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Etnocentrismo- cultura, ética e moral

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Etnocentrismo é um conceito da Antropologia definido como a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras culturas e sociedades.
O termo é formado pela justaposição da palavra de origem grega έθνος "ethnos" que significa "nação, tribo ou pessoas que vivem juntas" e centrismo que indica o centro.
Um indivíduo etnocêntrico considera as normas e valores da sua própria cultura melhores do que as das outras culturas. Isso pode representar um problema, porque frequentemente dá origem a preconceitos e ideias infundamentadas.
Uma visão etnocêntrica demonstra, por vezes, desconhecimento dos diferentes hábitos culturais, levando ao desrespeito, depreciação e intolerância por quem é diferente, originando em seus casos mais extremos, atitudes preconceituosas, radicais e xenófobas.
Este fenômeno universal pode atingir proporções drásticas, quando culturas tecnicamente mais frágeis entram em contato com culturas mais dominantes e avançadas.
Alguns exemplos de etnocentrismo estão relacionados ao vestuário. Um deles é o hábito indígena de vestir pouca ou nenhuma roupa; outro caso é o uso do kilt (uma típica saia) pelos escoceses. São duas situações que podem ser tratadas com alguma hostilidade ou estranheza por quem não pertence àquelas culturas.
	
Etnocentrismo e relativismo cultural
		
O relativismo cultural é uma corrente de pensamento ou doutrina que tem como objetivo entender as diferenças culturais e estudar o porquê das diferenças entre culturas distintas. Enquanto o etnocentrismo tem uma vertente de confronto, o relativismo aborda as diferenças de uma forma apaziguadora.
É importante destacar que o relativismo cultural é uma ideologia que defende que os valores, princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal, são convenções sociais intrínsecas a cada cultura. Um ato considerado errado em uma cultura não significa que o seja também quando praticado por povos de diferente cultura.
O que é Cultura:
Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é.
Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. A cultura brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete também na música, no caso do samba, que também faz parte da cultura brasileira. No caso da cultura portuguesa, o fado é o patrimônio musical mais famoso, que reflete uma característica do povo português: o saudosismo.
Cultura na língua latina, entre os romanos tinha o sentido de agricultura, que se referia ao cultivo da terra para a produção, e ainda hoje é conservado desta forma quando é referida a cultura do soja, a cultura do arroz etc.
Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade ou ainda de forma específica, uma determinada variante da herança social. Já em biologia a cultura é uma criação especial de organismos para fins determinados.
A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo que é a capacidade, que os indivíduos tem de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente uma evolução biológica. A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando perdendo e incorporando outros aspetos  procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.
O conceito de cultura organizacional remete para o conjunto de normas, padrões e condições que definem a forma de atuação de uma organização ou empresa.
A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao desenvolvimento do ser humano.
Cultura na Filosofia
De acordo com a filosofia a cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou o comportamento natural. É uma atitude de interpretação pessoal e coerente da realidade, destinada a posições suscetíveis de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento. Além dessa condição pessoal, cultura envolve sempre uma exigência global e uma justificação satisfatória, sobretudo para o próprio. Podemos dizer que há cultura quando essa interpretação pessoal e global se liga a um esforço de informação no sentido de aprofundar a posição adotada de modo a poder intervir em debates. Essa dimensão pessoal da cultura, como síntese ou atitude interior, é indispensável.
Cultura na Antropologia
Cultura na antropologia é compreendida como a totalidade dos padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. A cultura como antropologia tem como objetivo representar o saber experiente de uma comunidade, saber obtido graças à sua organização espacial, na ocupação do seu tempo, na manutenção e defesa das suas formas de relação humana. Estas manifestações constituem aquilo que é denominado como a sua alma cultural, os ideais estéticos e diferentes formas de apresentação.
Cultura Popular
A cultura popular é algo criado por um determinado povo, sendo que esse povo tem parte ativa nessa criação. Pode ser literatura, música, arte etc. A cultura popular é influenciada pelas crenças do povo em questão e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas regiões.
O que é Ética:
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esse conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista, advogado, empresário, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética pública.
A ética pode ser confundida com lei, embora que, com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Porém, diferente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética.
