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PROCESSO PENAL 2

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PROCESSO PENAL II 
TEORIA GERAL DA PROVA - UNIDADE 1
O que seria a prova? Prova é um instrumento para promover o convencimento, essa captura do juiz. Para o professor, o processo penal NÃO serve para o descobrimento da verdade real. Para alguns, existe sim uma busca de uma verdade possível que na realidade de verdade tem muito pouco, ou seja, o processo penal serviria não para a busca de verdades, mas para a reconstrução histórica dos fatos!
A reconstrução histórica remete ao passado, daí a ideia de verdade real sendo falsa. Como diria o Aury, se fosse verdade real seria presente, mas não é presente, é passado. Juiz, autor e réu estão debruçados em uma história que não está se passando, mas sim uma história que já se passou. Tendo em mente que estou reconstruindo uma história passada, essa reconstrução se dá como se fosse um ajuntamento de retalhos de pequenos recortes daquele fato passado. Esses recortes serão depoimentos, fotografias, virão sob a forma de análises de coisas, análises periciais, ou seja, a reconstrução de um fato passado como forma de obtenção da captura psíquica do juiz, do convencimento do juiz. Esta é uma atividade probatória. É importante saber que ultrapassado o mito da verdade real (não é pra isso que serve o processo penal) nós, primeiro, reconhecemos o limite da atividade probatória. 
Atividade probatória: ela possui limites, como por exemplo, a prova ilícita está proibida, mas não só do ponto de vista da prova ilícita ou não ilícita. A atividade probatória também está proibida a partir de um determinado sistema que nós adotamos que é o sistema acusatório. No sistema acusatório a atividade probatória está limitada às partes. O sistema acusatório é aquele que limita a atividade do juiz, por querer um juiz imparcial. E por tanto nós não admitiremos que o juiz ingresse nessa atividade que é uma atividade das partes, que é uma atividade parcial e, portanto essa ideia de juiz comprometido com a descoberta da verdade real ela é fraudulenta se olhada sob a lente do sistema acusatório, por que a verdade hoje, quando se acredita que ela possa ser o objetivo no processo é a verdade processual. Se você deseja a verdade, não é a verdade real, é a verdade processual.
Verdade processual: é aquela que surge no processo e não da vida real, é aquela que está ali naquela reconstrução que está nos autos. 
Voltando a atividade probatória, é uma atividade complexa, ela pode se dar de diversas maneiras, várias etapas e níveis, dessa forma a doutrina começou a classificar. Ou seja, ela começou a organizar ideias em torno da prova. Se há provas de tantos tipos, se há provas que estão dispostas de forma tão diferente nas leis, vamos organizá-las. 
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS - TERMINOLOGIA 
Qual a diferença de fonte, para meio para meio de obtenção? 
Fonte de prova: é uma pessoa, um documento, uma coisa de onde PODE ser futuramente extraído um meio de prova. Ex.: o inquérito policial serve para apurar as fontes de prova. Exemplo 2: o B.O identificou 2 indivíduos, um deles testemunha, esse BO (o BO é somente uma notícia crime) vira um inquérito mais tarde e nesse inquérito consta o nome da dona Maria, Maria é vizinha da casa onde os fatos teriam acontecido. Tecnicamente enquanto nós apenas identificamos dona Maria como provável declarante, ela é fonte de prova testemunhal. Dona Maria é uma probabilidade, uma especulação ela antecede ao processo.
Meio de prova: é justamente a introdução da fonte no processo. Ou seja, o meio é o instrumento processual que permite que a fonte se torne efetivamente uma prova do processo. Exemplo.: uma caneta pode ser fonte de prova? PODE! Imaginando que aconteceu um crime, na faculdade, chega a informação de que a pessoa que praticou o crime esteve manuseando a caneta, pronto, ela já se torna um objeto que facilita a encontrar o autor, então ela se torna FONTE de prova. Agora qual é o meio de prova que vai permitir com que esta fonte se torne uma informação que pode ser aproveitada no processo (MEIO)? A PERÍCIA. Prova pericial é meio de prova! Então meio é o mecanismo que vai permitir a partir de uma fonte produzir informações. Os meios de provas são produzidos, as fontes não, as fontes já estão lá. Exemplo 2.: Dona Maria era fonte de prova. Quando o promotor ofereceu denúncia contra o suposto autor do crime, obviamente, ele leu o inquérito, e identificou a Dona Maria como uma pessoa que tem informações que interessam a ele. Promotor arrola dona Maria como testemunha de acusação, quer que dona Maria vá a audiência para ser ouvida diante do juiz. Então no dia que dona Maria comparece na frente do juiz em audiência e em uma atividade mediante contraditório (pois em audiência as duas partes poderão fazer perguntas a ela art. 212 CPP), as declarações vão começar a aparecer. Antes tinha uma fonte, agora tenho a produção de meio de prova, chama-se prova testemunhal. OBS.: Indício também é um meio de prova.
