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Segurança do trabalho e segurança publica

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
DO RIO GRANDE DO SUL 
CAMPUS PORTO ALEGRE 
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
SARA SANTOS MYRON 
 
A Segurança do Trabalho na (In) Segurança 
Pública: Percepção de risco entre policiais 
Trabalho de conclusão de curso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, abril de 18 
 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
DO RIO GRANDE DO SUL 
CAMPUS PORTO ALEGRE 
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
SARA SANTOS MYRON 
 
A Segurança do Trabalho na (In) Segurança 
Pública: Percepção de risco entre policiais civis 
 
 
Trabalho de conclusão 
de curso como 
requisito parcial para a 
obtenção do certificado 
de Técnico em 
Segurança do 
Trabalho. 
 
 
 
 
________________________________ 
Adriana Oliveira de Pinho 
 
 
Porto Alegre, abril de 18 
RESUMO 
 
A percepção de risco nas diversas atividades da profissão policial será analisada 
nesse trabalho. Baseando-se em resultado de uma pesquisa (questionários 
quantitativos) realizada com policiais civis em uma delegacia de polícia da cidade 
de Alvorada/RS o estudo procura verificar quais situações de trabalho 
são percebidas como situações de risco, bem como suas definições e outras 
correlações como idade, tempo de serviço com a maior ou a menor sensação de 
perigo. Objetiva-se dar maior visibilidade a essa profissão no que tange a estudos 
direcionados na área da segurança do trabalho. 
Palavras-chave: segurança do trabalho, percepção de segurança, saúde 
do trabalhador.
 
 4 
 
 
1. A SEGURANÇA DO TRABALHO E A INSEGURANÇA POLICIAL 5 
1.2 A ESTRUTURA DA SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO GRANDE DO SUL 8 
1.3 AMBIENTE DE TRABALHO 9 
1.4 AS ESPECIFICIDADES DO TRABALHO DO POLICIAL CIVIL 11 
1.5 POLÍCIA CIVIL E SAÚDE MENTAL 14 
2. ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO: FORMULAÇÃO DE QUESTÕES 15 
2.1. PERFIL DO POLICIAL: IDADE, GÊNERO E TEMPO DE PROFISSÃO 16 
2.1.1 PERCEPÇÃO DO RISCO 17 
2.1.2. RISCOS CONSIDERADOS MÉDIOS: UTILIZAÇÃO DE ACESSÓRIOS 18 
2.1.3. RISCOS CONSIDERADOS GRANDES: DILIGÊNCIAS E OPERAÇÕES 19 
2.1.4. MÉDIO E/OU GRANDES RISCOS: PLANTÃO, INTIMAÇÃO, AGRESSÃO 
MORAL 21 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 22 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25 
5. ANEXOS 28 
 
 5 
 
1. A SEGURANÇA DO TRABALHO E A INSEGURANÇA POLICIAL 
 
Foi-se o tempo em que a polícia podia agir como bem entendesse. Antes, 
a justiça era feita de forma truculenta, o que gerava medo geral na comunidade. 
Quem deveria proteger era temido, mas provavelmente não temia menos aos 
riscos nos quais estava envolvido. 
A polícia civil, que tem o dever de combater a criminalidade é 
frequentemente alvo de situações de risco ao envolver-se com os mais diversos 
problemas da sociedade (homicídios, drogas, violência, etc.). Este é inerente 
nessa atividade e certamente interfere em sua rotina e em sua saúde mental. O 
policial deve estar sempre pronto para ajudar e agir. A atuação desse profissional 
vem sendo amplamente divulgada pela mídia, em alguns momentos são vistos 
como vilões e em outros, como vítimas. 
A palavra risco, tão difundida em nosso cotidiano, pode significar algum 
acontecimento negativo futuro relacionado aos mais diversos meios. No dicionário 
Houaiss encontramos a seguinte definição: ameaça física para o homem e/ou 
para o ambiente. Para Minayo (2002) o conceito de risco mais amplamente 
utilizado se aproxima a um perigo mais ou menos definido ou a probabilidade de 
perigo. De acordo com Ayres (1999 p.57) 
"as condições que afetam a vulnerabilidade individual são de 
ordem cognitiva (informação, consciência do problema e das formas de 
enfrentá-lo), comportamentais (interesse e habilidade para transformar 
atitudes e ações a partir daqueles elementos cognitivos) e sociais (acesso 
a recursos e poder para adotar comportamentos protetores)". 
Manuel e Soeiro, 2010, p.152 relatam que 
“Assim, entendendo-se os incidentes críticos como qualquer 
situação vivida causadora de reações intensas a diversos níveis, 
interferindo na capacidade de desempenho no trabalho, poderão supor-se 
implicações não só a nível profissional, mas também pessoal familiar e 
social, tornando-se o seu conhecimento e prevenção fundamentais. Tal 
conhecimento parece então ser um passo essencial para delinear soluções 
e intervenções mais adequadas no sentido de evitar o impacto negativo 
dos incidentes críticos no dia-a-dia.” 
Segundo Felix (2009, p.156) há alterações nas percepções quando estas 
dizem respeito ao “crime e medo determinam uma geometria sócio- espacial, 
 6 
provocam mudanças nos valores e nas percepções espaciais, deterioram os 
espaços urbanos, alteram os níveis de concentração ou esvaziamento e criam 
espaços de medo.” 
 
