno que corará as bactérias não álcool-ácido 
resistentes em azul. 
 
 
 
Coloração Especial 
 Coloração Negativa para Cápsulas 
Alguns microorganismos possuem um revestimento gelatinoso denominado cápsula que pode-
se determinar a virulência do organismo. 
Esta coloração é mais difícil, pois a materiais capsulares são solúveis em água, que podem ser 
desalojados ou removidos durante a lavagem. Assim, pode-se fazer uma solução coloidal fina 
de partículas coradas (tinta nanquim ou nigrosina) para fornecer um fundo escuro e depois 
corar por coloração simples, por safranina, por exemplo. Devido a composição química, a 
cápsula nega a maioria dos corantes biológicos, como a safranina, e o uso do nanquim faz uma 
coloração negativa, evidenciando o contraste entre o fundo, circundante, e a cápsula. 
 Coloração para Endosporos 
Em condições ambientais adversas, forma-se dentro da célula, uma estrutura resistente, 
dormente, o Endosporo (Esporo). Os esporos não podem ser corados por métodos comuns, de 
forma que é usada a técnica de Schaeffer – Fulton, onde o verde malaquita é aplicada em 
esfregaço por calor e aquecido por 5mim (aproximadamente), lava-se por 30 segundos e em 
seguida aplica-se a safranina para corar as partes da célula que não é endósporo. 
 Coloração para Flagelos 
Cora-se por carbolfuscina para aumentar os flagelos até uma proporção desejada, pois o 
numero e o arranjo de flagelos servem para o auxilio em diagnósticos. 
 
 
Referencia Bibliográfica 
TORTORA, Gerard. Microbiologia. 6ed. Guanabara Koogan. 
 
 
CRITÉRIOS PARA REJEIÇÃO DE AMOSTRAS CONSIDERADAS INADEQUADAS PARA CULTURA: 
 Qualquer amostra recebida em formol ou outro tipo de germicida. Coleta de escarro 
ou de urina de 24 horas. 
 Amostras recebidas em recipientes apresentando vazamentos. Amostras recolhidas de 
sondas de Foley. 
 Amostras recebidas em duplicata (exceto hemoculturas), em um período de 24 horas. 
 Amostras de secreção uretral colhidas em swab de algodão (o algodão é tóxico para o 
gonococo). 
 Amostras recebidas sem identificação adequada e/ou sem pedido médico. 
 
 
 Amostras de urina recebidas sem condições adequadas de transporte,ou seja, em 
recipiente sem gelo 
 
Referencia Bibliográfica 
AGUIAR,Eurico de. Introdução à microbiologia clínica e ao tratamento das doenças 
infecciosas ;2009 . 
 
 
 
PASSOS PRINCIPAL A SEREM SEGUIDOS PARA UMA ADEQUADA COLETA DE AMOSTRAS PARA EXAME 
MICROBIOLÓGICO 
1. O material deve ser representativo do local da infecção, devendo-se evitar a 
contaminação com outras amostras de sítios adjacentes. 
2. Seguir os tempos ótimos estabelecidos para obter a maior chance de 
recuperação dos microrganismos envolvidos, especialmente em relação às 
hemoculturas e outros materiais de maior importância clínica e diagnóstica. 
3. Entregar a amostra ao laboratório no menor tempo possível. O ideal é um 
intervalo de, no máximo, 30 minutos entre a coleta e a semeadura da amostra. 
4. Obter uma quantidade suficiente da amostra para poder realizar os testes 
solicitados pelo médico assistente. 
5. Utilizar sempre o material mais adequado para a coleta e semeadura de cada 
tipo de amostra. 
6. Quando necessário, utilizar o meio de transporte mais indicado para as espécies 
mais prováveis de serem isoladas. 
7. Obter as amostras, preferencialmente, antes do uso de antimicrobianos. 
8. Exames diretos devem ser realizados juntamente com as culturas, para melhor 
interpretação dos resultados. 
9. Cada amostra deve ser sempre bem identificada. 
10. O pessoal técnico deve ser imediatamente informado da entrega da amostra. 
Referencia Bibliográfica 
AGUIAR,Eurico de. Introdução à microbiologia clínica e ao tratamento das doenças 
infecciosas ;2009 . 
 
 
Coleta, transporte e semeadura de amostras para cultura: 
 
Hemocultura: 
O sangue deve ser coletado antes de se iniciar a terapia antimicrobiana. Se isso não for 
possível, coletar a amostra imediatamente antes da próxima dose do antimicrobiano. 
Fazer antissepsia do local da punção venosa, inicialmente com álcool a 70% e depois com 
solução iodada a 1% (ou com solução de clorohexidina), utilizando movimentos circulares de 
dentro para fora. Deixar secar a área por 1 a 2 minutos, antes da punção. Após a coleta, retirar 
a solução de iodo com álcool a 70%, para evitar a irritação da pele. 
As bacteremias podem ser transitórias (durante um procedimento cirúrgico; presença de 
infecção grave como meningite, pneumonia, osteomielite, etc.), intermitentes (presença de 
abscesso não drenado) e contínuas (endocardite bacteriana, infecção associada a cateter, 
septicemia, etc.). Ao menos duas hemoculturas, devem ser colhidas em um espaço de 24 
horas, com um intervalo de 30 a 60 minutos entre elas. Com isso mais de 90% dos episódios 
bacteriemicos costumam ser detectados. 
O volume de sangue recolhido deve ser de 1/10 do volume do frasco, no sentido de minimizar 
a ação de fatores do hospedeiro que podem afetar o resultado dos exames (anticorpos, 
complemento, leucócitos,etc.). Para adultos colhe-se em torno de 20 ml de sangue por dia, e 
para crianças entre 1 e 5 ml. Logo após a coleta, os frascos de hemocultura deverão invertidos 
2 a 3 vezes para uma adequada homogeneização e em seguida encaminhados ao laboratório, 
para serem colocados em estufa a 35°C. 
Nunca colocar os frascos de hemocultura em geladeira, porque isso poderá impedir o 
crescimento de bactérias como as Neisserias e os Haemophilus. A coleta de mais de um frasco 
é também útil para a interpretação dos resultados das culturas. Bactérias consideradas 
geralmente como contaminantes (S. epidermidis, S. viridans, espécies do gênero 
Corynebacterium, do gênero Bacillus e do gênero Propionibacterium) podem ser valorizadas se 
forem isoladas em mais de uma amostra de um mesmo paciente. 
O número máximo aceitável de frascos é de até 4 por dia para um mesmo paciente, mas como 
o custo desse material é elevado, deve-se procurar evitar a solicitação desse tipo de pedidossempre que possível. 
Não se deve colher amostras a partir de um cateter intravascular porque essa prática aumenta 
o número de isolamentos de bactérias presumidamente contaminantes. 
O HRAS utiliza um equipamento automatizado para a realização de hemoculturas (Bact-Alert) 
que se baseia na detecção colorimétrica de CO2 produzido pelo metabolismo microbiano. A 
estufa possui ainda movimento de rotação dos frascos. A cada 10 minutos o equipamento faz 
uma leitura de todos os frascos. Se em algum deles tiver havido crescimento suficiente para 
mudança de cor do fundo do frasco, o aparelho emite um sinal sonoro e seu monitor alerta 
para a existência de um recipiente com crescimento microbiano. 
 