Meio de obtenção: em determinados casos, não temos a fonte de prova. Não sabemos onde a arma está não temos informações sobre conversas. E pensando nisso, a lei criou certos procedimentos, certos métodos para que essas fontes de prova sejam obtidas. Exemplo: busca e apreensão não é prova, é procedimento. (busca e apreensão são duas coisas diferentes, nem toda busca termina em apreensão), agora, a busca e apreensão como procedimento não diz nada, ela indica, ela identifica, ela permite que a investigação obtenha FONTES! Quando se apreende uma arma, apreende-se uma fonte de prova. Agente infiltrado é meio de obtenção, interceptação telefônica também. Obs.: Delação premiada não é prova, É MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA!! Os meios de obtenção no geral são invasivos.
FONTE 	MEIO | MEIO DE OBTENÇÃO
INDÍCIOS
O que são indícios? A palavra indícios pode ter 2 sentidos diferentes.
O que é indício querendo significar prova semiplena? Exemplo.: tenho uma denúncia por roubo oferecida contra um cidadão X. Não basta o promotor contar uma história, ele tem que ter elementos concretos, ele tem que ter elementos que mostrem que aquele crime não é uma invenção. Quando alguém for denunciado por um crime, eu preciso demonstrar a existência de um crime, mas eu preciso para que uma denuncia seja recebida, provar para o juiz logo que eu ofereci a denuncia quem é o autor desse crime? NÃO! Eu não preciso formar na cabeça do juiz, um juízo de certeza logo no início por que bastam INDÍCIOS. A ideia de prova semiplena, é a ideia de uma prova capaz de produzir um convencimento que embora mostre a probabilidade de algo, não dá a certeza, ou seja, aponto X na denuncia, e X é o PROVÁVEL autor Não precisa ser o autor certo, mas também não é qualquer pessoa, não é um juízo de possibilidade. Não se pode denunciar possíveis autores, eu tenho que denunciar prováveis autores. Exemplo 2.: estamos reunidos em uma festa, acontece um crime. Todos que estavam na festa em um primeiro momento são possíveis autores, mas não pode se bastar da possibilidade para acusar alguém formalmente.
A palavra indícios pode indicar o que se chama de prova indireta: O que é prova direta? Exemplo.: eu recebo na minha casa uma intimação para comparecer no dia tal na 3ª vara criminal para ser testemunha de acusação por que um dia eu estava na rua , acabei presenciando o crime, as autoridades pediram os meus documentos e o promotor viu isso nos documentos e me intimou. Chegando lá, as perguntas começam, o promotor faz as perguntas primeiro e eu respondo que estava indo a faculdade quando vi um carro bruscamente fechando o outro e desse carro que fechou o outro saiu um sujeito armado e sem mais nem menos começou a atirar contra o motorista que o havia fechado e fugiu. O juiz ouvindo o relato NÃO precisa fazer muitas ligações para se chegar aos fatos que eu apresentei. Da maneira que eu apresentei a ele, será mais direta. Entreguei pronto, foi o que eu vi e pronto. É o suficiente!! A ideia de o juiz poder ouvir uma pessoa, ver um vídeo, uma foto, ouvir uma gravação é o que chamamos de PROVA DIRETA. É a prova que atingeespecificamente o objeto daquele processo. OBS.: nós só conseguimos condenar alguém criminalmente se tivermos prova direta? NÃO!
