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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

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AN02FREV001/REV 3.0 
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ORGANIZAÇÕES 
INTERNACIONAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
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CURSO DE 
ORGANIZAÇÕES 
INTERNACIONAIS 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO ÚNICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
1 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 DEFINIÇÃO 
1.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
1.4 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
1.5 PERSONALIDADE JURÍDICA 
1.6 FUNÇÃO E COMPETÊNCIA 
1.6.1 Função 
1.6.2 Competência 
2 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) 
2.1 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DA ONU 
2.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS 
2.2.1 FAO 
2.2.2 OIT 
2.2.3 OMS 
2.2.4 Unesco 
2.3 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) 
2.4 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO ÚNICO 
 
 
1 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
 
As organizações internacionais constituem um espaço de diálogo, por vezes 
de confronto, que representa um esforço civilizatório significativo no contexto das 
relações internacionais. O fenômeno organizacional adquire grande relevo no Século 
XX, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial. Calcula-se a existência, na 
atualidade, de aproximadamente 350 organizações internacionais, sendo uma 
centena delas de âmbito universal. 
Assim, o estudo deste conjunto de coletividades, mais ou menos autônomas, 
é uma das peças fundamentais para que sejam compreendidas as complexas 
relações internacionais contemporâneas. E ele só pode ser feito a partir da 
conjugação de diversos enfoques, em uma iniciativa multidisciplinar. 
O direito internacional, codificando o costume e estabelecendo princípios e 
regras básicas para a convivência entre os Estados, lança as primeiras bases de 
organização da sociedade ou comunidade internacional. Estes alicerces são 
bilaterais e respondem a interesses específicos dos países contratantes. Daí surgiu 
os acordos com o objetivo de regularizar a situação das pessoas que detém dupla 
nacionalidade, avenças sobre a concessão de imunidade diplomática, sobre a 
extradição e a cooperação judiciária, ou sobre a delimitação de territórios contíguos. 
A condição destes acordos é reciprocidade. 
Passando de bilateral para multilateral, este vem a ser o traço fundamental 
da organização internacional contemporânea. Sua evolução demonstra que as 
primeiras grandes conferências internacionais tinham objeto definido, embora não 
houvesse preocupação com a periodicidade destas reuniões. Posteriormente, as 
conferências tornaram-se frequentes, fazendo surgir um embrião de 
 
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institucionalização em razão desta regularidade. Finalmente, foi necessário que 
estas conferências resolvessem duas questões práticas: a preparação de uma 
agenda e da infraestrutura, indispensáveis à realização do encontro, e a 
necessidade de manter uma memória do que foi decidido. Surgiram então os 
secretariados das conferências, fazendo com que surgisse, efetivamente, a 
organização internacional. Atualmente o número de organizações e órgãos 
internacionais é tão grande que já se fala que a sua proliferação deve ser paralisada. 
 
 
1.2 DEFINIÇÃO 
 
 
As organizações internacionais são associações voluntárias de estados que 
podem ser definidas da seguinte forma: trata-se de uma sociedade entre eles, 
constituída por meio de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns 
por intermédio de uma permanente cooperação entre seus membros. Esta definição 
permite distinguir as organizações internacionais das empresas transnacionais, de 
caráter econômico, que possuem uma matriz em determinado Estado e atividade de 
produção ou serviço por meio de filiais localizadas em outros. Portanto, devemos 
descartar a denominação de empresas multinacionais utilizada em grande parte da 
literatura. 
Assim, organizações internacionais são um conjunto de Estados possuidores 
de órgãos próprios, capazes de exprimir vontade jurídica distinta da de seus 
membros. Paul Reuter também estabeleceu uma definição para as Organizações 
Internacionais Intergovernamentais, dizendo que “é um conjunto de Estados que 
possui órgãos próprios que podem exprimir vontade jurídica distinta”. Muitos autores 
enfatizam a importância de a organização internacional ser dotada de instituições, 
ou seja, de órgãos próprios. Eles somente consideram a existência de uma 
organização internacional quando ela pode, por meio de uma organicidade própria e 
independente, manifestar uma vontade distinta dos Estados-Membros. 
O art. 2°, § 6° da Carta das Nações Unidas ressalta o voluntarismo desta 
participação, pois a ONU não pode impor sua autoridade a um Estado que não a 
compõe. 
 
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1.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
 
 
São três as principais características das organizações internacionais, como 
veremos a seguir: 
 
 A multilateralidade pode caracterizar-se pelo regionalismo ou pelo 
universalismo. As relações entre as organizações regionais e as universais 
são estabelecidas nos tratados constitutivos. Os compromissos assumidos 
pelos Estados em âmbito regional não podem ser incompatíveis com os 
firmados na organização universal, de acordo com o art. 20 do Pacto da Liga 
das Nações, e o art. 52 da Carta das Nações Unidas. 
 
 A permanência das organizações internacionais manifesta-se por meio de 
dois elementos. Por um lado, é criada com o objetivo de durar 
indefinidamente. O caráter permanente se expressa pela criação de um 
secretariado, com sede fixa, dotado de personalidade jurídica internacional, 
que permite a assinatura de acordos-sede, com a aplicação de princípios da 
inviolabilidade e com direitos e obrigações inerentes às atividades de 
representação diplomática no exterior. Para o cumprimento de suas funções, 
a organização internacional possui capacidade para emitir passaportes ou 
laissez-passer para seus funcionários. Estes não perdem a nacionalidade 
original, mas no exercício de suas obrigações funcionais dispõem de 
documentos legais fornecidos pela organização internacional. 
 