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertentente profissional. Existem códigos de ética profissional, que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma sociedade próspera.
Ética e Moral
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.
Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como costume, ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a busca do melhor estilo de vida. A ética abrange diversos campos, como antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, política, e até mesmo educação física e dietética.
Ética no Serviço Público
O tema da ética no serviço público está diretamente relacionada com a conduta dos funcionários que ocupam cargos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé e outros princípios necessários para uma vida saudável no seio da sociedade.
Quando uma pessoa é eleita para um cargo público, a sociedade deposita nela confiança, e espera que ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar ao nível dessa confiança e exercer a sua função seguindodeterminados valores, princípios, ideais e regras. De igual forma, o servidor público deve assumir o compromisso de promover a igualdade social, de lutar para a criação de empregos, de desenvolver a cidadania e de robustecer a democracia. Para isso ele deve estar preparado para pôr em prática políticas que beneficiem o país e a comunidade a nível social, econômico e político.
Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar de forma estratégica, inovar, cooperar, aprender e desaprender quando necessário, elaborar formas mais eficazes de trabalho. Infelizmente os casos de corrupção no âmbito do serviço público são fruto de profissionais que não trabalham de forma ética.
Ética Imobiliária
A ética no ramo imobiliário diz respeito à forma como os agentes ou corretores imobiliários interagem com os possíveis clientes.
No mercado imobiliário, um dos valores mais importantes é a credibilidade, que é um valor que se conquista trabalhando de forma ética. Muitos agentes imobiliários forçam uma venda ou um imóvel, sendo que muitas vezes escondem detalhes que sabem que irão prejudicar o cliente no futuro. Trabalhar de forma ética é pensar no bem comum e deixar o individualismo para trás. O profissional deve procurar a satisfação mútua das partes. Quando um negócio é conduzido e fechado e forma ética, a probabilidade da fidelização do cliente é muito maior.
O mundo imobiliário lida com mercadorias intangíveis, como a ética, o bom senso, a criatividade, o profissionalismo, o conhecimento do produto, etc. Desta forma, um agente imobiliário inteligente, profissional e ético atua com justiça e decência, sabendo que o âmago da sua profissão não é lidar com imóveis e sim construir relações saudáveis e tornar sonhos em realidade.
O empresário Fábio Azevedo afirma que: "Para vender com ética, primeiro, venda para você mesmo, depois compre de você mesmo, se você ficar satisfeito, estará no caminho."
Ética a Nicômaco
O livro intitulado "Ética a Nicômaco" é da autoria de Aristóteles e foi dedicado ao seu pai, cujo nome era Nicômaco. Esta é a principal obra de Aristóteles sobre Ética e é constituída por dez livros, onde Aristóteles é como um pai que está preocupado com a educação e felicidade do seu filho, mas também tem por objetivo fazer com que as pessoas pensem sobre as suas ações, colocando assim a razão acima das paixões, procurando a felicidade individual e coletiva, porque o ser humano vive em sociedade e as suas atitudes devem ter em vista o bem comum. Nas obras aristotélicas, a ética é vista como parte da política que precede a própria política, e está relacionada com o indivíduo, enquanto que a política retrata o homem na sua vertente social.
Para Aristóteles, toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a ética tem como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas as outras, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade, e não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim de uma vida virtuosa, sendo que essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada por alguém que demonstre prudência.
Esta obra foi muito importante para a história da filosofia, uma vez que foi o primeiro tratado sobre o agir humano da história.
O que é Moral:
Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade. O termo tem origem no Latim “morales” cujo significado é “relativo aos costumes”.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes. Está associada aos valores e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos atos de paz e harmonia.
Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, etc., determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas.
A moral orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo social. Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar social.
Moral na filosofia
Na filosofia, moral tem uma significação mais abrangente que ética, e que define as "ciências do espírito", que contemplam todas as manifestações que não são expressamente físicas no ser humano.
Hegel fez a diferenciação entre a moral objetiva, que remete para a obediência às leis morais (estabelecidas pelos padrões, leis e tradições da sociedade); e a moral subjetiva, que aborda o cumprimento de um dever pelo ato da sua própria vontade.