Há poucos trabalhos envolvendo a atuação do técnico de segurança do 
trabalho em instituições de segurança pública, principalmente no que tange à 
percepção de riscos. Geralmente, as próprias instituições públicas são 
responsáveis pelas pesquisas com seus servidores, mas estas na grande maioria 
se referem a atualizações cadastrais entre outros aspectos gerais. Já as 
instituições privadas preocupam-se mais em coletar e analisar esses 
levantamentos objetivando oferecer serviços mais qualificados. 
Neste contexto, gera-se oportunidade, na área da Segurança do Trabalho 
com relação à pesquisa e análise acurada desse assunto e para desenvolvimento 
dessa pesquisa. Para compreender os fatores que se encontram subjacentes a 
um número tão elevado de acidentes, há uma demanda no sentido de mudar as 
abordagens tradicionais dos estudos sobre segurança no trabalho, que até o 
momento caracterizavam-se por analisar problemas pontuais, tais como os 
relacionados com o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), 
implantação das medidas de proteção coletiva, treinamento, punição, educação 
dos trabalhadores, não cumprimento das normas de segurança e dos 
procedimentos. De acordo com Gonçalves Filho, Andrade e Marinho (2013), 
introduzindo o conceito de cultura de segurança, indicam que existe uma nova 
tendência para a segurança do trabalho que seria abordagem mais ampla, como, 
por exemplo, procurar identificar os impactos dos diversos fatores organizacionais, 
tais como a gestão, o planejamento e a cultura, na segurança do trabalho. 
Referem os autores que se deve dar importância para a cultura de segurança no 
local de trabalho. Este conceito teria surgido em meados dos anos oitenta após o 
resultado de análise do acidente da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. 
Ressaltam que “Os erros e violações de procedimentos que contribuíram, em 
parte, para este acidente foram interpretados como sendo uma evidência da 
existência de uma fraca cultura de segurança em Chernobyl, em particular, e na 
indústria soviética, em geral”. 
 7 
Nesse contexto, definiu-se a cultura de segurança como um conjunto de 
características e atitudes das organizações e dos indivíduos, que garante que a 
segurança de uma planta nuclear, pela sua importância, terá a maior prioridade. 
Turner e outros (apud Gonçalves Filho, Andrade e Marinho, 2013) apresentaram 
uma definição de cultura de segurança a salientar aspectos culturais. Para os 
autores, essa cultura corresponderia 
“a um sistema de significados partilhados por um determinado 
grupo sobre segurança e que pode ser definido como o conjunto específico 
de normas, crenças, funções, atitudes e valores dentro de uma 
organização, com o objetivo de minimizar a exposição dos empregados, 
clientes, fornecedores e do público em geral das condições consideradas 
perigosas ou que causem doenças”. 
Ruiz e Araújo (2012) acrescentam que na atualidade algunsdocumentos 
nacionais e internacionais têm mencionado a importância da inclusão dos 
aspectos ou fatores psicossociais nas análises de riscos, que tradicionalmente 
contemplam apenas aspectos objetivos: químicos, físicos e biológicos. 
A norma reguladora 33 (segurança e saúde nos trabalhos em espaços 
confinados) também atenta para os “fatores de riscos psicossociais”: 
“Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços 
confinados deve ser submetido a exames médicos específicos para a 
função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs 07 (programa 
de controle médico de saúde ocupacional) e 31 (segurança e saúde no 
trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura,exploração florestal e 
aqüicultura) incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão do 
respectivo Atestado de Saúde Ocupacional − ASO. (BRASIL, 2006, p. 3)” 
Juntamente com a diversidade de dados a serem pesquisados, existem 
também, diversas formas de visualização e interpretação dos dados, normalmente 
através de tabelas, resumos, questionários ou gráficos. 
Segundo VAZ-SERRA (2005) quando um indivíduo desenvolve uma 
percepção, esta pode ser real ou distorcida, e se não tiver controle sobre uma 
ocorrência, surge o estresse sobre o qual o indivíduo desenvolve um conjunto de 
estratégias para resolver o problema e atenuar o sofrimento. 
A construção do conhecimento sobre risco na profissão policial não está 
restrita a questões informativas, mas envolve, além disso, a percepção que o 
indivíduo tem do problema, isto é, a compreensão e capacidade de assimilação 
dessas informações. A transformação desse conhecimento na adoção de práticas 
que proporcionem maior proteção é mediada por questões de gênero, classe, 
 8 
idade entre outros componentes sociais. O poder do conhecimento na mudança 
de comportamento depende das alternativas e perspectivas que se apresentam 
para essa categoria. 
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi descrever o nível de 
conhecimento e percepção de risco dos policiais civis de uma delegacia na cidade 
de Alvorada/RS. Entre os objetivos específicos proponho: 
- Analisar, através de questionários quantitativos, qual o significado de 
risco para esses profissionais da segurança pública; 
- Identificar em quais atividades eles sentem mais risco; 
 Saliento que a aplicação do questionário foi realizada em uma delegacia 
de polícia no município de Alvorada, Rio Grande do Sul. 
1.2 A ESTRUTURA DA SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO 
GRANDE DO SUL 
Organograma 
 
