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SISTEMA ELEITORAL

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SISTEMA ELEITORAL
Princípios Majoritário e Proporcional
A CR/88, trata no parágrafo único do art. 1º da democracia participativa ou semi-direta, na qual o povo, titular do poder o exerce através de eleitos. Também na Carta Maior, está disciplinada duas formas de escolhas dos eleitos, são elas: 
1. Sistema Eleitoral Majoritário 
2. Sistema Eleitoral Proporcional 
O Sistema Eleitoral Majoritário é o adotado nas eleições para Senador da República, Presidente da República, Governadores da República e Prefeitos. Este sistema leva em conta o número de votos válidos ofertados ao candidato registrado por partido político. Dá-se importância ao candidato e não ao partido político pelo qual é registrado. 
Há duas espécies do sistema eleitoral majoritário 
1.1 Majoritário simples 
1.2 Majoritário absoluto 
O simples contenta-se com qualquer maioria de votos, já o absoluto exige no mínimo maioria absoluta de votos para considerar o candidato eleito, se não terá que haver 2º turno de votação. 
O sistema majoritário simples é adotado nas eleições para Senador e Prefeito de Municípios com menos de 200 mil eleitores (art. 29, II, CR/88). E o sistema majoritário absoluto é adotado nas eleições para Presidente da República, Governadores e Prefeitos de Municípios com mais de 200 mil eleitores. 
O Sistema Eleitoral Proporcional é o adotado nas eleições para Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereadores. Aqui, dá-se importância ao número de votos válidos ao partido político, pois ao votar na legenda, faz-se a escolha por partido. O art. 109 do Código Eleitoral (Lei 4.737/65) explica como se chega ao número de votos válidos.
-Por que às vezes o candidato mais votado não ocupa a vaga almejada?
Primeiramente é válido trazer um conceito, ainda que simples, de eleição, que é um processo por meio do qual os cidadãos escolhem os seus representantes que comporão os Poderes Legislativo e Executivo.
Com isso surgem os sistemas eleitorais, que são os responsáveis pela classificação de tais candidatos e que definirão quais serão eleitos.
Existem dois sistemas eleitorais em nosso país: o majoritário e o proporcional. Em linhas gerais, no majoritário será eleito o candidato que obtiver o maior número de votos, sendo tal sistema próprio aos cargos do executivo, de todas as esferas (municipal, estadual e federal), que ocuparão os cargos de prefeitos, governadores e Presidente da República, havendo que se observar um detalhe: os senadores são integrantes do legislativo federal, mas também são eleitos por este sistema, já que não são representantes propriamente do povo, mas do Estado. Tanto que é garantida igualdade entre os Estados no Senado, visto que se limita a três senadores por cada um mais o Distrito Federal, totalizando 81 componentes.
(obs. Há que se salientar ainda que apesar de os senadores terem mandatos de 8 anos, há eleições a cada 4 anos, para que haja constante renovação dos membros, oscilando entre um e dois terços.)
No sistema proporcional o candidato eleito não necessariamente será o que tiver o maior número de votos, pois o número de vagas será distribuído pelo partido (legenda partidária) de acordo com sua representação, após a verificação do quociente eleitoral e do quociente partidário.
Na Constituição Federal, o artigo 28 traz as regras para a eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, fazendo remissão às regras do artigo 77, que por sua vez trata dos §§ 2º ao 5º e afirma que será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos, não computados os brancos nem os nulos, e caso nenhum candidato alcance tal quantidade na primeira votação (1º turno), ocorrerá nova eleição (2º turno), sendo então vencedor aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
(obs.: o texto de lei faz menção ao candidato ao cargo de Presidente da República, que de forma analógica se aplicam as mesmas regras aos candidatos ao governo do Estado).
Temos aqui o sistema majoritário.
“Art. 77. § 2º da CF- Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.”
Os senadores, conforme o artigo 46 da Constituição Federal, são eleitos segundo o princípio majoritário também:
“Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.”
