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COMPETENCIA MUNICIPAL

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COMPETENCIA MUNICIPAL 
 
Segundo, o art. 29, município irá reger-se por lei orgânica. É importante saber 
primeiramente que uma lei resulta NECESSARIAMENTE dos dois poderes (legislativo e 
executivo), caso contrário será decreto. No entanto, a lei orgânica dos municípios é uma 
exceção, pois não passa pelo prefeito (executivo) devendo apenas ser aprovada por 2/3 da 
câmara municipal. 
O Brasil tinha como tradição, nas antigas constituições, determinar como competência do 
município o peculiar interesse local, sistema muito bom, que explicitava bem como se dava 
a autonomia dos municípios. Infelizmente, a constituição de 1988 ignora isso, e muda o 
sistema, não existindo mais o interesse exclusivo do município, devendo, por exemplo, os 
interesse de Recife estarem de certa forma com os de Pernambuco, e este com os do Brasil. 
A grande novidade da constituição de 1988 será essa: “O município reger-se-á por lei 
orgânica”, dando ao município o controle sobre sua própria organização. Delgado considera 
que isso não fortaleceu os municípios como erroneamente se pensa. O que se fazia na 
criação da lei orgânica, comumente, era a cópia da lei orgânica de São Paulo. 
Não há de se falar em constituição municipal, pois constituição pressupõe soberania, ideia 
de poder, dos três poderes, o que o município não tem. O estado-membro ainda pode dispor 
sobre certas coisas da organização municipal, mas não por lei estadual, e sim por 
constituição do estado. O município não tem poder, mas na constituição o art. 31 fala de 
poderes. No art. 29 temos regras sobre o executivo e legislativo municipal. Obs: A lei 
orgânica de Pernambuco tinha uma redação incrível. (Olhar art. 29) 
Na lei orgânica não se deve colocar o que já está na constituição federal, deverá sim trazer a 
estrutura do governo municipal, completando o que já está disposto na constituição (OBS: 
A extinção e cassação é matéria de lei orgânica, mas a constituição dispõe sobre isso no 
art.28), lembrando que não deve-se colocar também material de lei municipal. Matérias de 
competência legislativa também não devem estar na lei orgânica, pois iria se fraudar a lei 
nesse caso, visto que seria necessária a aprovação do prefeito, não sendo competência só da 
câmara. 
A remuneração dos vereadores deve ter critérios estabelecidos na lei orgânica. Os limites 
são em função da população, quanto maior esta for, maior a remuneração, estabelecendo um 
teto máximo. É limitado também o total da despesa do Poder Legislativo Municipal, esses 
limites, no entanto, são excessivos, transferindo muitas despesas aos vereadores. 
Art 30. 
De fato, de matéria de peculiar interesse local, de competência do município, a gente tem eu 
acho que três incisos apenas. O inciso IV: criar, organizar e suprimir distritos, observadas a 
legislação estadual. A criação de distritos que é uma divisão não interna do município para 
efeitos administrativos é assunto do próprio município, é claro. O inciso V: organizar e 
prestar diretamente sob regime de concessão ou permissão os serviços públicos de interesse 
local (aí,vem essa expressão genérica), inclundo o transporte público. 
E ainda a gente tem o incisio VIII, promovendo o que couber adequar o ordenamento 
territorial, mediante planejamento, controle do uso do parcelamento e ocupação do solo 
urbano. Adequado ordenamento territorial. Esses três incisos constituem, na verdade, 
objetivos do município, tarefas do município, fins do município, quer dizer, competência 
real do município. 
Incisos III e IV são meios. O VI ainda pode ser considerado fim, mas é mais meio. 
Incisos VI, VII e IX já estão na competência material comum, não deveriam estar aqui pois 
não é competência exclusiva do município. Incisos I e o II é competência legislativa. Ai os 
assuntos de interesse local aparecem ai. Legislar sobre os assuntos de interesse local. Na 
verdade, não é somente legislar, é prover os assuntos de interesse local. Competência não 
somente para legislar, mas para atender os problemas de interesse local, provê-los. E 
suplementar a competência estadual no que couber, é aquela competência suplementar 
específica, especial competência suplementar. Não a competência suplementar normal, que 
é matéria de legislação concorrente, que o município não tem a capacidade de suprir as 
normas gerias da União faltantes, mas tem essa competência de suplementar a legislação 
federal e estadual. 
A fiscalização do município , art. 31: será exercida pelo poder legislativo municipal, 
mediante controle externo e pelo sistema de controle interno do poder executivo municipal- 
Delgado não concorda em falar poder legislativo e executivo municipal, para ele município 