 A questão da institucionalização das organizações internacionais é bastante 
complexa, em razão da natureza da realidade internacional, cuja essência 
consiste no sistema relacional entre os estados. O objetivo desta prática é 
fornecer aos Estados as condições para a sua segurança. 
 
Com o surgimento das organizações internacionais o sistema relacional não 
desapareceu, na medida em que, até o momento, as relações no âmbito das 
organizações não atingiram um grau que pudesse vir a substituí-lo. A 
 
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institucionalização pressupõe três elementos. O primeiro deles é a previsibilidade de 
situações, que outrora passavam a ser tratadas coletivamente apenas quando os 
interessados buscassem auxílio ou atuassem em defesa própria. A organização, em 
seus tratados, prevê fatos e condutas que virão a materializar-se na realidade e 
atribuir-lhe consequências, inclusive, entre elas, sanções internacionais. Cria-se, 
assim, um espaço institucional de solução de conflitos e de relacionamento 
interestatal. 
Diante disso, o advento das organizações internacionais é importante fator 
de juridicização das relações internacionais. O segundo elemento a ser considerado 
é a soberania. A participação de um Estado em uma organizaçãointernacional pode 
vir a significar a necessidade de dimensionar coletivamente certas competências 
que antes pertenciam ao absoluto domínio nacional, no caso de algumas culturas 
sob a forma de um dogma. 
Como último elemento, é necessário frisar que a vontade manifestada por 
um Estado em aderir à organização internacional é que condiciona sua posterior 
aceitação do processo decisório em curso, desde que o mesmo respeite os tratados 
acordados. A mais simples e primária forma de institucionalização consiste em 
formar um restrito secretariado administrativo sob a responsabilidade de um dos 
sócios. A mais complexa e avançada se reflete na delegação de competência e 
poderes dos Estados-membros para um órgão supranacional, capacitado a impor as 
decisões e controlar sua forma de aplicação. Como exemplo, podemos citar a 
Comissão Europeia e o Tribunal de Luxemburgo. 
A existência de uma organização internacional pressupõe a manifestação da 
vontade dos sócios. Portanto, o voluntarismo, deve ser acrescido da formalização 
jurídica obtida por intermédio da assinatura de um tratado que implica a 
responsabilidade estatal. Diante disso, as organizações internacionais surgiram dos 
tratados que se prolongaram no tempo, institucionalizando-se e materializando-se. 
Um tratado internacional é um acordo de vontades internacionais. 
 
 
 
 
 
 
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1.4 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
 
 
Os membros de uma organização internacional são os Estados, portanto, 
etimologicamente, poderíamos identificar uma organização internacional como 
sendo uma organização interestatal. As organizações internacionais são criadas por 
Tratados Internacionais, também chamados de tratados constitucionais, difíceis de 
serem alterados. Diante disso, a constituição de uma organização internacional é 
feita por meio de um tratado internacional, ou seja, um acordo firmado entre os 
estados segundo normas do direito internacional. 
Sendo as organizações internacionais nada mais são que tratados 
internacionais multilaterais que se prolongaram no tempo, com a criação de órgãos 
que trabalham no sentido de perpetuação desses tratados. São organismos e não 
Estados. O tratado firmado entre os Estados-Membros equivale também à 
constituição da organização internacional. 
A existência de uma organização internacional implica o estabelecimento de 
órgãos permanentes. Uma organização internacional pressupõe a existência de 
objetivos de interesse comum entre os países-membros. Os Estados associam-se 
livremente às organizações internacionais, sendo que os Estados fundadores destas 
são definidos como membros originários e, os demais, membros ordinários ou 
associados. 
 
 
1.5 PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
 
Os Estados são os criadores das organizações internacionais, cujo 
nascimento expressa uma vontade estatal coletiva, portanto de caráter internacional. 
Esta vontade representa o encontro de interesses e aspirações da comunidade de 
Estados que compõem a organização. Apesar da relativa autonomia da qual gozam 
os Estados, a simples existência de organizações internacionais significa um avanço 
civilizatório na direção de uma previsibilidade de conduta dos estados em suas 
relações recíprocas. 
 