Os deputados federais são escolhidos pelo sistema proporcional, conforme o artigo 45 da Constituição. E há ainda um detalhe quanto aos deputados federais, visto que estes são eleitos pelo sistema “duas vezes proporcional”, na forma da explicação acima (quociente eleitoral e partidário), e ainda proporcional à população dos Estados e do Distrito Federal, conforme § 1º do artigo 45 da CF e ainda do artigo 1° da Lei Complementar nº 78/93:
“Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º – O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.”
 Lei Complementar 78/93 | Lei Complementar nº 78, de 30 de dezembro de 1993
“Art. 1º Proporcional à população dos Estados e do Distrito Federal, o número de deputados federais não ultrapassará quinhentos e treze representantes, fornecida, pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano anterior às eleições, a atualização estatística demográfica das unidades da Federação.”
Em suma, quanto mais populosa a unidade da federação, maior o número de representantes no legislativo (mas observando os limites de mínimo e máximo legais).
 Portanto, é por conta deste sistema atualmente vigente em nosso país que é bem possível que o candidato menos votado se eleja, já que o alcance do cargo eletivo não depende unicamente dos votos que se obteve individualmente (votos nominais), mas também da soma dos votos dos demais candidatos do partido e ainda dos votos dados à legenda do partido (não nominais).
Muito se discute sobre se tal sistema de eleição é justo, havendo, inclusive, várias correntes doutrinárias que expõem os prós e contras, e até cogitam há muito tempo a famigerada reforma política visando modificá-lo.
Mas decerto o ponto mais forte que este sistema visa manter é o pluripartidarismo, objetivando uma diversidade de ideologias político-partidárias (em que pese esta também estar se perdendo, e os partidos se tornando meras siglas diferentes, mas com os mesmos interesses).
REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
INTRODUÇÃO
A Representação Proporcional é sem dúvida a mais democrática das formas apresentadas pelo Sistema Eleitoral hoje vigente. Como ramo da Ciência Política, nos ensina o professor Jorge Miranda que por Sistema Eleitoral compreende-se "o conjunto de regras, de procedimentos e de práticas, com a sua coerência e a sua lógica interna, a que sujeita a eleição em qualquer país e que, condiciona (juntamente com elementos de ordem cultural, econômica e política) o exercício do direito de sufrágio" [01]. Além da Representação Proporcional, o Sistema Eleitoral ainda compreende o sistema majoritário e misto, porém estes não serão objetos de nosso estudo. 
Com o surgimento do governo democrático e a idéia de que o poder emana do povo, nasceu a idéia de que a representação popular deveria ser estendida a tantas quantas fossem as classes de cidadãos apresentadas em determinada região. Ou seja, se antes predominava o conceito de que somente os grandes partidos deveriam governar, a partir de então, surgiu a necessidade de que os pequenos partidos também se fizessem representados, e assim, tivessem espaço político para defender os interesses das minorias. 
Enquanto no sistema majoritário o número de partidos com probabilidade de êxito eleitoral é restrito,na representação proporcional esta possibilidade é bem mais elástica, visto que, tanto os grandes partidos quanto os conhecidos "nanicos" ou mesmo "legendas de aluguel", terão possibilidade concreta de eleger representantes.
Isso acontece porque o sistema de representação proporcional visa distribuir de forma mais justa as cadeiras que estão em disputa, para que seja feito um verdadeiro mapa eleitoral da circunscrição, onde cada partido ou grupo de partido irá eleger tantos representantes quanto os seus votos se mostrarem necessários para tal fim.
Assim, é permitido que se estabeleça uma cultura multipartidária. Se antes as disputas se concentravam entre dois grandes partidos ou blocos partidários com chances de lograr êxito numa eleição, agora, qualquer que seja a legenda partidária, única ou em coligação, poderá se fazer representar em um parlamento.
A representação proporcional tenta fugir das críticas do sistema majoritário, que cria a possibilidade de formação de pequenos feudos eleitorais ou mesmo o caso concreto das eleições francesas de 1997, onde o Front National mesmo atingindo 14% dos votos nacionais, só conseguiu eleger um deputado.
