Buscar

doc 00107175120128240020

Prévia do material em texto

2
 
4
Apelação Cível n. 0010717-51.2012.8.24.0020, de Criciúma
Relatora: Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C LUCROS CESSANTES. PRODUTO DE INFORMÁTICA. 
VÍCIO 	OCULTO. 	ULTRAPASSADO 	O 	PRAZO 
ESTABELECIDO 	PELO 	CÓDIGO 	DE 	DEFESA 	DO 
CONSUMIDOR PARA A REPARAÇÃO DO DEFEITO (CDC, 
ART. 18, CAPUT, E § 1º). SOLUÇÃO OBTIDA APÓS RECLAMAÇÃO JUNTO AO PROCON. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. QUANTUM FIXADO EM OBSERVÂNCIA ÀS PECULIARIDADES DA CAUSA. RECURSO DESPROVIDO.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 
0010717-51.2012.8.24.0020, da comarca de Criciúma (4ª Vara Cível) em que é Apelante Apple Computer Brasil Ltda. e Apelado Orestes Alessandro Xavier dos Santos e outro:
A Terceira Câmara de Direito Civil decidiu, por unanimidade, negar 
provimento ao apelo. Custas legais.
O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des. Fernando Carioni, com voto, e dele participou o Exmo. Sr. Des. Saul Steil.
Florianópolis, 17 de abril de 2017.
Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta
RELATORA
 
RELATÓRIO
Apple Computer Brasil Ltda. interpôs apelação cível em face da 
sentença do Juízo da 4ª Vara Cível da comarca de Criciúma que, na ação de indenização por danos morais cumulada com lucros cessantes em epígrafe, ajuizada por Orestes Alessandro Xavier dos Santos e Sâmia Ronchi Ramos, pretendendo o ressarcimento das perdas e danos sofridos pelo atraso na assistência do produto com vício redibitório, deu pela parcial procedência dos pedidos iniciais para condenar a ré, ora apelante, ao pagamento de R$ 12.000,00 (doze mil reais) a título de indenização por danos morais.
Alegou, em síntese: a) a ausência de responsabilidade, posto que o 
prazo de garantia legal oferecido ao aparelho adquirido pelos autores, ora apelados, havia escoado à época dos fatos, e; b) subsidiariamente, a redução da quantia arbitrada a títulos de danos morais, ao argumento de se mostrar excessiva para o caso em exame.
Contrarrazões às fls. 219-226.
Vieram conclusos.
VOTO
Apple Computer Brasil Ltda. interpôs apelação cível em face da 
sentença do Juízo da 4ª Vara Cível da comarca de Criciúma, objetivando a reforma do julgado, a fim de afastar a condenação por danos morais ou, subsidiariamente, reduzi-la em patamar justo para o caso em exame.
De início, consigna-se que a análise do presente recurso dar-se-á 
com supedâneo no Código de Processo Civil de 1973, posto que a decisão impugnada ocorreu na vigência daquele diploma. Assim, os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma jurídica revogada devem ser respeitados (CPC/2015, art. 14).
Frisa-se, também, que as regras atinentes ao Código de Defesa do 
 
Consumidor são aplicáveis ao caso sob análise, posto que os autores, ora apelados, figuram como destinatários finais do produto adquirido da ré, ora apelante (CDC, arts. 2º e 3 º ).
Passa-se, então, ao enfrentamento da quaestio.
E, de antemão, vê-se que parte dos fundamentos do recurso 
interposto pela ré não deve ser conhecido por esta Corte.
Isso porque, a tese de ausência de responsabilidade por 
esgotamento do prazo de garantia legal, arguida nas razões recusais, não foi debatida em primeiro grau de jurisdição. Outrossim, basta a simples leitura da contestação de fls. 91-102 para se concluir que a questão não foi levada à apreciação do Juízo a quo.
Portanto, não tendo sido ventilada a tese no Juízo de primeiro grau, 
não pode este Tribunal de Justiça, agora, enfrentar a matéria, sob pena de supressão de instância.
Superado isso, observa-se que a discussão subsidiária cinge-se a 
adequação, ou não, da quantia arbitrada a título de indenização por danos morais.
Entretanto, melhor sorte não socorre à apelante.
Denota-se dos autos que, não bastasse ser incontroverso o defeito 
no produto adquirido pelos apelados, restou devidamente demonstrado o descaso da apelante para com os consumidores. Mesmo porque, somente atendeu à exigência dos consumidores lesados, após 03 (três) meses da entrega do produto para a assistência técnica autorizada e, ainda, por reclamação junto ao Procon (fls. 26-31), em total desrespeito a normativa imposta pela legislação consumerista (CDC, art. 18, caput, e § 1 º ).
Não fosse isso, a solução do caso talvez ainda estivesse pendente.
Ademais, como bem salientou o magistrado de piso, "espera-se que 
o consumidor tenha acesso a bens de consumo seguros e eficientes. No caso concreto, os demandantes não lograram a expectativa esperada quando investiram valor considerável na aquisição do equipamento de informática. E acrescentou, com razão: "[...] no período de garantia, era dever do fabricante fornecer assistência imediata diante da gravidade dos defeitos que foram expostos pelos vulneráveis."
Com efeito, portanto, descabe falar em redução da verba 
indenizatória, notadamente porque fixada em observância ao dever de punir e educar o fabricante do produto, de modo a evitar casos outros dessa espécie.
Diante do exposto, nega-se provimento ao apelo.
Deixa-se de fixar os honorários nesta fase recursal, porquanto, 
conforme o enunciado administrativo n. 7 do Superior Tribunal de Justiça, "somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo Código de Processo Civil.
Gabinete Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta 
Gabinete Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta

Continue navegando