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As organizações internacionais são entidades formadas por Estados e que 
são detentoras de personalidade jurídica de Direito Internacional. Isto significa que 
as organizações não governamentais não são organizações internacionais, pois 
nenhum Estado está diretamente ligado a elas. São formadas por cidadãos ou 
empresas, como por exemplo, a Fundação Ayrton Sena, a Organização Roberto 
Marinho. As ONGs não são pessoas de direito internacional e sim de direito público 
interno, em que qualquer empresa poderá atuar em países diferentes, como é o 
caso da Ford Brasil. 
Como já vimos, o nascimento de uma organização internacional está 
condicionado à conclusão, assinatura, ratificação e entrada em vigor de seu tratado 
constitutivo. Existem muitas organizações Internacionais, cada qual com sua 
finalidade. Algumas são totalmente independentes das outras, como por exemplo, a 
OEA. A Organização dos Estados Americanos, embora apresente características 
semelhantes, é totalmente independente da ONU, da União Europeia, do Conselho 
da Europa, e de todas as outras, perseguindo finalidades muito genéricas, 
Agora existem organizações que tem finalidades específicas subordinadas a 
ONU, como, por exemplo, a UNICEF, que é uma agência da ONU. O que realmente 
define uma organização internacional de personalidade jurídica ou uma ONG é o 
seu Estatuto. A dissolução da organização internacional somente pode ocorrer com 
a concretização de um novo acordo entre os Estados-Membros, o mesmo aplicando-
se à sucessão, ou seja, o advento de um novo organismo em substituição ao 
original. 
Podemos citar como exemplo dessa sucessão a Liga das Nações, que em 
1946 foi sucedida pela ONU, recebendo seus bens móveis e imóveis, assim como a 
responsabilidade por suas dívidas. A Liga das Nações tratava-se de uma associação 
intergovernamental, de caráter permanente, com vocação universal, baseada em 
princípios da segurança coletiva e da igualdade entre Estados soberanos. 
Foi adotada, por unanimidade, em 28 de abril de 1919, pelo projeto que criou 
a Sociedade das Nações (SDN), também conhecida como Liga das Nações. Daí 
tem-se pela primeira vez uma verdadeira organização internacional com o objetivo 
específico de manter a paz por meio de mecanismos jurídicos. Suas funções 
essenciais eram a segurança, cooperação econômica, social e humanitária, e a 
execução de certos dispositivos dos tratados de paz de Versalhes. 
 
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Uma diferença fundamental separa a experiência da SDN e a da ONU, 
enquanto a primeira exibia escasso universalismo, a segunda, beneficiada pelo 
processo de descolonização, consegue atualmente abarcar todos os Estados. 
Depois de pequenos sucessos e grandes fracassos, pôs fim à primeira experiência 
de uma verdadeira organização internacional de caráter universal. Ela nasceu com a 
guerra e pela guerra foi morta. 
 
 
1.6 FUNÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
 
1.6.1 Função 
 
 
Suas funções, instrumentos de ação, bem como seus poderes ou 
faculdades, são definidos pelo tratado constitutivo. Sua interpretação literal enumera 
as chamadas competências explícitas, ou seja, aquelas que podem ser 
depreendidas da simples leitura do texto. A função primeira das organizações 
internacionais é de natureza deliberativa, decorrente de encontro de informações e 
ideias que caracterizam o esforço coletivo internacional. 
De certa forma, próximas das competências jurídicas exercidas pelos 
Estados, as atribuições das organizações internacionais apresentam-se como 
competências normativas, operacionais, de controle e impositivas. 
 
 
1.6.2 Competência 
 
 
As competências normativas das organizações podem ser externas, por 
meio de regras que visam aos Estados e outras organizações internacionais, ou 
internas à organização, objetivando a melhoria de seu funcionamento. Com relação 
às competências externas, há três tipos de instrumentos normativos: 
 
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 As convenções enquanto tratados, firmados entre os Estados, membros ou 
não, ou entre Estados e outras organizações internacionais. Há a 
competência de convocação para que se realize uma conferência diplomática 
que se desenrolará sob auspícios de uma organização. Um organismo pode 
ainda elaborar convenções a ser aplicadas pelos Estados-membros, como o 
caso da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e também servir como 
guarda material e gestora dos tratados. 
 
 Nas organizações internacionais que possuem claro papel de coordenação, 
em questões essencialmente técnicas do convívio internacional, encontramos 
a segunda forma de exercício da competência normativa. Trata-se dacapacidade de editar regulamentos. Estes se destinam a Estados-membros e 
objetivam uniformizar condutas perante situações comuns. A OMS 
(Organização Mundial de Saúde), com seu regulamento sanitário, utiliza esse 
dispositivo. 
 
 Em terceiro lugar, as organizações internacionais podem editar 
recomendações, cuja condição normativa é discutível. Apresentadas como 
simples resoluções, seu valor jurídico pode ser definido no tratado 
constitutivo. 
 
A competência operacional trata-se de atividades externas, de caráter 
permanente ou pontual, junto a setores específicos e problemas concretos 
experimentados pelos Estados-membros. As operações pontuais auxiliam todo e 
qualquer país que necessite fazer frente a problemas circunstanciais, tais como 
catástrofes naturais, epidemias não controladas ou conflitos militares que venham a 
afetar de forma dramática a população civil. 
As operações de longo prazo se desenrolam, basicamente, nos países em 
desenvolvimento. As atividades operacionais de natureza econômica e financeira 
vinculam-se a objetivos preferenciais de certas organizações internacionais, como 
por exemplo: o BIRD (conhecido como Banco Mundial), que mantém um Centro 
Internacional para Solução de Divergências Relativas a Investimentos entre Estados 
Nacionais de outros Estados. 
 
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As organizações internacionais possuem competência de controle, com base 
tanto no tratado constitutivo, quanto em convenções paralelas. A iniciativa do 
processo de controle, por parte de uma organização, contra um Estado que não 
cumpre suas obrigações, pode ser feita mediante: 
 
 Acusação de um Estado ao suposto infrator, principalmente nas questões em 
que envolvam os direitos humanos; 
 Direito de iniciativa da organização, baseando-se em relatórios dos Estados, 
ou em informações oriundas de órgãos privados ou ainda por intermédio de 
inspeções regulares realizadas por funcionários internacionais ou agentes 
enviados pela organização; 
 Iniciativa de pessoas ou de grupos, essencialmente nas questões em que 
envolvam os direitos humanos, o direito de guerra e o desrespeito à 
Convenção de Genebra. 
 