Moral da história
Esta expressão normalmente é utilizada depois de uma história que indica a lição que se é possível aprender com essa narrativa. É uma expressão bastante comum em fábulas e contos populares.
Na literatura, particularmente na literatura infantil, a moral se resume a uma conclusão da história narrada cujo objetivo é transmitir valores morais (certo e errado, bom e mau, bem ou mal, etc.) que possam ser aplicados nas relações sociais.
O QUE É ETNOCENTRISMO
 1 – Pensamento em Partir
                Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.
                Perguntar sobre o que é etnocentrismo é indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e efetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espirito humano – sentimento e pensamento.
                Assim a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa como a procura de descobrir os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações.
                Temos de pano de fundo da questão etnocêntrica a experiência de um choque cultural de um lado o “eu” ou o “nosso” e do outro lado o “outro”. Este choque gerador do etnocentrismo nasce talvez, na constatação das diferenças a grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural. O monólogo etnocêntrico sendo o grupo do “eu” faz da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro” fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou inteligível.
                O que importa neste conjunto de ideias é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos. Cada um traduz ou traduziu nos termos de usa própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do “outro”. O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura, do “outro” nos termos da cultura do grupo do “eu”.
                Na maioria das vezes o etnocentrismo implica uma apreensão do “outro” que se reveste de uma forma bastante violenta. Negamos aquele o mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo.
                Alguns livros colocavam que os índios eram incapazes de trabalhar nos engenhos de açúcar por serem indolentes e preguiçosos, ou seja, fora dos seus contextos culturais como um povo ou uma pessoa trabalha como escravo com satisfação e eficiência?
                Como o “outro” é alguém calado, a quem não é permitido dizer de si mesmo, mera imagem sem voz, manipulando de acordo com desejos ideológicos, o índio é, para o livro didático, apena uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos.
                O primeiro papel que o índio representa é no descobrimento do Brasil, no segundo momento na catequese sendocolocado com uma criança e no terceiro momento o corajoso, altivo, cheio de amor à liberdade. Assim são as sutilezas, violências, persistências do que chamamos etnocentrismo.
                Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando, ou seja, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação.
                A diferença não se equaciona com a ameaça, mas com a alternativa sendo a busca pelo senso comum o motivo da Antropologia no sentido de ver a diferença como forma pela qual os seres humanos deram soluções diversas a limites existenciais comuns.
 
2 – Primeiro movimento
                O Evolucionismo baseado na procura para explicar as diferenças entre as sociedades. O evolucionismo antropológico a noção de progresso torna-se fundamental, pois é no seu rumo que a história do homem se faz. Acredita-se na unidade básica da espécie humana e o fator tempo passa a ser bastante importante.
                Existia um problema teórico: quais definições dos critérios pelos quais seria possível medir o estádio de “avanço” de cada uma das sociedades existentes? A solução estava no próprio conceito de cultura adotado pelos evolucionistas.
                Segundo Sir Edward Tylor: “cultura ou civilização, no seu sentido etnográfico estrito, é este todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade”.
                A mudança na sociedade se daria pela invenção, consequência do aperfeiçoamento do espírito cientifico. Isto fez com que os evolucionistas pudessem pensar o “selvagem” sem conhecê-lo de perto, pois ele era visto como uma fase passada de mim mesmo.
                O etnocentrismo estava em achar que o “outro” era complemente dispensável como elemento de transformação da teoria. A relativização não tinha espaço. Assim como os evolucionistas ao dispensarem o “trabalho de campo” e a relativização, acreditando-se capaz de ter todo o conhecimento do “outro” dentro de sim mesmo, acabaram impossibilitados de achar algumas respostas importantes.
                Quanto mais sabemos mais sabemos o quanto falta saber. A magia esta na consciência de quão pouco se sabe. Neste processo, a sociedade do “eu” começa até a questionar-se a si própria.
 3 – O Passaporte
                O século XX traz para a Antropologia um conjunto vasto e complexo de novas ideias formuladas por um grupo brilhante de pesquisadores. Relativizar é uma palavra que, até hoje, muito pouco saiu das fronteiras do conhecimento produzido pela Antropologia.
