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Organizações Internacionais - Noções Gerais

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Tema: Teoria Geral das Organizações Internacionais
TÓPICO 1) INTRODUÇÃO
A crescente exigência de cooperação internacional fez levar à criação e ao desenvolvimento de instituições internacionais, capazes de coordenar os interesses da sociedade internacional relativos a diversas finalidades.
Há, assim, uma ligação com a tendência evolutiva da institucionalização do DIP.
Seu aparecimento no cenário internacional parece fundar-se na impossibilidade que os Estados têm de conseguir realizar sozinho alguns de seus objetivos comuns no âmbito de um contexto determinado, o que induz a organizarem-se dentro de um novo quadro, criando organismos capazes de atender aos seus anseios e de realizar seus objetivos mais prementes. 
Mazzuoli faz uma crítica a expressão intergovernamental, por entender que tais organizações não provêem, tecnicamente, da vontade dos governos, mas dos Estados, devendo então serem chamadas de interestatais. 
TÓPICO 2) Definição
Para os fins do Direito Internacional Público, pode-se estabelecer o seguinte conceito de Organizações Internacionais: Associação voluntária de sujeitos do Direito Internacional, criada mediante tratado internacional (nominado convênio constitutivo) e com finalidades predeterminadas, regida pelas normas do Direito Internacional, dotada de personalidade jurídica distinta da dos seus membros, que se realiza em organismo próprio e estavel, dotado de autonomia e especificidade, possuindo ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais realiza os propósitos comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhe são atribuídos por estes.
As Organizações Internacionais (ORGS) distinguem-se das Organizações Não-Governamentais (ONGs). 
Pode-se apontar que o ponto em comum entre elas são: Ambas são produto de um ato de vontade.
As ONGs não detém personalidade jurídica de Direito Internacional, sendo criadas pela vontade de particulares, não havendo um tratado instituidor, o que as destitui de personalidade jurídica internacional, não podendo celebrar tratados internacionais. 
TÓPICO 3) CARACTERÍSTICAS 
a) são criadas por Estados, sendo, portanto, interestatais;
b) são instituídas por meio de tratados internacionais multilaterais, que as constituem e estabelecem suas regras e competências;
c) são criadas à base de um acordo de vontades;
d) têm capacidade civil e personalidade jurídica própria;
e) compõe-se de órgãos de caráter permanente;
f) seus órgãos têm vontade própria e primam pelos interesses da organização.
As organizações internacionais são sujeitos derivados de Direito Internacional Público, eis que criadas por Estados.
A sua criação ocorre através de um convênio constitutivo, que é a sua carta orgânica. Tais instrumentos não estão sujeitos a reserva.
Toda organização internacional possui um Estatuto interno, emanado de seus órgãos de cúpula (não é um tratado entre seus membros), que regula as relações dos órgãos da organização, ou seja, regula o funcionamento interno da organização.
Toda organização internacional possui ainda uma assembléia geral, onde todos os seus membros têm direito a voto, e um secretaria, responsável pelo funcionamento operacional e administrativo da organização. 
TÓPICO 4) CLASSIFICAÇÃO
No que tange aos fins que perseguem, as organizações podem ser classificadas em organizações de fins gerais (ex: ONU e OEA) e de fins específicos (ex: as de cooperação social – UNESCO).
Conforme a sua base territorial as organizações internacionais podem ser classificadas em: Universais: admitem qualquer país do mundo como membro (ONU); Regionais: somente permitem o ingresso de países pertencentes à sua base territorial.
Quanto à participação de Estados, as organizações internacionais podem ser abertas ilimitadamente, abertas limitadas e fechadas.
TÓPICO 5) PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL
A personalidade jurídica das organizações internacionais não se confunde com a dos seus membros, o que lhes dá autonomia e independência funcional para gerir os seus interesses e alcançar as finalidades para as quais foram criadas.
Essa personalidade jurídica autônoma e não vinculada à dos seus membros permite-lhe atender às expectativas do conjunto de Estados que dela fazem parte, independente da vontade individualizada de cada um deles.
Atualmente a personalidade jurídica das organizações internacionais vem expressa em seu tratado constitutivo. 
Dizer que a Organização Internacional possui vontade própria, não significa dizer que Lea poderá se desvirtuar dos propósitos para os quais foi criada.
Contudo, falar em personalidade jurídica internacional, não significa o poder imediato para celebrar tratados (chamado de direito de convenção). Este deve estar expressamente previsto no tratado constitutivo da Organização.
TÓPICO 6) PROCESSO DECISÓRIO
As decisões e deliberações da Organizações Internacionais são normalmente tomadas por votações em assembleias-gerais ou órgãos congêneres. 
Essas votações representam a vontade conjunta dos Estados-membros da organização, sendo totalmente autônoma e independente da vontade unilateral e individualizada destes.
São basicamente quatro os sistemas de votação de uma organização internacional:
a) sistema da unanimidade: todos os membros têm que votar a favor para que uma decisão seja tomada e vincule a todos;
b) sistema da dissidência: as decisões não se aplicam aos membros que com elas não concordaram;
c) sistema do voto ponderado: os votos de alguns membros têm mais valor do que os de outros. É o sistema utilizado no Conselho de Segurança da ONU;
d) sistema da maioria simples e da maioria qualificada: no primeiro, prevalece a vontade da metade mais um dos votantes e no segundo prevalece a vontade de dois terços dos membros votantes.
TÓPICO 8) SEDE DA ORGANIZAÇÃO 
Salvo raríssimas exceções, as organizações internacionais não têm território. Para que possam exercer suas competências, é necessário que um Estado disponibilize uma parcela de seu território para que a organização fixe sua sede. Tal se faz por um tratado bilateral entre a organização e o Estado que cede parte de seu território, tratado este chamado de acordo de sede.
TÓPICO 9) ADMISSÃO DE NOVOS MEMBROS
Os membros de uma organização internacional podem ser:
a) originários: aqueles que participaram de seu processo de formação, tendo ratificado seu acordo constitutivo;
b) admitidos: aqueles que, não tendo participado do processo de negociação do acordo constitutivo, a este aderem posteriormente;
Obs: A admissão de novos membros deve vir regulada no acordo constitutivo da organização, que pode impor condições para tal admissão. O Estado que quiser ser admitido como membro de uma organização deve manifestar sua vontade livre de aderir ao acordo constitutivo sem reservas (que podem ser admitidas, excepcionalmente).
É com o aceite do órgão competente da organização que o Estado passa a ser um novo membro da organização. Tal órgão competente varia de organização para organização
TÓPICO 10) SANÇÕES AOS ESTADOS MEMBROS
São duas as formas de punição impostas pelas organizações internacionais ao Estado faltoso:
Suspensão de direitos; 
b) Exclusão do Estado dos quadros da organização.
TÓPICO 10) RETIRADA VOLUNTÁRIA DOS ESTADOS-MEMBROS
Um Estado pode voluntariamente deixar de ser membro de uma organização. A saída voluntária consiste na denúncia do acordo constitutivo e tem duas condições:
a) deve o Estado cumprir um aviso prévio, ou seja, um lapso temporal entre a manifestação formal do Estado de se retirar da organização e o rompimento efetivo do vínculo que decorre de sua condição de parte no tratado;
b) a atualização de contas, relativa à regularização da situação financeira do Estado para com a entidade.
Resumo elaborado com base no livro Curso de Direito Internacional Público, do autor Valério Mazzuoli
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