 
Cada frasco costuma se positivar geralmente em 24 a 48 horas de incubação, exceto nos casos 
de crescimento de leveduras ou bactérias anaeróbicas onde esse tempo pode ser mais 
elevado. 
LCR: 
O LCR é coletado geralmente por meio de punção lombar, entre L3 e L4, após prévia 
antissepsia do local a ser puncionado. O material é recolhido em dois frascos estéreis e 
imediatamente semeado em meio de agar chocolate. Deve ser em seguida encaminhado ao 
laboratório. Lembrar ainda que não se deve manter esses materiais em geladeira ou a baixas 
temperaturas, por afetar bactérias como o meningococo e o Haemophilus influenzae, 
comumente envolvidas em quadros de meningite bacteriana. 
No laboratório será feita bacterioscopia e pesquisa de antígeno bacteriano quando a 
bacterioscopia for sugestiva de meningite (glicose baixa, proteina elevada, aumento de 
polimorfonucleares, etc.). Nos casos de suspeita de infecção por micobactéria ou por fungos 
(Cryptococcus neoformans) poderá ser feita uma pesquisa de BAAR ou de leveduras (método 
da tinta nanquim), após prévia centrifugação do material (3000 rpm por 30 minutos), 
desprezando o sobrenadante e utilizando apenas o sedimento para a análise. 
 
Líquidos orgânicos: 
Materiais nobres como liquido pleural, líquido peritoneal, liquido pericardico, líquido sinovial e 
liquido ascítico devem ser colhidos, após antissepsia prévia, por aspiração de seringa com 
agulha em um volume de 5 a 10 ml. 
Após entrega imediata ao laboratório, o material deve ser utilizado parte para a inoculação dos 
meios de cultura e parte para a realização de exames diretos. 
Além do uso de meios tradicionais como o agar sangue, agar MacConkey e o Agar chocolate, 
pode-se inocular parte do material em um frasco normalmente utilizado para hemocultura, 
que será depois incubado. 
Para os exames diretos recomenda-se (nos casos de material fluido) centrifugação da amostra 
(3000 rpm por 30 minutos), sendo descartado o sobrenadante e o esfregaço realizado a partir 
do sedimento. Poderá ser feito Gram, Zihel e pesquisa de fungos, de acordo com o pedido 
médico e a suspeita clínica. 
Secreções do trato respiratório: 
 a)secreção de nasofaringe – nos casos de suspeita de coqueluche, colher o material 
com swab (previamente umedecido em água ou salina estéril) e inocular logo em seguida em 
meio de Regan-Lowe agar (composto de agar carvão com 10% de sangue de cavalo, além de 
cefalexina) e depois incubar em estufa. Nos casos de pesquisa de portadores de S. aureus 
(como MRSA), colher o material com swab e semear em agar manitol sal. A secreção de 
nasofaringe não é indicada para a pesquisa de agente etiológico de sinusite bacteriana. 
 
 
 b)Secreção de orofaringe – colher a amostra com o uso de um abaixador de língua e de 
um swab. Introduzir o swab entre os pilares das amígdalas (Tonsilas palatinas) e atrás da úvula, 
sem tocar a língua e as bochechas. Procurar colher o material das áreas de hiperemia, 
próximas aos pontos de supuração. Para a pesquisa de Streptococcus beta-hemolítico do grupo 
A (S. pyogenes) devemos semear o material em um meio seletivo, onde a chance de 
isolamento dessa bactéria é maior, como em agar sangue com trimetoprim e em caldo Todd-
Hewitt. Nos casos de suspeita de epiglotite, em que o agente costuma ser o H. influenzae, 
devemos semear o material em agar chocolate suplementado (com fatores V e X) ou usando a 
técnica do satelitismo, com uma estria de estafilococo (com as placas incubadas em atmosfera 
de 5% de CO2). Nos casos de suspeita de difteria colher o material a partir da placa suspeita, e 
fazer duas lâminas. Uma para a coloração de Gram e a outra para a de Löffler (azul de 
metileno), em que se procura visualizar granulações metacromáticas de espécies de 
Corynebacterium. 
 c) Escarro, lavado broncoalveolar e aspirado traqueal – o escarro (que não é 
considerado um material ideal em casos de pneumonia) deve ser colhido pela manhã, após 
uma tosse profunda, antes de se alimentar e após lavar a boca com água. Uma maneira de 
avaliarmos se a amostra foi adequadamente colhida é relação de polimorfonucleares e células 
epiteliais, em campo de 400x. Mais de 10 polimorfonucleares/campo e menos de 10 células 
epiteliais/campo é a relação esperada nesses casos. As bactérias que se procura isolar a partir 
do escarro dependem do tipo de paciente. Se a infecção for comunitária procuramos isolar o 
Streptococcus pneumoniae, o Staphylococcus aureus e o Haemophilus influenzae, 
principalmente. Já se for de origem hospitalar, são as enterobactérias (Klebsiella pneumoniae, 
Serratia marcescens, etc.) e os bacilos gram negativos não fermentadores (Pseudomonas 
aeruginosa, Acinetobacter spp., etc.) os mais envolvidos com essas infecções. Em 
conseqüência deveremos semear esses materiais em agar sangue, Agar chocolate, agar 
MacConkey e em um caldo como o tioglicolato ou o tripticase soja. O aspirado traqueal é 
obtido em pacientes intubados, através da sonda de aspiração. Os resultados podem refletir 
apenas colonização, sendo sua interpretação, muitas vezes, difícil. 
No caso de lavado broncoalveolar (considerado o método mais adequado para investigação 
microbiológica do trato respiratório inferior) é necessária a realização de contagem de colonias 
(usando a técnica da alça calibrada de 0,01 ml onde o nº de colonias encontradas na placa de 
agar sangue deve ser multiplicado por 100). Em consequência, o tempo entre a coleta da 
amostra e a semeadura do material deve ser mínimo (até 30 minutos). A presença de mais de 
10 mil UFC/ml de uma determinada espécie é sugestiva de ter significado clínico. 
 
