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Dissertação Original - BM 2019

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia
ANÁLISE DO PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS DEPUTADOS PARA COM O ELEITORADO DO CÍRCULO ELEITORAL DE TETE À LUZ DO SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO (2016-2018)
BEATRIZ DE JESUS MESQUITA DE SOUSA
TETE
SETEMBRO DE 2019
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia
Mestrado em Administração Pública
	
Análise do Processo de Prestação de Contas dos Deputados para com o Eleitorado do Círculo Eleitoral de Tete à Luz do Sistema Eleitoral Moçambicano (2016-2018)
Dissertação submetida à Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia como exigência parcial para a obtenção do grau académico de Mestrado em Administração Pública, sob supervisão da Mestre Eva Quembo.
Tete
Setembro de 2019
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que este trablho de disssertação é resultado autêntico da minha própria investigação e das orientações da minha supervisora, os conteúdos contidos nele são originais e as fontes consultadas encontram-se devidamente citadas nos textos e apresentadas nas referências bibliográficas. Declaro ainda que, este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico. 
Autora
____________________________
(Beatriz Mesquita)
Supervisora
_____________________________
(Eva Quembo)
Tete, aos 6 de Setembro de 2019
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus todo poderoso, o criador de todas as coisas.
Agradeço aos meus pais, agradeço imensamente ao meu pai José Mesquita de Sousa que foi responsável total e único pelo início e conclusão do meu antecedente grau e mesmo agora já não estando entre nós, me auxiliou de forma monetária e espiritual em tornar este trabalho possível e me fortalecendo iluminando-me com a sua luz lá no céu; agradeço também a minha mãe Beatriz Araújo Doce apenas pela iniciativa e pelo capital inicial.
Agradeço aos meus irmãos, com destaque especial a Suzete, Nixa, Vina por terem dado um grande apoio capital final para a realização desse trabalho; agradeço em particular a Suzete e Nixa por não me terem abandonado e por me apoiarem firmente nesse momento difícil da minha vida; agradeço também ao meu irmão Euclides por algumas vezes se preocupar comigo.
Agradeço ao Director da Faculdade e agradeço também a minha Tutora e Pedagógica da Faculdade. Agradeço ao corpo de Docentes da Faculdade, em particular aos docentes que me lencionaram neste curso com destaque aos docentes Nobre de Jesus Canhanga pela severa e maravilhosa forma de lecionar, Alba Paulo Mate pelas consultas metodológicas que o fiz e José Alfredo Albuquerque.
Agradeço aos colegas da turma pelos momentos compartilhados, em particular ao colega Arlindo Pacote por sempre me ajudar a imprimir e tirar cópias dos meus trabalhos e Heitor Foia meu adversário académico agradeço-lhe pelas informações académicas e atenções dadas para com os colegas.
Agradeço aos meus poucos amigos pelo coeso companheirismo, em destaque para meus irmãos postiços: Maneco Luice, Emelita Macajo, Genito Gregório e Vanelsa Rego.
Aqui vai a minha enorme gratidão a vós.
Dedicatória
Dedico este trabalho em memória do meu amado e glorificado 
pai (para sempre vou te amar cota Mesqui).
[V. Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno]
[R. Entre os esplendores da luz pérpetua]
 23, 33. 39-43 - Lucas
(Que a sua alma descanse em paz querido pai) 
(Amém)
Lista de Siglas
AFRIMAP – Africa Governance Monitoring and Advocacy Project
AGP – Acordo Geral de Paz
AR – Assembleia da República
AWEPA – European Parlamentarians With Africa
CNE – Comissão Nacional de Eleições
CEPKA – Centro de Pesquisas Konrad Adeneur
CIP –Centro de Integridade Pública
CRM – Constituição da Republica de Moçambique
FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique
IDEA –Institute for Democracy and ElectoralAssistance
JA – Justiça Ambiental
MDM – Movimento Democrático de Moçambique
 OAE – Órgãos de Administração Eleitoral
ONG – Organização Não-Governamental
PES – Plano Económico Social
RAR – Regimento da Assembleia da República
RENAMO – Resistência Nacional de Moçambique
STAE – Secretariado Técnico de Administração Eleitoral
UDENAMO – União Democrática Nacional de Moçambique
UNAMI – União Nacional de Moçambique Independente
Resumo
A presente dissertação tem por tema Análise do Processo de Prestação de Contas dos Deputados para com o Eleitorado à Luz do Sistema Eleitoral Moçambicano (2016-2018), seu objectivo geral foi de analisar o processo de prestação de contas dos deputados para com o eleitorado à luz do sistema eleitoral moçambicano. A problemática subjacente ao objectivo, visa saber como ocorre este processo. A metodologia usada nesta pesquisa quanto ao objectivo é mista e quanto ao tipo de estudo é explicativa. Os participantes desse estudo foram catorze deputados e cinquenta eleitores, para colectar os dados desses, foram feitas entrevistas aos deputados e questionários aos eleitores. Os resultados obtidos nesse estudo apresentam que o processo de prestação de contas dos representantes para com os representados tem ocorrido, mas de forma ténue devido a fraca interacção que se verificou entre ambos, os eleitores que responderam ter contacto com seus deputados, foram menos que a média dos questinados, o que nos levou a perceber que o processo de prestação de contas dos deputados para com o eleitoirado no círculo no eleitoral de Tete não tem sido constante. E como conclusão este estudo concluiu que, o processo de prestação de contas ocorre quando os deputados avaliam, criticam e questionam as acções do Governo no plenário parlamentar de forma a defender os interesses do círculo eleitoral a que representam, em seguida deslocam-se para o seu círculo eleitoral e reúnem-se com o seu eleitorado, de acordo com a sua agenda parlamentar, para que nesse encontro expliquem, informem e justifiquem de forma transparente as acções e realizações do Governo em benefício dos interesses do círculo eleitoral de sua responsabilidade.
Palavras-Chave: Prestação de Contas, Deputados, Eleitorado, Sistema Eleitoral.
	
Abstract
This dissertation has as its theme Analysis of the Process of Accountability of Deputies for with the Electorate in the light of the Mozambican Electoral System (2016-2018), your objective was to analyze the process of accountability of deputies for with the electorate in light of the mozambican electoral system. The problem underlying the objective aims to know how this process occurs. The methodology used in this research as to the objective is mixed and as to the type of study is explanatory. The participants of this study were fourteen deputies and fifty voters, to collect their data, interviews were made to the deputies and inquiries to the electors. The results obtained in this study show that the process of accountability of the representatives to the represented occurs, but weakly, due to the weak interaction that was verified between both, the electors that responded to have contact with their deputies were below the average of those inqueried which led us to realize that the process of accountability of deputies to the electorate in the Tete constituency has not been constant. And, as a conclusion, this study concluded that the accountability process occurs when parliamentarians evaluate, criticize and question the actions of the Government on plenary parliamentary in order to defend the interests of their constituency to which they represent, then move to the constituency and come together with their electorate, in accordance with their parliamentary agenda, so that at this meeting they can explain, inform and justify in a transparent manner the actions and achievements of the Government at benefit of the interests of the constituency of their responsibility.
Keywords: Accountability, Deputies, Electorate, Electoral System.
