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Direito Penal e Processual Penal

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PENAL 2ª FASE 35º EXAME 
Direito Penal e 
Processual Penal 
Aulas ao vivo 
 
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3 
 
 
2ª FASE OAB | PENAL | 35º EXAME 
Direito Penal e Processual Penal 
Prof. Nidal Ahmad; Mauro Stürmer; 
Arnaldo Quaresma e Letícia Neves 
 
 
SUMÁRIO 
 
Ação penal ............................................................................................................ 14 
1.1 Conceito .......................................................................................................... 14 
1.2. Ação penal pública incondicionada ................................................................ 14 
1.3. Ação penal pública condicionada à representação ........................................ 14 
1.4. Ação penal privada ......................................................................................... 19 
Queixa-crime ......................................................................................................... 22 
2.1 Conceito .......................................................................................................... 22 
2.2 Base legal........................................................................................................ 22 
2.3 Identificação .................................................................................................... 22 
2.4 Legitimidade. ................................................................................................... 23 
2.5 Prazo da ação penal privada ........................................................................... 23 
2.6 Requisitos da queixa ....................................................................................... 24 
2.7 Alguns crimes de ação penal privada previstos no Código Penal ................... 26 
2.8 Procuração com poderes especiais ................................................................ 26 
2.9 Valor indenizatório mínimo .............................................................................. 26 
 
Rejeição da denúncia e citação............................................................................. 33 
3.1 Procedimentos e identificação das peças de 1º grau ...................................... 33 
3.2 Da denúncia e rejeição da denúncia ............................................................... 36 
3.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa ..................................................... 36 
3.4 Da citação ....................................................................................................... 41 
4 
Resposta à acusação ............................................................................................ 45 
4.1 Peça obrigatória .............................................................................................. 45 
4.2 Identificação .................................................................................................... 45 
4.3 Base legal........................................................................................................ 47 
4.4 Prazo ............................................................................................................... 47 
4.5 Conteúdo ......................................................................................................... 48 
4.6 Pedido de Absolvição Sumária ........................................................................ 51 
4.7 Recursos ......................................................................................................... 53 
4.8 Dicas ............................................................................................................... 54 
4.9 Estrutura da peça ............................................................................................ 55 
 
Competência ......................................................................................................... 64 
5.1. Jurisdição ....................................................................................................... 64 
5.2. Competência .................................................................................................. 65 
5.2.1. Espécies de competência ............................................................................ 66 
5.2.2. Critérios de fixação da competência: .......................................................... 67 
5.2.3. Determinação do foro competente .............................................................. 70 
5.2.4. Competência em crime continuado e crime permanente ............................ 70 
5.2.5. Competência pelo domicílio ou residência do réu ....................................... 71 
5.2.6 Competência pela natureza da infração: ...................................................... 73 
5.2.7. Competência por distribuição ...................................................................... 74 
5.2.8. Causas modificadoras da competência (conexão ou continência) .............. 74 
5.2.9. Foro prevalente ........................................................................................... 77 
5.2.10. Da competência por prevenção ................................................................. 79 
5.2.11. Da competência por prerrogativa de função .............................................. 80 
5.2.12. Competência do Supremo Tribunal Federal .............................................. 81 
5.2.13. Competência do Suprior Tribunal de Justiça ............................................. 81 
5.2.14. Competência dos Tribunais Regionais Federais ....................................... 82 
5.2.15. Competência dos Tribunais de Justiça ...................................................... 82 
5.2.16. Competência para julgar prefeitos municipais ........................................... 83 
5.2.17. Competência da Justiça Federal ............................................................... 86 
5.2.18. Competência da justiça militar ................................................................... 91 
5.2.19. Competência criminal da justiça eleitoal ................................................... 92 
5.2.20. Justiça política ou extraordinária ............................................................... 92 
5.2.21. Restrição ao foro por prerrogativa de função ............................................ 92 
5 
 
5.2.22. Marco para o fim do foro ........................................................................... 93 
5.2.23. Crime de moeda falsa ............................................................................... 93 
5.2.24. Justiça estadual ......................................................................................... 93 
Iter criminis e tentativa .......................................................................................... 95 
6.1 Iter criminis ...................................................................................................... 95 
6.2 Da tentativa ..................................................................................................... 97 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz .................................................. 1017.1 Desistência voluntária ................................................................................... 101 
7.2 Arrependimento eficaz .................................................................................. 102 
7.3 Requisitos...................................................................................................... 102 
7.4 Consequência ............................................................................................... 103 
Arrependimento posterior .................................................................................... 107 
8.1 Conceito ........................................................................................................ 107 
8.2 Requisitos...................................................................................................... 107 
8.3 Critério para redução da pena ....................................................................... 108 
8.4 Reparação do dano ou restituição da coisa em situações específicas ......... 108 
Crime impossível ................................................................................................. 110 
9.1 Conceito ........................................................................................................ 110 
9.2 Crime impossível por ineficácia absoluta do meio ......................................... 110 
9.3 Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto material ................. 111 
Erro de tipo .......................................................................................................... 114 
10.1 Conceito ...................................................................................................... 114 
10.2 Erro de tipo essencial .................................................................................. 116 
10.3 Erro provocado por terceiro ......................................................................... 118 
10.4 Erro de tipo acidental .................................................................................. 119 
Excludente de ilicitude ......................................................................................... 129 
11.1 Introdução ................................................................................................... 129 
11.2 Os reflexos das causas de exclusão da ilicitude no processo penal ........... 129 
6 
 
11.3 Estado de necessidade ............................................................................... 130 
11.4 Legítima defesa ........................................................................................... 134 
11.5 Excesso punível .......................................................................................... 138 
11.6 Estrito cumprimento do dever legal ............................................................. 139 
11.7 Exercício regular do direito .......................................................................... 140 
11.8 Consequências ............................................................................................ 141 
Excludente de culpabilidade ................................................................................ 144 
12.1 Introdução ................................................................................................... 144 
12.2 Inimputabilidade .......................................................................................... 145 
12.3 Menoridade penal ........................................................................................ 149 
12.4 Falta de potencial consciência da ilicitude .................................................. 150 
12.5 Inexigibilidade de conduta diversa .............................................................. 154 
Juizado Especial Criminal ................................................................................... 158 
Teoria da pena .................................................................................................... 159 
13.1 Fixação da pena .......................................................................................... 159 
13.2 Regime inicial de cumprimento de pena ..................................................... 180 
13.3 Das penas restritivas de direitos ................................................................. 187 
13.4 Suspensão condicional da execução da pena (sursis) ................................ 193 
 
Audiência de instrução ........................................................................................ 196 
14.1 Considerações ............................................................................................ 196 
Memoriais ............................................................................................................ 198 
15.1 Introdução ................................................................................................... 198 
15.2 Identificação ................................................................................................ 198 
15.3 Base legal .................................................................................................... 202 
15.4 Prazo ........................................................................................................... 203 
15.5 Conteúdo ..................................................................................................... 203 
15.6 Pedido ......................................................................................................... 205 
7 
 