Urina: 
 
Pelo menos quatro tipos de amostras de urina podem ser coletadas para cultura. 
Em se tratando de neonatos ou crianças de baixa idade pode-se utilizar a punção suprapúbica. 
Este procedimento requer que a bexiga esteja cheia e que antes se faça uma antissepsia da 
 
 
pele. A bexiga é puncionada acima da sínfese pubiana e cerca de 5 a 10 ml de urina são 
coletados. A amostra deve ser imediatamente encaminhada ao laboratório e logo em seguida 
semeada nos meios convencionais (agar sangue e agar MacConkey).Aqui qualquer contagem 
de colônias é significativa, portanto devemos utilizar nesses casos uma alça calibrada de até 
0,1 ml. Em crianças maiores, mas ainda sem controle esfincteriano, pode-se utilizar saco 
coletor. Deve ser feita uma prévia higienização do períneo, coxas e nádegas com água e sabão 
neutro. Caso não haja micção, o saco coletor deverá ser trocado a cada 30 minutos, repetindo-
se a higienização do períneo. 
No caso de adultos o procedimento mais utilizado é a coleta do jato médio de urina. A mulher 
deve proceder a uma higiene da área uretral e períneo com água e sabão, com gaze estéril. Em 
seguida deve secar a área lavada com uma gaze seca. Afastar os grandes lábios e em seguida 
desprezar o primeiro jato de urina (de preferência da 1ª urina da manhã) e colher o jato médio 
dentro de um recipiente estéril de boca larga, sem encher demasiadamenteo recipiente (cerca 
de metade do volume do frasco), sendo desprezado o jato final. Em seguida fechar o frasco 
hermeticamente e conservar em gelo até a entrega ao laboratório. 
Nos casos em que essa entrega não puder ser imediata, a urina pode ser mantida em geladeira 
(2 a 8°C) por até 24 horas. Nos casos de pacientes masculinos a recomendação é de que lavem 
a glande com água e sabão, e recolham a pele do prepúcio antes de urinar. 
Colher o jato médio e desprezar o jato final de urina. 
No caso de paciente em uso de cateter a recomendação é que se puncione a cânula do coletor, 
após prévia desinfecção com álcool a 70%. Com seringa e agulha puncionar a cânula e aspirar 
até 10 ml de urina, transferir em seguida para um frasco esterilizado e encaminhar ao 
laboratório. Este material não é considerado o mais adequado devido aos riscos de 
contaminação, porém em casos excepcionais também poderá ser utilizado. Nunca utilizar 
urina colhida a partir do saco coletor de paciente cateterizado. 
Com relação à contagem de colônias, os critérios de Kass, elaborados em 1956, já não são tão 
verdadeiros hoje em dia. Como exemplo, podemos citar o caso da síndrome uretral aguda, em 
que mulheres com vida sexual ativa podem desenvolver infecção urinária com contagens tão 
baixas como 100 a 10 mil UFC/ml. Um dos motivos para a existência de infecção com esse 
número baixo de micróbios pode ser o aumento do número de micções induzido pela infecção 
ou o aumento da ingestão de líquidos que leva à diluição da amostra de urina. Nesses casos é 
fundamental que o médico indique a possibilidade desse evento - síndrome uretral aguda - 
para que o laboratório possa dar valor a contagens tão baixas quanto essas. 
 
Trato genital: 
 
a) Feminino – a secreção vaginal pode ser um excelente material para a realização de 
exame direto, realizado logo após a coleta da amostra. Primeiro a suspensão de 
um material recém-colhido é feita com cerca de 1 ml de salina estéril. Após 
 
 
agitação uma gota é colocada entre lâmina e lamínula e com outra parte é feito 
esfregaço para coloração de Gram e Giemsa. Com esses três exames podemos 
fazer diagnósticos variados, como nas vaginoses, causadas por agentes diversos 
como a Gardnerella vaginalis (com a presença das “clue cells”, ou seja células 
epiteliais recobertas de flora cocobacilar), a Candida albicans (presença de 
leveduras e pseudo-hifas) e o Trichomonas vaginalis (onde o exame direto permite 
verificar o movimento e a forma do protozoário). No caso de material ara 
diagnóstico de cervicite por gonococo, a amostra deve ser colhida com swab 
introduzido 1 a 2 cm no canal endocervical e em seguida feita rotação por alguns 
segundos. Retirar o swab sem tocar a superfície da vagina. Colocar o swab em 
meio de transporte, ou preferencialmente semear diretamente em meio de 
Thayer-Martin, depois levar ao laboratório e incubar em estufa com atmosfera de 
5% de CO2. 
 
b) Masculino – para a pesquisa de gonococo pode-se usar tanto a secreção uretral 
como o 1º jato de urina. No caso de haver secreção – colhida, de preferência, pela 
manhã, antes de urinar - o swab é inserido 2 a 4 cm no interior da uretra e é feita 
uma rotação. Em seguida o material é colocado em meio de transporte (meio de 
Stuart) e semeado da mesma forma que em pacientes do sexo feminino. Em 
homens a bacterioscopia da secreção uretral pode ser diagnóstica, por meio da 
detecção de diplococos gram negativos intracelulares. Nos casos de ulcera onde se 
for pesquisar o Haemophilus ducrey, deve-se coletar o material da base da ulcera. 
Ao Gram vamos encontrar bacilos gram negativos pleomórficos e cocobacilos em 
cadeias. 
 
Cateter: 
O cateter (periférico, central, arterial, Swan-Ganz, etc.) deve ser retirado do paciente com os 
mesmos cuidados de antissepsia da pele que precederam a sua colocação, para se evitar a sua 
contaminação com a microbiota da pele. Após remoção do cateter com técnica asséptica, 
cortar os 5 cm da ponta onde estava inserida a veia do paciente, e em seguida colocá-la em um 
frasco estéril e encaminhá-lo imediatamente ao laboratório. 
Com a ajuda de uma pinça rolar o cateter sobre a superfície de uma placa média de Agar 
sangue e em seguida colocá-lo em um tubo com caldo (tioglicolato, tripticase soja, etc.). 
Incubar a placa e o tubo por até 48 horas. Fazer a contagem de colônias na placa de Agar 
sangue. Segundo a técnica de Maki, devem ser valorizadas as contagens de colônias iguais ou 
maiores do que 15 UFC/placa. Se não houver crescimento na placa e houver crescimento no 
caldo, devemos repicar o caldo para novo Agar sangue e Agar MacConkey, para a identificação 
desses microrganismos. É importante ressaltar que mesmo sem haver isolamento na placa (ou 
com contagens consideradas baixas) pudemos verificar que havia resultados significativos, ao 
isolarmos bactérias que normalmente não seriam valorizadas. 
 