Figura 1: organograma da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul 
 
A polícia civil é um dos órgãos da Secretaria de Segurança Pública, 
juntamente com a Brigada Militar, Instituto Geral de Perícias e SUSEP. É uma 
 9 
instituição estatal, com o efetivo defasado, a corporação tem o objetivo de realizar 
investigações e repressão ao crime. 
O estudo foi realizado em uma Delegacia de polícia na região 
Metropolitana de Porto Alegre. Contando com quatorze policiais, esta delegacia 
faz trabalhos de investigação e registro de ocorrências das mais variadas espécies, 
somente não são lavrados os flagrantes. 
 Acerca do conceito de segurança pública, o policial deve ater-se ao de 
segurança pessoal. Esta envolve práticas e técnicas para a preservação de sua 
integridade física. O correto uso dos equipamentos fornecidos pelo Estado (coletes 
a prova de balas e armas), procura garantir o mínimo de segurança para esse 
trabalhador. Envolvendo-se com os diversos tipos de ocorrências, os policiais 
estão constantemente envolvidos com o risco físico e também psicológico. 
1.3 AMBIENTE DE TRABALHO 
 
O prédio onde funciona a delegacia tem aproximadamente vinte anos, é 
de alvenaria, pintado nas cores padrão branca e cinza e compõe-se de dezenove 
cômodos. São sete salas onde funcionam os cartórios, três banheiros, uma 
cozinha, duas celas para presos, um alojamento dos plantonistas e demais salas 
de espera. Encontra-se em péssimo estado de conservação, sendo que existem 
goteiras e umidade ocasionando assim riscos físicos. Piso rachado na sala de 
circulação e plantão, iluminação deficiente e azulejos caindo na cozinha e 
banheiros, geram riscos de acidentes. 
 
 
 
 10 
 
Figura 2. Azulejos do banheiro 
 
 
Além disso, os extintores estão vencidos há mais de três anos e o botijão 
de gás encontra-se no interior da cozinha e existe apenas uma porta para 
entrada/saída contrariando o disposto na norma regulamentadora vinte e três 
(proteção contra incêndios). 
 
 
Figura 3. Extintores da sala de espera 
 
 11 
 
Há também cadeiras em mau estado de conservação, sem regulação, com 
estofamento rasgado, braço quebrado e falta de rodinhas, mesas muito altas ou 
baixas demais gerando falta de conforto e eficiência na atividade, ou seja, riscos 
ergonômicos. 
 