                O mais interessante é que a própria Antropologia vai ser capaz de relativizar a noção ocidental de tempo, assim como a noção ocidental de indivíduo, assim como outras tantas noções tão fundamentais à sociedade do “eu”.
                Franz Boas, suas ideias e seus alunos, a Antropologia se transforma substancialmente, que relativiza as ideias de cultura e história. A articulação destas ideias formava um eixo da forma de pensar do “outro” dentro do evolucionismo.
                Foi Boas o primeiro a perceber a importância de estudar as culturas humanas nos seu particulares e é claro o resultado foi que tudo passa a ser infinitamente mais complicado no estudo das culturas humanas.
                Toda vez que um campo de conhecimento se abre, se lança de frente para a complexidade, ele também se relativiza.
                O esforço de relativizar problematiza qualquer “saber”. As ideologias, em especial as extremadas, odeiam qualquer possibilidade de relativização. Elas são centradas em seu próprio monólogo e a descentralização quebra sua auto referência abrindo espaço a uma multiplicidade de pontos de vista, soluções e perguntas.
                Boa não organizou e apresentou para a posteridade uma teoria da cultura que permitisse, a alguém que fizesse uma “história das ideias” antropológicas, torna-la com um conteúdo evidente do seu trabalho, mas pesquisou: Antropologia Física, Linguística, Folclore, Geografia, Migração, Organização Social e nisto tudo, a ideia de cultura se renova, se transforma, foge, é reencontrada diferentemente.
                A escola personalidade e cultura representada por dois grandes nomes: Ruth Benedict e Margaret Mead. Foi uma escola que relativizou e muito. Comparou a sociedade americana com as sociedade tribais fazendo um trabalho de ida ao “outro” e volta ao “eu”.
                Assim, são duas as principais marcas desta escola:
         Seria a de instalar um profundo diálogo entre Antropologia e Psicologia, discutindo as formas de interação entre indivíduo e sociedade;
         Marca a incrível penetração conseguida pela escola, o seu destino popular por assim dizer.
A ideia central da escola estabelece a relação entre a cultura e as personalidades individuais.
               Um dos problemas maiores desta corrente de pensamento, como de resto dos demais grupos que desenvolveram as ideias de Boas, é aquilo que chamamos “reducionismo”, ou seja, a dificuldade de explicar alguma coisa que contém várias outras a partir de uma única das coisas contidas. Melhor dizendo, explicar o todo – a cultura – por uma de suas partes, no caso, a personalidade. Outro problema é a dificuldade de trabalhar o complicadíssimo conceito de personalidade com o complicadíssimo conceito de cultura, ainda mais usando um para explicar o outro e o outro para explicar o um.
                As ideias deste grupo muito contribuíram para o avanço de disciplinas como a sociolinguística e a etnolinguística. A ideia básica que vincula as relações entre cultura e linguagem é uma ideia complexo e abstrata.
                Outro grupo alunos de Boas partiu para relacionar a cultura e o ambiente. Aqui fica pressuposto a noção de que o ambiente é o fator determinante que restringe as opções culturais. A importância deste grupo é a de ter colocado questões de equilíbrio, preservação e mutua dependência entre as culturas e destas com o ambiente onde se erigem, também, outra linha de estudo focaram na cultura e da história humana.
                Franz Boas deixou grandes lições. Relativizando com ele temos:
         Uma concepção da história pluralizada, estilhaçada, como uma história de “h” minúsculo, de cada cultura humana no que esta tinha de seu, de específico;
         Uma concepção de cultura que não colocou a cultura do “eu” como centro, mas que procurou ver que fatores diversos determinavam também diversamente o perfil das culturas;
         O desenvolvimento de uma Antropologia inquieta, atenta, humilde e propondo diálogos com outras disciplinas em volta, se criando e se transformando pelo enfrentamento do risco que significa estudar a diferença.
 4 – Voando Alto
                Tanto o evolucionismo quanto o difusionismo os trabalhos produzidos, via de regra, demonstravam a permanência de um tema. Era a história sempre a permear os estudos e reflexões em quase toda a literatura sobre as culturas humanas.