 
Um dos motivos para isso poderia ser a existência de bactérias apenas no interior do cateter e 
que a simples rolagem não permitiria o seu isolamento. 
 
Fezes: 
A amostra utilizada pode ser 1 a 2 g de fezes ou swab retal. De preferência o material deve ser 
colhido e imediatamente encaminhado ao laboratório. Algumas bactérias, como as espécies de 
Shigella, resistem pouco a variações bruscas de pH e por esse motivo as amostras devem ser 
colhidas em meio tamponado (tampão fosfato 0,03M com igual volume de glicerol) ou meio de 
transporte, como o Cary-Blair. A bacterioscopia das fezes pode auxiliar para a pesquisa do 
provável agente causador do quadro diarréico (estafilococos, leveduras, etc.). As bactérias 
habitualmente pesquisadas são a Salmonella, Shigella, E. coli (enteropatogenica, 
enteroinvasora, etc.), Yersinia enterocolítica e o Campylobacter (pequenos bacilos gram 
negativos curvos ou em forma de asa de gaivota). 
As espécies de Aeromonas (A. hydrophila e A. caviae) e a Plesiomonas shigelloides (bacilos 
gram negativos oxidase positivos) e a E. coli entero-hemorrágica (O157: H7) são espécies mais 
raras de serem isoladas, mas que devem ser pesquisadas quando houver indicação clínica. Por 
exemplo, nos casos de suspeita de síndrome hemolítico urêmica, causada pela E. coli O157:H7, 
devemos procurar utilizar o meio de Agar MacConkey sorbitol (ou procurar identificar cepas de 
E. coli que não utililizam o sorbitol). Esse meio pode tornar-se ainda mais seletivo se 
acrescentarmos cefixime e telurito de potássio. A síndrome hemolítico-uremica se caracteriza 
por um quadro de anemia hemolítica, insuficiência renal aguda e trombocitopenia. A ingestão 
de hamburgers contaminados tem sido a causa mais comum de eventuais surtos, apesar de 
outras fontes de contaminação terem sido descritas. Já a Aeromonas costuma ser mais 
facilmente isolada usando meio seletivo como o agar sangue com ampicilina (20 mcg/ml) e 
ainda o CIN agar, que também aumenta a possibilidade de isolamento de Yersinia. 
Nos casos de suspeita de cólera o material deverá ser enviado em meio tamponado para o 
laboratório central de saúde pública, onde será feita a pesquisa do Vibrio cholerae, ou se 
poderá isolar no próprio laboratório usando-se o agar TCBS (tiosulfato-citrato-sais biliares-
sacarose), onde as colônias da bactéria aparecem como colônias amarelas, por fermentarem a 
sacarose. O V. cholerae é oxidase positivo e aglutina com o antisoro específico. 
Na coprocultura comum, logo após a chegada do material ao laboratório, fazer bacterioscopia 
e semear em caldo de enriquecimento (GN ou tetrationato), agar sangue de Skirrow - que 
contem sangue de cavalo, vancomicina, polimixina B e trimetoprim - , Agar MacConkey e agar 
SS. A placa de agar sangue deve ser colocada em microaerofilia (atmosferacontendo 5% de 
oxigênio, 10% de CO2 e 85% de N2) por até 72 horas, a 42°C. 
A espécie mais envolvida com quadros diarreicos é o C. jejuni, que hidroliza o hipurato, é 
resistente ao disco de cefalotina e geralmente é sensível ao de ácido nalidíxico. As crianças 
abaixo de dois anos de idade são particularmente susceptíveis às infecções por Campylobacter. 
Cerca de quatro horas após a semeadura inicial, deve-se repicar o caldo de enriquecimento 
para outro agar SS, como nova tentativa de se isolar colônias de Salmonella ou de Shigella. 
 
 
Secreções diversas: 
 
a) De ouvido – o ideal é a amostra colhida pelo médico por aspiração através do 
tímpano, ou seja a cultura de secreção de ouvido médio. Se for necessária a coleta 
de material do ouvido externo, o próprio pessoal do laboratório poderá realizá-la, 
desde que utilize o procedimento adequado. Limpar o canal auditivo com 
antisséptico,em seguida lavar com solução fisiológica estéril. Só depois colher o 
material com swab estéril. Fazer esfregaço para Gram e semear em um caldo 
(tioglicolato ou tripticase soja), agar sangue, agar chocolate e agar MacConkey. As 
bactérias mais freqüentemente envolvidas são o Streptococcus pneumoniae, e o 
Haemophilus influenzae. Também pode ocorrer a participação de enterobactérias, 
bacilos gram negativos não fermentadores e do S. aureus. 
 
b) Ocular – geralmente a coleta é feita com swab de material obtido por esfregaço do 
saco conjuntival do olho afetado, a não ser que o médico solicite outro tipo de 
amostra - blefarite: inflamação das margens da pálpebra; ceratite: inflamação da 
córnea. As bactérias mais freqüentemente envolvidas são o S. aureus, o S. 
pneumoniae, as enterobactérias (especialmente em recém-nascidos) e o 
Haemophilus influenzae. Lembrar ainda da possibilidade de conjuntivite 
gonocócica em neonatos. Fazer esfregaço para Gram, e semear em agar sangue, 
agar chocolate, agar MacConkey e caldo (tioglicolato ou tripticase soja). 
 
 
c) Secreção de ferida operatória – colher o material com swab (com meio de Stuart) 
das bordas da lesão, após lavar a secreção purulenta com salina estéril. No 
laboratório fazer esfregaço para Gram e semear em agar sangue, agar 
chocolate,Agar MacConkey e caldo tioglicolato. Os estafilococos (coagulase 
positivo e coagulase negativos) são as bactérias mais freqüentemente envolvidas, 
depois as enterobactérias e finalmente os bacilos gram negativos não 
fermentadores. 
 