O que é prova indireta? Exemplo: uma jovem de vinte e poucos anos foi encontrada morta na calçada e detecta-se que essa mulher morta na calçada, ela na verdade caiu de um andar bem alto de um hotel. A polícia faz sua investigação e chega-se a conclusão de que a mulher realmente estava hospedada em um dos quartos daquele hotel nas 2 ultimas noites. O investigador vai atrás do circuito interno, mas somente em alguns lugares possui câmera. A câmera do corredor do quarto onde a moça estava não está funcionando, mas a câmera do elevador sim. Obviamente não se possui imagens do quarto do hotel, ou seja, do fato acontecendo, obviamente não tem testemunhas. As câmeras do rol de entrada e do elevador registram um rapaz que seria ex-namorado da moça entrando no final da noite e saindo antes de amanhecer com uma atitude um tanto suspeita, olhando para os lados... Mas ninguém o viu praticando o crime. O juiz com fundamentos em fatos conhecidos (a passagem pelo saguão em 2 horários do rapaz). Agora, quando se pode a partir de fatos conhecidos supor a existência de um fato embora ele não seja conhecido diretamente eu também possuo a ideia de INDÍCIO. Mas no caso, como PROVA INDIRETA. 
Obs.: pode-se condenar alguém somente com indícios? Sim, pois é um meio de prova, juntamente com os documentos, perícias e testemunhas. O que não se permite são indícios fracos!
PROVA EMPRESTADA
É uma prova emprestada de outro processo. Exemplo.: tenho o processo A e B, o processo A por furto e o B por receptação dolosa. Aí o promotor processa o B por receptação, mas essa receptação foi à compra de um objeto furtado, e o furto desse objeto, foi objeto de outro processo, ou seja, o processo A.
 OBS.: uma prova emprestada na prática são cópias. 
OBS 2.: não necessariamente os dois são criminais. Pode-se pedir prova emprestada de uma ação civil para usar em um processo criminal.
FORMA da prova emprestada: é sempre documental, pois são CÓPIAS certificadas.
VALOR PROBATÓRIO: não é só de documento. Exemplo.: imaginando que uma pessoa foi ouvida na condição de testemunha no processo A e o promotor quer pegar essas declarações da dona Maria que já foram dadas e aproveitar no processo B. Documentalmente ele extrai copias, mas quando o juiz ler essas declarações da dona Maria ele vai tomar essas declarações como documento ou como declarações de uma pessoa como se fosse uma prova testemunhal? PROVA TESTEMUNHAL. Ou seja, o valor que é dado a ela é o valor originário. Obs.: a prova testemunhal é direta ou indireta? Depende do que a testemunha está dizendo. Obs 2.: a prova emprestada pode ser sempre utilizada? Sempre não!
REQUISITOS DA PROVA EMPRESTADA
Contraditório (consenso): exemplo – Um sujeito Rafael foi processado em um processo A acusado de furto de um celular e acusam outro sujeito Antônio no processo B de receptação desse mesmo celular. O promotor do processo de Antônio fala que quer os depoimentos do processo A pois é a mesma história, pede cópias das declarações e a juntada no processo B. Como juiz do processo B, o professor não juntaria as declarações, pois não houve o contraditório. Ou seja, quando a prova foi produzida no meio do processo, Antônio não havia participado dessa produção de prova. A prova foi toda nascida e produzida sem que Antônio soubesse, sem que tivesse nomeado advogado e sem que ele tivesse participado. As declarações deverão ser feitas novamente pelas pessoas e a prova emprestada não poderá ser usada.
Obs 1.: HC 94.624 a prova emprestada não pode ser a única utilizada para condenar alguém, ela é somente uma ajuda, não podendo ser SOMENTE ela! Não se pode fundamentar uma sentença só com prova emprestada (ela atua de maneira subsidiária).
Obs 2.: parte (MINORIA, não é consenso) da doutrina entende que existe uma exigência a mais além do contraditório. A prova só pode ser utilizada emprestada se há contraditório e se produzida perante o mesmo juízo. Exemplo: Se Antônio foi processado pelo crime A perante a 2ª vara criminal e depois por outro crime no processo B, mas perante o juízo da 3ª vara criminal, não pode ser usada à prova. Só poderá ser usada a prova emprestada se for perante o mesmo juízo (art 299 §2º - o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.)
AULA 10/08/17
Provas nominadas: é toda prova prevista em lei, ou seja, é o meio de prova que recebe tratamento legal específico. Ex.: CPP art. 211 ; 212, artigos sobre prova testemunhal.