VI
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA	I
Agradecimentos	II
Dedicatória	III
Lista de Siglas	IV
Resumo	V
Abstract	VICapítulo 1 – INTRODUÇÃO	1
1.1.Introdução	1
1.2.Justificativa do Estudo	3
1.3.Objectivos do Estudo	5
1.3.1.Objectivo Geral	5
1.3.2.Objectivos Específicos	5
1.4.Problema do Estudo	5
1.5.Questões de Pesquisa	7
1.6.Delimitações do Estudo	7
1.7.Limitações do Estudo	8
Capítulo 2 – REVISÃO DA LITERATURA	9
2.1.Introdução	9
2.2.Revisão da Literatura Teórica	9
2.2.1.Conceitos de Sistema Eleitoral	9
2.2.2.Princípio, Importância e Fim dos Sistemas Eleitorais	10
2.2.2.1.Conceitos e Teorias do Sistema Maioritário de Representação	11
2.2.2.1.1.Vantagens e Desvantagens do Sistema Maioritário	12
2.2.2.2.Conceitos e Teorias do Sistema de Representação Proporcional	13
2.2.2.2.1.Vantagens e Desvantagens do Sistema Proporcional	14
2.2.2.3.Teorias do Sistema Misto de Representação	15
2.2.3.Classificação dos Sistemas Políticos	17
2.2.3.1.Representação Política	19
2.2.4.Classificação dos Sistemas Partidários	21
2.2.4.1.Formas de Partidos	22
2.2.4.2.Voto em Listas Partidárias Abertas ou Fechadas	25
2.2.5.Relação entre Sistemais Eleitorais, Sistemas Políticos e Sistemas Partidários	26
2.2.5.1.Sistemas Eleitorais e Sistemas Políticos	27
2.2.5.2.Sistemas Políticos e Sistemas Partidários	28
2.2.6.Sistema de Representação Proporcional e de Listas Partidárias	29
2.2.7.Formas de Estado	32
2.2.7.1.Funções do Estado	32
2.2.8.Formas de Governo	33
2.2.9.Conceito e Teorias sobre Deputado	35
2.2.10.Conceito e Teorias sobre Eleitor	36
2.2.11.Relação entre Deputados e Eleitores	37
2.2.12.Problemática do Relacionamento entre Deputados e Eleitores	39
2.2.13.Conceitos e Teorias de Prestação de Contas	41
2.2.13.1.Dimensões de Prestação de Contas	43
2.3.Revisão da Literatura Empírica	44
2.4.Revisão da Literatura Focalizada	46
Capítulo 3 – METODOLOGIA DE PESQUISA	48
3.1.Introdução	48
3.2.Tipos de Estudos	48
3.2.1.Quanto ao Método de Abordagem	48
3.2.2.Quanto aos Objectivos do Estudo	49
3.2.3.1.Análise Bibliográfica	50
3.2.3.2.Análise Documental	50
3.3.Participantes do Estudo	50
3.4.Processo e Tamanho da Amostra	51
3.5.Técnicas de Colecta de Dados	52
3.5.1.Entrevista................................................................................................................53
3.5.2.Questionário	53
3.6.Técnicas de Análise de Dados	53
Capítulo 4 – ANÁLISE, DISCUSSÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS	55
4.1.Introdução	55
4.1.1.O Sistema Eleitoral de Representação Proporcional de Listas Fechadas e Bloqueadas em Moçambique	56
4.1.1.2.Partidos Políticos	58
4.1.1.3.Processos Eleitorais	60
4.1.1.3.1.Organização dos Círculos Eleitorais	61
4.1.1.3.2.Organização das Listas Partidárias	61
4.1.1.3.3.Escrutínio e Conversão dos Votos em Mandatos	62
4.1.2.Prestação de Contas dos Representantes para com os Representados em Moçambique	64
4.2.Descrição do Campo de Análise	67
4.2.1.As Formas de Interacção entre os Deputados e os Eleitores do Círculo Eleitoral de Tete..................................................................................................................................67
4.2.2.As Actividades dos Deputados para com o Eleitorado do Círculo Eleitoral de Tete..................................................................................................................................74
4.2.3.Os Mecanismos de Prestação de Contas dos Deputados para com o Eleitorado do Círculo Eleitoral de Tete..................................................................................................................................80
4.2.4.Processo de Prestação de Contas dos Deputados para com o Eleitorado do Círculo Eleitoral de Tete..................................................................................................................................84
Capítulo 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES	88
5.1.Referências Bibliográficas	92
5.2.Legislações	95
Apêdinces	97
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Faixa Etária	51
Tabela 2: Género	51
Tabela 4: Estado Profissional	51
Tabela 3: Estado Cívil	51
LISTA DE FIGURAS
Mapa da Província de Tete	67 
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1	68
Gráfico 2	70
Gráfico 3	71
Gráfico 4	72
Gráfico 5	73
Gráfico 6	75
Gráfico 7	78
Gráfico 8	79
Gráfico 9	82
Gráfico 10	83
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO
1.1. Introdução
A presente tdissertação que tem como título Análise do Processo de Prestação de Contas dos Deputados para com o Eleitorado do Círculo Eleitoral de Tete à Luz do Sistema Eleitoral Moçambicano (2016-2018), enquadra-se no âmbito do trabalho final do curso de Mestrado em Administração Pública. Longe de exaurir todos os assuntos relativos a essa matéria, mas apenas dar uma visão geral e suficientemente sucinta possível do tema supramencionado. Pretende-se nesta pesquisa, fazer uma profunda análise para saber como o processo de prestação de contas dos deputados para com o seu eleitorado procede, baseando-se na relação que os representantes têm com os seus representados em um sistema eleitoral de representação proporcional de listas fechadas e bloqueadas, no caso do Estado moçambicano.
A prestação de contas é um tema central dos regimes democráticos, ela se torna a principal garantia que vincula os representantes aos representados e as reflexões mais desenvolvidas sobre este tema estão voltadas fundamentalmente para prestação de contas eleitoral (Miguel, 2005). A questão de prestação de contas é fundamental para a qualificação da democracia representativa (Maia, 2006). Miguel (2005) afirma que, “nos estudos sobre democracia, a prestação de contas ganha destaque por prometer um grau razoavelmente alto de controle do povo sobre os detentores do poder político” (p.28). Prestar contas tem sido um protagonismo crescente nas discussões em torno da condição democrática das sociedades actuais pela tendência verificada de um enfraquecimento deste tipo de processos. Entretanto, o conceito de prestação de contas traduz no fundo os canais disponíveis ou possíveis para o diálogo político. Ademais, constitui um mecanismo essencial de reforço de regras e normas que permite o controlo e a regularidade e, em última análise, sustenta a vida social organizada e constitui um elo entre representantes e representados.
O sistema eleitoral compreende-se o conjunto de regras, de procedimentos e de práticas, com a sua coerência e a sua lógica interna, a que sujeita a eleição em qualquer país e que, condiciona (juntamente com elementos de ordem cultural, econômica e política) o exercício do direito de sufrágio (Miranda, 2003). As eleições são o mecanismo através do qual o povo soberano legitima o exercício do poder legislativo, e directa ou indirectamente do poder executivo para um tempo determinado. Porém, esta legitimação num regime democrático não é absoluta, devendo os dirigentes prestar contas perante o eleitorado sobre o trabalho desenvolvido, o prestar contas não se esgota a simples prestação de contas apenas em termos quantitativos, vai muito mais além, envolve também a componente responsabilização. “As eleições em Moçambique, como um dos meios pelos quais a população exerce o direito de escolher os seus representantes políticos, são regidas pelo sistema eleitoral de representação proporcional e de listas partidárias” (AFRIMAP, 2009, p.8). O mesmo tem a particularidade de fazer com que os eleitores possam ser representados no processo de governação por uma minoria pré-ordenada em listas partidárias (fechadas e bloqueadas) sem chances de escolher directamente em quem os pode representar, apenas depositando seu voto ao partido.
Para que se possa desenvolver um trabalho científico, é preciso organizar o mesmo. Esta organização se chama estrutura. Sendo assim, o então trabalho de dissertação encontra-se estruturado em quatro (4) capítulos que são:
1st Capítulo reservou-se a introdução da dissertação, trazendo uma pequena contextualização do tema, destacamos a seguir a justificativa do estudo, o que nos levou a formulação dos objectivos do estudo, conduzindo-nos assim a definição da problemática da pesquisa, por conseguinte as perguntas de pesquisa, delimitações do estudo e as limitações do deste estudo;2nd Capítulo destinou-se ao enquadramento teórico através da revisão literária, onde trouxemos a revisão da literatura téorica em que foram formuladas algumas teorias existente acerca do tema, enquanto que na revisão da literatura empírica foram dadas as bases de estudos semelhantes mas realizados fora do país em estudo, e para encerrar o então capítulo apresentou-se a revisão da literatura focalizada que são as bases teóricas de estudos já realizados, mas nesse caso realizados dentro do país em estudo;
3rd Capítulo consistiu-se em articular a metodologia de pesquisa que se usou neste estudo para alcançar os objectivos traçados, precisamente descrevendo como foram efectuados os procedimentos técnicos do estudo, em seguida foi a fase de estipular quais foram os participantes do estudo, a sua amostra e o número total da mesma, os critérios de selecção serão cingidos para fase de técnicas de recolha de dados que nos passará para fase de técnicas de análise de dados onde nos facultará analisar os dados, depois será a etapa de descrever a duração do questionário e por fim traçar o plano de atividades a se desenvolver;
4th Capítulo previlegiviou-se este capítulo para analise e discussão dos dados colhidos nas entrevistas e nos questionários no sentido de apresentar e explicar as informações encontradas durante a pesquisa, trazendo os diferentes subtítulos que refletem aos objectivos específicos;
5th Capítulo contém breves conclusões e recomendações da pesquisa e descrição das referidas referências bibliográficas que suportaram toda a teoria usada no presente trabalho de dissertação e por último as legislações que serviram de suporte legal para a realização dessa pesquisa.
1.2. Justificativa do Estudo
Gil (1999) refere que, “há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa, podem, no entanto, ser classificadas em dois grupos: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática” (p.23). Portanto, as razões que nos levaram a realizar esta pesquisa foram de ordem prática. Pretendemos entender na prática como ocorre o processo dos deputados prestarem contas ao eleitorado do seu círculo eleitoral, já que a sua legislação dispõe como um dos seus deveres, manter a forte contacto com eleitores. 
A escolha do tema desta pesquisa motivou-se com o intuito de expor a realidade a que se inserem as sociedades actuais. As dimensões e os indicadores deste tema compreendem fenómenos de extrema importância para a prestação de contas dos representantes políticos para com os seus representados, porque isto demonstra amplamente importância nas democracias modernas. Ademais, nota-se actualmente poucos estudos realizados neste âmbito no contexto moçambicano, daí que achou-se pontual abordar este tema, com particularidade ao círculo eleitoral de Tete.
Este trabalho se torna importante, porque oferece aos eleitores a oportunidade de se manifestarem e expressarem seus pensamentos em relação aos seus representantes parlamentares. Verifica-se um elevado índice de eleitores que não conhecem seus deputados e tampouco a função que estes desempenham e em seu prol. É nesta perspectiva que o relacionamento entre os deputados e os eleitores merece ser destacado, como factor de grande importância para uma sociedade democrática, como é o caso de Moçambique. Trata-se concretamente da prestação de contas dos deputados para com os seus eleitores, a partir do contacto existente entre ambos. Para além do interesse pessoal tema, o mesmo foi por mim defendido em vários trabalhos académicos, daí a familiarização com o tema. Por outra, é sobejamente sabido que as eleições assentam em princípio de concorrência política ao poder por vários intervenientes, polarizando a opinião pública em qualquer sociedade.