Das Nulidades ..................................................................................................... 221 
16.1. Teoria Geral das Nulidades ........................................................................ 221 
16.2. Conceito de Nulidade ................................................................................. 223 
16.3. Nulidade Absoluta e Relativa ..................................................................... 223 
16.4.Vicios processuais ....................................................................................... 224 
16.5. Regularização da Falta ou Nulidade da Citação.........................................228 
Teoria Geral das Provas ..................................................................................... 234 
17.1. Introdução e Conceito ................................................................................ 234 
17.2. Objeto Da Prova e Objetivo ........................................................................ 235 
17.3. Princípios .................................................................................................... 236 
17.4. Sistemas de apreciação das provas ........................................................... 238 
17.5. Elementos de informação x elementos de prova ........................................ 239 
17.6. Ônus da Prova ........................................................................................... 240 
17.7. Poderes Instrutórios do Magistrado ........................................................... 242 
17.8. Provas Ilegais, Vedadas ou Proibidas ........................................................ 243 
Provas em espécie .............................................................................................. 256 
18.1. Provas Ilícitas e a Inviolabilidade do sigilo das comunicações ................... 256 
18.2. Interceptação de Dados ............................................................................. 262 
18.3. Interceptações Ambientais ......................................................................... 263 
18.4. Sigilo de correspondência .......................................................................... 264 
18.5. Exame de Corpo de Delito ......................................................................... 265 
18.6. Interrogatório .............................................................................................. 271 
18.7. Confissão ...................................................................................................274 
18.8. Perguntas ao Ofendido............................................................................... 275 
18.9. Prova Testemunhal .................................................................................... 278 
18.10. Reconhecimento Pessoas e Coisas ......................................................... 281 
18.11. Busca e Apreensão .................................................................................. 282 
Recurso de apelação .......................................................................................... 294 
19.1 Conceito ...................................................................................................... 294 
19.2 Identificação ................................................................................................ 294 
19.3 Base legal .................................................................................................... 298 
8 
 
19.4 Cabimento da apelação nas sentenças do juiz singular .............................. 299 
19.5 Prazo ........................................................................................................... 300 
19.6 Legitimidade do assistente à acusação ....................................................... 300 
19.7 Conteúdo ..................................................................................................... 301 
19.8 Pedido ......................................................................................................... 302 
19.9 Estrutura do recurso .................................................................................... 303 
Contrarrazões de apelação ................................................................................. 322 
20.1 Introdução ................................................................................................... 322 
20.2 Identificação ................................................................................................ 322 
20.3 Base legal .................................................................................................... 324 
20.4 Prazo ........................................................................................................... 324 
20.5 Conteúdo ..................................................................................................... 325 
20.6 Pedidos ....................................................................................................... 325 
20.7 Estrutura da peça ........................................................................................ 325 
Recurso em sentido estrito .................................................................................. 332 
21.1 Introdução ................................................................................................... 332 
21.2 Hipóteses de cabimento .............................................................................. 333 
21.3 Prazo ........................................................................................................... 339 
21.4 Legitimidade ................................................................................................ 339 
21.5 Peça bipartida ............................................................................................. 340 
21.6 Efeito regressivo (Juízo de retratação) ........................................................ 341 
 
Crimes em Espécie contra a vida ........................................................................ 346 
 
Do Procedimento do Tribunal do Júri .................................................................. 347 
22.1 Do procedimento do tribunal do júri ............................................................. 347 
22.2 Recebimento da denúncia ........................................................................... 348 
22.3 Indispensabilidade da Resposta à Acusação .............................................. 348 
22.4 Contraditório: Específico do Procedimento do Júri ...................................... 348 
22.5 Providências judiciais .................................................................................. 349 
22.6 Instrução concentrada ................................................................................. 350 
22.7 Mutatio libelli ................................................................................................ 351 
22.8 Fase de apreciação da admissibilidade da acusação ................................. 351 
9 
 
22.9 Pronúncia .................................................................................................... 351 
22.10 Impronúncia ............................................................................................... 352 
22.11 Absolvição sumária ................................................................................... 352 
22.12 Desclassificação ........................................................................................ 352 
22.13 Aditamento da denúncia ou queixa para inclusão de corréus ................... 353 
22.14 Emendatio libelli ........................................................................................ 353 
22.15 Intimação da decisão de pronúncia ........................................................... 353 
22.16 Preclusão da decisão de pronúncia .......................................................... 353 
22.17 Preparação e organização do júri .............................................................. 354 
22.18 Desaforamento .......................................................................................... 354 
22.19 Excesso de Serviço ................................................................................... 356 
22.20 Ausência do defensor ................................................................................ 356 
22.21 Ausência do acusado ................................................................................ 356 
22.22 Imprescindibilidade do depoimento da testemunha .................................. 356 
22.23 Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da 
sessão ................................................................................................................. 357 
22.24 Infrutífera condução coercitiva .................................................................. 357 
22.25 Realização do julgamento, independentemente da inquirição de testemunha 
arrolada ............................................................................................................... 357 
22.26 Preparo para a composição do conselho de sentença .............................. 358 
22.27 Abertura dos trabalhos .............................................................................. 358 
22.28 Ausência de quórum ................................................................................. 358 
22.29 Reunião prévia do juiz com os jurados ...................................................... 359 
22.30 Formação do conselho de sentença ......................................................... 360 
22.31 Recusas motivadas e imotivadas .............................................................. 361 
22.32 Separação do julgamento .......................................................................... 361 
22.33 Arguição de impedimento, suspeição ou incompatibilidade.......................362 
22.34 Estouro da urna ......................................................................................... 363 
22.35 Compromisso e entrega de peças aos jurados ......................................... 363 
22.36 Instrução em plenário ................................................................................ 363 
22.37 Interrogatório do acusado.......................................................................... 364 
22.38. Dos debates ............................................................................................. 364 
22.39 Limite de tempo para as partes .................................................................365 
22.40 Referências proibidas ................................................................................ 365 
22.41 Do questionário e sua votação .................................................................. 366 
22.42 Sentença ................................................................................................... 367 
10 
 
22.43 Execução antecipada da pena no júri ....................................................... 368 
22.44 Resposta à acusação no procedimento do tribunal do júri ........................ 370 
Memoriais do júri ou alegações finais por memoriais .......................................... 373 
23.1 Considerações iniciais ................................................................................. 373 
Recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia .................................... 384 
24.1 Introdução ................................................................................................... 384 
24.2 Identificação ................................................................................................ 385 
24.3 Base legal .................................................................................................... 386 
24.4 Prazo ........................................................................................................... 386 
24.5 Conteúdo ..................................................................................................... 386 
24.6 Pedido ......................................................................................................... 387 
24.7 Estrutura do recurso .................................................................................... 389 
Apelação das decisões do júri ............................................................................. 399 
25.1 Considerações ............................................................................................ 399 
Crimes em Espécie contra o patrimônio .............................................................. 408 
Lei de Execução Penal ........................................................................................ 409 
26.1 Comentários à lei de execução penal ......................................................... 409 
26.2 Detração penal ............................................................................................ 412 
26.3 Regimes Prisionais e Modificação do Regime durante a execução da 
pena .................................................................................................................... 413 
26.4 Unificação de Penas ................................................................................... 414 
26.5 Regime disciplinar diferenciado ................................................................... 415 
26.6 Progressão de regime ................................................................................. 417 
26.7 Exame criminológico ................................................................................... 424 
26.8 Regressão de Regime ................................................................................. 425 
26.9 Prisão domiciliar .......................................................................................... 427 
26.10 Remição de pena ...................................................................................... 427 
26.11 Permissão de saída e saída temporária .................................................... 428 
26.12 Monitoração eletrônica .............................................................................. 430 
11 
 