Provas inominadas: é a prova que não está prevista na lei. Para que eu produza uma prova a prova deve estar prevista em lei? NÃO, pois a prova proibida é aquela que chamamos de prova ilícita, e não é por que a lei não previu a prova que ela é ilícita. Ex.: inspeção judicial (quando a parte solicita ao juiz que se desloque ao local dos fatos pessoalmente), ela é um meio de prova. Obs.: ela pode ser utilizada ainda que não tenha expressa previsão legal.
Prova típica: é aquela prevista em lei, sendo que a lei não prevê só o meio de prova, mas também prevê o procedimento de sua produção, ou seja, qual é o procedimento para que ela seja produzida. Ex.: produção de prova testemunhal, pois o CPP diz como essa prova deve ser produzida, o artigo diz todo o procedimento a ser seguido.
Prova atípica: é aquela que embora prevista em lei, a lei não prevê o seu procedimento. Ex.: reconstituição do crime ou reprodução simulada dos fatos art. 7º CPP, não prevê o procedimento. Obs.: quando temos uma prova atípica, qual procedimento aplicar? Utiliza-se o procedimento de uma prova típica por analogia. Ex.: gravação ambiental (são instalados dispositivos discretos onde o ambiente vai ser gravado) ela é prova nominada, mas não está no CPP, lei 12.850/13 prevê gravação ambiental, mas não dá o tratamento procedimental. Aplicam-se as normas da interceptação telefônica que é uma prova nominada e típica. 
Prova irritual: é aquela que tem um procedimento (típica), porém, no momento da produção da prova, o procedimento foi desrespeitado, descumprido. Ex.: interceptação telefônica que desrespeitou o procedimento que a lei estabeleceu. Reconhecimento pessoal (nominada, típica) feito de maneira errada, de maneira diferente da que está na lei. Obs.: não deveria nascer valor probatório, pois desrespeitou o rito, não pode ser considerado prova, (prova ilegítima – que viola direito processual).
 Prova anômala: é um tipo de prova irritual (descumprem o procedimento previsto em lei). É a situação em que quem produz a prova troca as coisas. Ex.: produz um tipo de prova usando o procedimento de outro tipo de prova. – Promotor de justiça quer que determinada pessoa (mora em JF) dê declarações ao juiz sobre o que ela presenciou. Se eu promotor de justiça quero que uma pessoa que mora em JF dê declarações em juízo, o que eu promotor preciso fazer? (prova testemunhal, a pessoa é uma testemunha) – existe todo um procedimento para ocorrer a prova testemunhal. Imaginando que o promotor chame a pessoa no gabinete e faz a entrevista lá mesmo, e o escrevendo digitando, depois imprime, a pessoa que deu o depoimento assina. Chego ao processo e peço a juntada das declarações nos autos (prova nula), pois travestiu uma prova testemunhal em prova documental. Usou o procedimento de um tipo de prova para descumprir o procedimento de outra. Obs.: Para ALGUMAS pessoas a lei prevê que podem dar declarações por escrito, por exemplo o Presidente da República.
ÔNUS DA PROVA
Ônus da prova é um assunto ligado ao principio da presunção de inocência (instaura uma regra de tratamento e uma regra sobre ônus da prova). No que diz respeito ao ônus da prova, a presunção de inocência fixa que no processo penal se o réu esta no que chamamos estado de inocência ou presunção de inocência, portanto, conclui-se que o ônus da prova recai não sobre o próprio réu, mas sobre quem o acusa. É uma consequência natural da presunção de inocência.
1º corrente (minoritária – adotadapelo professor): dirá que se o processo penal brasileiro é regido pela presunção de inocência, o dever de retirar o sujeito do estado de inocência é de quem o acusa, portanto o ônus da prova no processo penal está inteiramente com a acusação. A acusação que terá de provar o crime, pois se não atingir essa prova, o sujeito há de ser absolvido. A acusação tem o dever de provar além de qualquer duvida razoável que o crime ocorreu e aquele sujeito é o autor. 
	Se pairar uma pequena dúvida sequer, a acusação não deu conta do ônus da prova e, portanto o réu será absolvido.