não tem poderes, só estado e União. E tragédia ainda ao falar de uma fiscalização mediante 
controle externo e mediante o sistema de controle interno. O que tem relevância jurídica é o 
controle externo. O controle interno não tem relevância jurídica, isso nem problema de 
direito administrativo, é somente administração. 
O controle externo é um controle que um órgão do governo municipal é obrigado a fazer 
um outro. E é um elemento da autonomia financeira do município, que consiste em decretar 
ele mesmo a sua receita, os seus tributos, na verdade os tributos da receita que a União lhes 
reservou. Ele arrecadar ele mesmo, não outrem, esses tributos; ele mesmo aplicar esses 
tributos e ele mesmo se fiscalizar no funcionamento desses tributos. É nisso que consiste a 
autonomia financeira. Portanto a fiscalização financeira é um elemento do município. Em 
relação aquelas verbas transferidas, ele pode ser objeto de algum controle de outrem. 
Verbas transferidas, não são aquelas verbas compartilhadas. Como o fundo de participação 
dos municípios que é designa a alguns municípios certos tributos de verbas federais que vão 
pro município. Isso é verba do município. O município vai controlar, aplicar e fiscalizar ele 
mesmo; não tem que prestar contas à União. O controle externo da câmara municipal, 
parágrafo 1°: será exercido com o auxílio dos tribunais de contas do Estado ou do município 
ou dos conselhos dos tribunais de conta dos municípios, onde houver. Essa redação parece 
muito complicada, na verdade, o que quer dizer uma coisa simples, que se estende muito á 
luz também do parágrafo 4° onde se diz: é vedada a criação do tribunais, conselhos ou 
órgãos de contas municipais. Por ocasião da promulgação e elaboração da constituição de 
88, a fiscalização das casas de conta dos municípios variava muito de estado para estado. 
Alguns estados diziam que essa fiscalização, todas elas eram feitas pela Câmara; mas a 
Câmara faria isso com o auxílio do tribunal de contas do Estado. Havia outros casos em que 
diziam que era com o auxílio de um tribunal de contas do município, mas este era 
considerado órgão estadual e não municipal, portanto não infringia as regras. Ou o tribunal 
de contas do estado ou tribunal de contas municipais ou tribunal municipal de contas 
municipais ( se estes tribunais existissem antes de 88 poderiam continuar existindo). A 
constituição de 88 congelou isso; vedou a criação de novos tribunais, novos conselhos. 
Vedou a criação de novos, congelou o que havia. 
Parágrafo 2º ( ver no vade) o mecanismo é esse, mecanismo vai ser semelhante á 
organização fiscalizadora do Congresso Nacional. A Câmara que julga as contas do 
prefeito. A Câmara o faz, porém com o auxílio de um tribunal competente, que é o tribunal 
de contas. No nosso caso, aqui em PE, é o tribunal de contas do Estado, ele dá um parecer 
prévio sobre as contas do Estado e também da um parecer prévio sobre as contas do 
município. 
Agora, a regra é que ela só rejeita o parecer do tribunal pelo voto de 2/3 dos membros; 
relativamenteao parecer, não relativamente à conta. Portanto, pode-se fazer o seguinte 
esquema, tudo depende do conteúdo do parecer, ou melhor, da conclusão do parecer. Se o 
parecer conclui, propondo a aprovação das contas ou propondo a rejeição das contas. O 
parecer, então, pode concluir dessas duas maneiras. Esse parecer pode ser aprovado ou pode 
ser derrubado.; 2/3 são necessários para derrubar o parecer do tribunal de contas.; 2/3 não 
são necessários, necessariamente, para rejeitar as contas. Se o parecer conclui para aprovar 
as contas, 2/3 são necessários para derrubar o parecer, para ser contra ao parecer. Portanto, 
2/3 são necessários, aqui, para rejeitar as contas. Mas se o parecer propõe a rejeição das 
contas. 2/3 são necessários para derrubar o parecer, então 2/3 são necessários para aprovar 
as contas. Não se pode cair no erro de dizer que 2/3 são necessários para derrubar as contas. 
No caso de ser derrubado há várias conseqüências conforme seja o município. Perde alguns 
financiamentos, pode haver processo de cassação de prefeito, pode haver processo no 
Ministério Público, conforme seja a natureza dos pronunciamentos do parecer do tribunal, 
ou pode haver processo de improbidade, em questões administrativas também. Pode haver 
impedimentos eleitorais e até políticos, como o de cassação. 
Parágrafo 3º Essa regra só é aparentemente boa. As contas só ficam 60 dias a disposição do 
contribuinte assim que a Câmara receber as contas, quando o tribunal de contas receber as 
contas, nessas duas ocasiões, quando o tribunal de contas mandar o parecer para a Câmara 
antes da Câmara examinar.

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