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Teoria da Empresa – Aula I: Unidade I – Introdução ao Estudo do Direito Empresarial 1.1. Conceito. O Direito Empresarial cuida do exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. A denominação desse ramo do direito (“comercial”) tem origem histórica (que verificaremos na sequência). Porém, outras designações têm sido empregadas na identificação desta área do saber jurídico: Direito Empresarial, Direito Mercantil, etc... 1.2. Natureza Jurídica É um ramo do direito privado que estabelece o conjunto de regras disciplinadoras da atividade negocial do empresário. 1.3. Evolução Histórica Nem sempre os bens e serviços, que hoje necessitamos, foram produzidos em organizações econômicas especializadas. Vejamos: a) Na Antiguidade (Século VIII A.C. até Século V D.C) , as roupas e objetos eram produzidas na própria casa, para seus moradores; apenas os excedentes eventuais eram trocados entre os vizinhos ou na praça. Alguns povos da Antiguidade, como os fenícios, destacaram-se intensificando as trocas e, com isto, estimularam a produção de bens destinados especificamente para à venda (expansão do comércio). b) Na Idade Média (Século V até Século XV), o comércio difundiu-se por todo o mundo civilizado. Comerciantes europeus reuniam-se em corporações de ofício e poderosas entidades burguesas. c) Na Era Moderna (1453 até 1789) estas normas pseudo-sistematizadas serão chamadas de Direito Comercial (Primeira Fase). Nessa fase inicial era aplicável aos membros de determinadas corporações de comerciantes (de ofício). Esta fase é classificada de teoria subjetiva porque só aqueles que estavam matriculados nas corporações é que eram considerados comerciantes. d) Na França do início do século XIX, Napoleão, com a ambição de regular a totalidade das relações sociais, patrocinou a edição de dois diplomas jurídicos: o Código Civil (1804) e o Comercial (1808). Este último delimitado pela Teoria dos atos de comércio (sistema francês ou sistema objetivista). Crítica: Na lista dos atos de comércio não se encontravam algumas atividades econômicas que, com o tempo, passaram a ganhar importância equivalente às de comércio, banco, seguro e indústria. Exemplos: prestação de serviços, atividades econômicas ligadas à terra, a negociação de imóveis, agricultura ou extrativismo (Segunda Fase). e) Em 1942, na Itália, surgiu um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Ampliou-se assim o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e industriais. Esse sistema foi chamado de Teoria da Empresa (Terceira Fase) Adotou-se esse termo, pois deixou de cuidar de determinadas atividades de mercancia e passa a disciplinar a forma empresarial (específica) de produzir ou circular bens ou serviços. Teoria da Empresa – Aula II: 1.4. Fontes do Direito Comercial/ e ou Empresarial: Material e Formal. Primária e Secundária. a) Fontes Materiais: São as ideias e/ou acontecimentos que contribuem para a formulação do direito. b) Fontes Formais: São as normas propriamente ditas. Essas se dividem em duas: b.1) Fontes Primárias ou Diretas: São normas jurídicas escritas que regulam a atividade empresarial. Exs: Normas Constitucionais, Tratados, Etc... b.2.) Fontes Secundárias ou Indiretas: Quando existem lacunas legislativas, tais fontes servem para complementar o sistema normativo. Exs: Analogia, Os Princípios Gerais do Direito, Jurisprudência, etc... 1.5. Posição Autônoma do Direito Empresarial frente ao Direito Civil. O Código Comercial atual (Lei 556/1850) está em vigor há mais de 16 décadas. Parte dele foi revogada e substituida com a entrada em vigor do Código Civil (Lei 10.406/2002). Uma segunda parte foi mantida no Código Comercial: a parte relativa, principalmente, ao comércio marítimo (artigos 457 a 796) Uma terceira parte, que atualmente regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, passou a ser regida pela Lei 11.101/2005. Obs: Não compromete a autonomia do Direito Empresarial a opção do legislador em 2002 no sentido de tratar matéria correspondente ao objeto desta disciplina no Código Civil (Livro II da Parte Especial). A autonomia didática e profissional não é minimamente determinada pela legislativa. Ex: O artigo 22, I, da Constituição Federal, indica, de forma bem clara, a bipartição do Direito Civil e Direito Comercial. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 1.6. Sujeito do Direito Empresarial 1.6.1. Quem é Considerado Empresário no Brasil e Quem a Lei não Considera Como Empresário. Empresário é a pessoa que toma iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços (Art 966, CC). Essa pessoa pode ser física (Empresário Individual) ou jurídica (Sociedades Empresárias). - Empresário Individual é a pessoa física que explora atividade econômica. - Sociedade Empresária é a pessoa jurídica que explora atividade econômica. Podem adotar 5 formas. Exs: Forma de Sociedade Limitada (Ltda) ou Forma de Sociedade Anônima (S/A). Algumas confusões devem ser esclarecidas: a) Empresa é a atividade explorada, e não a pessoa que a explora. b) Empresário não é o sócio da atividade empresarial, mas a própria sociedade. Por isso, o integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário. Pois quem explora a atividade empresarial é a pessoa jurídica. Não estando, consequentemente, sujeito às normas que definem os direitos e deveres do empresário (mas deve observar as regras de direitos e deveres do sócio). Observação Final: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Isso quer dizer que o profissional que atua exercendo apenas sua atividade intelectual, mesmo com a ajuda de auxiliares, não é considerado um empresário para os efeitos da lei. Contudo, na hipótese da sua atividade implicar em manter outros profissionais, e o resultado do trabalho não for apenas fruto do seu intelecto, ou seja, sofrer contribuição também de terceiros, sua atividade será considerada empresarial. Exemplo: O trabalho desenvolvido por um médico, ainda que tenha assistente e secretária, é meramente intelectual e não o confunde com a figura do empresário. Vários médicos atuando em conjunto, somando seus conhecimentos intelectuais, empregados um dos outros ou não, onde a relação com o consumidor não é com o profissional individual e sim com o conjunto de profissionais, caracteriza uma atuação empresarial. 1.6.2. Elemento de Empresa. Objeto de Direito Empresarial: Atividade Economicamente Organizada. Ao definir no artigo 966 do Código Civil a atividade econômica explorada por empresário, o legislador trouxe alguns elementos importantes: a) Profissionalismo - É verificado pela junção de três aspectos: a.1) Habitualidade: Não se considera profissional quem realiza tarefas de modo esporádico. a.2) Empregados: São os que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. a.3) Monopólio das Informações: O Empresário temo dever de conhecer as informações sobre os bens os serviços que oferece ao mercado. b) Atividade: Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada, então empresa é uma atividade (de produção ou circulação de bens ou serviços). Obs: Estabelecimento Empresarial: É o local em que a atividade é desenvolvida. d) Econômica: No sentido que busca gerar lucro para quem a explora. Para os doutrinadores, nenhuma atividade econômica se mantém sem a lucratividade (de meio – Escola Religiosa, ou de Fim – Casa e Vídeo). e) Circulação de Bens ou Serviços: A atividade de circulação de bens é a do comércio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor e trazê-lo ao consumidor. f) Bens ou serviços: Bens são corpóreos (Obrigação de dar). Prestação de Serviços não tem materialidade (Obrigação de fazer). Obs: E uma música baixada pela internet (Bem Virtual)? É bem ou serviço? Dúvida doutrinária. Teoria da Empresa – Aula III: 1.6.3. Do Empresário Rural e do Pequeno Empresário. O exercente de atividade rural pode ou não ser considerado Empresário Rural. Se ele requerer sua inscrição na Junta Comercial, será considerado empresário e deve se submeter as regras de Direito Empresarial. Ex: Agronegócio. Caso, porém não requeira a inscrição