Para Hermens, em seu artigo, "Dinâmica da Representação Proporcional",
"Bastará dizer que todos os sistemas de representação proporcional têm forçosamente um aspecto comum: terão de ser eleitos vários candidatos por um círculo eleitoral, admitindo normalmente os mais destacados defensores da RP que o número de candidatos não deve ser inferior a cinco. Os candidatos serão depois eleitos na proporção do número de votos a seu favor" [02].
Lijphart dá a sua contribuição ao dizer que "o modelo consensual assente no voto proporcional é mais adaptado às sociedades plurais" [03], ou seja, quanto mais heterogênea for uma sociedade, assim também deverá ser a sua representação política, para que todas as divergências e as diversas tendências políticas se façam representadas.
Digamos, então, que a representação proporcional "é um elemento básico do sistema democrático" [04], como entende o professor Canotilho, já que, na visão de Maurice Duverger, "ela assegura em cada circunscrição uma representação das minorias na proporção exata dos votos obtidos" [05].
Por fim, podemos concluir que o sistema eleitoral de representação proporcional é o mais democrático de todos os já apresentados até o momento, sendo a expressão mais sincera da vontade eleitoral demonstrada em votos, uma vez que este modelo garante a representação democrática mais efetiva e heterogênea, já que todas as frentes que disputam a eleição terão a possibilidade de conquistar tantas vagas em disputa quanto aquelas que os seus votos se fizerem necessários para assumi-las. Como iremos ver ao longo desta apresentação, o sistema poderá se apresentar de diferentes maneiras, sendo os seus restos aproveitados também de formas distintas.
CAPÍTULO I - REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
A representação proporcional, segundo Duverger, "consiste em assegurar em cada circunscrição uma representação das minorias na proporção exata dos votos obtidos" [06], ou no dizer de Nohlen, é o sistema que visa "representar todas as tendências políticas em proporção à sua força numérica" [07].
Esse princípio, cuja justiça e racionalidade tem sido tantas vezes positivamente criticado, procura estabelecer a perfeita igualdade de votos, e dar a todos os eleitores o mesmo peso, podendo o eleitor dessa forma sentir a força e eficácia do seu voto.
Foi na Bélgica, em 1899, que o princípio da representação proporcional foi utilizado pela primeira vez. Dali se irradiou para a maioria dos paises da Europa ocidental e latino-americanos. Atualmente tem-se uma lista enorme de países que adotam tal modelo, como Portugal (Método de Hondt), Itália (método maiores restos), Dinamarca (método de Saint Lague modificado), Alemanha (representação proporcional personalizada), dentre outros.
Como pode-se perceber acima, a representação proporcional possui uma multiplicidade de métodos proporcionais para a tradução de votos em mandatos, além dos diferentes lugares de base atribuídos a cada lista e também do distinto caráter de cada lista, conforme estudar-se-á abaixo.
II. 2. Classificação quanto à determinação de lugares de base atribuídos a cada lista
Em primeiro lugar, para se determinar o número exato de candidatos eleitos, tem-se que levar em conta os sufrágios obtidos, sendo que, a partir destes serão atribuídos a cada lista seus respectivos lugares de base, sem ter em conta os "restos", que serão estudados a seguir.
A determinação desse número se faz mediante dois grandes sistemas: o sistema do quociente eleitoral e o sistema do número uniforme. Vale salientar o entendimento de Duverger, de que "entre os dois, pode conceber-se o sistema do quociente nacional" [08].
II. 2. 1. Sistema do quociente eleitoral
O sistema do quociente eleitoral consiste na divisão do número de sufrágios expressos pelo número de mandatos a serem conferidos, o resultado obtido chama-se quociente eleitoral. Uma lista elegerá tantos candidatos quantas vezes a totalidade de seus sufrágios contenha o quociente eleitoral.