Figura 4. Cadeiras da sala de atendimento 
 
1.4 AS ESPECIFICIDADES DO TRABALHO DO POLICIAL CIVIL 
 
O aumento da violência, tema plenamente veiculado na mídia, é motivo 
de preocupação de governantes, legisladores, pesquisadores e da população 
de modo geral, especialmente daquelas que a ela estão mais expostas nos 
grandes centros urbanos e região metropolitana. São diversas ocorrências de 
homicídios, suicídios e acidentes de trânsito que certamente geram alguns 
agravos à saúde que influenciam as taxas de violência. 
Desta forma, a instituição polícia civil e seus integrantes assumem papel 
relevante em função de suas atribuições constitucionais de preservação da 
 12 
incolumidade pública. Seu trabalho visa reduzir os índices de violência, mas ao 
mesmo tempo os policiais civis são indivíduos que estão permanentemente 
expostos às diversas formas de violência. Cabe então discutir o seu impacto 
nas condições de saúde mental desses profissionais da segurança pública. 
Para compreender a atividade policial, faz-se necessário considerar que 
as instituições policiais estão embasadas a partir dos princípios de hierarquia, 
disciplina e unidade de procedimento, ou seja, procedimento padronizado para 
todos os policiais. Hierarquia se dá em relação aos cargos mais altos como os 
de delegados e de chefes de polícia. De forma que as transgressões são 
punidas de forma rigorosa e tem reflexos nas relações entre os diversos níveis 
hierárquicos nessas instituições. 
As atribuições diárias dos integrantes da polícia são eminentemente civis, 
tais como a investigação para a preservação e restauração da ordem pública. 
Envolvem também o contato frequente com a sociedade, em condições e 
situações muitas vezes complexas. Goldstein (2003, v. 9, p. 325) que 
escreveu sobre a relação entre polícia e sociedade, indica que o maior 
percentual de tempo gasto pelos policiais trata não somente de questões 
relacionadas à criminalidade, mas também de questões pessoais ou 
interpessoais. Essa característica, de acordo com esse autor, exige que o 
policial seja capaz de fazer “uso apropriado de autoridade e de agir sob 
estresse.” (Goldstein, 2003, v. 9, 41, p. 336). 
As dificuldades impostas ao policial no exercício de sua profissão 
incluem ter que lidar com a violência urbana em suas diversas formas de 
expressão, e também com situações opostas e ter que responder 
adequadamente a todas elas. Portanto, o policial deve ter capacidade de se 
 13 
adaptar facilmente às mudanças, inclusive as emocionais. De forma que não 
podemos desconsiderar que situações de conflito despertam sentimentos e 
emoções nas pessoas envolvidas. 
As ocorrências policiais caracterizam-se por serem imprevisíveis e 
variáveis. Com isso torna-se impossível enumerar todas as situações que 
podem ocorrer e, porconseguinte, necessitam da intervenção da polícia. 
(Muniz, 1999, p. 82). Portanto quanto mais alto é o grau de variabilidade 
envolvido no seu trabalho mais significativa é a carga psíquica envolvida. A 
partir dessas características das situações com as quais ele tem que lidar, 
torna-se necessário que o policial esteja preparado para atender a todas as 
demandas, escolhendo a forma de abordagem mais adequada em cada 
atuação. 
Cotidianamente o policial convive com situações que o expõem a risco 
de morte, acidentes e a outras condições que o deixam vulnerável e suscetível 
a sentimentos de ansiedade e angústia. E a vulnerabilidade de cada servidor 
em ser afetado por essas condições e situações vai depender de inúmeras 
variáveis, inclusive no que diz respeito a sua história pessoal e às 
circunstâncias atuais profissionais, sociais, financeiras, entre outras. 
Independentemente disso, o trabalho policial deve ser demandado onde e 
quando for necessário, o que significa que o policial se expõe a condições 
variáveis, que podem ser fonte também de desgaste físico. Como por exemplo, 
a sua jornada de trabalho com trocas de turnos, e a exposição a ruídos 
excessivos. 
 
 14 
1.5 POLÍCIA CIVIL E SAÚDE MENTAL 
Não há como não vincular a vivência da atuação dos policiais com o 
sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. Por isso, a saúde mental dos 
policiais tem sido tema recorrente noticiário nacional que mostra que é cada 
vez mais comum as licenças-saúde por transtornos mentais. De acordo com 
estudo Silva e Vieira (2008) o número de suicídios entre os integrantes das 
instituições policiais, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, têm 
sido considerados preocupantes por essas instituições que, em função disso, 
tomam medidas diversas para lidar com esses problemas. Os autores também 
mostram que são frequentes os comportamentos decorrentes do uso abusivo 
de bebida alcoólica e os de transtornos de humor, como a depressão. 
Tal estudo sugere que o exercício dessa atividade profissional impõe 
uma sobrecarga específica a esses policiais porque essa condição pode 
contribuir para o adoecimento psíquico. Moraes, Marques, Pereira (2000) em 
relatório de pesquisa sobre diagnóstico de qualidade de vida e estresse no 
trabalho da Polícia Militar de Minas Gerais, constataram que o ambiente, o 
clima organizacional e os inter-relacionamentos foram percebidos pelos 
policiais como as maiores fontes de pressão de seu trabalho. Também relatam 
que a questão salarial é condição que contribui para a insatisfação dos policiais, 
podendo levar à prática de comportamentos violentos, ao aumento da pressão, 
do estresse ocupacional, e à deterioração do nível de qualidade de vida no 
trabalho. 
O papel do policial em ambiente de alta criminalidade, não pode ser 
desconsiderado. Isto o expõe necessariamente a práticas de violência, tanto 
 15 
aquelas decorrentes de sua atividade quanto as que são dadas em resposta à 
sua atuação. Ou seja, a atividade do policial o expõe necessariamente a 
situações nas quais a violência está envolvida, ela está no centro dessa 
atividade. Parece que os próprios policiais são vítimas dessa violência, em 
função do fato de terem que conviver diariamente com ela. 
Mesmo com a presença de distúrbios emocionais entre esses 
profissionais, também é possível encontrar alguns que trabalham nessas 
instituições sem apresentar distúrbios dessa natureza. Isso nos faz inferir que 
a relação saúde-doença depende “do espaço de possibilidades objetivas 
encontradas pelos trabalhadores e também de estratégias individuais 
desenvolvidas dentro dessas limitações.” (Batista, 2002). Então, mesmo que os 
determinantes do adoecimento do trabalhador sejam sociais, a expressão 
desse sofrimento é expressa de forma individual e singular. 
 
2. ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO: FORMULAÇÃO DE 
QUESTÕES 
 
O objetivo do trabalho foi mapear as condições de trabalho com a 
percepção de risco sentida pelos policiais civis de uma delegacia da região 
metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Para tanto, foi desenvolvido um 
questionário quantitativo (modelo anexo), nele solicitou-se colocar um grau de 
risco (pequeno, médio ou grande) para cada situação de trabalho, em qual local e 
momento sentia que o risco era mais elevado. Além disso, para melhor 
compreensão de risco na função policial foram solicitados também dados básicos 
como idade e tempo de serviço na função. E, a partir desses dados, ressalta-se a 
importância do técnico em segurança do trabalho estar atento a essas variáveis 
 16 
para poder tomar atitudes certas como o encaminhamento a profissionais 
especializados. 
2.1. PERFIL DO POLICIAL: IDADE, GÊNERO E TEMPO DE 
PROFISSÃO 
 Com a aplicação e respostas dos questionários foram aparecendo 
diversas possibilidades de análise. A percepção de risco foi operacionalizada por 
meio de questões em que o respondente classifica seu risco de vida no trabalho e 
fora dele uma escala com as categorias: risco pequeno, risco médio e risco grande. 
Analogamente ao nível de informação, outras categorias foram criadas a partir do 
cruzamento a percepção do risco com atividades desempenhadas no trabalho ou 
em momentos de lazer. 
 Delimita-se a discussão em função do grau de risco percebido nas 
atividades policiais, idade e tempo de profissão. Dos quatorze profissionais 
lotados na delegacia em questão, dez responderam à pesquisa e todos 
respondentes são do sexo masculino. Ou seja, foram entregues questionários para 
quatorze profissionais sendo que dez responderam à pesquisa. 
 
 
 
 
 
Figura 5. Idade, tempo de serviço 
 
 17 
 
A figura cinco mostra que maioria dos policiais dessa delegacia de polícia tem 
idade em torno de cinquenta anos e são do sexo masculino. E o tempo de 
profissão é de uns trinta anos. Ou seja, na maioria dos casos a idade e o tempo 
de profissão são equivalentes e proporcionais. 
A forma de ingresso da Polícia Civil gaúcha exige há aproximadamente 
dez anos, candidatos com curso superior completo. Este fato faz com que pessoas 
com idade acima de vinte e cinco anos acabem concorrendo ao cargo. Com 
relação aos policiais que tem em média quarenta e cinco anos trata-se, na maioria, 
de equipes que ingressaram na carreira nos anos setenta e oitenta. Naquela 
época, as exigências para ingresso e curso de formação eram diferentes das 
demandadas na atualidade. Era exigido o ensino fundamental e posteriormente o 
ensino médio completos. O curso de formação que atualmente tem a duração de 
seis meses, antes durava apenas a metade desse tempo. O que pode ter reduzido 
o número de aulas práticas. Por isso, o fator idade e curso de formação também 
poderiam ter influenciado na percepção de risco. 
2.1.1 PERCEPÇÃO DO RISCO 
PORTAR CARTEIRA FUNCIONAL/DISTINTIVO UTILIZAR COLETE BALÍSTICO
PORTAR ARMA/ALGEMAS VOLANTE
FALTA DE TREINAMENTO PROFISSIONAL AGRESSÕES FÍSICAS
ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO AGRESSÕES MORAIS
POSSIBILIDADE DE ADQUIRIR INFECÇÕES INTIMAÇÃO PESSOAL
OITIVAS DILIGÊNCIAS OPERAÇÕES
 ATEND. PUBLICO PESSOALMENTE PLANTÃO
INVESTIGAÇÃO SECRETARIA
CARTORIO
 
 18 
 
Figura 6. Grau de risco percebido em cada atividade desempenhada na delegacia. 
 