2º corrente (majoritária – prevalece no Brasil): a acusação tem ônus da prova sim, mas não é o ônus da prova de 100% do crime, somente de parte do crime. Ônus da prova da acusação é só de provar o fato típico. As excludentes de ilicitude, culpabilidade e o chamado álibi (argumentação da defesa que apresenta um fato ao juiz, fato este que é incompatível com a pratica de um crime) ficam para a defesa provar. Obs.: legitima defesa – ônus da prova da defesa; inexigibilidade de conduta adversa – ônus da prova da defesa. Por que essa é a corrente majoritária no Brasil? Por causa do direito penal e por causa do processo civil. As pessoas que criaram essa corrente saíram do processo civil e enfiaram no processo penal, pois no PC tem a regra: ao autor incumbe na inicial a prova do fato alegado e à defesa a prova de fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor. Ex.: no processo civil se há fato novo que possa extinguir, modificar ou impedir o direito do autor, incumbe ao réu a prova sob pena de “ele perder”. E traduziram isso ao processo penal (ao promotor e MP incube a prova do fato típico narrado na petição inicial e ao réu incumbirá a prova de eventuais excludentes que ele vier a alegar, sob pena de ele der condenado). ATENÇÃO: Isso tudo é resultado de uma crença de direito penal – teoria do crime! ATENÇÃO: Relação entre tipicidade e ilicitude. No Brasil no direito penal vigora a teoria da “ratio congnoscendi” (explica qual é a relação da tipicidade com a ilicitude). Quando você descobre que o fato é típico – presume a ilicitude (ou seja, a culpa e não se pode presumir culpa), a menos que exista nessa situação uma excludente da ilicitude que a DEFESA deve provar (legitima defesa, por exemplo). 
Obs.: a defesa não tem ônus, a defesa tem interesse!! 
PROCESSO E PROCEDIMENTO – UNIDADE 2
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Se não tiver pressupostos processuais o juiz pode rejeitar a denúncia. O nome pressuposto processual está ligado à ideia de vários elementos que devem estar presentes para a existência de uma relação processual isto é, quando falarmos de pressupostos de existência do processo e ainda que existente o processo para que possamos reconhecer que este processo teve valor, validade, ou seja, pressupostos de validade do processo. São dois pressupostos:
Pressupostos de existência de um processo: é comum afirmar que para que exista o processo, 3 coisas precisam existir: 1) órgão julgador (juiz) ; 2) partes (autor e réu) ; 3) pedido (demanda) condenação.
Obs.: sobre o órgão jurisdicional, o pressuposto de existência é a existência de um juízo, um tribunal e não necessariamente um tribunal ou juiz competente, por que a competência já é um atributo que pertence aos requisitos de VALIDADE. 
Obs 2.: sobre as partes, parte da doutrina entende que não são pressuposto de existência processual. Eugenio entende que partes não são pressuposto para existir processo, pois para ele e para outros, existe processo em um simples momento em que o autor vai ao juiz denunciando uma pessoa, ou seja, eu não tenho que completar a relação processual com o réu para dizer que houve um processo. Eugenio diz “se uma denuncia é oferecida contra uma pessoa, e o juiz rejeita essa denuncia, o réu não será citado para responder a esse processo e nem vai ser citado”. Só que Eugenio diz que no momento que o juiz esta rejeitando esta denuncia, ele esta extinguindo o processo que teve existência, durou pouco, mas existiu. A citação do acusado completa a formação do processo.
Obs 3.: sobre os pedidos, todo processo penal tem que ter pedido? O único tipo de processo que começava sem pedido pela própria atuação do juiz era no sistema inquisitório. Processo penal para se iniciar, não pode ser de ofício pelo juiz, tem que ser do acusador e deve ter um pedido. Obs.: não existe so processo de natureza condenatória, existem as chamadas ações não condenatórias. As ações condenatórias, quando você move o estado para condenar alguém, sempre deverá ter pedido senão terá um processo inquisitório. Uma ação condenatória começada pelo juiz é sistema inquisitório. Agora, uma ação não condenatória dependendo não precisa nem ter pedido. Ex.: Habeas Corpus (uma ação que tem finalidade liberatória), pode ser concedido de oficio e não precisa nem de pedido.