Para melhor entendimento dos mecanismos do sistema, examine-se um exemplo hipotético: Na região Y, para as eleições parlamentares concorreram três partidos, A, B, C, que disputavam 100 lugares da assembléia. Os votos expressos foram no total 10.000.000. Neste caso, ao utilizar a regra descrita acima, tem-se o quociente eleitoral igual a 100.000. Sendo assim, ao dividir o número de votos de cada partido por 100.000, obter-se-á o número de lugares conquistados. Desta feita, se o partido A receber 5.200.000 votos terá 52 deputados eleitos; Já se B tiver 3.500.000 votos terá 35 deputados eleitos; e C com o restante, 1.300.000 votos, elegerá 13 deputados.
Vale relembrar que este exemplo é um caso de representação proporcional, integral e perfeita, uma vez que o quociente eleitoral raramente terá divisores exatos, surgindo imediatamente o problema dos restos.
II. 2. 2. Sistema do número uniforme
No sistema de número uniforme, a lei fixa antecipadamente o número de votos válidos necessários para que uma lista possa eleger um deputado, sendo que uma lista elege tantos deputados quantas vezes esse número uniforme for atingido pela lista. Tem-se então, que no sistema de número uniforme, a lei eleitoral estabelece de maneira prévia um quociente fixo, como exemplo da "(...) Alemanha, que estabelece 60.000 votos para uma lista partidária eleger um deputado" [09].
EFEITOS DA REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
Entrar-se-á nessa fase do trabalho em um tema que exterioriza opiniões conflituosas na doutrina política. Entretanto, expor-se-á apenas os efeitos mais importantes relativos ao tema.
A representação proporcional, de antemão, encarece o princípio da representação justa, uma vez que se distingue, como Nohlen o disse "pela sua representação mais ou menos proporcional das forças sociais e políticas existentes na sociedade, correspondente a uma relação equilibrada entre votos e mandatos" [39]. 
Dessa forma, pode-se dizer que esse sistema facilita a representação de todos os interesses e opiniões políticas no parlamento, tendo em conta o seu peso relativo no eleitorado. Ou seja, as minorias também serão representadas, porém de acordo com sua força quantitativa. Desta forma, como bem observou Stuart Mill, "os grupos menores dispõem exatamente do volume de poder que devem possuir. A influência que podem exercer é exatamente proporcionada pelo número de votos que obtêm, nem mais uma partícula" [40]
Segundo os cálculos de Hermens, "se ignorarmos os aspectos qualitativos, que não é possível levar em conta em uma comparação quantitativa, pode-se dizer que é oito vezes mais fácil um novo partido ganhar num sistema de RP do que num sistema maioritário" [41]. Não é preciso sublinhar que esta diferença é extremamente importante, "pois depois de cada eleição, o campo de batalha fica cheio de candidatos derrotados e partidos vencidos. No sistema de RP haverá muito mais vitórias"[42].
Sendo assim, ao contrario do que ocorre com o sistema majoritário, o sistema de representação proporcional favorece e até certo ponto estimula a fundação de novos partidos, "acentuando desse modo o pluralismo político da democracia partidária" [43].
Vale ressaltar também que John Stuart Mill é contrário à tese de que o efeito multiplicador que a representação proporcional enseja é negativo. Entende o autor que "referido sistema dá origem a um parlamento mais representativo das opiniões políticas dos eleitores, levam a formação de governos multipartidários que, precisamente pela sua composição, representam a maioria dos eleitores" [44]. 
Ainda, tem-se que os sistemas de representação proporcional "evitam mudanças políticas extremas como resultado de distorções" [45], causando assim uma estabilidade [46] política ideológica, o que proporciona uma maior certeza nos cidadãos nacionais e estrangeiros quanto a investimentos de ordem econômica e social. 