neste registro, não se considera empresário e seu regime será o do Direito Civil. Ex: Negócios Rurais Familiares. O artigo 179 da Constituição Federal estabelece que o Poder Público dispenderá tratamento diferenciado às microempresas e de pequeno porte, simplificando as obrigações tributárias, previdenciárias, etc... O objetivo é incentivar o seu desenvolvimento indicado na Lei Complementar 123/2006. Os Empresários Individuais e Sociedades Empresárias que atenderem aos limites legais deverão acrescer ao seu nome as expressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou as abreviaturas ME ou EPP, conforme o caso. Microempresa é aquela cuja receita bruta auferida no ano não ultrapasse R$ 360.000,00. Já a Empresa de Pequeno Porte tem a receita bruta anual acima de R$ 360.000,00 e até R$ 4.800.000,00. Esses valores são periodicamente atualizados pelo Poder Executivo. Obs: Os Empresários Individuais receberão a expressão Micro Empresário Individual se auferir no máximo R$ 81.000,00 de receita bruta anual (receberá também a expressão MEI). Obs: Se submetem ao “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e de Pequeno Porte”, denominado Simples Nacional (É um regime tributário simplificado onde pagam diversos tributos – IR, PIS, IPI, ICMS, ISS – mediante um único recolhimento mensal, proporcional ao seu faturamento). UNIDADE II - Do Empresário Individual e da EIRELI 2.1. Empresário Individual. O Empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, denomina-se empresário individual; no segundo, sociedade empresária. Via de regra, o primeiro não explora atividade economicamente importante pois essa exige um maior vulto economico. É considerada uma pessoa natural. Em caso de dívidas, o patrimônio pessoal/privado será utilizado para o pagamento aos credores (Responsabilidade Ilimitada). Exemplos de Empresário Individual: Bancas de Frutas, Confecção de Bijuterias, Pipoqueiros, etc... Obs: O empreendedor só pode ter um único negócio neste formato. 2.1.1 Capacidade. Interditos. Impedidos. Proibidos. Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de sua capacidade civil. Não tem capacidade para exercer empresa: Os menores de 18 anos não emancipados, ébrios eventuais, viciados em tóxicos, deficientes mentais, excepcionais e os pródigos, e, nos termos da própria, os índios. Obs: Um menor de 18 anos pode ser empresário individual desde que emancipado. A lei prevê uma hipótese excepcional em que o incapaz pode exercer atividade de empresa: pode ser Empresário Individual o incapaz autorizado pelo juiz (por alvará). Isso só pode acontecer se ele constituiu essa atividade quando ainda era capaz, ou que foi constituida por seus pais ou por pessoa de que o incapaz era sucessor. Nestas situações o incapaz será representado (se absoluta a incapacidade) ou assistido (se relativa). Será nomeada pessoa com aprovação do juiz. Teoria da Empresa – Aula IV: 2.2. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – Lei 12.441/2011 Não é um empresário individual. É uma sociedade limitada unipessoal, ou seja, é uma sociedade limitada constituída por apenas um sócio. É considerada uma pessoa jurídica privada unipessoal (lembrando que o titular é uma pessoa física) diferente das sociedades (art. 44, VI, CC), mas também não é um empresário individual. Em regra, o patrimônio pessoal não será utilizado para o cumprimento das obrigações (apenas o capital social – Responsabilidade Limitada). Para sua constituição o capital deve corresponder a pelo menos 100 vezes o valor do maior salário mínimo vigente – Art. 980 – A, CC. (Existem dois projetos que querem modificar esse valor: 1) Projeto de Lei do Senado 96/2012 quer acabar com o limite mínimo – Está na Câmara dos Deputados / 2) Projeto de Lei 2468/11 que quer reduzir para 50 salários mínimos – Está nas Comissões). Hoje, essa matéria carece de várias correções e complementos. É indicado, pelos doutrinadores, que sejam utilizadas, por enquanto, as regras das sociedades limitadas pluripessoais (ltda). Obs: O empreendedor só pode ter um único negócio neste formato. (Projeto de Lei do Senado 96/2012 quer permitir que um empreendedor possa ter mais de uma EIRELI) Obs2: O mesmo Projeto de Lei quer instituir a “SLU” - Sociedade Limitada Unipessoal que permitirá que uma pessoa jurídica fosse titular, podendo seu capital ser dividido entre sócios. 