O controle pode ser exercido de maneira total em um território delimitado, ou 
pode restringir-se à aplicação de certas normas, sejam originárias ou derivadas. O 
órgão de controle indica a forma pela qual este será exercido. Assim, as 
organizações internacionais possuem competência de controle, com base tanto no 
tratado constitutivo (OMS, OIT) quanto em convenções paralelas (ONU, OEA). 
A competência impositiva, pela faculdade de impor suas decisões 
externamente, depende do tratado constitutivo e da natureza de cada organização. 
Para simplificar, pode-se dizer que a competência impositiva é natural quando se 
trata de organizações internacionais comunitárias ou de subordinação, como por 
exemplo, o caso das diretrizes da União Europeia. 
Ao depender de circunstâncias específicas e de interpretações, muitas vezes 
políticas, do direito das organizações internacionais e dos compromissos assumidos 
pelos Estados-membros, a competência impositiva acaba por ser exercida contra os 
Estados, inclusive no caso das Nações Unidas, ela não poderá se aplicar aos 
membros permanentes do Conselho de Segurança. As decisões impositivas das 
organizações internacionais podem ser aplicadas exclusivamente para a 
manutenção da paz e da segurança internacionais. 
 
 
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2 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) 
 
 
Reunidos em São Francisco, nos EUA, 50 países aprovaram em 25 de junho 
de 1945 a Carta das Nações Unidas. Com os escombros de um mundo devastado, 
nascerá a Organização das Nações Unidas. A ONU é a principal Organização 
Internacional. Tal como ocorrera com o Pacto da SDN, a Carta da ONU surge pela 
iniciativa de um bloco de países coligados circunstancialmente em uma aliança 
militar. 
A Carta representa o compromisso de países unidos no presente, em razão 
da existência de um inimigo comum, com vistas a organizar o futuro das relações 
internacionais. O preâmbulo da Carta indica o espírito de seus redatores: 
 
Os povos das Nações Unidas estão decididos a preservar as gerações 
futuras do flagelo da guerra e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do 
homem, da dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos 
dos homens e das mulheres, assim como nas nações grandes e pequenas. 
Para tais fins decidem: manter a paz e a segurança internacionais, garantir, 
pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada 
não será usada a não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo 
internacional para promover o progresso econômico e social de todos os 
povos. (CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS, 1945). 
 
O preâmbulo torna ilegal a utilização unilateral da força, mas prevê que ela 
venha a ser empregada, individual ou coletivamente, para defender um denominado 
interesse comum, que deve ser, logicamente, o das Nações Unidas. A interrogação 
principal consiste em identificar como será construído esse interesse. Não tem força 
legal, servindo apenas como um elemento de interpretação dos artigos. Os objetivos 
das Nações Unidas, previsto no art. 1° da Carta, são: 
 
A busca de relações amistosas entre os Estados-membros, que deve 
sustentar-se no princípio da igualdade jurídica. É a luta por cooperação 
internacional, para resolver os problemas internacionais de caráter 
econômico, social, cultural ou humanitário. E também para promover e 
estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais 
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua e religião. 
 
 
A ideia de Nações Unidas nasceu ainda durante a Segunda Guerra Mundial. 
A perspectiva da paz é o elemento que norteia o documento. Assim, a segurança 
apresentou-se como o primeiro e principal objetivo da nova organização. A ideia 
 
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essencial consiste na possibilidade de existirem ações preventivas por parte das 
Nações Unidas. A ONU lutará para manter a paz e a segurança internacionais, e 
pretende igualmente tomar iniciativas que impeçam a sua ruptura. Assim, o inimigo a 
combater não será apenas a guerra, mas a ameaça de guerra. 
O mecanismo de prevenção ou solução do conflito enumerou algumas 
etapas que deverão ser percorridas pelo Conselho, como, por exemplo, o 
congelamento do conflito com a adoção de medidas provisórias. A segunda 
facultava ao Conselho a possibilidade de convidar Estados-Membros a aplicar certas 
medidas, sem a utilização das forças armadas. Trata-se, assim, de medidas tais 
como a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de 
comunicação ferroviários, marítimos, rodoviários, aéreos, postais, radiofônicos ou de 
qualquer espécie, além do rompimento das relações diplomáticas. 
O segundo objetivo das Nações Unidas, explicitado no art. 1° da Carta, 
consistia em desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito 
ao princípio da igualdade de direito e de autodeterminação dos povos e tomar outras 
medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal. Assim, o art. 2°, inciso 1°, 
determina que a ONU “é baseada no princípio da igualdade de todos os seus 
membros”. 
O princípio da autodeterminação dos povos, previsto no art. 1°, inciso 2, foi 
apresentado pela primeira vez em um documento internacional. Esse princípio é 
essencial, pois, no momento da assinatura na Carta, grandes territórios habitados 
por dezenas de milhões de pessoas encontravam-se sob a denominação colonial. 
Esse princípio deu ensejo a uma série de reivindicações de independência por parte 
das colônias africanas e asiáticas. 
O objetivo é avaliar as condições políticas, econômicas, sociais e 
educacionais dos habitantes do território sob tutela, com vistas ao encaminhamento 
para independência política dos territórios. O terceiro propósito, estabelecido no art. 
1°, propugna queas Nações Unidas deverão lutar para conseguir uma cooperação 
internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, 
social, cultural ou humanitário, promover e estimular o respeito aos direitos humanos 
e às liberdades fundamentais para todos. 
O art. 1°, inciso 7, proíbe as Nações Unidas de intervir em assuntos internos 
de qualquer Estado. Porém, isso nunca impediu que interviesse em questões ligadas 
 