IV. 2. Os Efeitos negativos
Vale iniciar o estudo sobre os efeitos negativos da representação proporcional com um tópico já discutido acima, porém agora visto sobre o ângulo negativo. Entende-se também que a multiplicidade de partidos produz fraqueza e instabilidade nos governos, principalmente no parlamentarismo. Desta feita, a representação proporcional "ameaça de esfacelamento e desintegração o sistema partidário ou enseja uniões esdrúxulas de partidos, cujo programas não raro brigam ideologicamente" [47]. Tal fato tem sua importância, pois em certos casos pode ocorrer de a governabilidade (continuidade de um ministério no parlamentarismo ou a conservação da maioria legislativa no presidencialismo) depender das alianças feitas pelos partidos minoritários, chamados por alguns doutrinadores de "donos do poder" por essa influencia desproporcional, tendo em vista a quantidade de votos recebidos, que podem exercer sobre o governo. 
Sendo assim, pode-se considerar, como Nohlen, que os sistemas de representação proporcional tem uma falha de concentração e eficácia gerada pela problemática da instabilidade governamental que o sistema produz.
Hermens também aponta como fator negativo a perda de vitalidade que a representação proporcional gera. Isto porque "só um número limitado de candidatos é que tem oportunidade de vencer as eleições. Se estiverem entre os primeiros nomes da lista, não precisam sequer lutar" [48]. Sendo assim, seja como for, seu êxito quase nunca depende do seu esforço pessoal.
O autor em tela ainda ataca [49] o sistema de listas ao dizer que "neste caso, o dirigente nacional do partido torna-se uma espécie de ditador" [50], uma vez que ele pode exercer seu poder junto ao comitê provincial para recusar a inclusão na lista do partido, nas eleições seguintes, o nome dos membros do partido que não lhe obedecerem.
Entende, também, Nohlen, que nos sistemas de representação proporcional há um déficit participativo [51], uma vez que, os cidadãos não têm um voto personalizado, o que "diminui o grau de conhecimento, de responsabilidade e de identificação entre eleitores e eleitos" [52].
Ademais, a doutrina faz críticas quanto à complicação das técnicas de contagem eleitoral destinadas à atribuição das cadeiras, pois, além de não serem bem compreendidas, gera desconfiança no eleitorado.
A REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL E O SISTEMA DE PARTIDO
Antes de analisar os sistemas de partidos, faz-se necessário defini-lo e também referir as múltiplas causas que lhes estão na base.
Duverger define que existirá um sistema de partidos quando: "em cada país o número de partidos, as suas estruturas internas, as suas ideologias, as suas respectivas dimensões, as suas alianças, os seus tipos de oposição, apresentarem uma certa estabilidade durante um período mais ou menos longo. Este conjunto estável constitui um sistema de partidos" [53]
Já Gianfranco Pasquino entende que deve ocorrer uma "interação horizontal, concorrencial, entre um mínimo de dois partidos, bem como a interação vertical entre vários elementos: eleitores, partidos, parlamentos e governos" [54] para haver sistemas de partidos.
Os sistemas de partidos, caracterizado por um lapso temporal em que todas as influências internas e externas são levadas em conta, podem ser classificados em categorias que são uma das bases dos sistemas políticos.
Dessa forma, pode-se distinguir as democracias liberais dos regimes autoritários pelo sistema partidário, sendo as primeiras pluralistas (bipartidarismo e multipartidarismo), e os segundos regimes de partido único.
V. 2. Classificação dos sistemas de partidos
A partir da distinção classificatória feita acima, passar-se-á ao estudo desses sistemas de partidos. Primeiramente, far-se-á a analise dos sistemas monopartidários e posteriormente os sistemas pluralistas.
Nos sistemas monopartidários, há existência de só um partido. O eleitor, nesse caso, fica sem alternativa ideológica, uma vez que "a eleição configura-se secundária, destituída já do caráter competitivo, sem diálogos das opiniões contraditórias" [55]. Nesse sistema, pode-se dizer que o partido confunde-se com o poder. Como exemplo de Estados que suprimiram o pluripartidarismo face a um sistema de partido único, tem-se o PCC – Partido Comunista Cubano, a Turquia entre 1923 e 1946, e ainda presentes no final do século XX, a China, o Vietnã e a Coréia do norte.
