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NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO INTERNACIONAL

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AN02FREV001/REV 3.0 
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO 
INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
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CURSO DE 
NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO 
INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO ÚNICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO ÚNICO 
1 NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO INTERNACIONAL 
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO PÚBLICO E O DIREITO PRIVADO 
1.3 FUNDAMENTO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL 
1.3.1 Fundamento 
1.3.2 Características 
1.3.3 Conflito de Normas (Direito Interno e Internacional) 
1.4 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
1.4.1 Conceito 
1.4.2 A Relação do Direito Internacional com outras Disciplinas 
1.5 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
1.5.1 Conceito 
1.5.2 Objeto 
1.5.3 Conexão e seus Elementos 
1.6 NACIONALIDADE 
1.7 CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 
1.7.1 Vistos de Entrada 
1.7.2 Tipos de Vistos 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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MÓDULO ÚNICO 
 
 
1 NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO INTERNACIONAL 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
 
O Direito Internacional é tão antigo quanto a civilização em geral. Ele é uma 
consequência necessária e inevitável de toda a civilização, pois todo o 
relacionamento estabelecido entre grupos humanos organizados, desde que 
autônomos e de algum modo diferenciados entre si, implica a emergência de um 
Direito Internacional. 
Consiste em normas que governam as relações entre os Estados, mas 
compreendem, também, normas relacionadas ao funcionamento de instituições ou 
organizações internacionais, a relação entre elas e a relação delas com o Estado e 
os indivíduos. Além disso, certas normas do Direito Internacional abrangem 
indivíduos e entidades que não pertencem ao Estado, de tal maneira que seus 
direitos ou obrigações dizem respeito à comunidade internacional dos Estados. 
O Direito Internacional, entre outros atributos, estabelece normas relativas 
aos direitos territoriais dos Estados (com respeito aos territórios terrestre, marítimo e 
espacial), a proteção internacional do meio ambiente, o comércio internacional e as 
relações comerciais, o uso da força pelos Estados, os direitos humanos e o Direito 
Internacional humanitário. 
Assim, vem a ser o complexo dos princípios que regulam os direitos e as 
obrigações das nações entre si, como por exemplo, o princípio da territorialidade; em 
que o território é, a princípio, o lugar de aplicação de uma ordem jurídica estatal. 
Sendo assim, pelo princípio da territorialidade, todo sujeito de direito, uma vez 
encontrando-se em um determinado território, deve respeitar as leis que ali estão em 
vigor e, caso não o faça, poderá ser objeto de sanção. 
 
 
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Esse princípio admite, entretanto, exceções quando se trata, por exemplo, 
da área criminal. É frequente que legislações nacionais utilizem o vínculo de 
nacionalidade, seja do autor ou da vítima, como fundamento para o exercício de 
suas competências. Se o princípio da territorialidade não possui, de fato, um caráter 
absoluto em algumas searas específicas, isto não quer dizer que a 
extraterritorialidade seja admitida pelo Direito Internacional público. 
Ao contrário, os princípios gerais da não intervenção e da igualdade jurídica 
entre os Estados eivam de ilegalidade toda a ação de um Estado que vise a produzir 
seus efeitos jurídicos sobre a soberania, sem o consentimento desta. 
 
 
1.2 DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO PÚBLICO E O DIREITO PRIVADO 
 
 
 O Direito Internacional subdivide-se em público e privado. Um conflito de 
fronteiras é regulado pelo Direito Internacional Público porque envolve os Estados 
na sua função natural. Já um inventário de uma pessoa falecida que deixa bens em 
vários países suscita problemas de Direito Internacional Privado, por se tratar de um 
interesse não dos Estados, nos quais esses bens estejam situados, mas 
principalmente dos particulares que se sucederão na propriedade dos bens. 
De acordo com a nossa concepção, o Direito Internacional Privado refere-se 
tão somente a relações jurídicas de direito privado com conexão internacional, não 
se adaptando à resolução do conflito de leis interespaciais de direito público. Mas 
não se pode negar que o direito público repercute e reflete de modo visível na nossa 
disciplina, influenciando fortemente a aplicação do Direito Internacional Privado. Por 
quê? 
Cada país conhece, no seu ordenamento jurídico, normas de direito público 
que reivindicam a sua aplicação imediata, por força de seu conteúdo imperativo e 
cogente, independentemente do direito aplicável a uma relação jurídica de direito 
privado com conexão internacional. Na doutrina tais normas são denominadas leis 
de aplicação imediata. 
 