Lei Maria da Penha ............................................................................................. 431 
Estatuto do Desarmamento ................................................................................. 432 
Livramento condicional ........................................................................................ 433 
27.1 Requisitos .................................................................................................... 433 
27.2 Hipóteses de revogação do Livramento Condicional .................................. 436 
27.3 Suspensão do Livramento Condicional ....................................................... 436 
27.4 Incidentes da Execução Penal .................................................................... 437 
27.5 Anistia, Graça, Indulto ................................................................................. 437 
27.6 Aspectos gerais relacionados à execução da medida de segurança .......... 438 
Agravo em Execução .......................................................................................... 445 
28.1 Cabimento e conteúdo ................................................................................ 445 
28.2 Rito e competência para ojulgamento ......................................................... 446 
28.3 Prazo ........................................................................................................... 446 
28.4 Efeitos ......................................................................................................... 447 
28.5 Estruturação da peça Agravo em Execução ............................................... 447 
Revisão criminal .................................................................................................. 456 
29.1 Conceito ...................................................................................................... 456 
29.2 Identificação ................................................................................................ 456 
29.3 Base legal .................................................................................................... 457 
29.4 Cabimento/conteúdo ................................................................................... 457 
29.5 Revisão e extinção da pena ........................................................................ 459 
29.6 Legitimidade ................................................................................................ 459 
29.7 Órgão competente para o julgamento da Revisão Criminal ........................ 460 
29.8 Decisão na Revisão Criminal ...................................................................... 460 
Habeas corpus .................................................................................................... 467 
30.1 Conceito ...................................................................................................... 467 
30.2 Base Legal .................................................................................................. 467 
30.3 Espécies ...................................................................................................... 467 
30.4 Legitimidade ativa ....................................................................................... 468 
12 
 
30.5 Legitimidade passiva ................................................................................... 468 
30.6 Admissibilidade/conteúdo ............................................................................ 468 
30.7 Competência ............................................................................................... 469 
30.8 Julgamento e efeitos ................................................................................... 471 
30.9 Pedido liminar .............................................................................................. 471 
30.10 Estruturação de Habeas corpus ................................................................ 472 
Recurso Ordinário Constitucional ........................................................................ 477 
31.1 Conceito ...................................................................................................... 477 
31.2 Base legal .................................................................................................... 477 
31.3 Identificação.................................................................................................47831.4 Cabimento em matéria penal ...................................................................... 478 
31.5 Prazo e processamento do recurso ............................................................. 479 
 
Efeito extensivo ................................................................................................... 485 
32.1 Introdução ................................................................................................... 485 
 
Prescrição ........................................................................................................... 487 
33.1 Conceito ...................................................................................................... 487 
33.2 Espécies de prescrição ............................................................................... 487 
33.3 Efeitos da prescrição ................................................................................... 489 
33.4 Prescrição da pretensão punitiva ................................................................ 490 
33.5 Prescrição da pretensão executória ............................................................ 519 
Prisão processual ................................................................................................ 532 
34.1 Introdução ................................................................................................... 532 
34.2 Prisão em Flagrante .................................................................................... 533 
34.3 Peças práticas no contexto de Prisão em Flagrante ................................... 549 
34.4 Liberdade provisória .................................................................................... 554 
34.5 Prisão preventiva ......................................................................................... 564 
34.6 Prisão temporária ........................................................................................ 583 
PADRÃO DE RESPOSTAS ................................................................................ 593 
 
 
13 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 2ª Fase do 35º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. 
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em junho de 2022. 
 
14 
Ação penal 
 
 
Aula prevista para ocorrer no dia 05/07/2022. 
 
 
Prof. Nidal Ahmad 
@prof.nidal 
1.1 Conceito 
É o direito de agir exercido perante juízes e tribunais, invocando a prestação jurisdicional, 
que, na esfera criminal, é a existência da pretensão punitiva do Estado. 
 
1.2. Ação penal pública incondicionada 
Está prevista no artigo 24 do CPP. É aquela em que o Ministério Público poderá propor a 
ação penal, independentemente da manifestação de vontade do ofendido ou do seu 
representante legal. Em outras palavras, o Ministério Público poderá oferecer a denúncia de 
ofício. 
Quando o tipo penal silenciar em relação à natureza da ação penal, será pública 
incondicionada. 
A ação penal pública, seja incondicionada, seja condicionada, é promovida pelo Ministério 
Público por meio de denúncia, que constitui sua peça inicial (art. 100, § 1º, do CP, e art. 24 CPP). 
 
1.3. Ação penal pública condicionada à representação 
1.3.1. Conceito e Natureza jurídica 
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição, consistente na manifestação de 
vontade do ofendido ou de ser representante legal (representação). É o que se extrai do artigo 
24, parte final, do CPP. 
15 
O MP somente poderá oferecer a denúncia se a vítima ou seu representante legal o 
autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade. Mais ainda: sem a manifestação de 
vontade do ofendido ou seu representante legal, nem sequer poderá ser instaurado inquérito 
policial. 
A natureza jurídica da representação é a de condição de procedibilidade da ação penal 
pública. Sem ela, o órgão do MP não pode intentar a ação penal mediante o oferecimento da 
denúncia. 
1.3.2. Identificação 
Como saber se o crime é de ação penal pública condicionada à representação? Pois bem, 
os crimes de ação penal pública condicionada à representação são aqueles em que consta no 
tipo penal a expressão “somente se procede mediante representação”. 
O tipo penal descreve a conduta, comina a pena e, na sequência, deixa expresso que o 
crime “somente se procede mediante representação”. 
Exemplos: 
 Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
Perseguição 
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a 
integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de 
qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou 
privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: 
I – contra criança, adolescente ou idoso; 
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 
121 deste Código; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14132.htm#art2
16 
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. 
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
§ 3º Somente se procede mediante representação. 
 
• Crime de lesão corporal leve e culposa 
Nos casos de lesão corporal leve (CP, art. 129, “caput”) e lesão corporal culposa (CP, art. 
129, § 6º), ação penal será, via de regra, pública condicionada à representação, conforme prevê 
o artigo 88 da Lei 9.9099/95. 
Mas, em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa, algumas 
considerações são necessárias, quando praticados no contexto de violência doméstica, 
especialmente quando a vítima é mulher. 
Se a vítima do crime de lesão corporal leve ou culposa for homem, ou, ainda, mulher, mas 
sem a presença de qualquer hipótese prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, a natureza da 
ação penal segue a regra do artigo 88 da Lei 9099/95, ou seja, será pública condicionada à 
representação. 
Assim, se, por exemplo, o agente agride uma mulher desconhecida apenas porque ela é 
torcedora do Sport Clube Internacional, a ação será pública condicionada à representação, uma 
vez que, embora seja mulher, o crime não foi praticado no contexto de violência doméstica e 
familiar, já que não está presente qualquer hipótese do artigo 5º da Lei Maria da Penha. 
De outro lado, se a lesão corporal leve ou culposa foi praticada contra mulher, no contexto 
de violência doméstica e familiar, com a incidência de uma das hipóteses do artigo 5º da Lei 
11.340/2006, a ação será pública incondicionada. É o que se extrai da Súmula 542 do STJ, 
segundo a qual: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
 Nos termos do artigo 5º da Lei 11340/2006, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, quando praticada: a) no 
âmbito da unidade doméstica; b) no âmbito da família; c) qualquer relação íntima de afeto. 
 