2.3. Conceito de Sociedade Empresária (Artigo 982, CC). Pode ser definida como a pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou adota a forma de sociedade por ações. 2.3.1. Personalização da Pessoa Jurídica. A pessoa jurídica não deve ser confundida com as pessoas que a compõem. A sociedade empresária tem personalidade jurídica distinta da de seus sócios (São pessoas inconfundíveis, independentes entre si). Se adquire personalidade jurídica com o registro do ato constitutivo na junta comercial. Pessoa jurídica é um expediente do direito destinado a simplificar a disciplina de determinadas relações entre os homens em sociedade. Serão conferidas duas titularidades e uma responsabilidade pela personalização: a) Titularidade Negocial: Quando a sociedade empresária realiza negócios jurídicos, embora ela o faça por meio de seu representante legal, é ela, pessoa jurídica, como sujeito de direito autônomo, personalizado, que assume um dos polos da relação negocial. b) Titularidade Processual: A pessoa jurídica pode demandar e ser demandada em juízo, tendo capacidade para ser parte processual. c) Responsabilidade Patrimonial: Em consequência da sua personalização, a sociedade terá patrimônio próprio, seu, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com seu patrimônio pelas obrigações que assumir (Regra Geral). A hipótese excepcional ocorre quando o sócio poderá ser responsabilizado pelas obrigações da sociedade com a despersonalização da personalidade jurídica, caso que veremos a seguir. Teoria da Empresa – Aula V: 2.4. Despersonalização da Personalidade Jurídica. 2.4.1. Aspectos Gerais Como estudado, a pessoa jurídica, por ter responsabilidade patrimonial,responderá com seu patrimônio pelas obrigações que assumir. Ocorre que, a autonomia patrimonial, que distingue a sociedade de seus integrantes, pode dar base à realização de fraudes. Para evitar tal situação foi criada, com base em decisões jurisprudenciais, a “teoria da desconsideração da pessoa jurídica”, pela qual se autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada para realização de fraude. Neste caso, será possível responsabilizar, direta, pessoal e ilimitadamente, o sócio por obrigação que, originariamente, caberia a sociedade. Verificaremos duas teorias que indicam os requisitos necessários para solicitar a despersonalização ou desconsideração da personalidade jurídica 2.4.1.1. Teoria Maior ou Majoritária (Artigo 50, CC – Lei 10.406/02) O STJ entende que é a regra de nosso sistema. Para a desconsideração, além do inadimplemento é necessário comprovar a fraude (Subjetiva) ou confusão patrimonial/desvio de finalidade (Objetiva) cometidos pelos sócios. Essa teoria foi adotada pelo Código Civil Brasileiro. Exemplo: Uso da teoria maior no Código Civil (Ex: Em caso de Falência). Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Obs: Alguns autores indicam que a teoria maior é chamada assim pois é a que exige o maior número de requisitos (Insolvência + Fraude / Confusão Patrimonial / Desvio de Finalidade = Despersonalização da personalidade jurídica). 2.4.1.2. Teoria Menor (Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90) Para essa teoria, a mera insolvência da pessoa jurídica permite a desconsideração de sua personalidade. Esta teoria é aplicada de forma restrita, pois atinge somente o Direito do Consumidor e Direito Ambiental. - Exemplo 1: Uso da teoria menor no Código de Defesa do Consumidor. Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. b) A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). c) A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Exemplo 2: Uso da teoria menor no Direito Ambiental. Na lei 9605/98, artigo 4˚, verifica-se exemplo de despersonalização da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais. Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Obs: Alguns autores indicam que a teoria menor é chamada assim, pois é a que exige o menor número de requisitos (Insolvência = Despersonalização da personalidade jurídica). CONCLUSÃO Salvo em situações excepcionais previstas em leis especiais, somente é possível a desconsideração da personalidade jurídica quando verificado a fraude (Teoria Maior Subjetiva da Desconsideração), caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a desvio de finalidade e confusão patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração), demonstrada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios. 2.4.2.1. Teoria Inversa. A Teoria Inversa (blindagem patrimonial) ou desconsideração invertida coíbe, basicamente, o desvio de bens. O devedor transfere seus bens para a pessoa jurídica sobre a qual detém absoluto controle. Desse modo, continua a usufruí-los, apesar de não serem de sua propriedade, mas da pessoa jurídica controlada. Os seus credores, em principio, não podem responsabilizá-lo executando tais bens (aplicação inversa do artigo 50, CC). 2.4.3.1. Teoria Ultra Vires Societatis e Teoria da Aparência. A Teoria Ultra Vires Societatis indica que aqueles atos praticados pelos sócios ou administradores fora dos limites do objeto social, com desvio de finalidade ou abuso de poder, passaram de nulos a não oponíveis à pessoa jurídica, mas oponíveis aos sócios ou administradores que os houvessem praticado. Essa teoria foi criticada pela insegurança que sua aplicação gerava para terceiros de boa-fé que negociavam com tais sociedades. A Teoria da Aparência (protege terceiro de boa-fé que contrata com a sociedade) indica que o terceiro - que de modo justificável desconhecia as limitações do objeto social ou dos poderes do administrador ou do sócio que negociou - tem o direito de exigir que a própria sociedade cumpra o contrato. Só é afastada quando terceiro agir de má fé. Hoje, existe uma grande controvérsia em relação a qual teoria deva ser aprovada. Teoria da Empresa – Aula VI: UNIDADE III - Estrutura do Direito Societário à Luz do Código Civil/2002. 3. Estrutura do Direito Societário à luz do Código Civil/2002. 3.1. Conceito de Sociedade Empresária. Sociedade Empresária é a pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou adota a forma de sociedade por ações. Devemos diferenciar a Sociedade Empresária da Sociedade Simples. A Sociedade Empresária explora empresarialmente seu objeto social (Fatores de Produção Profissionais). Já a Sociedade simples explora o objeto social sem o caráter empresarial. Obs 1: A Sociedade por ações (S/A e Comandita por Ações) sempre será empresarial mesmo que não explore empresarialmente seu objeto (Art. 982, par. único do CC e Artigo 2, pár. 1 da Lei de S/A – 6.404/76). As Cooperativas não serão sociedades empresárias. Serão sociedades simples (Art. 982, parágrafo único, CC). Obs 2: Existem atividades lucrativas não empresariais. Ex: Atividades rurais não registradas na Junta Comercial, Sociedades de Advogados, etc. 3.2. Espécies de Sociedades Empresárias. 2.3.1. Sociedades Menores: a) Sociedade em Nome Coletivo (N/C) – Arts. 1.039 a 1.044 CC: É o tipo de sociedade em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Se a dívida da empresa for superior ao capital social, os bens do sócio garantirão o pagamento da dívida. Todos devem ser pessoas naturais. Qualquer um deles pode ser nomeado administrador da sociedade. O nome da empresa deve ter o sobrenome de um dos sócios – SOCIEDADE DE PESSOAS b) Sociedade em Comandita Simples (C/S) – Arts. 1.045 a 1.051 CC: É o tipo de sociedade em que um ou alguns sócios, denominados “comanditados”, têm responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, e outros, os sócios “comanditários”, respondem limitadamente por essas obrigações. (Responsabilidade social mista). Somenteos sócios comanditados podem ser administradores, e o nome da sociedade só poderá se valer de seus nomes civis. Os sócios comanditados só podem ser pessoas