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aos direitos humanos. São membros originais das Nações Unidas, conforme o Art. 
3°: “Os Estados que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre a 
Organização Internacional, realizada em São Francisco, nos EUA, ou que assinaram 
previamente a Declaração das Nações Unidas, 1942”. Quanto à admissão dos 
membros das Nações Unidas, o art. 4° determina que: 
 
É aberta a todos os Estados amantes da paz (termo importante para o 
momento histórico de seu surgimento), que aceitarem as obrigações 
contidas na Carta. Ainda, segundo o documento, a admissão de um Estado 
deve ser efetuada com recomendação do Conselho de Segurança. Este 
poderá suspender a participação de um Estado, inclusive expulsá-lo, caso 
viole sistematicamente os princípios do documento. 
 
A carta da ONU pode vir a ser modificada por meio de emendas, com a 
condição de serem adotadas pelo voto de dois terços dos membros da Assembleia-
Geral, inclusive com a aprovação de todos os componentes permanentes do 
Conselho de Segurança. 
 
 
2.1 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DA ONU 
 
 
A ONU apresenta uma estrutura de grande complexidade, em que se 
destacam três órgãos principais: a Assembleia-Geral, o Conselho de Segurança e o 
Secretariado. 
 
 Assembleia-Geral 
 
Todos os Estados-membros, com direito a um voto, estão representados na 
Assembleia-Geral, órgão central e pleno das Nações Unidas. Ela reúne-se 
anualmente de forma regular, mas pode ser convocado tanto pela maioria dos 
Estados-membros quanto pelo Conselho de Segurança para sessões 
extraordinárias. 
A tomada de decisões na Assembleia-Geral obedece a questões 
processuais, à maioria simples dos presentes e votantes, mas para as questões 
fundamentais, como por exemplo, as envolvendo a segurança, a paz, a admissão de 
 
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novos Membros ou ainda as financeiras, é necessária uma maioria de dois terços. 
Portanto, a Assembleia-Geral pode atuar no sentido da manutenção da paz e da 
segurança internacionais, inclusive no que diga respeito ao desarmamento e a 
regulamentação dos armamentos. Pode, ainda, discutir quaisquer questões relativas 
à manutenção da paz e da segurança internacionais. 
 
 Conselho de Segurança 
 
A carta das Nações Unidas atribui, conforme o seu artigo 24, a principal 
responsabilidade pela manutenção da paz ao Conselho de Segurança. É um órgão 
que pode definir e executar sanções militares contra Estados, nos casos de ameaça 
contra a paz, ruptura da paz ou ato de agressão. O Conselho aplica tais sanções por 
intermédio de forças armadas colocadas à sua disposição pelos Estados-membros, 
constantes acordos especiais, assinados para este fim, que são postos em prática 
sob seu comando. 
O Conselho de Segurança pode realizar intervenção militar e embargos 
econômicos, como mecanismo de pressão para que o Estado embargado deixe de 
ter condutas consideradas nocivas. No caso do Iraque, quando se supunha que ele 
tinha armas químicas e biológicas, foi um embargo econômico, pois Estados-
membros não podiam comercializar com o Iraque, salvo gêneros de primeira 
necessidade, como a alimentos e água. Havia também uma cota mínima que o 
Iraque podia vender de petróleo para os Estados-membros. 
Estas são decisões tomadas pelo Conselho de Segurança e que vinculam 
todos os Estados-membros da ONU. Isto porque o próprio artigo 24, I, diz que no 
cumprimento dos deveres o Conselho de segurança agirá em nome dos Estados-
membros. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas também 
teve um papel importante na implementação das normas dos Direitos Humanos. 
 
 Secretariado 
 
Frente à administração das Nações Unidas encontramos um Secretário-
Geral, o funcionário mais graduado da instituição. Ele é nomeado pela (AG) 
Assembleia-Geral, seguindo sugestão do (CS) Conselho de Segurança. Portanto, 
 