17 
1.3.3. Titular do direito de representação 
A representação pode ser exercida pelo ofendido ou representante legal. 
Se o ofendido contar com menos de 18 anos ou for mentalmente enfermo, o direito de 
representação cabe exclusivamente a quem tenha qualidade para representá-lo, como, por 
exemplo,seus pais. 
Aocompletar 18 anos e não sendo deficiente mental, somente o ofendido poderá exercer 
o direito de representação e ninguém mais, já que, nesse caso, atinge a capacidade plena para 
os atos da vida civil e também para representação na esfera criminal. 
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério 
Público, ou à autoridade policial (art. 39 do CPP). 
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do CPP). 
 
1.3.4. Prazo 
O direito de representação pode ser exercido dentro do prazo de 06 meses, contados do 
dia em que o ofendido ou seu representante legal veio a saber quem é o autor do crime (art. 38 
CPP). 
Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende nem se prorroga, e cuja fluência, 
iniciada a partir do conhecimento da autoria da infração, é causa extintiva da punibilidade do 
agente (art. 107, IV, CP). 
 
1.3.5. Irretratabilidade – art. 25 
Nos termos dos arts. 25 do CPP e art. 102 do CP, “a representação será irretratável depois 
de oferecida a denúncia”. Assim, se o ofendido exerce o direito de representação, pode retirá-la 
antes de iniciar-se a ação penal com o oferecimento da denúncia, sem a necessidade de 
qualquer formalidade. 
18 
No contexto de violência doméstica ou familiar contra a mulher, nos crimes de ação penal 
pública condicionada à representação, como, por exemplo, o crime de ameaça (art. 147 do CP), 
será possível a retratação perante o juiz, desde que seja designada audiência especialmente 
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério 
Público (art. 16 da Lei 11.340/2006). 
 
1.3.6. Consequências 
A falta de representação enseja a rejeição da denúncia, nos termos do artigo 395, II, do 
CPP (essa tese é a adequada para a peça resposta à acusação), bem como a nulidade do 
processo, nos termos do artigo 564, III, “a”, do CPP (essa tese seria mais adequada para 
memoriais em diante). 
Se tiver extrapolado o prazo de 06 meses, jamais esquecer de alegar a decadência do 
direito de representação, e, por consequência, a extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, 
IV, do CP. 
 
NÃO ESQUECER! 
 
Se a peça for resposta à acusação, após abordar a tese da decadência e extinção da 
punibilidade, conforme o artigo 107, IV, do CP, deve ser formulado o pedido de absolvição 
sumária, com base no artigo 397, IV, do CPP. 
 
1) (QUESTÃO 2 – XXXI EXAME) 
Em 05 de junho de 2019, Paulo dirigia veículo automotor em via pública, com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência de álcool, ocasião em que veio a atropelar Lúcia 
por avançar cruzamento com o sinal fechado para os veículos. Lúcia sofreu lesões que a 
deixaram com debilidade permanente no braço, o que foi reconhecido pelo laudo pericial 
respectivo, também ficando comprovado o estado clínico em que se encontrava o motorista 
atropelador. Considerando que Paulo arcou com as despesas que Lúcia teve que despender em 
razão do evento, a vítima não quis representar contra ele. Inobstante tal manifestação da vítima, 
19 
o Ministério Público denunciou Paulo pela prática dos injustos do Art. 303, § 2º, e do Art. 306, 
ambos da Lei nº 9.503/97. Considerando as informações narradas, esclareça, na condição de 
advogado(a), aos seguintes questionamentos formulados por Paulo, interessado em constituí-lo 
para apresentação de resposta à acusação. 
A) Qual a tese jurídica de direito material que a defesa de Paulo deverá alegar para 
contestar a tipificação apresentada? 
B) Diante da ausência de representação por parte da ofendida, o Ministério Público teria 
legitimidade para propor ação penal contra Paulo? 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
 
1.4. Ação penal privada 
É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade 
para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. 
A ação penal privada é promovida mediante queixa-crime do ofendido ou de seu 
representante legal. São aqueles crimes em que no tipo penal consta a expressão “somente se 
procede mediante queixa”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://ceisc.com.br/ead/aula/808/177051/4475
20 
 
 
 
2) (QUESTÃO 2 – XVII EXAME) 
Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que ele 
chega do trabalho à residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte à 
Glória, que, de imediato comparece à Delegacia, narra os fatos, oferece representação e solicita 
medidas protetivas de urgência. Encaminhados os autos para o Ministério Público, este requer 
em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, bem como a prisão 
preventiva de Jorge, com base no Art. 313, inciso III, do CPP. O juiz acolhe os pedidos do 
Ministério Público e Jorge é preso. Novamente os autos são encaminhados para o Ministério 
Público, que oferece denúncia pela prática do crime do Art. 147 do Código Penal. Antes do 
recebimento da inicial acusatória, arrependida, Glória retorna à Delegacia e manifesta seu 
interesse em não mais prosseguir com o feito. A família de Jorge o procura em busca de 
orientação, esclarecendo que o autor é primário e de bons antecedentes. Considerando apenas 
a situação narrada, na condição de advogado(a) de Jorge, esclareça os seguintes 
questionamentos formulados pelos familiares: 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI
21 
A) A prisão de Jorge, com fundamento no Art. 313, inciso III, do Código de Processo Penal, 
é válida? 
B) É possível a retratação do direito de representação por parte de Glória? Em caso 
negativo, explicite as razões; em caso positivo, esclareça os requisitos. 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não 
confere pontuação. 
 
22 
Queixa-crime 
 
 
Aula prevista para ocorrer no dia 06/07/2022. 
 
Prof. Nidal Ahmad 
@prof.nidal 
2.1 Conceito 
Trata-se, em síntese, da petição inicial da ação penal privada oferecida, via de regra, pelo 
ofendido ou seu representante legal, por meio de advogado (a), ou seja, você haha. 
2.2 Base legal 
Art. 30 (ou 31), 41 e 44, todos dos Código de Processo Penal, e art. 100 § 2º do 
Código Penal. 
2.3 Identificação 
Narrando um fato do qual foi vítima, que se enquadra em crime de ação penal privada, o 
ofendido ou seu representante legal procura advogado (a) para adotar a medida cabível. 
Exemplo da peça queixa-crime do XV Exame da OAB: “(...) Enrico procurou seu escritório 
de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-
lo.” 
PEDIU PRA PARAR 
Expressão mágica: 
 
“Ação penal privada... o ofendido 
procura você como advogado(a)”
Peça: 
 
Queixa-crime 
PAROU! 
23 
 
2.4 Legitimidade – Arts. 30 e 31, CPP. 
 
A queixa-crime é ajuizada por um advogado contratado pelo ofendido ou seu 
representante legal, detentores da legitimidade para ajuizar a ação penal privada. 
Se o ofendido morre ou é declarado ausente, o direito de oferecer queixa, ou de dar 
prosseguimento à acusação, passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do 
CPP), ressalvado o caso dos art. 236, parágrafo único, do CP, cuja legitimidade será somente 
do cônjuge enganado. 
 
