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1 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO 5ºDIV, 5ºDIN Disciplina: Antropologia Geral e Jurídica - AGJ Professora: Adirleide Greice Carmo de Souza APOSTILADO 01 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DE ANTROPOLOGIA ORIGEM DA ANTROPOLOGIA A pré-história da Antropologia data do século XV e XVI, incentivada entre outros pelas mudanças ocorridas na sociedade com a Revolução Francesa, Iluminismo e Revolução Industrial. Como ciência, a Antropologia é uma ciência tardia que surgiu, ou se constituiu como disciplina científica, em meados do século XIX a partir da Revolução Industrial e das descobertas de Darwin e sua teoria evolucionista quando se concentrava na elaboração de teorias sobre a evolução do homem, sua sociedade e cultura. Especificamente, no século XIX o estudo do homem transforma-se no que hoje se conhece como Antropologia. É nesse momento que toma forma de uma disciplina cientifica. A reflexão sobre as sociedades, o homem e o seu comportamento social é conhecida desde a Antiguidade Clássica através do pensamento de grandes 2 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 filósofos, destacando-se o grego Heródoto que é considerado o pai da História e da Antropologia. O homem não era mais fruto da criação Divina, então os cientistas começaram a procurar pela sua origem: o chamado “elo perdido”, que ligaria o homem moderno a seus ancestrais hominídeos. Com o tempo os estudos sobre o homem ganhou forma, os cientistas começaram a se interessar pelos grupos humanos primitivos e seus costumes, cultura e características, passando a entender o homem não mais como uma criação de Deus, mas da natureza. Em 1749, Georges-Louis Leclerc foi o primeiro especialista a considerar a antropologia como uma disciplina independente. O seu desenvolvimento assentava em duas posturas: enquanto análise da diversidade física da espécie humana (a anatomia comparada) e enquanto resultado do projeto comparativo da descrição da diversidade dos povos. Em finais da Segunda Guerra Mundial, a maioria das potências já tinham assinalado uma profissionalização da antropologia. De uma forma geral tratava- se de uma etnografia positivista, que visava enriquecer o discurso sobre a identidade nacional. DEFINIÇÃO DE ANTROPOLOGIA O termo Antropologia é de origem grega e é a junção de anthropos (“homem” ou “humano”) e de logos (“conhecimento”). A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, instituições 3 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas. A Antropologia é uma ciência que se interessa por ideias, valores, símbolos, normas, costumes, crenças, invenções, ambiente etc., portanto, encontra-se associada a outras ciências. Neste contexto, há, portanto, muitos pontos de contato entre a Antropologia e o Direito, fato que ressalta o aspecto interdisciplinar dessas duas áreas do conhecimento e justifica, nos seus estudos, o interesse de uma área pela outra. Por outras palavras, esta ciência estuda a origem e o desenvolvimento da variabilidade humana e dos modos de comportamento sociais através do tempo e do espaço. ELEMENTOS DA ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA Para que uma disciplina seja considerada científica tem que ter um objeto, um método e um paradigma, isto é, uma ideia chave que guie as observações. Neste sentido, a Antropologia evolui e estabelece os seguintes elementos: Objeto: Estudo do outro/homem e suas obras Método: Trabalho de campo Paradigma: Estudo da Evolução 4 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 OBJETIVO DA ANTROPOLOGIA: A Antropologia fixa como seu objetivo o estudo do homem e da humanidade como um todo. E nenhuma outra ciência pesquisa sistematicamente todas as manifestações do ser humano e da atividade humana de maneira tão unificada. É um objetivo extremamente amplo, visando ao homem como expressão global – biopsicocultural-, isto é, o homem como ser biológico pensante, produtor de culturas e participante da sociedade, tentando chegar, assim, à compreensão da existência humana. RELAÇÕES DA ANTROPOLOGIA Os antropólogos de modo geral, entendem que a antropologia visa conhecer o homem inteiro, o homem em sua totalidade, isto é, em todas as sociedades e em todos os grupos humanos. Desta forma, a antropologia estabelece quatro níveis de relações: entre os indivíduos, entre as culturas, do homem com a sua cultura e das culturas com o meio ambiente. 5 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 A antropologia, como dito, é uma ciência bastante diversificada. Aborda o homem de todas as sociedades, portanto, uma variedade de aspectos da realidade humana, razão pela qual não tem sido tarefa fácil para os antropólogos descrever os reais contornos do seu objeto de estudo. CAMPOS DA ANTROPOLOGIA Estudar o ser humano e a diversidade cultural, envolve a integração de diversas disciplinas que procuram refletir sobre as dimensões biológicas, sociais e culturais, sendo as principais áreas: Antropologia Física ou Biológica: Estuda os aspectos genéticos e biológicos do homem. Na dimensão do presente, estuda os processos de adaptação extra- genética, analisa as particularidades morfológicas e fisiológicas ligadas ao meio ambiente, bem como a evolução destas particularidades. Ela levará em conta os fatores que influenciam o crescimento e a maturação do indivíduo inserido em um determinado contexto. 