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secretário deve reunir, entre outras vontades, a unanimidade dos membros 
permanentes do Conselho. Como a Carta não previu a duração de seu mandato, a 
Assembleia-Geral definiu, por meio de uma resolução, que ele seria de cinco anos, 
podendo ser reconduzido uma vez. 
É responsável por uma administração ampla, pesada e com muitas 
responsabilidades burocráticas e técnicas. O Secretário-Geral da ONU não deve ser 
influenciado por nenhum dos Estados-Membros. Além dele, os seus assessores e o 
conjunto de funcionários internacionais que estão a serviço da organização 
internacional. Para tanto, usufruem de imunidades diplomáticas e respondem 
perante as Nações Unidas. 
Além de suas funções administrativas, pode exercer grande influência dentro 
da organização junto aos Estados-Membros e perante o mundo exterior. Suas 
iniciativas, declarações e tomadas de posição transformam-no num dos mais 
importantes personagens da política internacional. A Carta oferece-lhe um grande 
poder, pois é a única pessoa que, não possuindo representação de Estado-Membro, 
chamar atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua 
opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacional. 
Tem ainda iniciativa diplomática para medir ou conciliar conflitos. 
Pessoalmente ou por meio de representantes, o Secretário-Geral pode estar à frente 
dos esforços para a solução pacífica das controvérsias. Trata-se de atividades 
essencialmente diplomáticas. São suas responsabilidades diretas e pessoais, em 
caso de intervenção militar coletiva das Nações Unidas, como ocorreu no Oriente 
Médio em 1956, no Congo em 1961, etc. 
Bem mais complexa e pesada do que a SDN, a ONU apresenta uma 
estrutura impressionante, onde se destacam cinco órgãos principais: Assembleia-
Geral, Conselho de Segurança, Secretariado, este já abordado acima, e também a 
Corte internacional de Justiça e o Conselho Econômico e Social, que veremos a 
seguir. 
 
 Corte Internacional de Justiça 
 
A Corte é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, mas não detém a 
possibilidade de impor suas sentenças ao coletivo internacional, face às 
 
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peculiaridades do próprio direito internacional. Ela está sediada na Holanda e o seu 
funcionamento orienta-se por seu estatuto, que determina que somente os Estados 
possam a ela ter acesso, excluídos assim os cidadãos e as organizações 
internacionais não governamentais. Sua competência é ampla, por exemplo, para a 
interpretação de tratados e pode julgar qualquer questão que as partes lhe 
submetam, assim como as que constem em tratados ou acordos em vigor. 
Mas a amplitude da competência é limitada pelas condições de abrangência. 
De nenhum modo um Estado será sujeito à decisão da Corte sem que para tanto 
apresente consentimento, seja prévio ou concomitante. Tem competência para 
dirimir conflitos internacionais aos quais seja aplicado o Direito Internacional Público. 
Seu poder é supraestatal, mas não há a possibilidade de uma pessoa entrar na 
Corte Internacional de Justiça e uma pessoa física o representar como embaixador. 
Os grandes conflitos internacionais têm passado à margem do principal 
órgão judiciário da ONU, causando uma sensação de impunidade dos infratores do 
direito internacional e um mal-estar generalizado, pois prioriza menos o direito e 
mais a negociação. Justamente por essa razão, a Corte é pouquíssimo conhecida 
dos cidadãos, que tanto dela precisam no mundo inteiro. 
 
 Conselho Econômico e Social 
 
É um dos mais importantes órgãos das Nações Unidas, eleito pela 
Assembleia-Gerale destina-se ao estudo de questões relativas à saúde, 
organização econômica, direitos da mulher, varas internacionais de infância, direito 
trabalhista internacional, direito cultural e independência dos povos de toda parte do 
Mundo. Neste Conselho existem várias comissões, como a FAO (Organização para 
a Agricultura e Alimentação), a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a OMS 
(Organização Mundial da Saúde), a Unesco (Organização das Nações Unidas para 
a Educação, Ciência e Cultura) e o Conselho de Direitos Humanos, que veio 
substituir a já enfraquecida Comissão dos Direitos Humanos (instituída em 1948 com 
a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão). 
No Brasil, a criação desse Conselho tem antecedentes na história política 
recente, pois houve a difusão ampla de conselhos ligados às diferentes áreas da 
política social, educação, saúde, assistência social, refletindo um esforço de criação 
 
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de mecanismos de participação, controle e de fiscalização. De outro, principalmente 
nos anos 90. O Conselho representa um esforço de construção institucional em 
exemplos internacionais bem-sucedidos, sobretudo europeus, no que se distingue 
de outras instituições criadas sob inspiração do mundo anglo-saxônico. Foi muito 
importante a iniciativa de criação do Conselho no início do governo Lula, pois 
expressou tanto o compromisso programático do Partido dos Trabalhadores quanto 
resgatou as aspirações dos interesses organizados empresariais e de outros 
setores. 
O Conselho Econômico e Social tem desenvolvido trabalhos e discussões 
relativas a diversos temas da agenda nacional, com a participação dos conselheiros 
e dos ministros de Estado. 
 
 
2.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS 
 
 
As organizações internacionais de caráter técnico e administrativo sofreram, 
a partir da criação das Nações Unidas, uma dupla evolução. Por um lado, seu 
número se multiplicou, por outro lado, a própria Carta da ONU indicou elementos 
para a sua definição e tentou coordenar seus esforços por meio do Conselho 
Econômico e Social, definidas em seus instrumentos básicos, nos campos 
econômico, social, cultural, educacional e sanitário. 
Apesar dos laços formais com as Nações Unidas, as organizações 
especializadas não podem ser consideradas como sendo seus órgãos, tanto 
especiais quanto subsidiários, pois possuem uma independência jurídica e de 
conteúdo. Por exemplo, países que não fazem parte das Nações Unidas podem 
integrar os organismos especializados. 
As características das organizações especializadas são: 
 
 Criadas por um acordo firmado entre Estados. 
 Dotadas de amplas e reconhecidas atribuições nos assuntos relacionados em 
seu tratado constitutivo. 
 Vinculadas às Nações Unidas por meio de um acordo específico. 
 