AULA 21/08/17
FASES DO PROCEDIMENTO
É um tema que se aplica a todo e qualquer procedimento. Os procedimentos no Brasil são muitos e muito diferentes entre eles. Porém todo ele seja de que natureza, seja qual a cara que eles tem, atravessam 4 etapas. Abaixo, as 4 etapas que dividem um procedimento penal:
Fase postulatória: a fase de postulação possui os atos – oferecimento da denúncia ou queixa, petição inicial, é a fase dedicada ao exercício ou ao primeiro exercício de defesa.
- Essa defesa divide-se em duas, quais sejam: Primeiro vai ter o oferecimento da denúncia ou queixa, logo após terá o juízo de admissibilidade, ou seja, o juiz já vai analisar a petição inicial e se recebe ou rejeita a denúncia, se ele rejeitar acaba por enquanto, mas se ele receber, ele vai adiante e ao prosseguir ele cita o acusado para ele apresentar a defesa. DENÚNCIA – ADMISSIBILIDADE – DEFESA (depois do recebimento). Essa defesa recebe o nome de resposta à acusação. Quando a defesa for apresentada após a denúncia ser recebida, denominamos isso de resposta à acusação. Ex.: procedimento ordinário, procedimento sumário do júri entre outros. 
Obs.: neste tipo de procedimento, quando o denunciado é chamado, quando a denúncia já foi recebida, ele já esta na posição de réu e só depois ele teve a oportunidade de se manifestar.
A segunda defesa, também começa com a petição inicial, denúncia ou queixa, mas diferente da outra, no momento em que é oferecida a denúncia ou queixa o juiz não faz o juízo de admissibilidade de cara. Oferecida à denúncia isso vai pro gabinete do juiz, mas não pra que ele faça o juízo de admissibilidade ainda, mas pra que ele apenas notifique a defesa para que apresente uma resposta e só depois que esta defesa for apresentada que ele realizará o juízo de admissibilidade. DENÚNCIA OU QUEIXA – NOTIFICAR DEFESA – ANALIZAR ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO (recebimento). Ou seja, quando o juiz for analisar o juízo de admissibilidade, ele não terá somente uma peça acusatória nas mãos, ele terá duas peças, uma acusatória e uma peça defensiva. Chama-se de defesa preliminar. Ex.: procedimento especial da lei de drogas, procedimento dos crimes funcionais, procedimento sumaríssimo.
 
Fase instrutória: dedicada a produção das provas. Ela vem desde a fase postulatória e vai quase até o final do processo. Obs.: é possível começar um processo produzindo provas, exemplo: documentos/provas documentais. 
Fase decisória: abrange a sentença e as alegações finais (momento para que as partes argumentem ou convençam o juiz qual decisão ele deve tomar, isso com as provas já concluídas). Por regra, as alegações finais são orais.
Fase recursal: se dedica tanto a interposição dos chamados recursos ordinários (apelação, recurso no sentido estrito, embargos infringentes), quanto os chamados recursos extraordinários (quando você acessa o STJ e o STF). Obs.: só se chega à fase de execução da pena quando acabou a fase recursal inteira. Transitado em julgado (quando não couber mais recurso algum), aí sim remetem-se os autos para a vara de execuções criminais para que o sujeito condenado cumpra a pena. Mas lembrando que houve a mudança de quea fase de execução pode ser antes da fase recursal.
ELEMENTOS DE DEFINIÇÃO
O processo penal brasileiro se utiliza de 3 elementos para se definir um procedimento. O procedimento pode ser definido ou pela NATUREZA DA INFRAÇÃO, ou pela QUALIDADE DO AGENTE, ou pela GRAVIDADE DA INFRAÇÃO. 
NATUREZA DA INFRAÇÃO: júri (crime doloso contra a vida); procedimento especial da lei de drogas, crimes funcionais (crime contra a administração) etc.
QUALIDADE DO AGENTE: procedimento especial da Lei 8038/90 (fixa um procedimento para os agentes públicos detentores de foro por prerrogativa de função).
GRAVIDADE DA INFRAÇÃO: é definido pela pena. É DEFINIDO PROCEDIMENTO COMUM.
Esses dois primeiros definem procedimentos especiais sempre!
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO art. 395 ao 405 cpp: 4 anos ou mais de pena.
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO art. 60 e SS da Lei 9.099/95: até 2 anos de pena.	