 
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Ao analisar a relação entre Direito Internacional privado e direito público, 
devemos dirigir a atenção para o próprio conceito de direito privado e direito público, 
sendo necessário mencionar que nem em todos os sistemas jurídicos diferenciam-se 
os dois termos. No Brasil, tradicionalmente, usa-se a dicotomia direito privado e 
direito público. 
O critério básico para a distinção entre eles, ou seja, dos dois conceitos, é o 
de que o direito positivo define expressamente os conceitos ou declara quando uma 
matéria pertence ao direito privado ou ao direito público. Quando o direito positivo 
não contém qualquer manifestação a respeito, pode-se recorrer tanto à doutrina 
quanto à jurisprudência, posto que ambas desenvolveram várias teorias para 
distinguir os conceitos. 
De acordo com a teoria de subordinação, o direito privado soluciona 
principalmente relações entre particulares, enquanto o direito público tem como 
objeto a relação do cidadão com o poder público. Segundo a teoria dos interesses, o 
direito privado serve para a proteção de interesses particulares, enquanto o direito 
público procura servir aos interesses públicos. 
Finalmente, segundo a teoria funcional, as normas de direito público 
destinam-se, de imediato, à solução de um assunto público ou à satisfação de um 
interesse coletivo, ao passo que o direito privado está restrito às relações 
particulares. 
 
 
1.3 FUNDAMENTO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL 
 
 
1.3.1 Fundamento 
 
 
O fundamento explica a razão da existência do DIP. Duas vertentes 
doutrinárias explicam o seu fundamento, como veremos a seguir: 
 
 Doutrina voluntarista 
 
 
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Para essa doutrina, as regras internacionais são produtos da vontade dos 
Estados, assim como o direito interno se funda na vontade dos cidadãos. O 
voluntarismo possui alguns desdobramentos, como a teoria da autolimitação, ou 
seja, não pode um Estado soberano se encontrar submetido à vontade que não 
fosse a sua própria, pois o Direito Internacional se fundamentaria na autolimitação 
do Estado (vontade estatal). 
E também na teoria da vontade coletiva, em que o Direito Internacional se 
basearia na vontade coletiva dos Estados, que se manifestaria no tratado e nos 
costumes. Assim, o Estado está comprometido tão somente com o direito que foi 
objeto de seu consentimento (teoria de autolimitação). 
 
 Doutrina objetivista 
 
Para o direito natural, a razão impõe um conjunto de regras às relações 
humanas que estendem na sua obrigatoriedade ontológica as relações entre os 
Estados. Apontamos a normafundamental, da qual decorrem todas as regras 
jurídicas, como fundamento do DIP. Enfim, para a escola sociológica a regra de DIP 
origina-se no fato social, uma coerção que se impõe por si só aos indivíduos. 
Muitos consideram que a investigação do fundamento do direito, em 
qualquer de seus ramos, não é um problema jurídico, mas, sim, filosófico ou moral, o 
que preconizaria uma visão menos ampla do que deve ser o direito. Podendo 
prescindir de uma opção, constatando a existência da ordem jurídica internacional 
que, apesar de suas peculiaridades, é a realidade objetiva de uma longa construção 
histórica. 
 
 
1.3.2 Características 
 
 
 Obrigatoriedade - As regras do DIP são obrigatórias. Não se trata de 
cortesia internacional. Para Paul Reuter (1981), “o caráter jurídico de uma regra 
internacional decorre da objetividade do seu enunciado, da generalidade de sua 
 
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aplicação e de sua compatibilidade com o conjunto das regras já admitido no 
sistema”. 
 
 Fragmentação – O alargamento do domínio material do DIP é fragrante, 
especialmente em decorrência do progresso técnico e da interdependência 
econômica entre os Estados. O caráter fragmentário das regras de DIP decorre 
ainda de suas condições de elaboração, vinculadas à convergência de interesses 
dos Estados ou de relações de força. É bom lembrar que mesmo as normas que 
resultam do costume podem merecer divergentes interpretações. 
 
 Consentimento – Para que um Estado se comprometa com a regra de um 
tratado ou para que uma norma seja reconhecida como costumeira, impõe-se o 
consentimento dos estados, inclusive daqueles que são diretamente interessados. 
 
O princípio do livre consentimento é consagrado pela Convenção de Viena 
sobre o direito dos tratados de 1969 e pela Corte Internacional de Justiça. Porém, a 
criação do Direito Internacional pode, em certos casos, prescindir do consentimento 
dos Estados, pois a mesma Convenção de Viena reconhece a noção de norma 
imperativa e de obrigações essenciais que se impõem ao conjunto dos estados. 
Trata-se de normas que não podem ser derrogadas de um tratado sob pena de 
nulidade. 
 
 
1.3.3 Conflito de Normas (Direito Interno e Internacional) 
 
 
Enquanto o direito interno subordina os sujeitos de direito a um poder central 
que estabelece a lei e o faz respeitá-la, graças a um aparelho institucional que pode 
recorrer à força, o Direito Internacional pressupõe a promulgação em comum, por 
meio de acordo, de uma regulamentação, cabendo a cada Estado avaliar a 
dimensão do dever que lhe incumbe e as condições de sua execução. 
A possibilidade de conflito entre uma norma internacional e uma norma 
interna poderá ocorrer existir. Quando ocorre, qual das duas normas vai prevalecer? 
 