                O pensamento difusionista propunha o estudo da história concreta de cada cultura, os processos próprios de mudança, troca e empréstimos que as caracterizariam. É uma história com “h” minúsculo, de cada cultura particular e especifica.
                Radcliffe-Brown discordou desta vinculação que existia entre a compreensão do presente de uma cultura e o estudo do seu passado. Em termos mais técnicos a sincronia presente não está submetida à diacronia – história.
                A diferença é que a diacronia analisa todos os tempos passados até chegar ao presente e a sincronia centra sua análise no momento determinado pelo estudo. Para a história, seja ele difusionista ou evolucionista, o presente se conhece pelo passado e estudar a história das culturas significa conhecer a verdadeira dimensão da cultura.
                A razão pela qual o funcionalismo relativizou podeser encontrada no fato de que ele iria se opor ao estudo diacrônico e se conjugar com os estudos sincrônicos. Ao fazer esta opção a Antropologia se desvincula da história e parte para o estudo da sociedade do “outro” sem se preocupar com o passado desta sociedade. Isto é uma relativização fundamental na medida em que, se pensarmos bem, veremos que a preocupação com a história é, antes de tudo, uma preocupação típica da sociedade do “eu”.
                Quando Radcliffe-Brown desamarra a Antropologia da História abre um imenso espaço para que a sociedade do “outro” se mostre tal com ela é. Assim, para Radcliffe a sincronia deveria ser analisada por conceitos bem precisos. É o caso de noções como “processo”, “estrutura”, e “função”, que são cuidadosamente definidas para formarem um esquema interpretativo da realidade social. Onde o mesmo achava conveniente estabelecer uma comparação entre a Antropologia e as Ciências Naturais, por exemplo, comparava o sistema social ao corpo humano.
                A Antropologia, então, livre para estudar a sincronia, passa a poder esboçar uma tentativa mais solta de compreender o “outro”.
                Malinowski foi o grande viajante da Antropologia não tendo como relacionar o trabalho de campo com o pesquisador.
                Durkheim outra autora de grande importância para a Antropologia afirmava categoricamente uma ruptura: o social não se explica pelo individual. Com isto, o social como objeto de estudo não apenas se afirma no presente, na sincronia, mas também se afirma como entidade autônoma, independente do indivíduo.
                Afirmava Durkheim que: “é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”.
                Acompanhando esta definição temos que o fato social é:
         COERCITIVO: o fato social pressiona o indivíduo, torna-se uma força diante da qual este é coagido a uma participação independente da sua vontade.
         EXTENSO: o fato social se estende por todo o grupamento onde se acontece.
         EXTERNO: o fato social é externo ao querer e ao poder do indivíduo. Possui força autônoma, independente e própria, para além das manifestações individuais.
O fato social é por todo e para todos, uma “coisa” que ultrapassa cada um.
O importante, nas duas culturas, é que os objetos valem não pelos seus aspectos utilitários ou comerciais, mas pela sua posse pura e simples.
A comparação relativizadora, o trabalho de campo, a autonomia da Antropologia diante da História e do fato social frente ao individual são passos gigantescos. O “outro” é, também, uma fonte possível de reflexão, de transformação até, da própria sociedade do “eu”.
 5- A Volta por Cima
                Claude Lévi-Strauss homenageia os “índios dos trópicos e seus semelhantes pelo mundo afora”.
                O etnocentrismo está calcado em sentimentos fortes como o reforço da identidade do “eu”. O etnocentrismo se conjuga com a lógica do progresso, com a ideologia da conquista, com o desejo da riqueza, com a crença num estilo de vida que exclui a diferença.
                À visão de cultura como itens corresponde a da história como trajetória única. Esta perspectiva – da história e da cultura – é o que podemos chamar de totalizadora.
                A Antropologia reflete, no jogo de seus movimentos, conjuntos de ideias, conceitos, métodos e técnicas que, na tensão do relacionamento entre o “eu” e o “outro”, procuram a relativização como possibilidade de conhecimento. O ser da sociedade do “eu” e os da sociedade do “outro” devem estar mais pertos do espelho onde as diferenças se olham como escolha, esperança e generosidade. Devem estar, também, mais longe das hierarquias que se traduzem em formar de dominação.

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