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2.2.1 FAO 
 
 
Preparada pela Conferência de Virgínia em 1943, a Organização das 
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura nasce dois anos depois, na 
Conferência de Quebec, com a aprovação de seu Estatuto. A FAO foi fundada em 
1945. Desde 1951 está instalada na cidade de Roma. Realiza programas para 
elevar os níveis de nutrição e de vida, melhora na eficiência produtiva, elaboração, 
comercialização e distribuição de alimentos e produtos agropecuários. Foi criada 
para eliminar a fome no mundo, sendo um dos objetivos da ONU. 
Assim, seus objetivos são contribuir para a melhoria das técnicas de 
produção, comercialização e distribuição de produtos alimentícios de origem 
agrícola; melhorar a conservação dos recursos naturais; fomentar as pesquisas 
científicas na área agrícola; sob demanda, conceder assistência técnica aos 
Estados; e propiciar a adoção de uma política internacional em benefício dos 
principais produtos agrícolas. 
 
 
2.2.2 OIT 
 
 
A necessidade de estabelecer regras de proteção ao trabalho surgiu desde a 
revolução industrial, no início do século XIX. No ano de 1919, ocorreu em 
Washington a primeira conferência da Organização Internacional do Trabalho. 
Portanto, ela é a primeira organização especializada de caráter universal. Com sede 
em Genebra é uma agência multilateral ligada à Organização das Nações Unidas 
(ONU), especializada nas questões do trabalho. 
A criação de uma organização internacional para as questões do trabalho 
baseou-se em argumentos: humanitários (condições injustas, difíceis e degradantes 
de muitos trabalhadores); políticos (risco de conflitos sociais ameaçando a paz); e 
econômicos (países que não adotassem condições humanas de trabalho seria um 
obstáculo para a obtenção de melhores condições em outros países). 
 
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A OIT funda-se no princípio de que a paz universal e permanente só pode 
basear-se na justiça social. Ela é uma estrutura internacional que torna possível 
abordar estas questões e buscar soluções que permitam a melhoria das condições 
de trabalho no mundo. Atualmente tem como principal objetivo promover uma 
Agenda de Trabalho, apoiada em quatro pilares: 
 Respeito aos princípios e aos direitos fundamentais no trabalho; 
 Promoção do emprego de qualidade; 
 Proteção social para todos; 
 Diálogo social. 
 
A forma mais adequada encontrada pela OIT, com vista a melhorar as 
condições sociolaborais no mundo, consiste no trabalho técnico e na progressiva 
tomada de consciência para a defesa da dignidade do trabalhador. 
 
 
2.2.3 OMS 
 
 
Em 1907 é criado, em Roma, o Escritório Internacional de Higiene Pública. 
Integrado por 55 estados, trata-se da primeira instituição internacional na área da 
saúde, mas somente após a Segunda Guerra Mundial surgiu a Organização Mundial 
da Saúde (OMS), proposta pela Conferência de São Francisco, formalizada em 
Nova Iorque em 22 de julho de 1946. Sua sede está em Genebra. Foi criada para 
promover a cooperação técnica entre as nações na área da saúde. 
A OMS enfoca principalmente sua atenção aos cuidados primários da saúde, 
por intermédio da educação, a oferta alimentar adequada, água pura, saúde infantil, 
planejamento familiar, imunização contra infecções, prevenção de enfermidades e 
oferecimento de medicamentos essenciais. Seu objetivo central é o de possibilitar o 
máximo nível de saúde às populações do mundo. Assim, apregoa que a finalidade 
principal é lutar para que todos os povos alcancem o mais alto grau possível de 
saúde. As funções da OMS são: 
 
 
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 Auxiliar os Estados-membros na área de saúde; coordenar e dirigir as 
questões sanitárias internacionais; 
 Lutar por melhorias no saneamento básico, nutrição, habitação e higiene; 
estabelecer normas para unificar; 
 Elaborar estudos e divulgar os resultados do combate às epidemias; 
 Desenvolver normas internacionais para os produtos alimentícios, biológicos, 
farmacêuticos e similares. 
 
 
2.2.4 Unesco 
 
 
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco) foi criada em 16 de novembro de 1945, logo após a Segunda Guerra 
Mundial, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre 
as nações, acompanhado o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-
Membros, orientando os povos em uma gestão mais eficaz de seu próprio 
desenvolvimento, por meio dos recursos naturais e dos valores culturais, a fim de 
que se extraia o maior proveito possível da modernização, preservando as diversas 
identidades culturais do planeta. 
A Representação da Unesco no Brasil foi estabelecida em 1964, com seu 
escritório em Brasília, iniciando suas atividades em 1972, tendo como prioridades a 
defesa de uma educação de qualidade para todos e a promoção do 
desenvolvimento humano e social. 
 