PROCEDIMENTO SUMÁRIO art. 531 a 539 cpp: entre 2 a 4 anos de pena.
PROCEDIMENTOS COMUNS.
CLASSIFICAÇÃO E PREVISÃO NORMATIVA
Como se dividem os procedimentos no Brasil e onde estão previstos? 
Art. 394 CPP!!!! 
O procedimento especial é chamado de especial, pois ele foi feito e pensado especialmente para certos crimes e certas pessoas. Ex.: júri art. 406 e ss ; crimes contra honra; crimes funcionais; crimes contra a propriedade imaterial;
AULA 24/08/17
RITO SUMARÍSSIMO
ESTATUTO DO IDOSO: LEI 10741/03
Um artigo do estatuto do idoso causou muito transtorno e muita discussão. 
Art. 94 – nos crimes previstos nesta lei, aplica-se o procedimento sumaríssimo se o crime tiver pena até 4 anos. E qual foi à esquisitice? Pensemos assim: ser julgados nos juizados é algo benéfico ou algo que causa prejuízo? É algo benéfico, pois no juizado especial criminal a lei 9099 estabelece direitos que você não tem em lugar nenhum. Ex: quando é que você pensou que já justiça comum, o acusado de crime poderia sentar a mesa com o MP combinando sobre a denúncia, serviços a comunidade? Isso na justiça comum é impensável. O juizado tem uma coisa chamada transação penal, então quem é julgado nos juizados tem o direito de sentar a mesa com o MP, ou seja, o acusado tem o benefício de que o MP ofereça a ele uma proposta de transação penal. 
A esquisitice: todo mundo para ter benefício ao juizado, só pode ter praticado crime de até 2 anos de pena, mas no artigo entende-se que os que agridem idosos, esses estão melhor que todo mundo, pois podem praticar crime contra idoso de pena ate 4 anos e terá a lei 9099 benéfica, aplicada a eles. (Isso em uma leitura inicial do artigo 94) e sendo assim, o idoso estaria desprotegido.
A doutrina começou a discutir e o STF diz que temos que ler o artigo 94 assim: se a vítima do crime for um idoso (é aquele sujeito que tem prioridade, que não pode esperar tanto quanto nós podemos esperar pela solução de um processo. O procedimento sumaríssimo é o mais célere). O criminoso que praticar crime contra idoso, mesmo que o crime for de até 4 anos, o PROCESSO seguirá o rito do juizado especial, pois da denuncia ate a sentença demoram algumas horas se for cumprido o que está na lei. 
Obs.: o artigo 94 não abrange a fase preliminar, abrange só a fase processual.
Obs.: o juizado tem 3 benefícios: composição civil dos danos (acordo), transação penal e suspenção condicional do processo (SUSPRO).
Obs.: o estatuto do idoso assim como o estatuto da criança e do adolescente prevê crimes em espécie que obviamente tem o claro objetivo de estabelecer proteção no que diz respeito a violência contra idosos.
ATENÇÃO: 3 crimes: Um crime contra idoso com pena máxima de 1 ano: aplica-se a lei 9099, podendo sim fazer uma transação penal.
 Um crime contra idoso com pena máxima de 3 anos: não tem direito aos benefícios da lei 9099, pois pra isso valem os 2 anos. Será o procedimento sumaríssimo pois anda mais rápido. 
 Um crime contra idoso com pena máxima de 5 anos: ele não tem direito a transação penal, será o procedimento ordinário, pois ultrapassa 4 anos.
Então, não se tem procedimento sumário no estatuto do idoso, pois o sumaríssimo tomou o lugar dele. Não se tem proibição da lei 9099 no estatuto, mas tem-se a aplicação da fase processual aos crimes de até 4 anos e pela ação direta de inconstitucionalidade 3096 do Supremo – se for benefício, será somente até 2 anos, do contrário o idoso estaria desprotegido.
CRIMES ELEITORAIS: LEI 4737/65
Atentar-se para procedimento e competência, que há diferenças. 
Crimes eleitorais são crimes previstos em lei, ou seja, temos o código eleitoral onde constam vários crimes.
Dica de concurso público: injuria, difamação e calunia quando acontecem em uma propaganda eleitoral, busca-se dentro do código eleitoral, pois há artigos específicos para esse tipo de crime.  Os crimes de injuria, calúnia e difamação são de ação penal privada, mas as do código eleitoral são crimes de ação pública.