 
 Um dos aspectos em que todos os entrevistados foram unânimes foi o 
pequeno grau de risco que tem a atividade de secretaria. Esta atividade, 
desempenhada por policial, compreende organização de ocorrências, elaboração 
de folhas de efetividade, protocolo de todos os documentos chegados na 
delegacia e pouco atendimento ao público. Funciona de segunda à sexta-feira em 
horário comercial. 
 Outra atividadeconsiderada de pouco risco é a de cartório, juntamente 
com as oitivas. No cartório, os policiais ouvem as pessoas intimadas (vitimas, 
testemunhas, acusados) e fazem o termo de declarações. Assim, podem ter 
subsídios para a elaboração de termos circunstanciados e inquéritos que 
posteriormente serão encaminhados ao poder judiciário. Esse trabalho é realizado 
de segunda à sexta-feira, também em horário comercial. Os inquéritos são 
formulados, nos casos de homicídio, assim que se toma conhecimento do fato. 
2.1.2. RISCOS CONSIDERADOS MÉDIOS: UTILIZAÇÃO DE 
ACESSÓRIOS 
 
Portar carteira funcional, distintivo, utilizar coletes balísticos e algemas 
foram percebidos como de médio risco. Estes instrumentos, fornecidos pelo 
Estado, alguns de porte obrigatório por 24 horas como a arma e algemas, podem 
ser ao mesmo tempo seguros ou não. A carteira funcional (documento de 
identificação) deve acompanhar o servidor onde ele estiver. Já o distintivo, é que 
uma espécie de brasão da polícia civil, é de porte opcional, e também serve para 
sua identificação imediata. E é geralmente usado e, atividades externas como 
intimações e operações. Assim como o distintivo, o colete balístico, colete 
especial com capa de neoprene, que se ajusta ao corpo, permitindo mobilidade, 
conforto e discrição. Este produto controlado, ou seja, toda jaqueta ou colete à 
prova de balas em circulação deve ser registrado junto à polícia civil ou o órgão 
 19 
responsável de cada região, através do seu número de registro. Ele também é 
usado em atividades externas e de maior contato com a comunidade. 
As algemas, entretanto, devem sempre ser portadas, pois a qualquer 
momento pode ser usada para incapacitar o prisioneiro sabidamente violento. 
Esses acessórios, se usados no ambiente de trabalho, servem para identificar o 
policial e até impor certo respeito. Entretanto, se utilizados fora do local de serviço, 
podem representar risco para a categoria. Estando em pequeno número ou 
sozinho, a identificação como policial pode ser perigosa. Não são poucos casos 
em que meliantes assassinaram policiais cruelmente após tê-los identificado. 
Possibilidade de adquirir infecções e atender ao público pessoalmente foi 
percebida como médio risco, sendo que seis policiais se preocupam com isso. 
Neste tópico podemos inserir a atividade de revista policial, muitos desses 
profissionais, devido a falta de materiais, acabam não utilizando luvas e outros 
equipamentos de proteção quando vão revistar suspeitos. Muitos dos meliantes 
apresentam cortes, sangramentos, doenças respiratórias e epidérmicas, além de 
poderem portar objetos pontiagudos como facas, estiletes e seringas. Isso gera 
um risco a integridade física do trabalhador da segurança pública. 
2.1.3. RISCOS CONSIDERADOS GRANDES: DILIGÊNCIAS, 
VOLANTE E OPERAÇÕES 
Mais de oito policiais entendem que fazer diligências e operações são 
considerados grandes riscos. 
 Volante, significa conduzir presos ao presídio. Os policiais desta delegacia 
têm uma “escala de volantes” em que uma dupla de profissionais é recrutada para 
fazer esse transporte que consiste em conduzir presos, um ou vários, de uma 
delegacia responsável pelos flagrantes, levá-los de viatura e depois até o DML 
(Departamento Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito e após, levá-los 
ao presídio central de Porto Alegre. Essa atividade envolve alto risco porque 
muitas vezes o número de policiais é inferior ao número de presos, o que seria 
proibido pela corporação, mas devido à redução do número de efetivo, isso ocorre 
com bastante frequência. Os presos, algemados pelas mãos somente, durante 
esta “rota” fazem um percurso a pé, o que pode ocasionar fugas, além de 
 20 
tentativas de resgates por parte dos seus comparsas. Muitos dos presos são 
conduzidos nos bancos das viaturas e não em carros específicos, o que gera 
contato direto com o policial que além de dirigir, tem de ficar atento a todos os 
movimentos dos meliantes. 
 Diligências e operações são, na maioria, cumprimento de mandados 
judiciais. Em grande parte dos casos são invadidas casas de traficantes de drogas. 
Estas operações, apesar de terem um planejamento prévio, expõem a vida do 
policial. Afinal ele estará adentrando uma casa desconhecida e também 
desconhece o número de indivíduos que nela habitam. Estes, não querendo 