2.5 Prazo da ação penal privada – Art. 38, CPP e 103, CP 
O prazo para o oferecimento da queixa-crime é de 06 (seis) meses, contados a partir da 
data do conhecimento da autoria do crime pelo ofendido ou seu representante legal (art. 38 CPP 
e 103 do CP). 
OFENDIDO Art. 30 do CPP
REPRESENTANTE LEGAL Art. 30 do CPP
CADI (morte ou ausência do 
ofendido) 
Art. 31 do CPP
6 meses 
Prazo decadencial 
(art. 10, CP) 
A contar da 
ciência da autoriado fato 
24 
O prazo é decadencial, conforme o art. 10 do CP, computando-se o dia do começo e 
excluindo-se o dia final. Assim, se, por exemplo, o ofendido do crime de calúnia toma 
conhecimento da autoria do fato no dia 12 de março de 2020, a queixa-crime deverá ser oferecida 
até o dia 11 de setembro de 2020, sob pena de decadência e consequente extinção da 
punibilidade. 
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de 06 meses a contar do 
encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia (art. 29 CPP e 100, § 3º, 
do CP). Nesse caso, se o ofendido não exercer dentro do prazo de 6 meses a partir do 
esgotamento do prazo para o MP, a única consequência é a de que perderá o direito de 
representação, significando que a partir disso somente o MP terá legitimidade para ajuizar a ação 
penal, pelo menos enquanto não incidir eventual prescrição. 
 
2.6 Requisitos da queixa – Art. 41, CPP 
Descrição do FATO e circunstâncias
Identificação/Qualificação
Qualificação jurídica
Pedido de citação
Pedido de condenação
Rol de testemunhas
Valor mínimo indenizatório (art. 387, inciso IV, CPP)
Pedido produção de provas
25 
A) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias: 
• Descrever o fato de forma clara e objetiva, mencionando o autor da ação 
(ofendido/querelante) e o ofensor (querelado), a data, local do fato, os meios e instrumentos 
empregados, a forma como foi praticado o crime e o motivo. 
• Mencionar que a conduta do querelado constitui crime de ação penal privada, 
destacando e descrevendo, ainda, eventuais agravantes, qualificadoras ou causas de aumento 
de pena. 
• Na hipótese de concurso de agentes, a queixa deve especificar a conduta de cada 
um. Assim, no caso de coautoria e participação, deverá ser descrita, individualmente, a conduta 
de cada um dos coautores e partícipes. 
B) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua 
identificação 
Qualificar é apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o querelado, 
distinguindo-o das demais pessoas: nome, nacionalidade, estado civil, RG, etc... 
OBSERVAÇÃO: Na prova da OAB, colocar na qualificação única e exclusivamente os 
dados fornecidos no enunciado da questão, sob pena de ter a peça zerada (podem interpretar 
que o candidato esteja se identificando). 
C) Classificação jurídica do fato 
O autor deverá indicar o dispositivo (artigo) que se aplica ao fato imputado, não bastando 
a simples menção ao nome da infração. 
D) Rol de Testemunhas 
O momento adequado para arrolar testemunhas, consoante o disposto no art. 41 do CPP, 
é o da propositura da ação. 
E) Pedido de condenação 
 
 
26 
2.7 Alguns crimes de ação penal privada previstos no Código Penal 
Arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria), ressalvada a hipótese do art. 145 e 
parágrafo único, bem como disposto na Súmula 714 do STF. 
Art. 161, § 1º, incisos I e II – Alteração de limites (se não usar de violência e a propriedade 
for particular). 
Art. 163, caput, inciso IV do parágrafo único e art. 164 c/c art. 167 (crime de dano) 
Art. 179 e parágrafo único – fraude à execução 
Art. 184, caput – violação de direito autoral 
Art. 236 - induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões – VIII Exame da OAB) 
 
2.8 Procuração com poderes especiais 
Na peça, importante mencionar, na parte do preâmbulo e qualificação, que a queixa-crime 
está instruída com instrumento de procuração com poderes especiais (art. 44 do CPP). 
 NÃO ESQUECER! 
 
Procuração com poderes especiais. 
2.9 Valor indenizatório mínimo 
Além disso, deve ser feita referência ao disposto no art. 387, IV do CPP, que dispõe sobre 
a fixação do valor mínimo para a indenização da vítima. 
 
 
 
 
 
27 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI
28 
Estruturação da Queixa-crime: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE... (se crime da competência da Justiça Estadual) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA CRIMINAL DA 
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da Justiça Federal)1 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO... DO JUIZADO ESPECIAL 
CRIMINAL DA COMARCA DE... (se a infração for de menor potencial ofensivo – Lei 
9.099/95) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO DA 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE...2 
 
 
 FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., endereço 
eletrônico..., residente e domiciliado3..., por seu procurador infra-assinado, com 
procuração com poderes especiais em anexo, vem, respeitosamente, à presença de 
Vossa Excelência oferecer QUEIXA-CRIME, com base nos artigos 30, 41 e 44, ambos 
do Código de Processo Penal, e artigo 100, § 2º, do Código Penal, contra CICLANO 
DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., endereço eletrônico..., 
residente e domiciliado... , pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
 
 
I) DOS FATOS4 
1º parágrafo: localizar (data, hora, local) e verbo nuclear do tipo; 
2º parágrafo: descrever como foi praticado o delito; 
3º parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras; 
 
1 Art. 109, CF – competência da justiça federal. 
2 Se se tratar de crime de ação penal privada praticado contra a mulher no contexto de violência doméstica e familiar, 
como, por exemplo, marido praticar injúria (art. 140 CP) contra a esposa. 
3 Não inventar dados, apenas utilizar o fornecido no enunciado. 
4 Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias, sem inventar 
dados e somente reproduzir o enunciado da questão. 
29 
II) DO DIREITO 
Mencionar o fato e atribuir o respectivo tipo penal. 
 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer o querelante: 
a) o recebimento da queixa-crime; 
b) a citação do querelado; 
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas; 
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas 
dos artigos... do CP; 
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP. 
 
 ROL DE TESTEMUNHAS (somente dados fornecidos no enunciado) 
A) Fulano de tal... 
B) Fulano de tal... 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local..., data... 
 
Advogado... 
OAB... 
 
Observações: 
a) Se for ajuizada a queixa-crime perante o Juizado Especial Criminal, formular pedido também 
de designação de audiência preliminar ou de conciliação, conforme constou no XV Exame, 
quando caiu queixa-crime. 
b) Como regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a honra será do Juizado 
Especial Criminal (pois a pena máxima é a do crime de calúnia e não supera 2 anos), seguindo 
o rito lá disposto; 
c) Contudo, havendo concurso de crimes entre calúnia e difamação e/ou injúria, bem como causa 
de aumento de pena que resultem na pena superior a dois anos, a queixa-crime não será 
30 
oferecida perante o Juizado Especial Criminal, mas perante a Vara Criminal, e, nesse caso, deve-
se formular pedido de audiência de reconciliação, nos termos do artigo 520 do CPP. 
d) Jamais esquecer de apresentar o rol de testemunhas (sem inventar nomes e dados. Colocar 
somente os fornecidos pelo enunciado). 
 