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Por exemplo, o Estado assina um tratado que entra em conflito com norma interna 
anterior. Assim, no que concerne às relações entre o direito interno e o Direito 
Internacional, duas são as concepções teóricas que convivem na doutrina, como 
veremos a seguir: 
 
 Dualismo 
 
O Direito Internacional e o direito interno são completamente independentes 
e a validade da norma de um não depende do outro. De acordo com a teoria 
dualista, para que uma norma internacional seja aplicada na ordem interna de um 
Estado, deve-se primeiramente transformá-la em norma de direito interno, 
incorporando-a ao seu ordenamento jurídico doméstico. Esta doutrina costuma ser 
chamada de teoria da incorporação. Em seus termos, por serem as duas ordens 
jurídicas completamente independentes, não existe a possibilidade de conflito entre 
si. O dualismo, com isso, nega o conflito, pois será utilizada a norma mais recente. 
 
 Monismo com supremacia do Direito Internacional 
 
A ordem jurídica é uma só, mas as normas de direito interno devem ajustar-
se ao Direito Internacional. Essa teoria parte do princípio de que os Estados são 
absolutamente soberanos. Não estão sujeitos a nenhum sistema jurídico que não 
tenha emanado de sua própria vontade. Assim, o monismo com supremacia do 
Direito Internacional não acata a existência de duas ordens jurídicas independentes, 
afirmando haver apenas uma única ordem jurídica, na qual o Direito Internacional é 
considerado superior ao direito interno. 
 
 Monismo com supremacia do direito interno 
 
É o inverso do anterior, ou seja, entende que o Estado é dotado de 
soberania absoluta e que, portanto, somente se sujeita a um sistema jurídico que 
emane de si próprio. Esta teoria vê a existência de uma única ordem jurídica, mas 
identifica-a com a interna. O Direito Internacional seria simplesmente a continuação 
do direito interno, aplicado às relações exteriores do Estado. 
 
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Em resumo, o Monismo sustenta de um modo geral a existência de uma 
única norma jurídica, sendo que existem duas posições: uma que defende a 
Primazia do Direito Internacional e outra a Primazia do Direito Interno. O monismo se 
manifesta pela introdução, mormente nos textos constitucionais dos Estados, de 
uma cláusula que estipula a supremacia de um direito sobre outro, hierarquizando 
suas fontes. 
Sendo assim, de acordo com os defensores do monismo, não seria possível 
o conflito entre o Direito Internacional e o direito interno, pois prevaleceria a norma 
hierarquicamente superior, ou seja, a do Direito Internacional. O predomínio do 
dualismo ou do monismo repercute em soluções práticas exigidas pelo convívio 
internacional. Ditas soluções se diferenciam quando se trata da aplicação, em seara 
interna, do costume internacional e dos tratados internacionais. 
No primeiro caso referente à primeira diferença, na ordem internacional o 
Estado é o único sujeito de Direito, enquanto na ordem interna acrescenta-se 
também o indivíduo como sujeito de direito. Quanto à segunda diferença, refere-se 
às fontes nas duas ordens jurídicas. Enquanto o direito interno é o resultado da 
vontade de um só Estado, o Direito Internacional tem como fonte a vontade coletiva 
dos Estados. 
E a terceira diferença está na estrutura das duas ordens jurídicas. Ou seja, 
na ordem internacional a estrutura está baseada na coordenação, enquanto na 
ordem interna, baseia-se na subordinação. Assim, verifica-se, que existem Estados 
que adotam em sua legislação, uma cláusula geral de adoção pura e simples do 
direito costumeiro internacional, como é o caso do Japão e da África do Sul. 
Outros Estados, exemplificado pela Alemanha, mas do que adotar 
globalmente o costume indica ainda a sua supremacia sobre o direito interno. 
Existem também nações que silenciam sobre o tema, por exemplo, a Inglaterra. Com 
relação aos tratados internacionais, pode haver também o silêncio dos textos 
constitucionais. São mais frequentes três modalidades de tratamento constitucional 
da matéria: 
 
 Primeiramente, há cláusulas que conferem aos tratados o valor de direito 
interno. 
 
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 Um segundo tipo de cláusula vai mais além, determinando a supremacia dos 
tratados sobre o direito interno. Esta supremacia poderá operar-se sobre a lei, 
ou sobre a Constituição, ou ainda sobre outros tratados, por exemplo, a 
prevalência dos tratados sobre direitos do homem relativamente a outros 
acordos internacionais. Finalmente, há cláusulas que preveem a necessidade 
de incorporação do texto do tratado ao ordenamento interno, logo a 
internalização do acordo, para que ele encontre sua vigência. Nesse caso, os 
tratados se equiparam à legislação ordinária. 
 
 
1.4 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
 
1.4.1 Conceito 
 
 
Existem diversos conceitos do DIP. Para Philippe Manin, 
 
O Direito Internacional é o conjunto de regras, aqui compreendidas as 
recomendações das organizações internacionais, que se aplicam às 
relações internacionais, ou seja, aquelas que ultrapassam a esfera de um 
Estado e que não se fundam no direitode um Estado, eis que o direito 
interno não tem vocação para vincular nenhum sujeito além de seu autor. 
(MANIN, 1997, p. 419). 
 