render-se a prisão, podem revidar com agressões físicas, disparo de arma de fogo, 
entre outros. Então, em uma operação, surgem diversas situações imprevistas o 
que aumenta o risco de vida. As operações geralmente ocorrem no turno da 
manhã, por volta das sete horas. Essa atividade também envolve a perseguição, 
que pode ser a pé ou de viatura (que geralmente não passaram por revisões 
freqüentes) , daí, devido à alta velocidade empreendida, às más condições de vias, 
geralmente sem asfalto e localizadas em becos, existe a grande possibilidade de 
ocorrerem acidentes automobilísticos. 
 Investigação, essa atividade envolve a ida em alguns lugares suspeitos 
para descobrir e averiguar denúncias. Além disso, realizam oitivas de casos como 
suspeitos de homicídios, traficantes, testemunhas entre outros. E a consequente 
prisão de meliantes em alguns casos. Esse setor funciona de segunda à sexta-
feira, mas ocorrendo qualquer situação de grande repercussão ou atípica, os 
investigadores estão prontos para agir. 
 A falta de treinamento foi um dos fatores apontados como de grande risco. 
Geralmente o profissional é treinado quando está fazendo o curso de formação, no 
início da carreira. Após, nenhuma ou pouca capacitação adicional é oferecida. 
Muitos expressam que a informação sobre os cursos não chegam até a delegacia 
ou então chegam após o prazo para inscrição ter findado. A capacitação desses 
profissionais pode ser vista como maior independência, autonomia e 
reconhecimento. Então, o risco está em este sentir-se despreparado para 
enfrentar situações adversas, além do mais, seus equipamentos raramente são 
substituídos por novos, e mais modernos o que gera uma sensação de impotência 
 21 
frente à criminalidade. 
2.1.4. MÉDIO E/OU GRANDES RISCOS: PLANTÃO, 
INTIMAÇÃO, AGRESSÃO MORAL 
 Entre as atividades percebidas por alguns como de médio e para outros 
de grande risco estão o plantão, a intimação pessoal, e a agressão moral, 
percebidas como risco grande ou médio para mais de cinco trabalhadores. No 
plantão, que funciona 24 horas, são registradas qualquer tipo de ocorrência, 
roubos, acidentes, homicídios, ameaça, vias de fato, abuso contra crianças, 
crueldade contra animais entre outros. Geralmente o número reduzido de 
plantonistas faz com que essa atividade torne-se ainda mais perigosa. No caso da 
delegacia em análise, tem-se apenas um plantonista por dia, e como são 
atendidas diversas pessoas, nunca se sabe qual o seu real objetivo. Existe, 
portanto sempre uma desconfiança por parte do plantonista em relação a sua 
clientela. Têm-se notícias de que algumas delegacias de Porto Alegre foram alvo 
de tiros, granadas e invasões, provavelmente em represália a alguma prisão, 
resgate de preso ou obtenção de armas apreendidas e isso aumenta ainda mais a 
sensação de insegurança. 
 Na intimação pessoal, uma dupla de policiais vai até a residência ou local 
de trabalho do acusado. Neste procedimento, não se sabe como este vai reagir e, 
portanto a equipe deve estar preparada para qualquer imprevisto, pois a pessoa 
pode oferecer resistência em assinar o mandado de intimação ou até mesmo 
recebê-los a tiros. 
 Em todas as atividades que envolvem contato direto com o público, o 
servidor está mais propenso a sofrer agressões morais, seja quando esta 
abordando, cumprindomandado de prisão, ou simplesmente atendendo a uma 
parte que está nervosa ou descontente com alguma coisa. As pessoas em 
situação emocional exacerbada podem falar mal do policial ou acusá-lo de não 
estar lhe oferecendo a devida atenção. O que demonstra que esse profissional 
deve saber como lidar e conter situações inusitadas. 
 22 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos e de acidentes) 
previstos nas Normas regulamentadoras são classificados de acordo com sua 
origem e é fonte capaz de provocar danos à saúde do trabalhador e isso é 
estudado na saúde do trabalho. 
 Nesse estudo propomos lidar com percepções, sentimentos e formas de 
enfrentamento vividas por policiais civis. Na formulação de práticas para maior 
sentimento de segurança ainda é necessário haver aprimoramento de técnicas e 
práticas, ou seja, de uma avaliação subjetiva dos sentimentos de insegurança. E 
para tanto é fundamental mapear dados referentes ao nível de informação e 
percepção de risco dessa população. Além desse acompanhamento, pode-se 
dimensionar uma que parcela desses profissionais da segurança pública quanto 
da segurança do trabalho ainda não estão bem informados em relação às 
questões básicas relativas às situações de risco. 
 Cabe-se enfatizar que muitos são os aspectos negativos do estresse 
gerado pela percepção de risco, entretanto, efeitos positivos do estresse são 
aceitos e estão comprovados, 
“pois as exigências externas colocadas às pessoas podem 