Justifica-se pontualmente que o tema é relevante, na medida em que analisa os deputados num contexto concreto, procurando demonstrar a prestação de contas destes para com seus eleitores, expondo-a na teoria e na prática. Este estudo tornará socialmente relevante porque envolve a sociedade, debruça um tema que faz parte da vida de qualquer cidadão, no caso da sociedade moçambicana em especial, torna-se imprescindível, pois um dos grandes problemas que tem afectado o Estado desde a independência até aos dias de hoje, é a ausência de uma forte inclusão dos eleitores nos processos políticos, devido à fraca interacção que se estabelece entre os mesmos com os seus representantes. Este estudo também será relevante juridicamente porque deixa óbvio que a cidadania se limita aos aspectos eleitorais, enquanto que ela necessita também de outros elementos, tais como a existência de um Estado de direito e um sistema judicial independente, e a existência de uma sociedade civil activa. Por fim, dizer que este estudo apresentará relevância na área política e económica porque o sistema e os processos eleitorais fazem parte das regras dos conflitos políticos e económicos sendo o catalizador, para que estes sejam tratados e superados. Como tal, as regras eleitorais bem como a própria forma de realização das mesmas, a organização, supervisão e a forma de resolução de conflitos, requerem um consenso amplo não apenas de actores políticos, mas também económicos. Assim como a realização de eleições e de atividades eleitorais requer maior intervenção destes.
Este tema revela-se pertinente para o curso de Administração Pública partindo do facto que o tema envolve deputados e eleitores, ambos elementos cruciais para a existência e sobrevivência de uma administração pública e a sua respectiva autarquia. O deputado faz parte do poder legislativo da administração, para além de ser um servidor público quando desempenha seu papel de representante parlamentar de um eleitorado e agente fiscalizador das atividades do governo em prol dos seus representados, por seu turno esses representandos são os eleitores que podem se chamar administrados, munícipes, povo ou cidadãos.
1.3. Objectivos do Estudo
Nesta fase apresentam-se os objectivos que se pretende alcançar com a realização da pesquisa, tais objectivos encontram-se divididos em duas partes, a primeira visa expor o objectivo geral, o qual nos conduz a segunda parte, onde se encontram os objectivos específicos.
Para uma óptima percepção destes objectivos socorremo-nos em Marconi e Lakatos quando referem que “o objectivo geral está ligado a uma visão global e abrangente do tema, relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e eventos, quer das ideias estudadas, vinculadas diretamente a própria significação da tese proposta pelo projecto” (p.219). Outrossim, as autoras argumentam em seguida que “os objectivos específicos apresentam um carácter concreto, tem a função intermediária e instrumental permitindo de um lado atingir o objectivo geral e de aplicar a situações particulares” (Marconi & Lakatos, 2003, p.219).
1.3.1. Objectivo Geral
· Analisar o processo de prestação de contas dos deputados para com o eleitorado à luz do sistema eleitoral moçambicano.
1.3.2. Objectivos Específicos
· Identificar as formas de interacção entre os deputados e os eleitores do círculo eleitoral de Tete;
· Descrever as actividades dos deputados para com o eleitorado do círculo eleitoral de Tete;
· Explicar os mecanismos de prestação de contas dos deputados para com o eleitorado do círculo eleitoral de Tete.
1.4. Problema do Estudo
 A Constituição de 1990 da República de Moçambique introduziu um regime político democrático no país que após o Acordo Geral de Paz, trouxe profundas transformações no ordenamento jurídico moçambicano numa perspectiva de edificação da democracia. Um dos aspectos introduzidos com a Constituição de 1990 e que faz parte da essência do regime democrático, além da representação política, é o sistema eleitoral, que na altura culminou grandes discussões entre a Frente de Libertação de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana, partidos que lutavam pelo poder (Macuane, 2000). Após difíceis negociações foi adoptado o sistema eleitoral de representação proporcional, como se encontra disposto na Lei nº13/92 sobre Partidos Políticos. Desde então, o artigo 166 da Lei Eleitoral nº 7/2007 estabeleceu que as eleições em Moçambique passassem a ser orientadas pelo sistema eleitoral de representação proporcional e de listas partidárias. 
Para Seguro (2009) em regimes democráticos, o pressuposto de representação política pelo qual tem a génese o sistema eleitoral advém do facto de haver possibilidades da maior parte da população delegar a uma minoria para que represente os seus interesses em virtude da impossibilidade de todos poderem governar. Hofmeister (2007) e IDEA (2008) alegam que há exigências que um país democrático deve satisfazer. Por um lado, a prestação de serviços públicos de qualidade e por outro a prestação de contas. Estas exigências garantem o vínculo entre representantes e representados. “Nesta ordem de ideias, na esfera governamental, os cargos deverão ser ocupados por mandatários eleitos que prestarão contas a seus eleitores” (Hofmeister, 2007, p.9).
As formas, os níveis, as possibilidades de prestação de contas varia muito em função do sistema eleitoral ad Ora, a interacção dos representantes para com os representados satisfaz um dos indicadores de prestação de contas. Segundo a alínea d) do artigo 14 do Estatuto do Deputados constitui um dos deveres dos deputados, assegurar o indispensável contacto com os eleitores. A mesma legislação refere que, os deputados representam de forma permanente, as vontades do eleitorado e do qual devem buscar constantemente inspiração e informação para avaliar criticamente a acção do Governo e apontar possíveis caminhos. Ademais, o estatuto atribui ainda, como ilustra a alínea o) como um dos deveres dos deputados, prestar contas sobre as suas actividades.optado por um país (Nicolau, 2002).
Diante do pressuposto acima, pode-se admitir teoricamente que os deputados em sistema eleitoral de representação proporcional e de listas partidárias devem constamente prestar contas ao seu eleitorado, pois as actividades dos deputados não se limitam apenas em aprovar ou reprovar decretos-leis no plenário, envolve também como actividade destes, de acordo com nº 2 do artigo 18 do Lei 17/2013 considera-se, igualmente, actividade parlamentar o trabalho exercido individual ou colectivamente, pelos Deputados nos seus círculos eleitorais. No sentido de levar as preocupações de seu eleitorado ao Parlamento, e fiscalizar as acções do governo em prol dos seus eleitores, partindo desta vertente que achamos fidedigno que os mesmos deveriam constamente prestar contas de suas atividades ao seu eleitorado, no sentido de dar satisfação do resultado obtido com a sua fiscalização e se o governo resolveu ou não as preocupações daquele eleitorado.
“A formulação do problema prende-se ao tema proposto, ela esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa” (Marconi & Lakatos, 2003, p.220). Deste modo, a nossa inquietação parte da seguinte problemática, o Estatudo dos Deputados em Moçambique assegura que os deputados devem manter o indispensável contacto com os eleitores, pois os deputados representam todo o país, em particular o eleitorado do círculo eleitoral pelo qual fora eleito. Assim sendo, estes representantes têm como dever prestar contas de suas actividades aos seus representados, no sentido de informar, justificar e explicar sobre as acções realizadas pelo Governo em prol ou em detrimento dos interesses de seu círculo eleitoral. Mas o prestar contas não se restringe apenas em informar, justificar e explicar, segue certo processo, o chamado processo de prestação de contas. Depois de constatada a problemática do estudo, é nessa vertente que surge a nossa pergunta de partida, a de saber: Como ocorre o processo de prestação de contas dos deputados para com o eleitorado à luz do sistema eleitoral moçambicano?
1.5. Questões de Pesquisa
· Quais as formas de interacção entre os deputados e os eleitores do círculo eleitoral de Tete?
· Quais as actividades dos deputados para com o eleitorado do círculo eleitoral de Tete?
· Quais os mecanismos de prestação de contas dos deputados para com o eleitorado do círculo eleitoral de Tete?
1.6. Delimitações do Estudo
Por efeito do estudo a realizado e por questões de exequibilidade do mesmo, a pesquisa foi realizada no círculo eleitoral de Tete, particularmente na Cidade de Tete, que tem por área 149,3km², tendo como grupo alvo os deputados que respondem pelo círculo eleitoral em estudo e os eleitores apenas da cidade em alusão. Escolheu-se este ponto por ser o mais próximo da pesquisadora e de fácil acesso para a mesma, analisou-se a prestação de contas dos deputados para com o eleitorado na vigência do primeiro mandato da presidência de Filipe Jacinto Nyusi, concretamente no período compreendido entre 2016 à 2018.
1.7. Limitações do Estudo
Este estudo tem como primeira limitação os resultados não poderem ser generalizados, sendo específicos apenas ao círculo eleitoral de Tete. A segunda limitação é de não ter sido possível entrevistar muitos deputados do círculo eleitoral em estudo, além disso, pudemos sentir a limitação por parte dos deputados por conta do sigilo partidário ou por estar fora de suas agendas conceder entrevistas académicas em tal ocasião. A terceira e última limitação que tivemos é em relação às agendas laborais dos eleitores, em encontrar tempo para preencher o questionário, o que tornou moroso o processo de levantamento de dados, e por conseguinte foi difícil ter acesso muitos depoimentos de eleitores que alguma vez presenciaram ou vivenciaram momentos de prestação de contas dos deputados para os mesmos.
Capítulo 2 – REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Introdução
A revisão literária refere-se à fundamentação teórica que irá adoptar para tratar o tema e o problema de pesquisa, por meio da análise da literatura publicada poderá traçar um quadro teórico e fará a estruturação conceptual que dará sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. Ou como elucida Gil (2002), “a pesquisa bibliográfica obtém os dados a partir de trabalhos publicados por outros autores, como livros, obras de referências, periódicos, teses e dissertações” (p.4).