Referencia Bibliográfica 
AGUIAR,Eurico de. Introdução à microbiologia clínica e ao tratamento das doenças 
infecciosas ;2009 . 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COM SUSPEITA CLÍNICA DE INFECÇÃO POR ANAERÓBIOS 
Geralmente as infecções por anaeróbios estão relacionadas às infecções próximas as 
membranas mucosas (boca, anus), com microbiota mista, após mordedura humana ou de 
animal, infecções com odor fétido, com produção de gás e infecções associadas a tumores ou a 
áreas com vascularização deficiente, como em pacientes diabéticos apresentando necrose de 
extremidades. Um material cujo exame microscópico (Gram) apresentou microbiota 
abundante e que depois a cultura para aeróbios foi negativa também é sugestiva de ser 
causada por anaeróbios. 
As amostras devem ser coletadas com agulha e seringa, sem ar (ou usar meio de transporte 
para anaeróbios). Logo em seguida encaminhadas ao laboratório. 
Fazer inoculação em frasco de hemocultura (frasco anaeróbio), em caldo tioglicolato e 
esfregaço para Gram. Também semear em meios sólidos para anaeróbios, como o Agar sangue 
anaeróbico, que deve ser incubado por 72 horas em jarra com atmosfera de anaerobiose. 
A bacterioscopia pode fornecer informações bastante úteis: bacilos gram positivos com 
esporos, sugerem espécies do gênero Clostridium; bacilos gram negativos fusiformes sugerem 
bactérias do gênero Fusobacterium; vários tipos bacterianos podem ser encontrados nas 
infecções mistas como peritonites, em que há associação de anaeróbios estritos como os 
Bacteróides e facultativos como as diferentes espécies de enterobactérias. 
MATERIAL COM SUSPEITA DE INFECÇÃO POR MICOBACTÉRIAS DE CRESCIMENTO RÁPIDO (MCR) 
É cada vez mais freqüente o encontro de algumas MCR em infecções hospitalares - como 
Mycobacterium abscessus, M. massiliense, M. chelonae, M. bolletii e M. fortuitum - 
decorrentes de procedimentos invasivos como injeções, sessões de mesoterapia, sessões de 
acupuntura, cirurgias oculares (transplantes de córnea, cirurgias refrativas, etc.) e cirurgias 
plásticas estéticas (lipoaspiração, próteses de mama, etc.). 
Essas infecções são associadas, principalmente, à materiais utilizados em videocirurgias e que 
são reutilizados após desinfecção química.Os componentes do grupo MCR são muito 
resistentes aos antimicrobianos e a vários desinfetantes, especialmente o glutaraldeído. No 
entanto, costumam responder ao tratamento com associação de antimicrobianos, como 
ciprofloxacina mais claritromicina por um período mínimo de seis meses. 
As MCR podem crescer em meios comuns, como agar sangue, agar Mueller-Hinton e agar 
Sabouraud. Caracterizam-se por formarem colonias visíveis em três a sete dias de incubação 
em temperatura ambiente (vedar a placa para evitar desidratação). 
Para diagnóstico, coletar secreção ou fragmento de tecido e fazer pesquisa para BAAR 
(material concentrado por centrifugação), além de cultura para micobactérias usando, de 
preferência, meio sólido e meio líquido. 
 
 
 
 
MEIOS DE CULTURA 
Os meios de cultura utilizados em microbiologia podem ser de vários tipos: 
I. Meios sólidos: geralmente utilizados para obter colônias isoladas, como o agar sangue 
e o agar MacConkey. 
II. Meios líquidos: geralmente utilizados para facilitar o desenvolvimento microbiano, 
porém sem propiciar a obtenção de colônias isoladas, como o caldo tioglicolato ou o 
caldo tripticase soja. 
III. Meios de transporte: servem apenas para a manutenção da viabilidade das bactérias 
entre a coleta de material e a semeadura nos meios adequados. Exemplos: meio 
de Stuart (secreções) e meio de Cary-Blair (fezes). 
IV. Meios não seletivos: são meios com suplemento que facilitam o crescimento 
microbiano, como o agar sangue e o agar chocolate. 
V. Meios seletivos: meios que contêm substâncias inibidoras do crescimento de alguns 
grupos de bactérias, como o agar MacConkey que inibe o crescimento de cocos gram 
positivos, sendo útil para o crescimento de bacilos gram negativos. 
VI. Meios diferenciais: meios usados como prova bioquímica, ou seja para avaliar se o 
microrganismo possui uma enzima responsável por uma determinada via de atividade 
metabólica. Exemplo: agar DNAse para verificar se a bactéria possui a enzima 
desoxirribonuclease, que degrada o DNA. 
VII. Meio base: geralmente são meios utilizados como base à qual adicionamos 
suplementos para obtermos um produto como o agar sangue, em que podemos usar 
como meio base o agar tripticase soja ou o agar Columbia. 
Alguns dos meios mais usados em microbiologia: 
a) Agar sangue: meio não seletivo que possibilita o crescimento de diversos grupos 
microbianos e permite verificar a presença de hemólise. Composição: meio base agar 
tripticase soja com 5% de sangue de carneiro (adicionados quando o meio estiver em 
torno de 50°C). Distribuir 20 a 25 ml em placas de 90 mm. 
b) Agar chocolate: meio não seletivo que possibilita, além do que se obtem com o uso do 
agar sangue, isolar ainda cepas de Haemophilus e de Neisseria. Composição: agar GC 
ou agar Mueller-Hinton com 5% de sangue de carneiro (adicionados com temperatura 
em torno de 80°C). Depois de achocolatado, o meio é resfriado até 50°C quando então 
é adicionado o suplemento VX (10 ml de suplemento/litro demeio).Distribuir de forma 
semelhante a do agar sangue. 
c) Agar MacConkey: meio seletivo usado para isolamento de bacilos gram negativos e 
para verificar a capacidade de fermentação da lactose. Lactose negativas são as 
colonias transparentes. Lactose positivas as colonias de cor rosa. 
d) Agar SS1: meio seletivo e diferencial usado para o isolamento de Salmonella e Shigella. 
Permite diferenciar as cepas lactose positiva e lactose negativa, além de permitir 
visualizar as que produzem H2S. 
e) Agar Thayer-Martin: meio seletivo usado para isolamento de cepas de Neisseria 
gonorrhoeae. Composição: agar chocolate com suplemento VX e suplemento 1 Alguns 
preferem utilizar o Agar XLD, por permitir mais facilmente identificar colônias de 
 