Para garantir o soco missioneiro, você pode realizar o treinamento da peça “Queixa-
crime” através do E-book do módulo “Ranking de peças” 
 
 
3) (QUESTÃO 4 – XXVI EXAME) 
Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu companheiro, foi, em 
20 de julho de 2017, até a rua em que esta reside. Verificando que o automóvel de Renata estava 
em via pública, Larissa quebra o vidro dianteiro do veículo, exatamente com a intenção de 
deteriorar coisa alheia. Na manhã seguinte, Renata constatou o dano causado ao seu carro, mas 
não identificou, em um primeiro momento,quem seria o autor do crime. Solicitou, então, a 
instauração de inquérito policial, em 25 de julho de 2017. Após diligências, foi identificado, em 
23 de outubro de 2017, que Larissa seria a autora do fato e que o prejuízo era de R$ 150,00, 
tendo sido a informação imediatamente passada à vítima Renata. Com viagem marcada, Renata 
somente procurou seu advogado em 21 de fevereiro de 2018, informando sobre o interesse em 
apresentar queixa-crime em face da autora dos fatos. Assim, o advogado de Renata apresentou 
queixa-crime em face de Larissa, imputando o crime do Art. 163, caput, do Código Penal, em 28 
de fevereiro de 2018, perante o Juizado Especial Criminal competente, tendo sido proferida 
decisão pelo magistrado de rejeição da queixa, em razão da decadência, em 07/03/2018. A 
defesa técnica é intimada da decisão. Considerando as informações narradas, na condição de 
advogado(a) de Renata, responda aos itens a seguir. 
A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime apresentada por Renata? 
Indique o fundamento legal e o prazo de interposição. 
B) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do magistrado de rejeição da 
denúncia? Justifique. 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
 
31 
 
4) (QUESTÃO 2 – XXXIII EXAME) 
Bernardo, em 31 de dezembro de 2018, com a intenção de causar dano à loja de Bruno, seu 
inimigo, arremessou uma pedra na direção de uma janela com mosaico, que tinha valor 
significativo de mercado. Ocorre que, no momento da execução do crime, Bernardo errou o 
arremesso e a pedra acabou por atingir Joana, funcionária que passava em frente à loja e que 
não tinha sido percebida, causando-lhe lesões corporais que a impossibilitaram de trabalhar por 
50 dias. A janela restou intacta. No momento do crime, não foi identificada a autoria, mas, após 
investigação, em 04 de março de 2019, foi descoberto que Bernardo seria o autor do arremesso. 
O Ministério Público iniciou procedimento em face de Bernardo imputando-lhe o crime de lesão 
corporal de natureza culposa, figurando como vítima Joana, que apresentou representação 
quando da descoberta do autor. Bruno, revoltado com o ocorrido, contratou um advogado, 
conferindo-lhe procuração com poderes 
gerais, constando o nome do ofendido e do 
ofensor. O procurador apresenta queixa-
crime, em 02 de julho de 2019, imputando a 
prática do crime de tentativa de dano a 
Bernardo. Ao tomar conhecimento da 
queixa-crime, Bernardo o procura, como 
advogado. Considerando apenas as 
informações narradas, na condição de 
advogado(a) de Bernardo, responda aos 
questionamentos a seguir. 
https://ceisc.com.br/ead/aula/808/173223/2382
https://ceisc.com.br/ead/aula/808/177081/7021
32 
A) Qual argumento de direito processual poderá ser apresentado em busca da rejeição da 
queixa-crime apresentada? Justifique. 
B) Qual argumento de direito material a ser apresentado para questionar o delito imputado 
na queixa-crime? Justifique. 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
 
 
33 
Rejeição da denúncia e citação 
 
 
Aula prevista para ocorrer no dia 07/07/2022. 
 
Prof. Nidal Ahmad 
@prof.nidal 
 
3.1 Procedimentos e identificação das peças de 1º grau 
Os procedimentos constituem a forma de desenvolvimento do processo, delimitando e 
prevendo os passos e as sequências de atos que deverão ser seguidos ao longo de uma ação 
penal. 
A ação penal pública é deflagrada com o oferecimento da denúncia. A ação penal privada, 
por sua vez, será deflagrada por meio de uma queixa-crime. 
 
3.1.1 Procedimento comum 
Nos termos do art. 394 do CPP, a disposição do procedimento comum ocorre da seguinte 
forma: 
a) Ordinário: pena máxima igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade. 
b) Sumário: pena máxima cominada maior de dois anos e inferior a quatro anos de pena 
privativa de liberdade. 
c) Sumaríssimo: Pena máxima até 02 anos (art. 61 da Lei 9099/95). Para as infrações 
de menor potencial ofensivo, na forma da Lei 9.099/95, por exemplo, crime de lesão corporal 
leve, previsto no artigo 129, caput, do CP, cuja pena máxima não supera dois anos. 
Para a definição do procedimento devem ser consideradas as qualificadoras, bem como 
as causas de aumento de pena e de diminuição da pena, porquanto repercutem no montante da 
pena máxima abstrata prevista na lei. 
34 
Nesse caso, a definição do procedimento tem especial relevância, por exemplo: 
a) no endereçamento da peça queixa-crime, por exemplo. Isso porque se incidir o 
procedimento sumaríssimo, a peça deverá ser direcionada para o Juiz do Juizado Especial 
Criminal; incidindo o procedimento sumário ou ordinário, a peça deverá ser direcionada para o 
Juiz de Direito da Vara Criminal. 
b) no recurso cabível na hipótese de rejeição da denúncia ou queixa-crime. Se o 
procedimento for sumaríssimo, o recurso cabível será apelação, conforme artigo 82 da Lei 
9.099/95; se for procedimento sumário ou ordinário, o recurso cabível será o recurso em sentido 
estrito, nos termos do artigo 581, inciso I, do CPP. 
c) No caso de crime de menor potencial ofensivo, por exemplo, se for adotado o 
procedimento diverso do previsto na Lei 9.099/95, será caso de nulidade do processo. 
No caso de concurso de crimes, também devem ser considerados os critérios do cúmulo 
material (concurso material e concurso formal impróprio/imperfeito) e da exasperação da pena 
(concurso formal perfeito e crime continuado). 
No concurso material, nenhum problema se apresenta, já que basta somar as penas. Se 
a soma das penas ultrapassar dois anos, não será adotado o rito sumaríssimo, previsto na Lei 
9099/95. Se a soma das penas for superior a quatro anos, o procedimento será o ordinário, 
afastando-se a procedimento sumário. 
DICA MISSIONEIRA 
 
Se a causa for de aumento de pena, considera-se a fração máxima, a fim de que incida 
a pena máxima; na hipótese de causa de diminuição da pena, diminui-se o mínimo 
possível, também para se obter a pena máxima abstrata no caso. 
 