Na primeira fase tratamos da revisão da literatura teórica, onde serão apresentados os conceitos e as teorias relacionadas com as palavras-chave da pesquisa. Em seguida abordou-se sobre a literatura empírica e focalizada, onde a primeira retrata de estudos realizados fora do país e a segunda dentro do país em estudo, bem como as lacunas existentes na literatura. Como corroboram Marconi e Lakatos (2005) quando indicam que a literatura empírica são pesquisas realizadas fora do país, que estão ligadas ao tema em estudo e que são usados para fazer algumas comparações, recolher algumas ideias, em quanto que literatura focalizada são estudos relacionados com o tema em estudo realizados dentro do país.
2.2. Revisão da Literatura Teórica
Na revisão da literatura teórica, foi feito o levantamento dos conceitos teóricos existentes relacionados com as palavras-chave da pesquisa. De modo a facilitar a compreensão do enquadramento teórico. A revisão bibliográfica teórica é resultante da consulta de todos possíveis livros de ensino que tratam sobre o tema em causa, também consta nesta revisão o enquadramento teórico similar ao tema em pesquisa.
2.2.1. Conceitos de Sistema Eleitoral
Segundo Basedau (2002), “Sistema Eleitoral é um conjunto de regras formais através das quais os eleitores expressam as suas preferências numa eleição e cujos votos são convertidos em assentos parlamentares ou cargos executivos” (p.15).
De acordo com Fernandes (2008), um Sistema Eleitoral compreende:
Um conjunto de elementos inerentes às eleições políticas de cada país. Com efeito, o modo como está estruturado as espécies e formas de sufrágio legalmente previstas, o contencioso eleitoral, o processo de escrutínio são elementos integrantes do sistema eleitoral (p.48).
“Sistema Eleitoral é o emaranhado de normas por meio das quais vai se definir o resultado de uma eleição, estabelecendoa forma pela qual o eleitor faz suas escolhas, como os votos são contabilizados” (Cordeiro, 2009, p.6).
Cintra (2005) refere Sistema Eleitoral como:
O conjunto de normas que definem a área geográfica em que os representantes serão eleitos e em que os votos serão colectados e computados, ou seja, as circunscrições ou distritos; os graus de liberdade à disposição do eleitor na votação e, sobretudo, a forma de traduzir os votos em cadeiras parlamentares ou em postos no Executivo (p.128).
Nas palavras de Nicolau (2007) “sistema eleitoral é o conjunto de regras que define como, em uma determinada eleição, os eleitores podem fazer as suas escolhas e como os votos são somados para serem transformados em mandatos (cadeiras no legislativo ou chefia do executivo)” (p.293).
2.2.2. Princípio, Importância e Fim dos Sistemas Eleitorais
Os sistemas eleitorais partiram do princípio em que se impôs a soberania popular, no qual o poder se origina do povo e em seu nome se exerce, as eleições se tornaram principalmente no transcurso dos últimos dois séculos, parte essencial da arquitectura política das sociedades democratizadas. Como pôr em prática o princípio da soberania popular nos grandes agrupamentos humanos? O bom-senso nos diz que a ideias de democracia directa, ou seja, sem representantes, pode funcionar apenas de modo residual nesse tipo de sociedades. Em outras palavras, para o povo governar-se, se torna impossível, pois não se trata de um grupo pequeno de pessoas, por isso então deve fazê-lo normalmente por meio de representantes (Cintra, 2008).
“A importância de se estudar os tipos e características dos sistemas eleitorais, determina qual a melhor opção, o que depende dos aspectos que se pretende privilegiar” (Pena, 2007, p.8). De acordo com Cintra (2005) os sistemas eleitorais têm como finalidade, “dar representação aos diferentes grupos, fortalecer os vínculos entre a representação e os cidadãos, aumentar a capacidade do sistema político de decidir e governar, e tornar os resultados do pleito inteligíveis para o eleitor” (p.129). Nos argumentos de sistemas eleitorais, as democracias recorrem, basicamente, a dois sistemas, o maioritário e o proporcional, mais tarde vindo a existir a combinação destes dois como resultado da insatisfação dos mesmos. Vejamos nos seguintes subtítulos as teorias básicas destes sistemas eleitorais e a peculiaridade das consequências que sua utilização tem produzido nas sociedades democráticas.
2.2.2.1. Conceitos e Teorias do Sistema Maioritário de Representação
Para Cordeiro (2009) Sistema Maioritário de Representação “é o método de escrutínio pelo qual se sagra vencedor o candidato que contar com maior volume de votos a seu favor” (p.11).
Paniago (2015) define Sistema Maioritário de Representação como “a fórmula eleitoral pela qual aquele que obtiver maior número de votos, no interior de um distrito eleitoral (ou colégio ou circunscrição) será declarado vencedor. Visa à constituição de maiorias partidárias, ainda que baseadas em uma minoria” (p.22).
A representação maioritária é a de mais longa tradição histórica. Podemos traduzi-lo como um critério para tomada de decisão em grupos, tanto como um critério de representação política (Nohlen, 1981). Este antigo sistema consiste na repartição do território eleitoral em várias circunscrições eleitorais, consoante os lugares ou mandatos a preencher. No caso das eleições, é preciso um critério de decisão para saber quem venceu o pleito. O sistema eleitoral maioritário foi o primeiro tipo usado pelas modernas sociedades democráticas para escolher os representantes parlamentares. O território nacional era dividido em circunscrições nas quais se aplicava alguma modalidade de regra maioritária para decidir o vencedor da eleição. Segundo Bonavides (2000), este sistema oferece duas variantes principais:
A primeira, a eleição maioritária se faz mediante escrutínio de um só turno, sendo eleito na circunscrição o candidato que obtiver maior número de votos. Aqui a maioria simples ou relativa é suficiente para alguém eleger-se. Pela segunda, temos o escrutínio de dois turnos. Caso nenhum candidato haja obtido maioria absoluta (mais da metade dos sufrágios expressos) apela-se para um segundo turno ou eleição decisiva, e aí dentre os candidatos concorrentes eleger-se-á aquele que obtiver maior número de votos (maioria simples ou relativa) (p.318).
Depois dos argumentos acima, de forma sucinta podemos dizer que o sistema de maioria simples consiste em dividir o país num determinado número de círculos, havendo em cada um deles um determinado número de candidaturas para um mandato único. O candidato que obtiver o maior número de votos em cada círculo eleitoral vence, não sendo obrigatório os 50% dos votos da maioria. Por outra, o sistema de maioria absoluta parece-se com o sistema de maioria simples em vários aspectos mas, requer uma maioria absoluta dos votos, isto é, mais do que 50% do total dos votos. No caso de nenhum candidato o conseguir, haverá uma segunda volta, na qual concorrem geralmente os dois candidatos mais votados.
2.2.2.1.1. Vantagens e Desvantagens do Sistema Maioritário
A primeira vantagem a apresentar deste sistema é que, essa representação estimula a uma relação mais estreita entre o representante e o eleitor e a possibilidade de obtenção de partidos maioritários no parlamento, ou seja, favorece o bipartidarismo, circunscrição que facilita a governabilidade. É o que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos da América e no Reino Unido, onde os respectivos parlamentares são praticamente bipartidários (Rocha, 2008). 
Outras vantagens proporcionadas pelo sistema maioritário de acordo com Bonavides (2000), se resumem nos seguintes pontos: produz governos estáveis; evita a pulverização partidária; cria entre dois grandes partidos um eleitorado flutuante, que serve de fiel de balança para a victória eleitoral necessária à formação da maioria parlamentar. Jorge (2013) atribui outras vantagens deste sistema, tais como:
Favorece a função democrática, quando faz com nitidez emergir das eleições um partido vitorioso apto a governar pela maioria parlamentar de que dispõe; Permite determinar facilmente, graças à simplicidade do sistema o número de candidatos eleitos; Aproxima o eleitor do candidato, o primeiro vota mais na pessoa deste, em suas qualidades políticas (a personalidade ou a capacidade de bem representar o eleitorado) do que no partido ou na ideologia; Coloca o representante numa dependência maior do eleitor do que do partido; Afasta do parlamento os grupos de interesses, que não têm oportunidade de organizar-se ou institucionalizar-se sob a forma partidária e acabam integrados no seio das duas principais agremiações; Utiliza as eleições esporádicas, para substituição de representantes, como instrumento eficaz de sondagem das tendências do eleitorado; Empresta enfim à luta eleitoral carácter competitivo e do mesmo passo educacional; O eleitor não vota numa ideia ou num partido, em termos abstractos, mas em pessoas com respostas ou soluções objectivas a problemas concretos de governo (p.25).
No entanto, a primeira grande desvantagem é que “pode conduzir ao governo com maioria no parlamento um partido que saiu vitorioso das eleições sem, contudo haver obtido no país uma quantidade superior de votos” (Bonavides, 2000, p.320). Outro efeito desvantajoso deste sistema é argumentado por Cordeiro (2009) quando diz que:
A possibilidade que o critério adoptado na repartição circunscricional do país influa de forma positiva ou negativa nos partidos políticos, em virtude do status social e económico correspondente ao eleitorado dessas circunscrições. Assim, a repartição pode eventualmente ser inspirada, manipulada ou patrocinada por grupos empenhados na obtenção de determinados resultados eleitorais, favoráveis aos seus interesses. É a chamada geometria eleitoral (p.13).