 
Shigella e de Salmonella. VCNT (vancomicina, colistina, nistatina e trimetoprim), 
adicionados com o meio com temperatura em torno de 50°C. 
f) Caldo tioglicolato: usado para o crescimento de vários grupos de microrganismos, 
inclusive anaeróbios. O meio possui um indicador (resazurina) que torna rosa a parte 
do meio em contato com o oxigênio. Para haver crescimento de anaeróbios o material 
deve ser semeado no fundo do tubo, sem agitar. 
g) Caldo Todd-Hewitt: ao meio base é adicionada colistina (10 mcg/ml) e ácidonalidíxico 
(15 mcg/ml). É um meio de enriquecimento para isolamento de estreptococos do 
grupo A. 
h) Caldo tetrationato: caldo de enriquecimento utlizado para o isolamento de Salmonella. 
i) Caldo descarboxilase: usado para avaliar a capacidade bacteriana de descarboxilar 
alguns aminoácidos (arginina, lisina e ornitina). 
j) Agar sangue anaeróbico: agar sangue utilizado para isolamento de anaeróbios. 
Composição: Brucella agar como meio base, acrescido de sangue de carneiro a 5%, 
mais solução de hemina e vitamina K. 
k) Meios para fungos: geralmente utilizamos um meio com antibióticos, Mycosel, para 
inibir o crescimento de bactérias contaminantes e um meio sem antibióticos, o agar 
Sabouraud, que devido ao pH baixo, também tem algum efeito inibidor sobre as 
bactérias. Lembrar que o Cryptococcus neoformans é sensível à cicloheximida, 
portanto cresce apenas no agar Sabouraud. 
Meios para micobactérias: o tradicional é o meio de Lowestein-Jensen sem antibióticos, 
podendo também ser usado com antibióticos (anfotericina B, ácido nalidíxico e penicilina) para 
os materiais biológicos que apresentam contaminação com microbiota normal. No entanto, 
devido à maior rapidez no isolamento de micobactérias, é cada vez maior a utilização de 
métodos semiautomatizados, como o do equipamento Bactec 460, que utiliza o princípio da 
detecção da liberação de CO2 devido ao crescimento microbiano. 
 
 
 
TEORIA MICROBIANA DAS DOENÇAS 
Antes de Pasteur ter provado experimentalmente que as bactérias são a causa de algumas 
doenças, muitos observadores já argumentavam a favor desta teoria. Fracastoro de Verona 
sugeriu que as doenças podiam ser devidas a organismos invisíveis, transmitidos de uma 
pessoa para outra. Em 1762, Von Plenciz, de Viena, não apenas estabeleceu que seres vivos 
eram causas de doenças, como também suspeitou que microrganismos diferentes eram 
responsáveis por enfermidades diferentes. O médico Oliver W. Holmes (1809-1894) insistia 
que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente, causada por um germe transmitido de 
uma mãe para outra por intermédio das parteiras e dos médicos. Quase na mesma época, o 
médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818-1865) introduzia o uso de antissépticos na prática 
obstétrica. 
 Na França, Louis Pasteur estudou os métodos e processos envolvidos na fabricação de vinhos 
e cervejas. Observou que a fermentação das frutas e dos grãos, resultando em álcool, era 
efetuada por micróbios. Examinando muitas amostras de "fermentos", isolou micróbios de 
espécies diferentes. Nos bons lotes, predominava um tipo; nos produtos pobres, outro tipo 
estava presente. Selecionando adequadamente o microrganismo, o fabricante podia estar 
seguro de conseguir produtos bons e uniformes. Porém os micróbios já estavam nos sucos; 
deviam ser removidos e fermentação iniciada com uma cultura proveniente de um tonel que 
tinha sido satisfatório. Pasteur sugeriu que os tipos indesejáveis de microrganismos deveriam 
ser eliminados pelo calor, não tão intenso que prejudicasse o gosto do suco de fruta, mas 
suficiente para tornar inócuo aos germes. Observou que, mantendo os sucos a uma 
temperatura de 62-63 º C, durante uma hora e meia, obtinha o resultado desejado. Este 
processo tornou-se conhecido como pasteurização e hoje é amplamente utilizado nas 
indústrias de fermentação, porém é a indústria dos derivados do leite que está mais 
familiarizada com este método, visando a destruição dos microrganismos patogênicos, 
presentes no leite. 
Na Alemanha, o médico Robert Koch (1843-1910) estudou o problema do carbúnculo 
hemático, que é uma doença do gado bovino, caprino e, às vezes, do homem. Ele descobriu os 
bacilos típicos com extremidades cortadas em ângulos retos, no sangue de animais mortos 
pela infecção carbunculosa. Inoculou as bactérias em meios de cultura, em seu laboratório, 
examinou-as ao microscópio para estar seguro de que apenas uma espécie tinha se 
desenvolvido e injetou-as em outros animais para verificar se estes se tornavam doentes e 
desenvolviam os sintomas clínicos do carbúnculo hemático. A partir destes animais 
experimentais, Koch isolou micróbios iguais aos que tinha encontrado originalmente nos 
carneiros infectados. Esta foi a primeira vez que uma bactéria foi comprovada como causa de 
uma doença animal. A partir disto foram estabelecidos os postulados de Koch: 
1) Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em associação com uma 
dada doença. 
2) O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório. 
3) A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal sensível. 
4) É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos 
animais experimentalmente infectados. 
 
 
 CRESCIMENTO BACTERIANO 
Crescimento bacteriano não visa o crescimento vegetativo, das dimensões celulares, e do 
número de indivíduos, de células. 
Assim temos vários conceitos que temos que compreender, dentre elas são: 
Colônia que são agregados celulares de uma mesma espécie que pode se originar de um 
indivíduo único. 
Taxa de Crescimento que é a variação de massa e/ou o número de indivíduos por uma unidade 
de tempo; 
Tempo de Geração é o intervalo de tempo necessário que a uma célula precisa para se 
duplicar. O tempo de geração é variável conforme cada espécie, assim pode-se ter bactérias 
que o tempo geração de 10 a 15 minutos a 3 horas. Que fique claro que o tempo de geração 
não é uma medida absoluta, que está sujeito a variações tanto ambientais quanto genéticas, 
sendo calculado por equação exponencial de uma cultura bacteriana, tendo como formula: 
 
 
 
 
e 
 
 
 
 
 
Assim determina-se o número de indivíduos (n) o e tempo de geração (g) onde t é o tempo de 
crescimento. 
Por exemplo, se num inoculo de 103 células (No) cresce exponencialmente até 109 (N) células, 
então: 
n = log 109 – log 103 / 0,301 
n 20 gerações 
Se, este crescimento exigir 13,3 horas, o tempo de geração será: 
g= 20 / 13,3 
g = 1,5 gerações/h 
Assim a cada tempo de geração a população dobra de tamanho, por fissão binária, o que 
caracteriza a função exponencial ou logarítmica. 
 