constituir desafios e não ameaças, possibilitando a utilização e promoção 
das suas capacidades e criatividade para a resolução das dificuldades 
colocadas pelas situações, resultando daqui efeitos positivos em termos de 
satisfação e autoestima.” (Maslach, 1986).” (em Cruz, Gomes, & Melo, B. 
(2000) 
Neste trabalho percebeu-se que certamente há carência de pessoal, 
material e também de espaço para escuta de seus problemas. A delegacia em 
estudo possui profissionais entre quarenta e cinquenta anos, ou seja, funcionários 
experientes. Mas que percebem grande risco em suas atividades. Colocam que 
existe risco em todas as atividades policiais, umas mais outras menos. Destacam-
se como de maior risco o trabalho direto com o público e com os presos e a falta 
de treinamento/atualização. Entre os riscos considerados pequenos estão os 
trabalhos mais burocráticos como o de secretaria. Já entre os riscos considerados 
médios estão o uso de equipamentos para a sua própria segurança como o uso de 
 23 
arma e algemas. 
Infere-se desta forma, que eles sentem-se desamparados no que diz 
respeito à falta de treinamento e de material adequado de trabalho. 
Medidas como a modernização de equipamentos e aparelhagem e 
treinamentos constantes e melhores salários seriam alternativas para a diminuição 
dos riscos percebidos e por eles enfrentados. A saúde do trabalhador merece 
mais atenção, principalmente no campo da segurança do trabalho que dispõem de 
tão poucos estudos direcionados a esta área. 
Algumas atitudes podem contribuir para minimizar os impactos desse tipo 
de atividade profissional na saúde do trabalhador. Uma alternativa seria a 
realização de capacitações com a finalidade de reciclar e atualizar o policial em 
noções de Direitos Humanos e ações táticas e estratégicas de defesa, como 
abordagem de veículos, adentramento e outras. Essas são algumas alternativas 
que, além de auxiliarem no desempenho do trabalho, produzem um efeito 
subjetivo importante que é o de aumentar a segurança do profissional na 
realização de suas tarefas, seja por se sentir apoiado, seja por estar atualizado em 
técnicas que privilegiam sua segurança, de colegas e de terceiros, quando no 
confronto com cidadãos infratores. 
Práticas em prol da segurança pública já vêm sendo desenvolvidas. A 
criação da Secretaria de Ações Nacionais de Segurança Pública do Ministério da 
Justiça (SEPLANSEG, em 1995, posteriormente transformada em Secretaria 
Nacional de Segurança Pública - SENASP, em 1997) trouxe grandes 
investimentos para a capacitação dos profissionais da segurança pública. Cursos 
à distância, cursos de extensão e especialização são alguns dos benefícios dos 
quais os policiais e técnicos na área da segurança podem usufruir. 
Propõem-se desta maneira, que o técnico em segurança do trabalho seja 
inserido nesta instituição e tenha uma visão holística do contexto onde está 
exercendo seu ofício. Atuando de forma a antecipar-se, identificando os riscos que 
poderão ocorrer no ambiente de trabalho e também prever riscos futuros. Conta-
se, portanto, com sua atenção e sensibilidade para auxiliar e encaminhar policiais 
para departamentos específicos. Reconhecer e avaliar todo o processo e 
direcionar aos profissionais competentes constitui passo importante dentro da 
 24 
saúde ocupacional e da prevenção de acidentes. 
Além disso, a inclusão de profissionais de saúde mental e segurança do 
trabalho em seu quadro também facilitaria o acesso a atenção em saúde para os 
integrantes da instituição e seus familiares e possibilitaria o desencadeamento de 
ações de promoção, prevenção e atenção à saúde mental. 
Mas ainda há muito que ser feito. A partir dessa breve análise, fazem-se 
necessários também estudos e propostas para diminuir a vulnerabilidade real e 
percebida pelos policiais para que eles não se sintam tão ameaçados por causa 
de suas profissões, que tenham sua estima resgatada e percebam quão 
indispensável e social é o papel por ele desempenhado. 
 25 
 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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 28 
 
5. ANEXOS 
QUESTIONÁRIO 
Sexo: ___________________________ Idade: __________________________ 
Tempo de profissão: _______________ 
Marque com o “X” a sua percepção de risco: 
Atividades/ Situações de Trabalho Risco Pequeno Risco Médio Risco Grande 
Cartório 
 
 
Secretaria 
 
 
Investigação 
 
 
 
Plantão 
 
Atendimento ao público pessoalmente 
 
 
Diligências/operações 
 
 
Oitivas 
 
 
Intimação pessoal 
 
 
Possibilidade de adquirir infecções 
 
agressões morais 
 
acidente automobilísticos 
 
agressões físicas 
 
falta de treinamento profissional 
 
Volante 
 
Portar Arma/Algemas 
 
Utilizar colete balístico 
 
 29 
Portar carteira funcional / distintivo

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