Rocha (2008) oferece como desvantagens ao sistema maioritário que:
Um candidato pode ser eleito mesmo obtendo poucos votos, em detrimento da votação de todos os demaiscandidatos. Outra distorção é aquela em que distritos que representam forte concentração de votos num partido podem eleger vários candidatos, enquanto outro partido com dispersos elegerá menos, ainda que obtenha maior percentual de votos no total, gerando alto índice de desproporcionalidade (p.25).
2.2.2.2. Conceitos e Teorias do Sistema de Representação Proporcional
Cintra (2005) define sistema de representação proporcional como “fórmula mediante a qual os partidos conquistam uma cadeira parlamentar cada vez que atinjam certo montante de votos (quociente eleitoral, média maior ou resto maior) (p.130)”.
Segundo Cordeiro (2009) o sistema de representação proporcional pode-se definir como “o meio pelo qual é assegurado aos partidos um número de cadeiras no Parlamento na proporção exacta dos votos recebidos” (p.20).
O sistema de representação proporcional surgiu com a preocupação em se criar um sistema que, ao contrário da representação maioritária, impedisse que a maioria das cadeiras de uma Câmara representasse uma minoria do eleitorado. Cada partido apresenta uma lista de candidatos, sendo contabilizados os votos de cada lista e as cadeiras parlamentares disputadas entre partidos são distribuídas de acordo com o percentual de votos recebido por cada um deles (Pena, 2007).
Conforme Filho (2001), “o sistema proporcional é criação relativamente recente, pois somente neste século ganhou aceitação, embora desde 1793 haja sido defendido, sendo correcto afirmar que tal sistema foi usado primeiramente pela Bélgica em 1990” (p.39). Igualmente chamado sistema de representação das opiniões, o sistema proporcional vem sendo adoptado por vários países desde a primeira metade deste século. 
A representação proporcional de acordo com Prélot (1967) tem por objecto assegurar às diversas opiniões, entre as quais se repartem os eleitores, um número de lugares proporcional às suas respectivas forças (cit. por Bonavides, 2000, p.326). “Nos últimos anos do século XIX desenvolveu-se nos países europeus um movimento em favor da representação proporcional como modo de escrutínio para a eleição das assembleias” (Correia, 2002, p.11). Acrescenta ainda Correia (2002) que:
O objetivo dessa tendência era o de permitir que o parlamento em razão do seu modo de eleição, fosse um reflexo mais fiel das correntes de opiniões que se manifestavam em cada país, estando estas assim, representadas nas assembleias em proporção do número dos sufrágios que obtivessem. O princípio de base da representação proporcional consiste em assegurar uma representação das minorias em cada circunscrição eleitoral, na proporção exacta do número de votos obtidos (p.11).
Cintra (2008) indica que como sistema representativo, o princípio proporcional considera que as eleições têm como principal função, a representação, no Parlamento, na medida do possível, de todas as forças sociais e grupos políticos existentes na sociedade, na mesma proporção de seu respectivo apoio eleitoral. Ou como refere Pena (2007):
Os sistemas proporcionais procuram garantir que as diversidades de opiniões da sociedade estejam reflectidas no parlamento, e assegurar que a representação política no parlamento seja proporcional ao número de votos obtidos pelos vários competidores, os quais traduzem as várias forças sociais e correntes políticas presentes na sociedade (p.10).
2.2.2.2.1. Vantagens e Desvantagens do Sistema Proporcional
Encarece-se como primeira vantagem do sistema de representação proporcional segundo Pires (2009), a dispensa das coligações partidárias, vistas como instituto que levava a práticas imorais, em virtude de reunirem indivíduos de credos diversos com o fim de conquistarem o poder, repartindo depois, como coisa vil, o objecto da cobiçada vitória (cit. por Neto, 2015, p.79). Jorge (2013) sustenta outra vantagem da representação proporcional:
O princípio de justiça que nele preside. Ali todo voto possui igual parcela de eficácia e nenhum eleitor será representado por um deputado em que não haja votado. É também o sistema que confere às minorias igual ensejo de representação de acordo com a sua força quantitativa. Constitui este último aspecto de alto penhor de protecção e defesa que o sistema proporciona aos grupos minoritários, cuja representação fica desatendida em um sistema maioritário (p.28).
Para Cordeiro (2009) uma das vantagens mais positivas na representação proporcional é a efectividade do voto, eis que praticamente todos contam de alguma forma para distribuição das cadeiras do Parlamento. Pode-se afirmar que neste sistema são muito poucos os votos ditos como jogados no lixo, tendo em vista que qualquer voto dado a um partido político que obteve pelo menos um lugar no Parlamento pode ser considerado como aproveitado. E, como poucos partidos não obtêm representação nenhuma, igualmente poucos são os votos não aproveitados. Algumas vantagens do sistema de representação proporcional elaboradas por Basedau (2002):
Promovem a representação de todas as opiniões e interesses de acordo com a sua força na sociedade; Evitam a criação de maiorias artificiais que não reflictam a relação de forças na sociedade sendo antes consequência de efeitos de desproporção no sistema eleitoral; Promovem maiorias negociadas no governo através de compromissos entre diferentes grupos sociais; Evitam mudanças políticas extremas como resultado de distorções institucionais que não reflectem as mudanças reais; Promovem a representação de forças emergentes no parlamento; Evitam sistemas políticos dominados por um ou poucos partidos (p.21). 
Nicolau (2004) aponta duas desvantagens dirigidas ao sistema proporcional:
Primeiro, a ênfase exacerbada na ideia de que a função das eleições é garantir a representação, em detrimento de outro aspecto relevante, o da formação dos governos. Segundo, os distritos plurinominais, próprios ao sistema proporcional, afectam a capacidade de conexão entre eleitores e parlamentares, diante da maior dificuldade do eleitor em identificar o representante (p.60).
Muitas são as desvantagens alegadas ao sistema de representação proporcional, dentre elas se insere a diluição de responsabilidade e da eficácia do governo causado pela composição heterogênea em razão da maior facilidade de ingresso no Parlamento. Assim, em razão da heterogeneidade o governo não toma uma linha política definida e acaba ninguém se responsabilizando pela ineficiência da acção governamental. Outro factor desvantajoso de extrema importância é a distância entre os eleitores e os candidatos, ocasionado em razão do sistema. 
Como desvantagem grave do sistema de representação proporcional Bonavides (2000) indica que, exagera em demasia a importância das pequenas agremiações políticas, concedendo a grupos minoritários excessiva soma de influência em inteiro desacordo com a força numérica dos seus efectivos eleitorais. Ofende assim o princípio da justiça representativa, que se almeja com a adopção daquela técnica, fazendo de partidos insignificantes os donos do poder, em determinadas coligações. É que de seu apoio dependerá a continuidade de um ministério no parlamentarismo ou a conservação da maioria legislativa no presidencialismo. Parlamentos ingovernáveis e governos instáveis contam-se, pois entre os vícios que o sistema produz e que se apontam em desabono de sua adopção.
2.2.2.3. Teorias do Sistema Misto de Representação
“Os sistemas mistos foram elaborados mais recentemente, e derivam dos dois sistemas eleitorais históricos, o maioritário e o proporcional. Um sistema misto contabiliza os votos, em parte de modo maioritário e em parte de modo proporcional” (Nascimento, s/a, p.81). A insatisfação relativamente à representação proporcional e ao sistema maioritário levou a elaboração de uma variedade de sistemas mistos que são conhecidos e em parte aplicados já algum tempo. Desde o princípio do século XX até 1945, a representação maioritária foi declinando a favor da representação proporcional (com expção para os países anglo-saxónicos). Porém, depois da II Guerra, surgiram reações contra arepresentação proporcional que se traduziu, quer no regresso ao sistema maioritário de representação (caso da França em 1958), quer na adopção de processo de sistema misto de representação. 
Foram adoptados sistemas mistos com vista a obter as vantagens dos sistemas maioritários e dos sistemas proporcionais, ou seja, garantir a representação da minoria, de um lado, e permitir uma maior proximidade entre eleitor e representante de outro. Doravante, importa aduzir segundo Fernandes (2008) as tipologias do sistema misto de representação:
Sistema Misto de Predominância Maioritária: inspirando-se no processo inglês de sistema maioritário de uma volta, consiste em eleger vários deputados em cada circunscrição por sufrágio uninominal, isto é, cada eleitor vota apenas um candidato, sendo eleitos candidatos que figurem cabeças de listas; Sistema Misto de Predominância Proporcional: esta modalidade de sistema eleitoral traduz-se na combinação da representação proporcional com o sistema maioritário, concedendo grande liberdade ao eleito, com efeito, com base no método de Hare é proclamado eleito todo o candidato cujo número de votos obtidos ultrapasse o quociente eleitoral rectificado (este é obtido dividindo os sufrágios expressos pelo número de lugar a preencher mais sim um, acrescentando-lhe depois uma unidade), sendo os votos excedentes transferíveis para o outro ou outros candidatos, conforme as preferências manifestadas; Sistema Misto Equilibrado: atribui uma importância igual à representação proporcional e ao sistema maioritário. Onde a metade parlamentar é eleita por escrutínio uninominal maioritário de uma votação no quadro das circunscrições e a outra metade é eleita segundo o método de Hondt por escrutínio de lista (p.150).