 
 
 
 
FASES DO CRESCIMENTO MICROBIANO 
O crescimento bacteriano é representado por uma curva, quando se realiza contagem da 
população em intervalos de tempos após um inoculo de um numero pequeno em meio liquido. 
 Fase LagNo início, durante um período de tempo o número de células sofre pequenas variações devido 
às bactérias não se reproduzirem imediatamente quando colocadas em um novo meio de 
cultura. Este período é chamado de Fase Lag que pode ser estender por horas a vários dias. 
 Fase Log 
Passado à fase lag, as células iniciam o processo de divisão celular, que é o crescimento 
exponencial do seu número. Neste estágio o tempo de geração atinge valores constantes, e é 
também neste estágio o período de maior atividade metabólica. Na Fase Log a colônia é 
extremamente sensível a variações ambientais podendo comprometer fases importantes do 
desenvolvimento bacteriano. 
 Fase Estácionaria 
Caso ocorresse da colônia continuar na fase log indeterminadamente, uma bactérias com o 
tempo de geração de 20 minutos depois de 25h30min teria uma população com o peso 
aproximado de 80.000 toneladas. Contudo isso não ocorre devido ao término de nutrientes, 
excesso de produtos metabólicos tóxicos. Assim o número de novas bactérias se equivalem o 
número de bactérias mortas. 
 Fase de Declínio ou Morte Celular 
Neste ponto, o número de bactérias mortas excedem o número de novas bactérias e assim há 
o declínio no gráfico. Esta fase perdura até que fiquem pouquíssimas bactérias ou ocorre a 
extinção da colônia. 
 
Figura 01 – Curva de crescimento bacteriano mostrando as quatro fases típicas de crescimento. 
 
 
TEMPO DE VIDA DAS BACTÉRIAS 
Considerando-se uma célula isolada, o tempo de vida de uma bactéria vai do término da 
divisão celular anterior até o final da próxima divisão. 
Uma população de bactérias existe por tempo indeterminado. 
REPRODUÇÃO EM BACTÉRIAS 
As bactérias se reproduzem por fissão binária transversa, que havendo a replicação do 
cromossomo a bactéria desenvolve uma parede celular transversa, dividindo-a em duas 
células. Assim, a parede transversa forma como uma invaginação da membrana plasmática e 
da parede celular. Quando a nova parede formada não se separa completamente em duas 
paredes, pode-se formar uma cadeia (ou filamento) de bactérias. 
Existem outras formas de reprodução, como a TRANSFORMAÇÃO, onde a bactéria absorve 
fragmentos de material genético de outra bactéria se rompeu. Na CONJUGAÇÃO duas bactérias 
geneticamente diferentes, mas da mesma espécie, trocam material genético de forma direta, 
em Escherichia coli formam um pelo oco chamado de pêlo F ou pêlo sexual que servirá para a 
troca do DNA. Já na TRANSDUÇÃO há a participação de um vetor, o bacteriófago – um vírus, que 
levará o Quando o bacteriófago entra numa célula bacteriana, o DNA do vírus mistura-se com 
uma parte do DNA bacteriano, de modo que o vírus agora carrega esta parte do DNA. Se o 
vírus infecta uma segunda bactéria, o DNA da primeira bactéria pode misturar-se com o DNA 
da segunda bactéria. 
 
FATORES QUE ALTERAM O CRESCIMENTO 
Vários fatores podem afetar o crescimento de uma população bacteriana, incluindo: 
 O tipo de ambiente, 
 Número de indivíduos na população, 
 Interações dinâmicas com outras populações bacterianas, 
 Presença de outros microrganismos predadores, 
 Fatores químicos e físicos tais como disponibilidade de nutrientes essenciais, 
temperatura, pH, osmolaridade, pressão hidrostática, concentração de oxigênio, luz, 
radiação ionizante ou ultravioleta, presença de metabólitos tóxicos resultantes do 
metabolismo das células da população em crescimento ou presença de agentes 
antimicrobianos tais como bacteriocinas e antibióticos. 
Os microrganismos podem viver em um grande número de ambientes, para praticamente 
qualquer mudança ambiental há algum microrganismo que pode sobreviver. 
 População 
O tamanho da população afeta o número de novas células que serão formadas. Se a população 
aumenta, a taxa de crescimento também aumenta, resultando em crescimento exponencial, 
desde que haja disponibilidade de nutrientes e espaço. 
 
 
 Nutrientes 
O crescimento bacteriano exige a disponibilidade de nutrientes essenciais, tais como fontes de 
carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, ferro e outros minerais com os quais as bactérias podem 
sintetizar precursores de macromoléculas orgânicas e vitaminas, ou quando incapazes da 
síntese de um precursor essencial este deve estar presente no meio de crescimento. 
As bactérias são grandemente diversificadas em relação aos seus requerimentos nutricionais, 
sendo que, para praticamente qualquer substância há um microrganismo capaz de metabolizá-
la como nutriente. 
A disponibilidade de nutrientes diminui à medida que a população aumenta de tamanho; 
enquanto houver um mínimo de nutrientes a população continuará a crescer. 
 Temperatura 
A temperatura pode ter efeitos positivos ou negativos sobre o crescimento de uma população 
bacteriana. À medida que a temperatura se aproxima de um valor ótimo, a taxa de 
crescimento aumenta rapidamente porque a cinética de reação das enzimas das células da 
população aumenta de modo diretamente proporcional; as reações químicas tendem a ocorrer 
mais rapidamente com aumento da taxa de divisões celulares. Por temperatura ótima de 
crescimento entende-se aquela em que as células dividem-se mais rapidamente, ou seja, 
apresentam um tempo de geração mais curto. Quanto à temperatura de crescimento, as 
bactérias foram agrupadas em quatro categorias: mesófilas, psicrófilas obrigatórias, psicrófilas 
facultativas e termófilas. 
Bactérias mesófilas 
Bactérias mesófilas apresentam crescimento ótimo em temperaturas variando entre 25ºC e 
40ºC, ou seja, a faixa de temperatura mais comum na superfície da Terra e nos organismos 
animais. 
A maioria dos patógenos humanos apresenta crescimento ótimo em temperaturas próximas 
de 37°C. Bactérias termodúricas, tais como Bacillus cereus, Clostridium botulinum e Listeria 
monocytogenes, geralmente vivem como mesófilas, mas podem suportar temperaturas 
elevadas por curtos períodos de tempo. 
 Bactérias psicrófilas obrigatórias 
Bactérias psicrófilas obrigatórias requerem baixas temperaturas para seu crescimento; o 
crescimento ótimo se dá abaixo de 15ºC. Algumas espécies marinhas toleram temperaturas 
negativas uma vez que a água do mar permanece líquida em temperaturas abaixo de 0°C. Tais 
organismos morrem quando expostos à temperatura ambiente. Sua adaptação a baixas 
temperaturas é devido ao alto conteúdo de ácidos graxos insaturados em suas membranas. 
Bactérias psicrófilas facultativas 
Bactérias psicrófilas facultativas ou psicrotróficas apresentam crescimento ótimo em 
temperaturas abaixo de 20ºC, mas podem crescer, embora mais lentamente, em temperaturas 
 