físicas. Esse tipo de sócio, se falecer, a sociedade será parcialmente dissolvida (Salvo permissão contratual para ingresso dos sucessores). – SOCIEDADE DE PESSOAS. Já os sócios comanditários, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, não podem praticar atos de gestão. Esse tipo de sócio, se morrer, os sucessores ingressarão. – SOCIEDADE DE CAPITAL c) Sociedade em Conta de Participação (C/P) – Arts. 991 a 996 CC: É, ao contrário das demais, despersonalizada. Duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento em comum, ficando alguns sócios em posição ostensiva e outros sócios em posição oculta (esses são sócios participantes). Essa sociedade não assume nenhuma obrigação em seu nome visto que não possui personalidade jurídica. Os sócios ostensivos assumem a obrigação ilimitada em seu nome e, posteriormente, demandarão (Ação Regressiva) em face dos sócios ocultos na forma que houverem pactuado (limitada ou ilimitadamente). Obs: Não é registrada na junta comercial e não adota nome empresarial. (Só pode registrar, por segurança, no Registro de Titulos e Documentos). 2.3.2. Sociedade Maiores: a) Sociedade Limitada (Ltda.) – Arts. 1.052 a 1.087 CC: As Sociedades Limitadas (Ltda) são geridas por um ou mais administradores, caracterizadas pela responsabilidade limitada dos sócios, ou seja, eles investem um valor determinado no capital social da empresa, representado por quotas, e cada um é responsável diretamente pelo seu montante integralizado (Investidores ligados as decisões). São constituídas por Contrato Social. (Regras do Código Civil) – SOCIEDADES DE PESSOAS. Obs1: Não será possível a penhora das quotas para evitar que estranhos ingressem nessas sociedades. O limite da responsabilidade dos sócios, na sociedade limitada, é o total do capital social subscrito e não integralizado. b) Sociedades Anônimas (S/A) – Lei 6.404/76: Também chamadas de “companhia”, são geridas pelo conselho de administração, o capital social é dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das ações. Podem ser classificadas como sociedades de capital fechado ou aberto. São constituídas pelo Estatuto Social. (Regras da Lei 6.404/76) – SOCIEDADES DE CAPITAL. Obs: Será possível a penhora da ação em execução contra o acionista (Acionista em mora se chama remisso). c) Sociedade Comandita Por Ações (C/A) – Arts. 1.090 a 1.092 CC: Se diferencia da comandita simples pois somente os acionistas podem ser gestores ou gerentes. Responsabilidade Social Mista – SOCIEDADE DE CAPITAL. Teoria da Empresa – Aula VII: 3.3. Sociedades Dependentes de Autorização. Sociedades Nacionais e Estrangeiras. 3.3.1. Sociedades Nacionais. São aquelas organizadas conforme a lei brasileira e que tenha no país a sede de sua administração (não importando a nacionalidade de seus membros – Art. 1.126,CC). Obs: Só pode mudar de nacionalidade, ou seja, de nacional para estrangeira, com o consentimento unânime dos sócios. O requerimento de autorização para seu funcionamento deve ser acompanhado pela cópia do contrato assinada por todos os sócios. 3.3.2. Sociedades Estrangeiras. Qualquer que seja sua finalidade ou tipo precisa de autorização do Governo Federal para atuar no Brasil (Lei 2627/1940 e parte na Lei 6404/1976). Deve solicitar autorização de funcionamento ao Ministério ou Agência Estatal fiscalizadora de sua atividade. Obs: A Sociedade Estrangeira autorizada a atuar no Brasil pode Acrescentar as palavras “Do Brasil” ou “Para o Brasil” em seu nome. Obs2: São necessários os seguintes documentos e provas, autenticados e traduzidos, para solicitar a autorização de funcionamento no Brasil: a) A Sociedade deve provar que foi constituída conforme a lei do seu país; b) Inteiro teor do ato constitutivo; c) A relação dos membros, qualificados e suas ações respectivas; d) A ata da assembleia que deliberou a instalação no Brasil; e) Prova de nomeação do representante no Brasil com poderes para aceitar as condições de autorização. f) O último balanço financeiro. Ps: A Sociedade Estrangeira pode se tornar nacional se transferir sua