Nicolau (2012) argumenta em seu turno que, “os defensores do sistema misto costumam apresentá-lo como uma forma de garantir o melhor dos dois mundos. As diferentes formas de combinar as partes maioritária e proporcional produzem resultados mais ou menos distantes da promessa do melhor dos mundos” (p.79). Nicolau (2012) acrescenta que:
A mistura proposta no sistema misto também é de princípios; busca-se ter governabilidade sem perder certo grau de representatividade ou de proporcionalidade na representação de diversos partidos. E com essa missão, já foram desenvolvidos dois tipos de sistema misto: o paralelo e o de correção. O modelo paralelo opera com uma segmentação clara entre a parte proporcional e a maioritária, ou seja, os votos são dados e contados separadamente. Na versão do sistema de correção existe uma comunicação entre as duas partes; os votos dados em cada uma afeta o resultado da outra. (p.79).
2.2.3. Classificação dos Sistemas Políticos
Dantas (s/a) define Sistema Político como um conjunto de regras que preside ao exercício do poder (cit. por Paiva, 1965, p.102). Em seu turno, Bordeau (1957) diz que, Sistema Político é o conjunto de regras, processos ou práticas, segundo o qual em um determinado país, os homens são governados (cit. por Paiva, 1965, p.103). No sentido amplo de acordo com Duverger (1955) chama-se Sistema Político a forma que, num grupo social, assume a distinção entre governantes e governados; numa acepção mais restrita, o termo Sistema Político aplica-se tão somente, a estrutura governamental de tipo particular da sociedade humana – a Nação (cit. por Paiva, 1965, p.102). Os sistemas políticos classificam-se em Presidencialista, Semi-Presidencialista e Parlamentarista. Vejamos a seguir um pouco como cada um procede. 
Sistema Presidencialista é o regime político em que a chefia do governo cabe ao Presidente da República, mantendo-se a independência e a harmonia entre os três poderes do Estado: executivo, legislativo e judiciário. Para Calmon (s/a), este regime é uma adaptação, ao governo republicano, da influência pessoal dos antigos reis. O Presidente da República, eleito direta ou indiretamente pelo povo, representa o povo e o Congresso Nacional. O seu mandato é irrevogável; não pode dissolver a Assembléia; exerce o mandato com autoridade própria e responsabilidade. 
Neste sistema, os poderes da chefia do Estado e do Governo concentram-se no Presidente da República, que governa auxiliado por ministros por ele nomeados. O Presidente é eleito por sufrágio directo e universal e não é políticamente responsável perante o Parlamento. O programa do seu governo pode divergir das ideias e concepções políticas da maioria parlamentar. Por seu lado, o presidencialismo pode coexistir em situações em que o Presidente se situe num espectro político diferente daquele que é predominante no parlamento. É comum atribuir ao sistema presidencialista algumas virtudes face aos demais sistemas políticos, sendo a primeira a legitimidade do chefe do executivo. Por regra, a eleição do Presidente da República faz-se por forma directa e por via disso ele goza de uma legitimidade mais abrangente, o que é importante nos momentos em que se requer uma intervenção política mais activa por parte do Presidente. A circunstância de ser eleito directamente pelos cidadãos concede ao Presidente mais “autoridade” para tomar decisões polémicas e, por outro lado, permiti-lhe proceder a transformações mais profundas na sociedade se for esse o seu objectivo. Por outro lado, o presidencialismo garante uma maior estabilidade política, uma vez que os mandatos do presidente vigoram por um período pré-determinado constitucionalmente. A interrupção do mandato poderá ocorrer só em momentos excepcionais, de acordo com a Constituição.
Novais (2007) define que Sistema Semi-Presidencialista “é o sistema de governo de democracia representativa que junta as seguintes características: há um Presidente eleito por sufrágio popular e que dispõe de poderes constitucionais significativos e há um Governo que políticamente responde perante o Parlamento” (p.141). Historicamente, o sistema semipresidencial resultou das fraquezas do sistema parlamentar. Em consequência disso, verificou-se um reforço das prerrogativas do Chefe de Estado, como forma de compensar tais fraquezas, entre as quais se realçam a incapacidade de formar maiorias estáveis e coerentes, condição essencial para se obter uma desejada continuidade governativa. Mas sempre que o sistema partidário produz uma maioria, e ela assuma o centro de gravidade política, os poderes presidenciais acabam por ficar “adormecidos” no texto constitucional, passando, em regra, para quem comanda a coligação ou o partido maioritário que chefia o governo. Só assim não sucede quando o presidente for simultaneamente o chefe da maioria parlamentar, como sucedeu em França aquando do Presidente Charles De Gaulle e alguns dos seus sucessores, de onde resulta um reforço considerável da posição do Chefe de Estado, sem enfraquecimento da maioria parlamentar.
Num regime deste tipo, é frequente constatar-se a existência de alguma hesitação no desempenho do Presidente, mormente perante situações políticamente mais críticas, tendo em conta os seus poderes constitucionais e as consequências políticas do uso dos mesmos. O Presidente tem que ponderar, de uma forma objectiva, o efeito das suas tomadas de decisão, não esquecendo que ele é, por regra, o garante da Constituição e consequentemente os seus actos devem reflectir não só o que ela, a Constituição, dispõe, como também a leitura/interpretação que ele faz dos poderes que lhe são constitucionalmente atribuídos. “Por regra, nos regimes semipresidencialistas, os parlamentos podem derrubar os governos” (Lucena, 1996, p.832).
Sistema Parlamentarista é o regime democrático fundado na separação e colaboração dos poderes, no qual o governo, exercido por um gabinete sobre a chefia de um Primeiro-ministro, é coletivamente responsável perante o Parlamento (Passaes et al., s/a). 
O que caracteriza este sistema, é o facto de existir uma partilha do poder executivo, entre o Presidente e o Chefe do Governo, sendo este escolhido pelo Parlamento, por regra, denominado Primeiro-Ministro. O Primeiro-Ministro depende da maioria parlamentar que o apoiae que lhe permite manter a estabilidade do seu Governo. Esta dualidade no Governo e a responsabilização do Primeiro-Ministro perante o Parlamento são, por assim dizer, as características fundamentais do sistema parlamentarista. O Presidente, por seu lado, exerce funções meramente protocolares e de representação simbólica do Estado. Correntemente são atribuídas a este sistema político várias vantagens, sendo que a mais significativa delas é o facto de tornar a relação entre o executivo (Governo) e o legislativo (Parlamento) mais conciliador e articulada. O Chefe do Governo é, por regra, oriundo dos quadros políticos do partido da maioria ou dos partidos que apoiam o governo e possui conhecimentos político-administrativos da “máquina” parlamentar, o que por via de regra facilita a sua actuação. Contudo, podem existir situações em que tal apoio parlamentar não é isento de percalços, quando surgem divergências entre o Chefe de Governo e a maioria que o apoia e consequentemente corre-se o risco da maioria parlamentar retirar o apoio ao Governo (Filho, 1993).
	
2.2.3.1. Representação Política
Sousa (1971) define que representante é “a pessoa a quem cabe praticar certos actos em nome de uma sociedade, e isto em virtude da posição que ocupa na estrutura da comunidade, sem precisar receber instruções específicas, nem depender da aprovação ou possível impugnação de tais actos” (p.19).
Se quisermos definir de uma forma rápida e simples o que é a representação política nas sociedades contemporâneas que se reivindicam da democracia, seguindo a linha de análise das obras de Bourdieu de 1987 e 1989, diremos que se trata da forma como o poder político se constitui, a partir de um processo de delegação através do qual a maioria dos cidadãos transfere pelo voto e por um período limitado o seus poderes a um pequeno número de profissionais, ou quase profissionais, da política. Nesse processo, a competição pelo poder de representação política é protagonizada no essencial pelos partidos, empresas especializadas na luta pelo exercício do poder político (Offerlé, 1987), que tendem a monopolizar a formulação, ou expressão, de interesses sociais no campo político. Por sua vez, Brito (2010) argumenta que:
A eleição, ou seja, a decisão sobre os decisores, que constitui o mecanismo central de construção da representação política, embora não a esgote, é um processo complexo de luta concorrencial entre os pretendentes ao exercício de cargos políticos e obedece a um conjunto de regras que formam o sistema eleitoral. Sublinhe-se, no entanto, que este não é um simples instrumento, neutro, capaz de traduzir mecanicamente uma pretensa vontade expressa pelos cidadãos no voto, mas um arranjo institucional que cria essa vontade e lhe dá forma, influenciando directamente a representação política e, como tal, motivo de lutas pela definição da configuração mais favorável aos diferentes agentes políticos em competição. Note-se que, dependendo do sistema eleitoral em vigor, a mesma votação pode produzir resultados diferentes. Assim, deve-se relativizar a ideia segundo a qual a eleição seria uma expressão fiel da “vontade popular”, que na realidade não existe a não ser como produto de um trabalho de construção operado pelos actores políticos (p.17).
Mansbridge (2003) refere que os modelos de representação política assentam em quatro tipos: a representação promissória; o modelo antecipatório; o modelo autoreferente e, por fim, o modelo substitutivo (cit. por Santos, 2008, p.46). Entretanto, alertar que é importante registrar que esses critérios normativos devem ser entendidos como tipos ideais aos quais se deve almejar e não como requisitos que podem ser empiricamente encontrados em todos os sistemas políticos democráticos, ademais esses modelos não constituem os únicos existentes e usuais, apenas levamos em conta a teoria da autora em alusão.