Já os sistemas bipartidários, a princípio, são classificados teoricamente por possuírem dois partidos em disputa. Porém, na prática, dependendo da mecânica do sistema, os países com mais de dois partidos podem ser classificados como bipartidários. 
Duverger entende que a distinção entre o sistema bipartidário e multipartidário se faz pelo número de partidos existentes. Uma análise superficial na teoria de Duverver leva a crer que ele descarta a possibilidade de haver bipartidarismo em Estados que concorram às eleições mais de dois partidos. 
Essa falsa idéia é desmistificada quando Duverger, através de exemplos [56] empíricos, estabelece que quando houver um sistema com mais de dois partidos, como o inglês, em que ao lado dos partidos grandes (conservador e trabalhista) existem outros partidos pequenos (como o partido liberal e comunista), mesmo assim continua a ser um sistema bipartidário, isto por que "nenhum dos pequenos partidos pode impedir que um ou outro dos grandes obtenha a maioria absoluta dos assentos parlamentares" [57].
Após uma leitura mais aprofundada, conclui-se que Duverger considera por bipartidário o sistema em que "apenas um partido está seguro de reunir sozinho a maioria absoluta dos sufrágios eleitorais e dos assentos parlamentares" [58], formando assim uma maioria estável e homogênea.
Sartori entende que, para um sistema ser considerado bipartidário tem-se que observar quatro condições, são elas: "(i) Apenas dois partidos, e sempre os mesmos, estarem em condições de conquistar a maioria absoluta dos mandatos; (ii)- um deles conquistar efetivamente a maioria parlamentar para governar; (ii)- o partido vencedor decidir habitualmente governar só; (ii)- manterem-se em expectativa credível de rotatividade no governo" [59].
As condições de Sartori não se distanciam muito das de Duverger na prática, uma vez que este considera que será bipartidário o sistema quando exclusivamente dois partidos possuírem constitucionalmente, ou de fato, possibilidades de chegarem e alternarem-se no poder, e nenhum dos pequenos partidos puder impedir que um dos dois grandes obtenha a maioria absoluta do parlamento. Já Sartori, entende o sistema será bipartidário quando apenas dois partidos estão em condições de conquistarem o poder por maioria absoluta, sendo que, os partidos pequenos devem ser considerados parte do sistema político, somente quando tiverem possibilidade de chantagem ou de coalizão. 
Os sistemas multipartidários a rigor, adotam três ou mais partidos políticos em disputa pelo poder. Os simpatizantes desse sistema enaltecem-no por acreditarem que este faz representar o pensamento de um maior número de opiniões ideológicas,"emprestando ás minorias políticas, o peso de uma influência que lhes faleceria, tanto no sistema bipartidário como unipartidário" [60].
Duverger classifica o sistema multipartidário apenas pelo número de partidos existentes, diferentemente de Sartori que o classifica não só pela quantidade de partidos existentes, mas também pela sua qualidade.
Sobre a questão da predominância dos partidos mais fortes Lijphart entende que os sistemas multipartidários "subdividem-se em sistemas com [61] e sem [62] um partido predominante" [63]. Já Duverger estabelece que este sistema apenas excepcionalmente obtêm um partido com maioria parlamentar, caracterizando-o por ser um sistema mais heterogêneo e instável, pela necessidade de serem feitas coligações para sustentar o governo.
V. 3. A influência da representação proporcional no sistema de partidos
Não podemos afirmar com certeza se é o sistema de partidos que exerce influência sobre a representação proporcional apresentada em determinado país ou mesmo região, ou se, ao contrário, é a Representação Proporcional quem exerce influência no sistema de partidos. De certo, podemos dizer que ambas exercem influência continuada, um sobre o outro. Isso porque é o conjunto de formação e desenvolvimento de todo o sistema eleitoral que vai determinar ou traçar o comportamento do sistema de partidos.