Acentuando, assim, o papel da fonte de direito, que deve ser internacional, 
Manin retém uma definição formal do DIP. Já para Franz Von Liszt (1928), “o DIP 
seria o conjunto de regras jurídicas determinantes dos direitos e deveres mútuos dos 
Estados que fazem parte da comunidade internacional, naquilo que se refere ao 
exercício de sua soberania. 
Diz que se encontra uma concepção material. A denominação correta do 
DIP seria então direito interestatal. A comunidade internacional seria delimitada por 
uma consciência jurídica comum, fundada tanto na civilização como no comércio. 
Como todo o direito é a expressão da vida social de uma sociedade, Paul Reuter 
(1981) sustenta que “o DIP é o conjunto de regras que presidem a existência e o 
desenvolvimento de uma comunidade internacional em constante mutação”. 
 
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Como condição de existência dos Estados, Raul Pederneiras (1976) diz que 
o Direito Internacional “visa ao conjunto dos princípios reguladores das relações 
entre eles. Tais relações, positivadas pelo consenso recíproco, estabelecem um 
conjunto de normas sobre a atividade jurídica, em situação estável”. Como vimos, 
em todas as definições do DIP está presente o Estado, como o principal membro da 
sociedade internacional e o primeiro sujeito do Direito Internacional público. 
Sendo assim, o Direito Internacional público, DIP, como é conhecido na 
atualidade, serve como uma tripla função. Primeiramente, assegura a partilha de 
competências entre os Estados soberanos, cada um possuindo uma base geográfica 
para sua jurisdição. Em segundo lugar, impõe obrigações aos Estados no exercício 
de suas competências, limitando a margem de discricionariedade da qual àqueles 
dispõem. Diante disso, a competência das organizações internacionais é igualmente 
delimitada pelo DIP. 
Sendo assim, este direito próprio das relações entre Estados recebe o nome 
de Direito Internacional público. Nas relações internacionais primou a força como 
princípio e a guerra como instrumento de política. É esta uma situação anômala, 
porque o sistema dos homens se relaciona e, em consequência, os povos não são a 
força nem a guerra, mas sim a justiça, o direito, cujo fruto é a paz e a solidariedade. 
Para que possa haver justiça é preciso que existam mecanismos de 
determinação do direito e de aplicação das leis, que sejam independentes dos 
Estados e com capacidade para submetê-los à ordem do direito e da lei. Faltavam 
instituições jurídicas e políticas internacionais. 
O Direito Internacional, como direito nacional, é em parte nacional e positivo. 
O direito positivo internacional tem como fontes principais o costume e, sobretudo, 
não havendo uma autoridade internacional, os tratados internacionais ou pactos 
entre Estados. Por ser o Direito Internacional público, o direito entre os Estados, os 
próprios sujeitos são os Estados. 
Não obstante, tal princípio já não é absoluto, porque existem tratados 
internacionais cujos objetos são as relações entre os nacionais e o Estado, dentro 
de cada um, por exemplo, a Convenção Europeia para a proteção dos direitos 
humanos e liberdades fundamentais. Neste tipo de tratados as partes continuam a 
ser os Estados, mas o que tem em vista não é tanto as relações entre Estados, 
como a relação cidadão-Estado. 
 
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Esta evolução é importante, porque supõe um forte despertar da consciência 
de que todos os homens formam uma mesma e única comunidade universal, de 
modo que as possíveis injustiças que um Estado inflija aos seus cidadãos não são 
indiferentes aos demais Estados nem aos demais homens. 
As regras de DIP são obrigatórias, pois não se trata de cortesia 
internacional, de conveniência ou comodidade. Assim, podemos definir o DIP como 
o conjunto de princípios ou regras destinadas a reger os direitos e deveres 
internacionais, tanto dos Estados ou outros organismos análogos, quanto dos 
indivíduos. 
 
 
1.4.2 A Relação do Direito Internacional com outras Disciplinas 
 
 
Diversas disciplinas mantêm acentuada interação com o DIP. A riqueza 
destes estudos não desmerece, entretanto, a sua especificidade. Ele não deve ser 
confundido com o direito das gentes, com as relações internacionais, nem com o 
Direito Internacional privado. Além disso, ele não pode ser reduzido ao direito das 
organizações internacionais. 
Quando cito o direito das gentes, é que o DIP foi denominado jus gentium 
por diversos autores de um passado remoto. Muitas críticas são dirigidas à tradução 
literal da expressão, direito das gentes, como sinônimo do DIP. Daí pode resultar 
uma confusão com o jus gentum. Do direito romano, que constituía o direito do 
Império, em oposição ao direito especial dos cidadãos. 
DIP é uma ordem jurídica existente ou positiva, ainda que incompleta sob 
certos aspectos. O direito das gentes, ao contrário, seria uma família de conceitos 
políticos que compreendem princípios do direito, da justiça e do bem comum. Assim, 
o direito das gentes contém princípios segundo os quais o Direito Internacional pode 
ser julgado. 
 
