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Resenha As diversas abordagens dos movimentos sociais

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No texto de Eni Ferreira da Silva intitulado “As diversas abordagens dos movimentos sociais”, a autora traz conceituações sobre movimentos sociais de diversos autores, dentre eles, a socióloga Eva Maria Lakatos (1985), a qual diz que “os movimentos sociais derivam das insatisfações e das contradições existentes na ordem estabelecida, originam-se em uma parcela da sociedade global e apresentam certo grau de organização e de continuidade” (p. 91). Estes movimentos podem ter como objetivo tanto a transformação ou a conservação do status quo.
A autora nos traz a análise de Gohn (1991) sobre os paradigmas a serem considerados quando se estudam os movimentos sociais, sendo estes: o histórico-estrutural, o culturalista, o neo-idealista e o neopositivista. O primeiro paradigma considera os aspectos estruturais do sistema e sua totalidade, chegando à conclusão de que o modo de produção capitalista - o qual tem natureza contraditória - é protagonista na eclosão e no desenvolvimento dos movimentos sociais.
O paradigma culturalista, por sua vez, acentua o plano cultural e analisa a subjetividade dos fatos sociais; o neoidealista, baseado nas teorias de autores como Nietzshce, Proudhon e representantes da Escola de Frankfurt, privilegia os movimentos de minoria, tais como o movimento negro, feminista, LGBT, entre outros. Tais movimentos situam-se “fora da base estatal” (p. 92) e tem como objetivo a manifestação das potencialidades e dos desejos reprimidos dos indivíduos. Ainda segundo Gohn (1991), no paradigma neopositivista, considera-se os movimentos sociais como “comportamentos coletivos que expressam o desejo de participação da sociedade, tratada em contraposição ao Estado”.
Alguns autores demonstram que os movimentos sociais têm origem no conflito social; para outros, estes resultam de desequilíbrios sociais – em uma perspectiva neopositivista. Para os autores que analisam os movimentos sociais a partir do paradigma histórico-estrutural – baseado na teoria marxista -, não basta apenas que haja o conflito, pois este é inerente à uma sociedade dividida em classes, mas sim a percepção e compreensão deste mesmo conflito. Na contramão desta análise, o paradigma neopositivista, fundamentado na teoria de Durkheim, as contradições sociais são oriundas de um estado de desequilíbrio social, visto que a sociedade é um processo natural de mudanças.
Assim como o paradigma histórico-estrutural, a abordagem culturalista também não considera o conflito como condição suficiente para o surgimento de um movimento social, pois este “apenas revela interesses divergentes em nossas relações sociais e nem sempre se manifesta como conflito aberto” (p. 93). Ainda de acordo com a visão culturalista, os movimentos sociais se constituem a partir do desenvolvimento de ações coletivas. 
Segundo Cohen (1980), os elementos fundamentais que caracterizam os movimentos sociais são os objetivos reivindicatórios, a busca de meios para atingir tais objetivos, o desenvolvimento de uma ideologia e a continuidade da ação, visando ás metas propostas” (p.94). O papel dos líderes também é de grande importância nos movimentos sociais, principalmente nas fases subsequentes à fase de inquietação – a fase de extiação popular, a fase de formalização, e a fase de institucionalização (Galliano, 1981); em casa uma dessas fases, o líder assume um papel diferente, podendo passar por uma imagem de “profeta”, até uma função de estadista. 
Lakatos (1983) diferencia os movimentos sociais a partir da identificação de seus conteúdos específicos; segundo a autora, a tipologia dos movimentos sociais pode ser resumida em: movimentos migratórios – constituídos por grupos de pessoas descontentes com diversos fatores e que migram para outros lugares esperando encontrar melhores condições de vida; movimentos progressistas – os quais “atuam em um segmento da sociedade tentando exercer influência nas suas instituições e organizações, visando mudanças” (p. 98), como os movimentos sindicais; os movimentos conservacionistas ou de resistência, os quais, em suma, tentam preservar a sociedade de possíveis mudanças; os regressivos ou reacionários, que “consistem numa tentativa de retornar à condições imperantes em um momentos anterior” (p. 99); os movimentos expressivos, que levam as pessoas a modificarem seu ponto de vista em detrimento da realidade externa; os movimentos reformistas, os quais “apresentam-se como tentativas de introduzir melhoramentos em alguns setores da sociedade, sem transformar sua estrutura social básica” (p. 99); os movimentos utópicos, que “têm como objetivo criar um novo contexto social, de natureza ideal, para um grupo de seguidores relativamente pouco numeroso” (p. 99); e, por fim, os movimentos revolucionários, os quais procuram alterar a totalidade do sistema social existente.
Uma das características mais importantes dos movimentos sociais é a influência que estes exercem sobre o desenvolvimento histórico das sociedades. Ao exercer pressão sobre as autoridades para obter respostas às suas demandas, as relações sociais podem ser alteradas em diversos níveis.
Sobre a origem dos movimentos sociais, existem diversas teorias; a autora traz a análise de Trujillo (1993), para o qual as teorias mais significativas são a Teoria da Opressão, da Mobilização de Recursos, e a Teoria de Touraine. A primeira, pautada no marxismo, luta por melhores condições objetivas de vida, baseando-se na socialização da riqueza produzida; já a teoria da Mobilização da Recursos naturaliza a condição de desigualdade social, dizendo que esta sempre existiu em todas as sociedades, bem como a insatisfação de certo grupo de pessoas para com esta desigualdade.
Ferreira (2001) dá mais ênfase à teoria de Touraine, o qual afirma que é necessário definir os movimentos sociais de acordo com três princípios: da identidade, da oposição e da totalidade. No que se refere ao princípio da identidade, Touraine sustenta que “a identidade de um movimento social revela-se pelo conjunto de caracteres próprios que os representam” (p. 101), como quais interesses estes procura defender. De acordo com o princípio da oposição, o movimento só pode se organizar na medida em que identifica seu adversário, “pois sem oposição não existe movimentos social” (p. 102). Ainda de acordo com os princípios de Touraine, o princípio da totalidade vem nos dizer que é “a partir da visão de conjunto que se torna possível avaliar a dimensão dos movimentos sociais (p. 102), tendo em mente que a totalidade é provisória, e que a realidade vai além do conhecimento que temos dela.
Na análise de Gohn (1992) o desenvolvimento da sociedade brasileira impossibilitou uma formação de consciência social e de classe, o que resultou em um movimento social limitado por direitos políticos e sociais, restringidos à igualdade jurídica nas questões básicas para a sobrevivência. A autora finaliza o texto salientando que a cidadania “não pode ser outorgada por decreto (p. 104), acentuando que somente os movimentos sociais voltados à consolidação de um projeto de sociedade mais justa e democrática podem garantir esta condição. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, E. F. da. “Movimentos Sociais”. In OLIVEIRA, R da C. (Org) Et al. Sociologia: Consensos e conflitos. Ponta Grossa, PR. Ed. UEPG, 2001, p. 91-109.

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