Duverger, por outro lado, afirmar de forma incisiva que os sistemas eleitorais exercem influência direta no sistema de partidos, nas palavras do autor "tal sistema eleitoral leva a tal sistema de partidos" [64]. Douglas Rae também sublinha que "os distintos sistemas eleitorais têm diferente impacto sobre os sistemas de partidos, mas que podem ter também importantes efeitos em comum" [65]
Referente à discussão de que a representação proporcional tem efeito de multiplicador partidário, Hermes, Duverger e Sartori estão de acordo, entendendo o primeiro que "a proporcionalidade facilita a multiplicação dos partidos" [66]. O segundo sintetiza, através de sua lei sociológica, que "a representação proporcional conduz a um sistema de partidos múltiplos, rígidos e independentes" [67], sendo que, para o autor, tal fenômeno ocorre tanto pela divisão dos partidos antigos como pela criação de novos partidos. Já Giovanni Sartori, em sua segunda lei tendencial, estabelece que "as fórmulas de RP facilitam o multipartidarismo e, inversamente, dificilmente podem conduzir ao bipartidarismo" [68], entretanto, acentua o autor que há uma ilusão ótica quando diz-se que a representação proporcional tem um efeito multiplicador, pois, através de estudos históricos, sempre que a RP foi introduzida, resultou numa geral remoção de obstáculo [69], facilitando assim a multiplicação do número de partidos.
Tais leis devem ter caráter meramente exemplificativo e não determinante. Isto porque ao analisarmos em especial o quadro eleitoral de alguns países ou mesmo regiões, podemos perceber que, mesmo sendo a representação proporcional tendenciosa ao multipartidarismo, é possível a constatação de um multipartidarismo que funcione de acordo com a mecânica rigorosamente bipartidária, como já explicado ao referir-se sobre o bipartidarismo.
Decerto, o princípio da representação proporcional perfeita prima pela multiplicidade partidária, uma vez que, garante a todas as diferentes organizações partidárias a oportunidade de conquistar cadeiras em disputa num determinado processo eleitoral. Desta forma, "qualquer minoria, por mais fraca que seja, está segura de vir a obter representação" [70].
Por outro lado, de acordo com Sartori, a representação proporcional terá efeitos redutivos sempre que for imperfeita, ou seja, "sempre que aplicados a círculos eleitorais de dimensão reduzida, quando estabeleçam uma clausula barreira ou quando atribuam assentos parlamentares suplementares aos partidos mais votados" [71].
Por seu turno, ao passo que a representação proporcional não se deixa influenciar por tendências passageiras ou modismos, ela garante que antigos partidos de grande importância continuem a existir, mesmo que sendo insignificantes para o contexto unitário do sistema.
Nos governos democráticos, podemos identificar que é a representação proporcional quem garante um direito de participação política mais amplo, assegurando em cada circunscrição uma representação das minorias na proporção exata dos votos obtidos, desenvolvendo-se assim sob a forma do multipartidarismo.
Vale observar que nesse sistema o número de deputados não é fixado antes das eleições, isto porque varia de acordo com a participação eleitoral [10] (no caso do sufrágio não ser obrigatório) e também do aumento ou diminuição da população com votos ativos.
II. 2. 3. Quociente nacional
Duverger entende que entre esses dois sistemas existe o quociente nacional, que consiste na divisão do número de votos válidos de todo o país pelo de mandatos a serem conferidos.
Doutrinariamente podem-se perceber duas posições, a de Duverger, o qual entende que o "quociente nacional é utilizado da mesma maneira que o número uniforme" [11], e a de Bonavides, que estuda quociente nacional juntamente com o de quociente eleitoral. 
Duverger percebe também que votos expressos não podem ser determinados com precisão antes do resultado definitivo e incontestado das eleições, "a necessidade de proceder a uma repartição aproximada dos lugares, baseada nos resultados eleitorais provisórios" [12].
Vale frisar o pensamento de Stuart Mill de que "a representação nacional proporciona a melhor garantia as aptidões intelectuais desejáveis nos representantes" [13]

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