 
 
 
 
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1.5 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 
 
1.5.1 Conceito 
 
 
Além do Direito Internacional Público, o que acabamos de definir, existe o 
Direito Internacional Privado, que é diferente. Esse é o ramo do direito que fornece 
os elementos para que se decida qual legislação deve ser aplicada ao caso 
concreto, para dirimir questões que envolvam partes de vários países. Surgiu 
simultaneamente com ideia de extraterritorialidade da lei, isto é, é a possibilidade da 
lei de um país ter efeitos em outro. 
O princípio da reciprocidade permite que se admita a aplicação de uma lei 
estrangeira em território nacional. As normas de Direito Internacional privado 
regulam situações entre particulares e tem por objeto a resolução de conflitos de leis 
de diferentes Estados, que podem dar-se a respeito de uma relação jurídica, por 
exemplo, um contrato que é válido segundo a lei de um país, poderá ter efeitos 
noutro país onde esse contrato seria nulo se ali fosse celebrado. 
As leis que o Direito Internacional privado estuda são, fundamentalmente, as 
leis de cada Estado sobre tais conflitos, mas existem também tratados internacionais 
com tal propósito. 
 
 
1.5.2 Objeto 
 
 
A internacionalização da vida e das atividades humanas acarreta uma série 
de fenômenos de natureza jurídica que devem ser enfrentados pelos estados 
isoladamente e pelas entidades regionais e internacionais no plano coletivo. Há 
várias concepções sobre o objeto do Direito Internacional privado. A mais ampla é a 
francesa, que entende abranger quatro matérias distintas, como a nacionalidade; a 
condição jurídica do estrangeiro; o conflito das leis e o conflito de jurisdição, que 
veremos a seguir: 
 
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 A nacionalidade 
 
Cuida da caracterização do nacional de cada Estado, as formas originárias e 
derivadas de aquisição da nacionalidade, a perda da nacionalidade, ocasionando, 
respectivamente, a dupla nacionalidade, etc. 
 
 A condição jurídica do estrangeiro 
 
Versa os direitos do estrangeiro de entrar e permanecer no país, uma vez 
domiciliado ou residente no território nacional, trata de seus direitos no plano 
econômico (civil e empresarial); social (trabalhista e previdenciário); político 
(eleitoral), incluindo restrições que sofre em determinadas áreas da atividade 
humana. 
 
 O conflito de leis 
 
Estuda as relações humanas ligadas a dois ou mais sistemas jurídicos cujas 
normas não coincidem, cabendo-lhe determinar qual o sistema a ser aplicado. 
 
 O conflito de jurisdição 
 
Cuida de definir a competência do Judiciário de cada país na solução dos 
conflitos que envolvem pessoas, coisas ou interessesque extravasam os limites de 
uma soberania. 
 
Há, ainda, outra corrente, a teoria dos direitos adquiridos, como objeto do 
Direito Internacional privado, que versa a mobilidade das relações jurídicas, que às 
vezes nascem em uma jurisdição, repercutindo seus efeitos em outra, sujeita a 
legislação diversa. Por exemplo, a Alemanha restringe o objeto da ciência ao conflito 
das leis e os Estados Unidos denomina de “Conflict of Laws”, incluem em seu objeto 
o conflito das leis, o conflito das jurisdições e o reconhecimento de sentenças 
estrangeiras. 
 
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No Brasil divergem os autores, entendendo alguns que o objeto se 
circunscreve ao conflito de leis, aceitando que se estude a nacionalidade e a 
condição jurídica do estrangeiro como pressupostos didáticos da disciplina. Amilcar 
de Castro define a composição do tema da condição jurídica do estrangeiro com o 
do conflito de leis mediante o seguinte exemplo: 
 
Um estrangeiro de 17 anos, domiciliado em seu país, que de passagem 
pelo Brasil deseja fazer seu testamento. Pode efetuar o ato de testamento 
no Brasil ou estará este ato entre os vedados aos estrangeiros no país? A 
resposta é de que o estrangeiro tem condição jurídica para testar no Brasil. 
Segue-se a segunda questão: que lei civil, relativa à capacidade e às 
normas testamentárias, será aplicada ao testamento? (CASTRO, 1997, p. 
69). 
 