 
2.3 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) 
 
 
A Organização dos Estados Americanos (OEA) foi criada em 30 de abril de 
1948, constituindo-se como um dos organismos regionais mais antigos do mundo.Vinte e um países, entre eles o Brasil, reunidos em Bogotá, na Colômbia, assinaram 
a Carta da Organização dos Estados Americanos, em que a organização definia-se 
 
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como um organismo regional dentro das Nações Unidas. Os países-membros se 
comprometiam a defender os interesses do continente norte-americano, buscando 
soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural. 
Em 11 de setembro de 2001 foi assinada a Carta Democrática 
Interamericana entre todos os países-membros da OEA. Este documento visa a 
fortalecer o estabelecimento de democracias representativas no continente. 
Atualmente, a OEA conta com 35 Estados-Membros que, a partir de 1990, definiram 
como prioridade dos seus trabalhos o fortalecimento da democracia e assuntos 
relacionados com o comércio e integração, controle de entorpecentes, repressão ao 
terrorismo e corrupção, lavagem de dinheiro e questões ambientais. 
 
 
2.4 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS 
 
 
As ONGs são um fenômeno tão recente quanto amplamente difundido. 
Como o próprio nome indica, seus integrantes são particulares e não Estados. 
Nesse sentido, elas se aproximam das características das empresas transnacionais. 
As ONGs não possuem fins lucrativos, portanto, podem ser definidas como sendo as 
organizações privadas, movidas pela solidariedade transnacional. 
O Conselho Econômico e Social da ONU definiu, em parecer datado de 27 
de fevereiro de 1950, as organizações não governamentais como sendo “qualquer 
organização internacional que não é criada por via de um acordo internacional”. Por 
esta razão deve ser considerada como uma organização não governamental 
internacional. O surgimento das ONGs está vinculado ao grau de maturidade e 
participação da sociedade. 
As ONGs se dividem em dois grandes grupos: 
 
 Concertação 
 
Atuam de forma discreta, com reduzida participação da opinião pública. 
Seus manifestos, que resultam de congressos, são endereçados essencialmente 
aos simpatizantes. Entre as ONGs de concertação com maior visibilidade estão as 
 
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de caráter esportivo. O Comitê Olímpico Internacional (COI) organiza periodicamente 
os jogos olímpicos de inverno para os países do hemisfério Norte e de verão, aberto 
a todos os continentes. As atividades das ONGs esportivas são de grande 
relevância junto à opinião pública e movimentam recursos econômicos e financeiros 
consideráveis. 
 
 Intervenção 
 
Para que ocorra a intervenção das ONGs internacionais nos assuntos 
internos dos Estados é necessário que este manifeste seu acordo. A área dos 
direitos humanos é uma das preferidas das ONGs de intervenção, por meio de 
relatórios, de simpósios e de publicações que são levadas ao conhecimento público 
por intermédio da imprensa, organizações tais como a Anistia Internacional, que 
trabalha sobretudo na proteção dos prisioneiros políticos. 
As questões ambientais constituem outro campo onde atuam as ONGs 
internacionais. Sua atuação consiste na denúncia dos atentados ao meio ambiente. 
Finalizando, as organizações internacionais oferecem aos Estados possibilidades 
permanentes de cooperação. Mas o surgimento das organizações internacionais não 
possui o condão de transformar a natureza e o alcance das forças que atuam no 
sistema internacional, sendo limitada à competência política das organizações 
internacionais, pois os Estados são independentes e não aceitam nenhum poder 
central. 
 
 
2.5 FINANCIAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 
As organizações internacionais não produzem riquezas materiais, tampouco 
dispõem de autonomia financeira. Poucas, como as Nações Unidas, beneficiam-se 
de fontes próprias de recursos por meio da venda de selos e suas publicações. A 
grande maioria das organizações não possui qualquer receita própria. Ao contrário 
das receitas, as despesas são, na maior parte dos casos, crescentes. Todas as 
organizações internacionais preveem em seu tratado constitutivo ou em acordos 
 
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complementares, a forma de financiamento. Mesmo que a contribuição financeira de 
um Estado situe-se num patamar mínimo, sendo quase simbólica, todo Estado-
membro de um organismo é obrigado a participar do seu financiamento. 
O orçamento é dividido em despesas fixas e flexíveis. As primeiras referem-
se aos gastos administrativos ordinários, que permite o funcionamento normal da 
organização. As segundas vinculam-se a programas e operações específicos, como 
a manutenção da paz, desenvolvimento econômico e social. Assim, o financiamento 
das organizações internacionais é realizado por meio de contribuições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------FIM DO MÓDULO ÚNICO---------------------- 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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Paulo: Saraiva, 2000. 
 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 
2001. 
 
 
CASTRO, Amilcar de. Direito Internacional Privado. Rio de Janeiro: Forense, 
1997. 
 
 
DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado. São Paulo: Renovar, 1997. 
 
 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2009. 
 
 
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado (teoria e Prática). 2. 
ed. São Paulo: Saraiva, 1998. 
 
 
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público (Curso Elementar). 8. ed. 
São Paulo: Saraiva, 1996. 
 
 
RODAS, João Grandino. Direito Internacional Brasileiro. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2002. 
 
 
SEITENFUS, Ricardo. Introdução ao Direito Internacional Público. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 1999. 
 
 
SEITENFUS, Ricardo. Manual das Organizações Internacionais. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2000. 
 
 
SOARES, Guido Fernandes Silva. Curso de Direito Internacional Público. São 
Paulo: Atlas, 2004. 
 
 
 
 
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------------------FIM DO CURSO!-------------------------

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