sede para o Brasil se obtiver autorização do Poder Executivo Federal (mudança de nacionalidade). Teoria da Empresa – Aula VIII: Unidade IV – Institutos Complementares 4.1. Estabelecimento Empresarial, Nome Empresarial: Firma ou Denominação. O Estabelecimento Empresarial é todo o complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. A forma racional que é organizada esse complexo de bens resulta num sobrevalor que destaca a avaliação de mercado da “empresa”. Essa valorização pela junção organizada dos bens de aviamento. O estabelecimento empresarial não deve ser confundido com outras terminologias importantes, como: a) Marca: Identifica produtos e serviços. Exemplo: Nike. b) Nome de Domínio: Identifica a página na rede mundial de computadores. Exemplo: Decolar.com c) Título do Estabelecimento: Diferencia da concorrência. Exemplo: Ponto Frio. d) Nome empresarial: É a manifestação do direito de personalidade de pessoa jurídica. O nome empresarial identifica o sujeito que exerce a atividade de empresa. Exemplo: Globex Eletrodomésticos Ltda. O Direito contempla duas espécies de nome empresarial: Firma ou Denominação. 4.1.1. Firma: Só pode ter por base nome civil, do empresário individual ou dos sócios da sociedade empresária. Obs: Os contratos e obrigações contraídos devem ser assinados com o nome empresarial. Exemplos: Silva Pereira Tintas (Firma Individual), Silva Pereira e Cia Ltda (Firma Social), etc... 4.1.2. Denominação: Deve designar o objeto da empresa e pode adotar por base o nome civil ou elemento fantasia. Obs: Os contratos e obrigações contraídos devem ser assinados com o nome civil sobre o nome empresarial. Exemplos: A.Silva e Pereira Cosméticos Ltda, Alvorada Cosméticos Ltda, etc... 4.1.3. Formação do Nome Empresarial: a) Sociedade Limitada: Pode usar Firma ou Denominação. Em ambos os casos devem adotar a expressão limitada (Sociedade Limitada ou Ltda.), sob pena de responsabilização ilimitada dos administradores (Art. 1.158,CC). - Por Firma: Nome do objeto social é facultativo. Deve usar o nome de um ou mais sócios, valendo-se do termo “companhia” se omitir o nome de 1 deles. Ex: Antonio e Silva Ltda, A. Silva e Cia Limitada, etc... - Por Denominação: Nome do objeto social é obrigatório. Deve usar como base o nome civil de um ou mais sócios ou elemento fantasia. Ex: Supertintas Ltda, Casa do Futebol Ltda, etc... b) Sociedade Anônima: Só pode adotar Denominação. Deve fazer referência ao objeto social. É obrigatória a expressão “sociedade anônima” ou “S/A” (no início, meio ou fim da denominação). Se optar pelo uso da expressão “companhia” ou “Cia” (só no início ou no meio da denominação). Ex: Cimento Alvorada S/A, Companhia Editorial Azul, Cia Guanabara de Livros, Indústria de alimentos João da Silva S/A, etc... Teoria da Empresa – Aula IX: 4.1. Prepostos. São os trabalhadores, independentemente da natureza do vínculo contratual mantido com o empresário. Os atos praticados pelos prepostos no estabelecimento empresarial e relativos à atividade econômica obrigam o empresário preponente. 4.2. Escrituração: Livros Obrigatórios e Facultativos. Livros empresariais são aqueles cuja escrituração é obrigatória ou facultativa ao empresário, em virtude da legislação comercial. a) Livros obrigatórios: cujaescrituração é imposta ao empresário. Exs: Diário (Art.1.179, CC), Registro de Duplicadas (Art. 19, Lei 5474/1968), Entrada e Saída de Mercadorias (Art. 7 do Decreto 1.102/1903), Atas das Assembleias Gerais, etc... b) Livros facultativos: cuja ausência não importa nenhuma sanção. Exs: Caixa, Conta-Corrente, etc... Obs: Se a escrituração não for feita ou for feita de forma irregular será considerado crime falimentar (Art. 178 da Lei 11.101/2005). Pena de 1 a 2 anos de detenção e multa. 4.2.1. Intervenção do Poder Judiciário Para Exibir os Livros. Em regra, os livros gozam da proteção do sigilo. O Poder Judiciário pode determinar a exibição total dos livros (somente em algumas ações) ou exibição parcial (em qualquer ação judicial).
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