Segundo Mansbridge (2003 cit. em Santos, 2008) o modelo de Representação Promissória é: 
O tipo clássico de representação, que segue o modelo tradicional do agente representante. Na representação promissória a relação de poder entre o eleitor e o representante corre de forma linear. Assim, ao demandar uma promessa, o eleitor em T1 (época de eleição) exercita o poder (ou tenta) sobre o representante durante o T2 (mandato eleitoral) e tem a possibilidade de prestação de contas no T3 (época da reeleição). Esta é a forma pela qual concebem o poder Dahl e Weber. A representação promissória funciona normativamente através da possível sanção que o representante poderá sofrer futuramente (T3) ao não ser reeleito (p.47).
De acordo com Mansbridge (2003, cit. em Santos, 2008) que o modelo de Representação Antecipatória é aquele em que: 
O eleitor olha para o passado do representante. A relação de poder funciona ao contrário da anteriormente descrita, ou seja, olhando para trás. Para se entender este tipo de representação será necessário um modelo de poder diferente do tradicional (de Weber) que apenas olha para frente. Esse modelo sugere utilizar uma visão no T3 (reeleição) sobre um T2durante o mandato. Saindo da relação de poder no T1 (eleição que autorizou) para uma que começa no T2 (durante o mandato) e termina no T3 (reeleição). As preferências que emergem durante o T2 (exercício do mandato) são levadas em consideração para a próxima eleição e não apenas aquelas que existiam no T1 (eleição). Em suma, avaliamos o mandato do representante (e não seus compromissos eleitorais) e com base no seu mandato o avaliamos (p.48).
A terceira forma de representação sugerida pela autora é o modelo de Representação Auto-Referente, neste modelo Mansbridge (2003, cit. em Santos, 2008) diz que: 
O eleitor vota no representante que ele espera que vá agir da forma com que ele irá concordar, sem incentivos externos. Os representantes agem como giroscópios, girando em torno de seu próprio eixo, mantendo a mesma direção e percepção. Como nos outros modelos novos de representação, os representantes não são responsáveis para com os eleitores no sentido tradicional. As pessoas se identificam com o candidato que: (i) tem uma política de preferências semelhante a do eleitor; (ii) apresenta um comportamento de valores morais relevantes, tais como ser honesto e de bons princípios (p.49).
Por fim, Mansbridge (2003, cit. em Santos, 2008) nos apresenta o modelo de Representação Substitutiva: 
Este tipo de representação é aquela feita por um candidato para com pessoas com as quais ele não tem relação eleitoral: um representante de um outro distrito, por exemplo. Burke chama este tipo de representação virtual. Atualmente indivíduos de grupos de pressão muitas vezes utilizam-se de um representante substituto para fazer avançar seus interesses substantivos. Isso pode acontecer porque ele, muitas vezes, não tem compromissos anteriores com nenhum candidato eleito. Assim, esse tipo de representação tanto no âmbito do estado quanto da nação tem um papel importante para aqueles cidadãos cujo candidato perdeu a eleição (p.51).
Por uma óptica deliberativa Mansbridge (2003, cit. em Santos, 2008,) conclui que: 
A representação promissória precisa de boa averiguação para que se possa acertar se o candidato cumpriu ou não suas promessas políticas. A representação antecipatória requer boa deliberação entre os cidadãos e representantes, assim como boa comunicação no período entre as eleições. A representação auto-referente exige boa deliberação entre os cidadãos e entre os cidadãos e seu representante na época da eleição. E, por fim, na representação substitutiva, exige-se não só poder igual de representação de interesses, mas também boa deliberação representativa de perspectivas multiplas (p.62).
2.2.4. Classificação dos Sistemas Partidários
Segundo Mainwaring e Torcal (2005) um Sistema Partidário é “um conjunto de partidos que interagem de maneiras padronizadas” (p.252). Os sistemas partidários classificam-se em: 
· Unipartidário: é quando um só partido domina o cenário político do país, sistema característico de governos ditatoriais; 
· Bipartidário: équando dois partidos disputam as eleições e elegem representantes, podem existir outros partidos, mas de expressão muito inferior, que não chegam a influir no sistema partidário; 
· Multipartidário (ou Pluripartidário): é quando três ou mais partidos integram o sistema partidário.
Para Crespo (2010), Sistema Unipartidário é identificado como aquele em que um partido conquista postos suficientes para governar sozinho, mesmo não sendo estritamente ligado à ditadura, sua relação fáctica é evidente, tendo como exemplo pontuais os regimes autoritários do século XX. nos sistemas monopartidários, há existência de só um partido. O eleitor, nesse caso, fica sem alternativa ideológica, uma vez que a eleição configura-se secundária, destituída já do caráter competitivo, sem diálogos das opiniões contraditórias . Nesse sistema, pode-se dizer que o partido confunde-se com o poder (Teodoro, 2008).
Enquanto que Sistema Bipartidário é conhecido como o modelo mais simples, a sua característica básica é a existência de dois partidos políticos com significativas condições de alcançar o poder político, são considerados mais estáveis e eficazes na administração pública. Teodoro (2008) refere que, sistemas bipartidários a princípio, são classificados teoricamente por possuírem dois partidos em disputa. Porém, na prática, dependendo da mecânica do sistema, os países com mais de dois partidos podem ser classificados como bipartidários.
E o Sistema Multipartidário caracteriza-se pela existência de vários partidos com iguais possibilidades de chegar ao poder. Por vezes é considerado como a forma mais legítima de democracia, uma vez que possibilita representação e atendimento de interesse das minorias. É a tendência actual, de acordo com respeitados doutrinadores. Teodoro (2008) indica que, os sistemas multipartidários a rigor, adoptam três ou mais partidos políticos em disputa pelo poder. Os simpatizantes desse sistema enaltecem-no por acreditarem que este faz representar o pensamento de um maior número de opiniões ideológicas, emprestando ás minorias políticas, o peso de uma influência que lhes faleceria, tanto no sistema bipartidário como unipartidário.
2.2.4.1. Formas de Partidos
“Do século XVIII aos nossos dias, surgiram várias formas de partidos. A mais antiga é provavelmente a de Hume, que distinguiu duas categorias principais: partidos de pessoas e partidos reais” (Bonavides, 2000, p.460). Os Partidos Pessoais teriam por base sentimentos de amizade ou aversão, quanto a pessoas. Esses sentimentos impelem os adeptos ao combate político. Aí se lhes oferece ensejo de dar provas de lealdade e dedicação. Os Partidos Reais por sua vez fundam-se em alguma diferença real de sentimentos ou interesse Hume (s/a). A classificação seguinte, que teve mais voga na ciência política, foi a de Friedrich Rohmer, exposta em 1844, no livro de Theodore Rohmer, Teoria dos Partidos Políticos (Lehre von den politischen Parteien). Inspirado nos princípios da doutrina orgânica da Sociedade e do Estado, sobretudo naquele organicismo espiritualista, de fundo ético, que animou a obra de inumeráveis juristas e filósofos da primeira metade do século XIX, Rohmer, empregando até mesmo linguagem organicista quando por exemplo se refere ao corpo estatal distingue quatro tipos fundamentais de partidos, cuja natureza, para ele, corre paralela às fases de desenvolvimento do organismo humano: o partido radical, com a alma das crianças; o liberal com a psicologia dos adolescentes; o conservador, com o espírito dos homens feitos, maduros e adultos; e, enfim, o absolutista, com o carácter da velhice. Das mais afamadas é indubitavelmente a classificação de Max Weber que cifra a realidade partidária em duas formas básicas: os partidos de patronagem e os partidos ideológicos, consoante o princípio interno à força do qual se constituem.
Weber (s/a) define que, as organizações políticas de patronagem são aquelas, segundo o sociólogo, que têm principalmente em mira galgar o poder, mediante eleições, a fim de lograr posições de mando para os seus dirigentes e vantagens materiais, sobretudo empregos públicos, para sua clientela (cit. por Bonavides, 2000, p.480). Segundo Weber (s/a) diz que, os partidos ideológicos buscam a realização de ideais de conteúdo político, e se propõem por vezes a reformar e transformar toda a ordem existente, inspirados por princípios filosóficos, que implicam uma concepção nova da sociedade e do Estado. Não raro, sua acção política, sobre envolver matéria de teor constitucional, reflecte do mesmo passo dissidência com a estrutura política e social estabelecida. (cit. por Bonavides, p.480)
Todavia, a tradição partidária europeia mostra partidos ideológicos, como os liberais e conservadores, católicos e protestantes, que actuam na órbita política em inteiro acordo com o espírito das instituições, sem suscitarem questões de fundo, pertinentes à natureza do regime, como são as questões filosóficas ou determinadas espécies de questões económicas básicas. Essas agremiações, portanto, não obstante suas naturezas ideológicas, em nada diferem dos partidos norte-americanos republicanos e democratas, salvo no carácter de patronagem de que estes últimos essencialmente se revestem. Reduzem os partidos a duas modalidades fundamentais: partidos de opinião e partidos de massas. De conformidade com aquele doutrinador, Bordeau (s/a cit em Bonavides, 2000) argumenta que:
Os partidos políticos são partidos de opinião quando admitem em seus quadros a participação de pessoas da mais variada origem social, quando, pelo programa e pela acção, aderem à ordem social existente, ou quando dispõem de um fraco poder depressão sobre os respectivos componentes, ou ainda, quando patenteiam sua índole individualista através do lugar concedido às personalidades políticas. Esses partidos, que no entender do mesmo publicista francês se acham agora decadentes, caracterizaram o antigo Estado liberal. As reformas que eles preconizam jamais atingiam as bases da sociedade (p.485).