Exemplo: Crime de associação criminosa (art. 288, caput, do CP) segue o procedimento sumário, 
porquanto a sua pena máxima é de 03 anos. Todavia, se o crime é de associação criminosa 
armada, a pena aumenta até metade (art. 288, parágrafo único, do CP), passando a pena 
máxima a 04 anos e 06 meses. Logo, nesse caso, adota-se o procedimento ordinário, pois a 
pena máxima superou 04 anos. 
35 
Da mesma forma, o crime de furto simples (art. 155, caput, CP) adota o procedimento ordinário, 
pois a pena máxima é de 04 anos. Todavia, no crime de tentativa de furto simples, considerando 
a redução de 1/3 (fração mínima), a pena máxima ficará em 02 anos e 08 meses, adotando-se, 
nesse caso, o procedimento sumário. Note-se que a redução pela tentativa é de 1/3 a 2/3 (art. 
14, parágrafo único, CP). No caso, diminui-se o mínimo possível, a fim de atingir a pena máxima. 
 
5) (QUESTÃO 1 - V EXAME) 
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário 
do Poder Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição 
para representar o seu filho, solicitara a quantia de dois mil reais para defendê-lo 
adequadamente. Indignado, Antônio, sem averiguar a fundo a informação, mas confiando na 
palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo a acusação e o entrega ao juiz titular da 
vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao tomar conhecimento do ocorrido, 
Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de Antônio, na qual 
fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e representa 
criminalmente pelo fato. O Ministério Público oferece denúncia perante o Juizado Especial 
Criminal, atribuindo a Antônio o cometimento do crimede calúnia, praticado contra funcionário 
público em razão de suas funções, nada mencionando acerca dos benefícios previstos na Lei 
9.099/95. Designada Audiência de Instrução e Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as 
testemunhas, interrogado o réu e apresentadas as alegações orais pelo Ministério Público, na 
qual pugnou pela condenação na forma da inicial, o magistrado concede a palavra a Vossa 
Senhoria para apresentar alegações finais orais. Em relação à situação acima, responda aos 
itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso. 
A) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30) 
B) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 
0,30) 
C) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? 
(Valor: 0,65) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
36 
3.2 Da denúncia e rejeição da denúncia 
A Denúncia é a petição inicial da ação penal pública, oferecida pelo Ministério Público 
contra o responsável pelo fato criminoso. 
Ao receber o inquérito policial ou peças de informação, o Ministério Público, por meio do 
seu agente (Promotor ou Procurador da República), verificando a existência de prova da 
materialidade de fato, indícios de autoria e que o fato constitui, em tese, crime deve oferecer a 
denúncia. 
Para fins de prova dissertativa da OAB, convém sejam analisadas as causas de rejeição 
da denúncia, previstas no artigo 395 do CPP. 
 
3.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa 
As causas de rejeição da denúncia ou queixa estão previstas no artigo 395 do CPP. São 
elas: 
I) for manifestamente inepta 
Ocorre inépcia da denúncia quando a peça apresentada pelo Ministério Público não 
contém relato compreensível dos fatos ou não observa os requisitos exigidos no artigo 41 do 
CPP. 
Algumas hipóteses que podem ensejar a inépcia da denúncia, dentre outras: 
a) Descrição dos fatos de forma incompreensível, incoerente, que inviabiliza a produção 
da defesa. 
b) Descrição extensa, sem pormenorizar o objeto da acusação. 
c) Falta de pedido claro da acusação. 
d) O MP não descrever a conduta de cada um dos acusados, na hipótese de concurso de 
pessoas. 
 
37 
II) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal 
Pressupostos processuais são elementos que repercutem na própria existência e validade 
do processo (necessidade de ter juiz competente, capacidade postulatória, ausência de 
litispendência, coisa julgada). 
Para exercício regular do direito de ação, devem estar presentes determinadas condições, 
chamadas de condições da ação. 
Essas condições podem ser genéricas, assim definidas porque são exigidas em todas as 
ações penais. São elas: a) possibilidade jurídica do pedido; b) legitimidade de parte; c) interesse 
de agir. 
As condições da ação também podem ser específicas ou condições de procedibilidade, 
pois são exigidas apenas em determinadas ações penais específicas, como a ação penal pública 
condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça. 
A ausência de condição da ação gera como consequência a rejeição da denúncia, nos 
termos do art. 395, II, do CPP. 
a) possibilidade jurídica do pedido 
Para o regular exercício do direito de ação, a condição básica é que o fato descrito na 
peça inicial acusatória encontre previsão na lei como sendo uma conduta penalmente proibida. 
Em outras palavras, a possibilidade jurídica do pedido guarda relação com a tipicidade do fato 
descrito na peça acusatória. 
Devemos ter o cuidado para não confundir essa condição da ação com o próprio mérito 
da causa, que pode, em tese, levar à absolvição sob o fundamento de que o fato narrado na 
peça acusatória não constitui infração penal (CPP, arts. 397, III, 386, III, 415, III). 
A possibilidade jurídica do pedido é analisada no campo abstrato, mediante a adequação 
da causa de pedir descrita na peça acusatória a um tipo penal que retrata o modelo legal da 
conduta penalmente proibida. Não há qualquer análise do acervo probatório para verificação da 
adequação típica. Trata-se, pois, de simples subsunção do fato descrito na exordial acusatória a 
um determinado tipo penal. 
38 
Não havendo adequação entre o fato relatado na peça acusatória a um tipo penal, ela 
deve ser rejeitada, por ausência de condição da ação, consistente na falta de possibilidade 
jurídica do pedido, nos termos do art. 395, II, do CPP. 
Se, em tese, o fato descrito na peça acusatória se revestir de tipicidade, porque se amolda 
a um modelo de conduta penalmente proibida, passa-se à análise do acervo probatório, para se 
constatar, agora por meio da análise dos fatos relatados, se efetivamente a conduta descrita 
constitui infração penal. Trata-se, pois, da análise do mérito da causa. 
Não havendo prova suficiente no sentido de que o fato descrito efetivamente se enquadra 
no tipo penal, a solução será a absolvição do réu, sob o fundamento de que não restou 
demonstrado que o fato narrado constitui crime. 
b) interesse de agir 
O interesse de agir ou interesse processual guarda relação com a necessidade ou 
utilidade de provocar a atuação jurisdicional. Além da necessidade ou utilidade, deve-se verificar 
a adequação do instrumento processual utilizado para alcançar o provimento jurisdicional 
desejado. 
Além da necessidade, deve-se verificar a utilidade da ação penal para a efetividade da 
tutela do direito violado. Com efeito, não se verifica utilidade da ação penal, se estiver presente 
uma causa de extinção da punibilidade. De nada adianta desencadear uma ação penal, com 
toda a sequência de atos necessários para alcançar o provimento final, se já não existir a 
possibilidade jurídica da aplicação da pena, por conta da incidência de uma causa de extinção 
da punibilidade. 
Assim, se, por exemplo, a pretensão punitiva estatal já estiver alcançada pela prescrição, 
não há qualquer interesse para o desencadeamento da ação penal, com oferecimento da peça 
acusatória. Se eventualmente for oferecida a denúncia ou queixa-crime, a peça acusatória 
deverá ser rejeitada, com base no art. 395, II, do CPP. Se recebida a peça acusatória, caberá a 
absolvição sumária, com base no art. 397, IV, do CPP. 
c) legitimidade para agir 
Por primeiro, convém sinalar que não se trata aqui, a princípio, do titular do direito violado, 
ou seja, a vítima, mas sim daquele que detém a titularidade para ajuizar a ação penal, ou seja, o 
detentor da legitimidade ativa para ajuizar a ação penal. 
39 
Em relação aos crimes de ação penal pública, via de regra, a legitimidade para 
desencadear a ação penal é do Ministério Público, conforme dispõe o art. 129, I, da CF. Se, 
todavia, o Ministério Público não oferecer denúncia dentro do prazo estabelecido em lei, o 
ofendido ou seu representante legal passará a ter legitimidade para ajuizar a ação penal privada 
subsidiária da pública, consoante se extrai dos arts. 5º, LIX, da CF e 29 do CPP. 
Nos crimes de ação penal privada, a legitimidade para ajuizar a ação penal, por meio de 
oferecimento da queixa-crime, é, como regra, do ofendido ou seu representante legal (CPP, art. 
30). 
Assim, se o Ministério Público oferecer denúncia em crime de ação penal privada, a peça 
acusatória deverá ser rejeitada, pela falta de legitimidade para agir, nos termos do art. 395, II, do 
CPP. 
Da mesma forma, se o ofendido, por meio do seu advogado, oferecer queixa-crime em 
relação a crime de ação penal pública, a peça acusatória deverá ser rejeitada, pela falta de 
legitimidade para agir, nos termos do art. 395, II, do CPP. A mesma solução deve ser dada na 
hipótese de o ofendido oferecer a queixa-crime subsidiária, antes de esgotar o prazo para o 
Ministério Público oferecer denúncia. 
Por outro lado, a legitimidade passivaad causam somente pode estar relacionada com o 
agente apontado como sendo o responsável para infração penal. 
O menor de 18 anos não pode figurar no polo passivo de uma ação penal, já que 
inimputável. Nesse caso, deverá ser submetido a procedimento para apuração da prática de ato 
infracional, perante o Juizado da Infância e Juventude. Se for oferecida denúncia ou queixa-crime 
contra menor de 18 anos, a peça acusatória deverá ser rejeitada, por falta de condição da ação, 
qual seja, legitimidade para o réu figurar no polo passivo de ação penal, nos termos do art. 395, 
II, do CPP. 
Além das condições genéricas, em determinadas situações deverão estar presentes 
também condições específicas ou condições de procedibilidade para o exercício do direito de 
ação, sob pena de rejeição da denúncia ou queixa, com base no art. 395, II, do CPP. O exemplo 
mais comum é a falta de representação do ofendido ou do seu representante legal, nos casos 
de crimes de ação penal pública condicionada à representação (CPP, art. 24, caput). 
 