6 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 Antropologia Social: Analisa o comportamento do homem em sociedade, a organização social, jurídica e política, as relações sociais e instituições sociais. A antropologia social considera que todos os aspectos da vida social – jurídico, econômico, político, técnico, estético, religioso – constituem um conjunto significativo, e que é impossível compreender qualquer um desses aspectos sem recolocá-lo em conexão com os demais. Ela tende, pois, a operar o todo em direção às partes ou, pelo menos, dar uma prioridade lógica ao todo sobre as partes. Além disso, verifica que uma técnica não tem somente um valor utilitário; preenche também uma função e está implica, para ser compreendida, considerações não apenas históricas, geográficas ou físico-químicas, mas também considerações sociológicas. O conjunto das funções recorre, por sua, vez, a uma nova concepção, a de estrutura, e a noção de estrutura social adquiriu uma imensa importância nos estudos antropológicos contemporâneos. Antropologia Cultural: Investiga as culturas no tempo e espaço, envolvendo os costumes, mitos, valores, crenças, rituais, religião, língua. A Antropologia Cultural subdivide-se em outras especialidades como: Etnografia, Etnologia, Arqueologia e Linguística. Estuda a cultura de um grupo tanto na sua dimensão instrumental, chamada de cultura material, que se refere às coisas que os homens produzem e com as quaisintervêm na natureza, quanto na sua dimensão cosmológica-cognitiva-organizacional, que abrange os sistemas de ideias e de valores, através dos quais se organiza a percepção do mundo. Enfim, quer a antropologia se proclame cultural ou social, aspira sempre a conhecer o homem total, encarado, num caso, a partir de suas produções, no outro, a partir de suas representações. Compreende- se assim que uma orientação culturalista aproxime a antropologia da tecnologia, da geografia e da 7 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 pré- história, enquanto a orientação sociológica lhe cria afinidades mais diretas com a psicologia, a história e a arqueologia. Em ambos os casos há uma relação com a linguística, porque a linguagem é ao mesmo tempo o fato cultural por excelência (distinguindo o homem do animal) e aquele por intermédio do qual todas as formas de vida social se estabelecem e se perpetuam. ANTROPOLOGIA E CIÊNCIAS AFINS Como ciência da humanidade, ela se preocupa em conhecer cientificamente o ser humano em sua totalidade, o que lhe confere um tríplice aspecto: a) Ciência Social - propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de sociedades, comunidades e grupos organizados. b) Ciência Humana - volta-se especificamente para o homem como um todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem etc. c) Ciência Natural – procura conhecer o homem por meio de sua evolução, seu patrimônio genético, seus caracteres anatômicos e fisiológicos. A Antropologia, embora autônoma, relaciona-se com outas ciências, trocando experiências e conhecimentos. Como ciência social, oferece e recebe dados técnicos e metodológicos da Sociologia, da História, da Geografia, da Economia, da Ciência Política. De todas essas ciências sociais, a Sociologia é a que mantém relações mais íntimas com a Antropologia, em função de seus interesses teóricos e práticos, salvaguardando a especificidade de cada uma. Ambas, auxiliam-se na compreensão do caráter global do homem, enquanto reunido em sociedade. A Antropologia emprestando o seu conceito de cultura, largamente utilizado pela Sociologia, que, por sua vez, enfatiza o conceito de sociedade. 8 APOSTILADO 01 – AGJ – 2017 Como ciência biológica ou natural, liga-se à Biologia, Genética, Zoologia, Química e Física. ANTROPOLOGIA E DIREITO A Antropologia é a ciência que estuda o homem e sua totalidade, desta forma, sua relação com o Direito se torna imprescindível para entender os processos evolutivos do próprio direito e do próprio homem, bem como de sua diversidade, ou seja, um país possui, além do aparato jurídico oficial, o convívio simultâneo com sistemas jurídicos distintos, assegurados pelos indivíduos – como é o caso das regras existentes dentro da aldeia indígena que muitas vezes conflitam com o Direito Oficial. A diversidade jurídica expressa a diversidade cultural e, portanto, a diversidade do próprio homem e o jurista deve saber lidar com esta realidade. REFERÊNCIA (DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA) MARCONI, Marina de A. Antropologia - uma introdução. São Paulo: Atlas, 2014. KUMPEL, Vitor Frederico; OLNEY Queiroz Assis. Manual de Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2012.
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