Suas exigências, com apelo à livre participação de todos, não levavam em conta a origem social dos adeptos. Volviam-se sempre para o Estado que existe e não para o Estado que deveria existir. Aos partidos de opinião contrapõe Burdeau os partidos de massas. Marcam estes o século XX e assinalam o momento de intervenção política de consideráveis parcelas do povo, dantes excluídas de qualquer ingerência na vida pública. Via de regra, o partido de massas assina à ordem política uma feição autoritária, introduz-se perturbadoramente no sistema democrático através do sufrágio universal, e apresenta geralmente teses de sabor reivindicatório, representativas de interessese, não de opiniões, de grupos ou classes e não de indivíduos ou personalidades, de homens impulsionados pelo inconformismo com a ordem existente e não de pessoas portadoras de vontade meramente discrepantes. 
Esses partidos fazem da ideologia o instrumento da transformação social, agrupam os filiados pela identidade de seu estado económico, pela origem material e pela destinação também material das aspirações igualitárias do homem-massa, aquele que, abdica sua autonomia em proveito do grupo e se submete ao rigor da disciplina e à homogeneidade doutrinária que o partido lhe impõe, fora de qualquer discussão. Escreve ainda o mesmo publicista que os partidos de opinião querem o poder num regime de concorrência, ao passo que os partidos de massas aspiram o monopólio do poder, ao regime de partido único, com o qual esmagam a oposição e impõem o triunfo de uma ortodoxia governamental única e exclusiva (Bonavides, 2000). Não há somente partidos fundados na ideologia, nos interesses ou na patronagem, mas partidos que exprimem o descontentamento ou o conformismo com a ordem estabelecida. Fazes mister por conseguinte tomá-los também sob esse último ângulo o descontentamento ou o conformismo, distinguindo aí duas modalidades principais: os partidos de movimento que buscam alterações básicas no sistema institucional vigente e os partidos da conservação, cujoprograma via de regra se concentra na resistência às mudanças propostas, com referência às instituições. São estes últimos também os partidos da ordem e da tradição (Nawiasky, s/a).
2.2.4.2. Voto em Listas Partidárias Abertas ou Fechadas
Não há dúvida de que o voto é a melhor arma de que dispõe o eleitor, porém este não pode descartar outros artifícios que, no curso do processo eleitoral, podem garantir, de forma mais eficaz, a higidez e a legitimidade da disputa (Pitta, s/a). É sabido que os cidadãos têm apenas o direito de votar uma vez em cada eleição. Entretanto, conceituar que se denomina voto partidário, aquele dado nominalmente a um dos candidatos registrados por determinado partido ou coligação. Algumas listas conferem maior liberdade de escolha aos eleitores que podem votar em um dos nomes indicados na lista partidária, outros privilegiam o partido, devendo o eleitor votar na lista partidária e não em candidatos individuais. Pitta (s/a) refere que se permaneça com a lúcida consciência de que não existe modelo eleitoral prêt-à-porter que possa resolver por completo os problemas de insatisfação dos eleitores, é necessário que se corram certos riscos e se busque modelo minimamente compatível com as necessidades da sociedade nessa quadra da história.
Em listas abertas estimula-se a personalização do voto. Nesse modelo, os candidatos possuem fortes incentivos para priorizar a formação da reputação individual em detrimento da partidária. Isso porque o voto é vinculado exclusivamente ao candidato, sendo os partidos irrelevantes na escolha dos eleitores. O voto em candidato, e não no partido, favorece a criação de vínculos entre candidato e eleitor, diminuindo partidarismo por parte dos eleitores. Esse facto contribui para fortalecer a relação entre deputado e eleitor. 
Enquanto que em listas fechadas, os partidos assumem um papel central, uma vez que a eles compete definir e ordenar a lista de candidatos e a escolha dos eleitores recai sobre uma legenda, em vez de um nome individual. Essas características mostram-se favoráveis em dois aspectos: De um lado, afecta o comportamento dos candidatos, pois os incentiva a desenvolver uma relação mais forte com os partidos, contribuindo para uma coesa disciplina partidária. De outro, torna a relação entre eleitores e partidos mais sólida, enfraquecendo o contacto entre candidatos e eleitores. Esse tipo de lista fortalece os partidos políticos, tornando maior o desinteresse dos candidatos em se relacionarem com os eleitores. Assim, no que se refere à escolha do eleitor em seu candidato preferido, se torna nula, pois a sua escolha traduz-se basicamente em voto partidário. Pitta (s/a) refere que, é inviável acreditar que a adopção do modelo de lista fechada implicará a redução do número de candidatos apresentado por cada partido político. A apresentação de um número reduzido de postulantes ao cargo em disputa pode ser nefasta para as legendas que precisam recolher a maior quantidade possível de sufrágios para engordar seu quociente partidário e, consequentemente, conseguir eleger mais candidatos.
Nicolau (2006) simplifica o argumento acima feito referindo que “os efeitos dos sistemas eleitorais são mais evidentes nesses dois modelos-lista aberta e fechada: nas democracias que utilizam a lista fechada, a escolha eleitoral é eminentemente partidária; já nas que utilizam a lista aberta, a escolha é personalizada” (p.25). De acordo com Klein (2007):
Na lista fechada o cidadão só vota em partidos – a decisão sobre que indivíduos exatamente ocuparão as cadeiras parlamentares cabe às agremiações políticas. Nesse sentido, a lista fechada reduz o poder de decisão do eleitorado. Há uma transferência de soberania para os partidos. Considerada isoladamente, essa característica é uma desvantagem em termos democráticos (p.43).
2.2.5. Relação entre Sistemais Eleitorais, Sistemas Políticos e Sistemas Partidários
Segundo Fernandes (2008), estudos realizados, concluíram que:
O sistema eleitoral determina o sistema de partido e que este influencia a própria natureza do sistema político. Mas o sistema eleitoral é apenas um elemento, entre outros, do sistema político, é um subsistema do sistema político global, uma variável do poder político, que este altera ao sabor das circunstâncias ocasionais (p.36). 
É certo que nas sociedades modernas as eleições não se limitam á escolha dos governantes pelos governados. São também um processo de aprovação ou de rejeição das equipes governativas e das políticas que estas prosseguem, constituindo, por isso, uma forma de participação periódica dos cidadãos eleitores na tomada de decisões políticas, através das eleições legitima-se os membros dos órgãos de soberania e as funções que eles desempenham, assim o sistema eleitoral garante um mecanismo de rotatividade, uma renovação das elites políticas e uma alternância no poder (Jorge, 2013). O principal objectivo da lei eleitoral consiste em permitir aos eleitos representar os eleitores, porém segundo Fernandes (2008): 
Os eleitores raramente são representados na proporção do seu peso eleitoral, normalmente não há coincidência entre a percentagem dos votos obtidos por um partido e a percentagem dos assentos parlamentares que lhe são atribuído. Não há uma representação perfeita dos eleitores que votam em tal ou tal partido político (p.43).
Segundo Duverger (s/a cit. em Fernandes, 2008) nesta ordem de ideias vai-se formular três leis sociológicas fundamentais:
1. O escrutínio maioritário de uma votação coincide com o bipartidarismo e favorece uma vincada centralizaçãona organizaçãodos partidos políticos. 2. O escrutínio maioritário de segunda votação tende para um sistema de partidos múltiplos e subtis e dependentes e favorece as grandes coligações de partidos. 3. O escrutino de representação proporcional tende para um sistema de partidos múltiplos, rígidos e independentes uns dos outros e favorece as cisões nos partidos existentes.Os diferentes sistemaseleitorais influenciam como já dissemos na estrutura dos partidos, o sistema maioritário ao proporcionar uma relação directa entre os eleitos e o seu eleitorado, origina estrutura partidária flexível, ao passo que o sistema proporcional suscita a instituição de partidos rígidos e acentua a interdição partidária (p.39).
2.2.5.1. Sistemas Eleitorais e Sistemas Políticos
Ao proporcionar a designação dos membros dos órgãos do aparelho do poder do Estado, o sistema eleitoral influencia o funcionamento e a dinâmica de um sistema político. De resto o sistema eleitoral condiciona a existência ou ausência de uma maioria governamental num sistema político pluralista, ao mesmo tempo em que facilita ou dificulta o papel e a importância dos partidos da oposição. O sistema de escrutínio maioritário de uma volta, gerando o bipartidarismo, simplificando o jogo dos partidos. 
Na Grã-Bretanha por exemplo, o partido que está no poder recebe uma missão dos eleitores: governar, realizar o programa que é apresentado ao eleitorado; enquanto o partido minoritário exerce uma função de oposição muito exacta: alertar a opinião pública, controlar o partido no poder e preparar-se para vir a assumir o poder, segundo as regras de alternância admitidas pelo sistema político. O partido no poder usufrui da garantia de possuir uma maioria, se não incondicional, pelo menos coerente e disciplinada que lhe permite governar sem sobressaltos. Esse exemplo mostra claramente que na medida em que um sistema eleitoral conduz ao bipartidarismo, constitui um factor importante de estabilidade governamental, e também de estabilidade política porque canaliza os movimentos de opinião no seio de estruturas ligadas as regras de jogo pluralistas.
O sistema de escrutínio maioritário de segunda volta que normalmente conduz a formação de alianças (procuram fazer aliança antes de chegar a segunda votação) é também factor de estabilidade governamental. A maioria, que resulta de compromisso assumido antes da segunda votação, mostra-se disciplinado e garante o seu apoio parlamentar ao Governo do qual

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