40 
III) faltar justa causa para o exercício da ação penal 
Consiste na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua 
autoria. Em outras palavras, para haver justa causa, a inicial acusatória deve estar acompanhada 
de um suporte probatório mínimo que demonstre a materialidade do delito e indícios suficientes 
de autoria. 
Exemplo: não haver prova suficiente de autoria; ou, ainda, a denúncia apontar autoria 
localizada a partir de prova ilícita, que, uma vez verificada, deve ser desentranhada dos autos 
(art. 157 do CPP). Em sendo considerada ilícita, a prova da autoria será desentranhada dos 
autos, não restando, portanto, nenhum elemento para subsidiar o oferecimento da denúncia. 
6) (QUESTÃO 1 – IV EXAME) 
Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu namorado, 
exerce o cargo de auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa do 
rapaz. Ao ler o conteúdo, descobre que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), 
que recebera da empresa em que trabalhava para efetuar um pagamento, mas utilizara tal 
quantia para comprar uma joia para uma moça chamada Júlia. Absolutamente transtornada, 
Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35) 
B) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na 
correspondência aberta por Maria, o que você, na qualidade de advogado de Jorge, 
alegaria? (Valor: 0,9) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal 
não confere pontuação. 
 
7) (QUESTÃO 4 - V EXAME) 
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de 
janeiro do corrente ano, o casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, 
investiu contra o carro de João, que já não se encontrava em bom estado de conservação, com 
três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 2008, 2009 e 2010. Além disso, Maria proferiu 
41 
diversos insultos contra João no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo, 
afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram 
registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. João comparece ao seu 
escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais 
cabíveis. Você, como profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, 
interpõe Queixa-Crime ao juízo competente no dia 18/7/11. 
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando 
tratar-se de clara decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão 
foi publicada dia 25 de julho de 2011. 
Com base somente nas informações acima, responda: 
A) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
B) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30) 
C) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30) 
D) Qual é a tese defendida? (0,35) 
3.4 Da citação 
a) Citação pessoal 
Não sendo caso de rejeição da denúncia, deve o juiz recebê-la, determinando, a seguir, a 
citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, se não 
for o caso de suspensão condicional do processo (previsto no artigo 89 da Lei 9.099/95 ). 
No processo penal, a regra é citação pessoal e por mandado, observando-se os requisitos 
do art. 351, 352 e 357 CPP. 
b) citação por hora certa 
Se o réu se oculta para não ser citado, o artigo 362 prevê a possibilidade de citação por 
hora certa, oportunidade em que o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação 
com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 - Código de Processo Civil. 
Todavia, a partir da entrada em vigor do novo CPC, a citação por hora certa na esfera 
penal segue o procedimento previsto nos artigos 252 a 254. Assim, quando, por 2 (duas) vezes, 
o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, 
42 
deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, 
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que 
designar. 
Nos termos do artigo 253 do Novo CPC, no dia e na hora designados, o oficial de justiça, 
independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a 
fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará 
informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha 
ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias. 
A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que 
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho 
se recusar a receber o mandado. 
Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da 
família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador 
especial se houver revelia. 
Conforme o artigo 254 do CPC, feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de 
secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data 
da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de 
tudo ciência. 
c) Citação por edital 
Na hipótese de o réu encontrar-se em local incerto e não sabido, a citação será feita por 
edital, suspendendo-se o processo e o prazo prescricional se o réu não comparecer ou não 
nomear advogado, conforme artigo 366 CPP. A citação por edital somente será possível quando 
se esgotarem todas as possibilidades de localizar o réu. 
Ressalta-se: somente quando o réu for citado pessoalmente e não apresentar resposta à 
acusação é que o juiz poderá nomear um defensor para realizar a defesa técnica e continuar o 
processo. Se não for caso de citação pessoal, mas citação por edital, deve-se aplicar a regra do 
art. 366 do CPP, suspendendo-se o processo e a prescrição. 
 
43 
CUIDADO: 
 
Nos termos da Súmula 415 do STJ, “O período de suspensão do prazo prescricional é 
regulado pelo máximo da pena cominada”. 
Ou seja, na hipótese de um crime com pena máxima de 02 anos o prazo prescricional é de 
04 anos. Com o recebimento da denúncia, o prazo de prescrição é interrompido, passando 
a correr novamente o prazo de 04 anos. Considere que entre o recebimento da denúncia e 
a decretação da suspensão do processo e do prazo prescricional (em decorrência da 
citação por edital) tenha se passado

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