Responde o Direito Internacional privado que os aspectos formais são 
regidos pela lei local e os aspectos de substância e de capacidade pela lei do país 
em que o jovem está domiciliado. Se esta lei veda o testamento aos menores de 18 
anos, ele tem o gozo ao direito de testamento no Brasil, mas não poderá exercê-lo, 
enquanto que as pessoas domiciliadas no Brasil – e por isso regidas por nossa lei – 
podem testar a partir de 16 anos de idade, segundo o artigo 1.860, parágrafo único 
do CC. 
Assim, concebe-se a presença de todos os objetos acima enunciados em 
uma única hipótese, por exemplo: de um homem nascido em Paris, de pais 
brasileiros, casado com uma francesa em regime de separação de bens, que tenha 
firmado, na capital francesa, juntamente com sua esposa, um contrato de compra do 
controle acionário de uma sociedade brasileira, proprietária de um órgão jornalístico 
e que descumpre as obrigações assumidas com o vendedor no que tange ao 
pagamento parcelado do preço da aquisição. 
Temos aqui questões de nacionalidade no que tange ao varão (será 
brasileiro ou francês?) e de condição jurídica do estrangeiro no que tange à sua 
esposa que participou da operação adquirindo parte das ações transacionadas. 
Saber qual o tribunal competente para julgar a ação do vendedor contra o casal de 
compradores envolve conflito de jurisdição, eis que firmado o contrato em Paris por 
uma francesa. Sua justiça se considerará competente, mas como o contrato devia 
ser cumprido no Brasil, a justiça brasileira também se considerará como tal. 
 
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Decidida essa questão, caberá definir que lei será aplicada para o exame de 
validade formal do contrato, de sua substância, e interpretação de suas cláusulas, o 
entendimento dos direitos e obrigações das partes e as consequências de um 
eventual inadimplemento, sendo também necessário saber a possibilidade de se 
confirmar e executar a sentença prolatada em um dos países na jurisdição do outro. 
Portanto, temos aí os temas do conflito de jurisdição e do conflito de leis, eis 
que diversas normas regem estas matérias nos dois países. São dois problemas: a 
indicação do foro competente e da lei aplicável, que devem ser examinadas. Uma 
vez determinada a jurisdição competente, o tribunal assim designado decidirá sobre 
a lei aplicável. 
 
 
1.5.3 Conexão e seus Elementos 
 
 
Diante de uma situação jurídica conexa com duas ou mais legislações, que 
contém normas diversas, conflitantes, estabelece-se a dúvida sobre qual das 
legislações deva ser aplicada. Não cabendo ao jurista, no estrito campo do Direito 
Internacional privado, solucionar o conflito, sua missão se restringe a optar pelo 
sistema a ser aplicado dentre as várias legislações conectadas com a hipótese 
jurídica. 
Elemento de conexão é a circunstância ou dado que liga uma das leis 
conflitantes ao fato jurídico. O exame dos elementos de conexão é o sistema 
adotado para escolher a lei dominante aplicável ao caso concreto. Elementos de 
conexão adotados no Brasil estão discriminados na LICC (Lei de Introdução ao 
Código Civil) que devem ser atentamente examinados. Para verificar qual a 
legislação aplicável a um caso concreto, há duas etapas básicas que devem ser 
seguidas: 
 
 Qualificação do fato, isto é, se a questão é um problema sucessório, se é 
referente à forma de ato jurídico, à capacidade civil, etc. 
 
 
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 Definição da lei aplicável ao caso, pelo estudo do elemento de conexão que 
qualifica o fato ou a hipótese. 
 
O Direito Internacional privado, ao trabalhar com o conflito das leis, 
inegavelmente o campo mais amplo e importante de seu objeto, há de criar regras 
para orientar o juiz sobre a escolha da lei a ser aplicada. O conflito entre as 
legislações permanece, mas a situação concreta é resolvida mediante a aplicação 
de uma das leis, escolhida de acordo com as regras fixadas, seja pelo legislador, 
seja pela Doutrina ou pela Jurisprudência. 
 
 
1.6 NACIONALIDADE 
 
 
A nacionalidade é geralmente definida como o vínculo jurídico-político que 
liga o indivíduo ao Estado, ou, em outras palavras, o elo entre a pessoa física e um 
determinado Estado. Sob o ângulo de diversos ramos das ciências humanas, a 
nacionalidade está vinculada a um conjunto de tradições e costumes, em geral 
sintetizados em uma só língua, formando uma comunidade cujos laços derivam de 
uma origem comum: a Nação. Para o direito, contudo, a nacionalidade refere-se ao 
Estado. A nacionalidade resulta de um fato natural, qual seja o nascimento. 
Segundo Pontes de Miranda, 
 
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno que faz 
da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do 
Estado. Nacionalidade e cidadania são conceitos distintos. Afinal, nacional é 
o brasileiro nato ou naturalizado. Já cidadão é o nacional no gozo dos 
direitos políticos, portanto, partícipe da vida política do Estado. Reputa-se 
estrangeiro no Brasil quem tenha nascido fora do território nacional que, por 
qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade 
brasileira. (MIRANDA, 1935, pág. 83). 
 
Dois são os critérios utilizados para sua aquisição. A origem sanguínea, em 
função do vínculo decorrente da paternidade. E em função do nascimento no 
território do Estado considerado. A combinação destes critérios pode gerar duas 
figuras singulares: o polipátrida e o heimatlos. Polipátrida é todo aquele que tem 
mais de uma nacionalidade e heimatlos ou apátrida entende-se aquele que não 
 
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19 
possui nacionalidade. Segundo a Constituição de 1988 existem dois tipos de 
brasileiros: o nato e o naturalizado. Não se admite a criação, por lei, de outras 
modalidades de nacionais. 
São quatro as situações geradoras da condição de brasileiro nato: 
 
 Primeiramente, o nascido no Brasil, quer seja filho de pais brasileiros ou de 
pais estrangeiros, a não ser que estes últimos estejam em serviço oficial para 
seus países. 
 Segundo, os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileiro, desde que 
qualquer um deles esteja a serviço do Brasil. 
 Terceiro, os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileiros, desde que 
venham a residir no Brasil antes da maioridade e optem, em qualquer tempo, 
pela nacionalidade brasileira. 
 Quarto, os nascidos no exterior, registrados em repartição brasileira 
competente. 
 