 
de refrigerador e têm alta probabilidade de contaminar e estragar produtos resfriados tais 
como alimentos (por exemplo, Bacillus cereus) e sangue. 
Bactérias termófilas 
Bactérias termófilas são aquelas cujas taxas de crescimento ótimo estão entre 50ºC e 60ºC; 
são encontradas em pilhas de adubo orgânico. Algumas espécies toleram temperaturas de até 
110 °C em fontes termais. As enzimas dos organismos termófilos apresentam propriedades de 
termo-estabilidade que lhes permitem atingir um pico de atividade entre 60ºC e 80ºC. Dentro 
dessa categoria encontram-se os organismos termófilos obrigatórios que só crescem em 
temperaturas acima de 37°C e os termófilos facultativos que podem crescer em temperaturas 
abaixo de 37° C. 
A bactéria Bacillus stearothermophillus cresce otimamente entre 65 e 75°C, mas pode 
apresentar um pequeno crescimento e deteriorar alimentos em temperaturas em torno de 
30°C. Os esporos dessa bactéria são utilizados para controlar o funcionamento de autoclaves 
em laboratórios de microbiologia. 
Dentre os termófilos obrigatórios encontram-se as bactérias hipertermófilasque apresentam 
crescimento ótimo em temperaturas em torno e acima dos 85°C. Há apenas três gêneros de 
bactérias hipertermófilas: Aquifex, Thermocrinis e Thermotoga. 
 
 
Figura 02 – Curva de crescimento características de diferentes 
micro-organismos em resposta à variação de temperatura. 
 
 
 
 
 
 
 pH 
A maioria das espécies bacterianas pode crescer em meios cujo pH esteja entre 5 e 9, faixa na 
qual encontra-se a maior parte dos ambientes naturais. A maioria das bactérias não crescem 
em valores de pH com uma unidade acima ou abaixo do seu pH ótimo. Quanto à tolerância ao 
pH, as bactérias podem ser classificadas em três categorias: neutrófilas, acidófilas e 
alcalinófilas. 
Bactérias neutrófilas crescem em faixas de pH entre 5,4 a 8,5. A maioria das bactérias 
apresenta um crescimento ótimo em ambientes cujo pH se aproxima da neutralidade. A 
maioria das bactérias patogênicas está incluída nessa categoria. 
Bactérias acidófilas crescem em faixas de pH extremamente baixos, entre 0,1 e 5,4, como a 
bactéria Helicobacter pylori que pode colonizar a parede estomacal. Bactérias alcalinófilas 
crescem em faixas de pH entre 8,5 e 11,5. A bactéria Vibrio cholerae apresenta um 
crescimento ótimo em pH 9. 
 Oxigênio 
A capacidade de crescer na presença ou ausência de oxigênio divide as bactérias em cinco 
grupos: aeróbicas estritas, microaerófilas, anaeróbicas facultativas, anaeróbicas 
aerotolerantes, anaeróbicas estritas. 
 
Figura 03 – Efeito do Oxigênio sobre o crescimento de vários tipos de bactérias. 
Bactérias aeróbicas estritas crescem apenas onde há disponibilidade de oxigênio, como por 
exemplo, as bactérias do gênero Pseudomonas. 
Bactérias microaerófilas requerem uma quantidade reduzida de oxigênio; altas concentrações 
de oxigênio lhes são tóxicas. As bactérias microaerófilas sobrevivem em ambientes com alta 
concentração de dióxido de carbono e baixas concentrações de oxigênio, como por exemplo, 
as bactérias do gênero Campylobacter. 
Bactérias anaeróbicas facultativas utilizam oxigênio em seu metabolismo energético, mas 
também podem crescer na ausência de oxigênio. As bactérias Escherichia coli e espécies de 
 
 
Staphylococcus são encontradas no trato intestinal e urinário onde há pouca disponibilidade 
de oxigênio. 
Bactérias anaeróbicas aerotolerantes suportam a presença de oxigênio, sem utilizá-lo em seu 
metabolismo. Por exemplo, a bactéria Lactobacillus acidophillus. 
Bactérias anaeróbicas estritas não crescem na presença de oxigênio que lhes é tóxico. 
A maioria das espécies anaeróbicas estritas é encontrada no solo ou em micro-ambientes em 
organismos animais que tenham se tornado anaeróbicos, como ferimentos profundos ou a 
junção das gengivas com os dentes. Como o Clostridium tetani (causadora do tétano), 
Clostridium botulinum (causadora do botulismo) e as bactérias associadas com doenças 
periodontais, como Porphiromonas gengivallis e Prevotella intermedia. 
A grande maioria das bactérias associadas aos intestinos de animais são anaeróbicas estritas. 
Para o crescimento de bactérias anaeróbicas estritas em laboratório são requeridos 
procedimentos especiais de cultivo, tais como a exclusão total do oxigênio do meio e do 
ambiente de crescimento através do uso de agentes redutores que reajam com o oxigênio 
gasoso. 
 Metabolismo e toxicidade 
À medida que a população aumenta de tamanho aumenta o consumo de nutrientes com 
consequente aumento da produção de produtos secundários do metabolismo. Esses 
metabólitos, quando em baixos níveis têm pouco efeito nas taxas de divisões celulares, mas 
em altas concentrações podem inibir a divisão celular ou mesmo matar as células, 
consequentemente, diminuindo a taxa de crescimento da população. Metabólitos tóxicos se 
acumulam rapidamente em grandes populações bacterianas. Tais metabólitos são altamente 
reativos podendo destruir componentes celulares essenciais tais como proteínas, ácidos 
nucleicos e lipídios. 
 
 
Referencia Bibliográfica 
TORTORA, Gerard. Microbiologia. 6ed. Guanabara Koogan.

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