 
1.7 CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 
 
 
São estrangeiros aqueles que não adquiriram a nacionalidadebrasileira. O 
estrangeiro não residente no país goza, como qualquer brasileiro, da liberdade de 
locomoção dentro do território nacional, desde que tenha ingressado no país de 
forma regular. Para a boa sistematização do estudo da condição jurídica do 
estrangeiro, dividiremos o assunto em: a entrada do estrangeiro, os direitos dos 
estrangeiros e a saída do estrangeiro, como veremos a seguir: 
 
 Entrada dos estrangeiros 
 
A entrada no Brasil é regida pelo Estatuto dos Estrangeiros e sua permissão 
se manifesta pela concessão de um visto de entrada, aposto no passaporte do 
estrangeiro, que deve ser apresentado às autoridades pátrias quando de seu 
ingresso em território nacional. 
 
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20 
A Constituição de 1988 dispõe no art. 5º, XV, que é “a locomoção no 
território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, 
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Assim, a lei condiciona o 
direito de qualquer pessoa entrar no território nacional, nele permanecer ou dele 
sair, só ou com seus bens, segundo a Lei 6.815/80, alterada pela Lei 6.964/81. 
No plano internacional a Convenção de Havana, de 1928, sobre a condição 
dos estrangeiros, dispõe em seus art. 1º que “os Estados têm o direito de 
estabelecer, por meio de leis, as condições de entrada e residência dos estrangeiros 
em seus territórios”. A Declaração Universal dos Direitos dos Homens, dispõe em 
seu art. 13, alínea 2, que “toda pessoa tem o direito de sair de qualquer país, 
inclusive de seu próprio, e de regressar a seu país”. 
A entrada em outro país só aparece no caso especial de perseguição, é o 
que reza o art. 14 da Declaração que “toda pessoa, em caso de perseguição, tem o 
direito de buscar asilo e de desfrutá-lo em outro país”. A filosofia da atual legislação 
brasileira sobre a entrada e permanência de estrangeiro no Brasil inspira-se no 
atendimento à segurança nacional, à organização institucional e nos interesses 
políticos, socioeconômicos e culturais do Brasil, inclusive na defesa do trabalhador 
nacional. 
 
 O direito dos estrangeiros admitidos 
 
O Estado não tem obrigação de admitir estrangeiros em seu território. Mas 
uma vez admitidos devem-lhes ser concedidos um mínimo de direitos, ou seja, uma 
posição de igualdade com os cidadãos pelo menos no que tange à segurança de 
suas pessoas e propriedades, o que não significa que eles devam ter os mesmos 
direitos dos cidadãos. 
A Convenção de Havana, de 1928, sobre os direitos dos estrangeiros, 
determina a obrigação dos estados, ou seja, “concedendo aos estrangeiros 
domiciliados ou de passagem em seu território todas as garantias individuais que 
concedem a seus próprios nacionais e o gozo dos direitos civis essenciais.” Na 
legislação brasileira há dois momentos legislativos que nos dão uma vista 
panorâmica do estrangeiro no Brasil. Na Constituição, onde diz que, 
 
 
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21 
Art. 5º. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes.” 
 
E o Código Civil, quando diz que a lei não distingue entre nacionais e 
estrangeiros quanto à aquisição e ao gozo dos direito civis. Porém, existem 
limitações aos estrangeiros estabelecidas na Constituição, de sorte que podermos 
asseverar que eles só não gozam dos mesmos direitos assegurados aos brasileiros 
quando a própria Constituição (art. 172) autorize a distinção: “A lei disciplinará, com 
base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os 
reinvestimentos e regulará a remessa de lucros”. 
Esse artigo determina que a legislação ordinária discipline os investimentos 
de capitais procedentes de outros países, ou ainda, de estrangeiros não residentes 
no Brasil (capital estrangeiro) e incentive o reinvestimento, ou seja, a reaplicação na 
economia nacional dos lucros obtidos pelo detentor do capital estrangeiro. Além 
disso, o legislador infraconstitucional deve regular a remessa de lucros para o 
exterior. 
Assim, a legislação brasileira contém uma série de restrições à atividade dos 
estrangeiros, umas decorrentes de vedações constitucionais, outras criadas pelo 
próprio legislador ordinário. Como, por exemplo, bancos, seguros, petróleo, minas, 
águas, energia, educação (o ensino de certas disciplinas, o ensino de certas 
profissões), etc. 
 
 Saída compulsória do estrangeiro 
 
Em matéria de remoção forçada da pessoa física do território de um país 
podemos citar: 
 
a) Extradição: que é o processo pelo qual um Estado atende ao pedido de outro 
Estado, remetendo-lhe pessoa processada no país solicitante por crime 
punido na legislação de ambos os países, não se extraditando, em regra, 
nacional do país solicitado. 
 
 
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22 
b) Expulsão: que é o processo pelo qual um país expele de seu território 
estrangeiro residente, em razão de crime ali praticado ou de comportamento 
nocivo aos interesses nacionais, ficando-lhe vedado o retorno ao país de 
onde foi expulso. 
 
c) Deportação: que é o processo de devolução de estrangeiro que aqui chega 
ou permanece irregular, para o país de sua nacionalidade ou de sua 
procedência. 
 
Enquanto que na expulsão, a remoção se dá por prática ocorrida após a 
chegada e a fixação do estrangeiro no território do país, a deportação se origina 
exclusivamente de sua entrada ou estada irregular no país. O deportado poderá 
retornar ao Brasil, desde que atenda às exigências da lei. 
 
 
1.7.1 Vistos de Entrada 
 
 
Visto é um documento concedido pelas embaixadas e consulados brasileiros 
no exterior que autoriza a entrada de estrangeiros no território nacional. O visto 
consular configura mera expectativa de direito, a entrada ou estada do estrangeiro 
no Brasil pode ser vedada pela polícia imigratória. O legislador criou o Conselho 
Nacional de Imigração, vinculado ao Ministério do Trabalho e integrado por 
representantes dos Ministérios do Trabalho, Justiça, Relações exteriores, 
Agricultura, Saúde, Indústria e Comércio e do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 
Assim, satisfazendo as condições estabelecidas na lei, obtendo o visto de 
entrada, conforme o caso, não o concedendo aos menores de 18 anos e outros o 
visto não cria direito subjetivo, mas mera expectativa de direito. O menor de 18 anos 
só poderá viajar acompanhado de seu responsável ou com autorização expressa. 
Também não poderá obter o visto o estrangeiro processado ou condenado em outro 
país por crime. 
 
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23 
Igualmente proíbe a legalização do clandestino e do irregular, bem como a 
transformação em permanente dos vistos de trânsito, turista, cortesia e temporário, 
exceto, nos casos do cientista, professor, técnico ou profissional e de ministro de 
confissão religiosa. As regras gerais e principais condições jurídicas do estrangeiro 
no Brasil estão resumidas em lei própria, designada como “Estatuto do estrangeiro”. 
 
 
1.7.2 Tipos de Vistos 
 
 
São vários os tipos de visto de entrada que podem ser concedidos ao 
estrangeiro. No Brasil poderão ser de turista, trânsito, de cortesia, temporário, 
permanente, oficial e diplomático, como verão a seguir: 
 
 Trânsito 
 
Destinam-se aos estrangeiros que passarão pelo Brasil quando em viagem 
entre o país de origem e outro, podendo se ausentar da área de trânsito do 
aeroporto. 
 
 Turista 
 
Destinado à viagem de caráter recreativo ou de visita, sem finalidade 
imigratória. 
 
 Temporário 
 
- Em viagem cultural ou missão de estudo, como por exemplo, pesquisadores, 
conferencistas. 
 
- Em viagens de negócios, ou seja, para aqueles profissionais que venham ao Brasil 
para negócios, sem a intenção de imigrar. 
 
 
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24- Artistas e desportistas são os que veem ao Brasil para participar de eventos afins, 
sem vínculo empregatício. 
 
- Estudantes de cursos regulares (fundamental, médio, superior, pós-graduação e 
outros. 
 
- Trabalho, destinado a estrangeiros que venham ao Brasil para exercer suas 
atividades junto a empresas brasileiras. 
 
- Jornalista, para correspondentes de jornais, revistas, televisão, rádio, etc. 
 
- Missão religiosa, aplica-se àqueles que viajam com atribuições de ministro de 
confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada ou de ordem 
religiosa. 
 
 Permanente 
 
Destinado ao estrangeiro que pretenda fixar-se definitivamente no Brasil. 
 
 Cortesia 
 
Concedido aos empregados domésticos estrangeiros dos chefes de missão 
e de funcionários diplomáticos e consulares e também a autoridades estrangeiras 
em viagem não oficial ao Brasil, e aos dependentes de portadores de visto oficial ou 
diplomático. 
 
 Oficial 
 
Aos funcionários de organismos internacionais em missão oficial e 
funcionários de embaixadas e consulados que possuam status de diplomata, bem 
como aos seus cônjuges e filhos. 
 
 
 
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25 
 Diplomático 
 
Destina-se aos diplomatas e funcionários com status de diplomáticos e aos 
chefes de escritórios de organismos internacionais, os filhos e seus cônjuges. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------FIM DO MÓDULO ÚNICO-------------------- 
 
 
 
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26 
 
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---------------------FIM DO CURSO!-----------------------

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