Os crimes eleitorais são da competência do juizado especial criminal quando a pena é menor que 2 anos? Não! É da competência de uma justiça especializada chamada justiça eleitoral, pois são crimes eleitorais.
Quando o crime eleitoral não passar da pena de 2 anos, eu posso PEDIR ao juiz eleitoral que provoque o MP eleitoral para oferecer transação penal para o cliente? Embora a competência para julgamento dos crimes eleitorais seja na justiça especializada eleitoral, são aplicáveis os dispositivos da lei 9099 em especial as disposições que versam sobre transação, sobre composição... Então hoje, o próprio tribunal superior eleitoral (TSE), tem admitido aplicar a lei 9099 no âmbito da justiça eleitoral.  Mas com uma condição: só pode ser aplicada a lei 9099 na justiça eleitoral se a pena fixada para o crime não for uma pena especifica da esfera eleitoral, pois se for uma pena eminentemente de caráter eleitoral não cabe transação, não cabe composição, não cabe nada.
 Ex: difamação-Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa. Não há que se falar em pena essencialmente eleitoral nesse caso, é a velha detenção, não tem nada demais. Aplicar-se-ia a lei 9099!
Ex 2: um sujeito é dono de uma loja de material de construção em uma cidade do interior, e ele resolveu colocar os funcionários para fazer propaganda pra ele e cada nota fiscal um santinho grampeado. Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores: Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.  Típico crime que não cabe transação penal.
LEI DE VIOLENCIA DOMÉSTICA: LEI 11340/06 (lei Maria da Penha)
Artigo 41 da lei 9099 – não se aplica ao crime de violência domestica a lei 9099. Isso quer dizer, que não se aplica o juizado especial mesmo se o marido da mulher praticar uma contravenção penal (que nem crime é). Isso serve para quebrar o ciclo de violência, pois não basta somente pagar uma cesta básica e continuar praticando a violência domestica então o art. 41 retirou a lei 9099 nesse caso da Maria da Penha.
1º problema: chega à mulher na casa da mulher em JF dizendo que foi agredida/lesionada dolosamente leve. Aplicam-se os juizados? Não, pois o agressor da mulher esta no art. 129 §9º, cuja pena é de 3 anos.
2º problema: imaginemos que o sujeito praticou contra a mulher um crime e este crime tem a pena de 6 meses a 3 anos. Cabe a aplicação da lei 9099? Não, pois a pena é de 3 anos. E quando tem a suspenção condicional do processo (SUSPRO) é um beneficio concedido para as pessoas acusadas de crime cuja pena mínima não seja superior a 1 ano – a ideia da lei era quebrar o ciclo de violência devido a não pagar a agressão com cesta básica. A corrente que prevalece está na 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitossujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
AULA 28/08/17
CRIMES MILITARES
O problema está elencado no artigo 90-A da Lei 9099/95.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. 
Pergunta-se: Por que a Lei 9099 não é aplicável aos crimes militares? Porque na esfera militar vive-se outra principiologia, é diferente da vida civil. O direito militar é formado pelos princípios da obediência e da hierarquia, a ideia de disciplinamento é muito forte na esfera militar. 
Se fora dos quarteis, dos batalhões e das organizações militares, praticar um crime de ate 2 anos pode significar uma lesão de menor potencial ofensivo? Mesmo que o crime tenha pena de ate 2 anos na esfera militar, isso é enxergado de forma diferenciada. OBS: menor ofensividade na vida civil, não necessariamente o será para a vida militar.
1º problema: a justiça militar brasileira não julga apenas militar. A justiça militar brasileira tem competência para processar e julgar criminalmente civis por crimes militares.
Obs 1: qual esfera da justiça militar julga civis? Nós não temos apenas uma justiça militar, o Brasil tem 2 esferas da justiça militar. Justiça militar dos Estados – MG, RJ, SP, etc.  (detém competência para julgamento e processo de crimes militares e outras ações que envolvam policiais militares e membros do corpo de bombeiros). Justiça militar da União detém competência para processar e julgar militares “federais”, membros integrantes das forças armadas (marinha, aeronáutica e exercito). ATENÇÃO: só a justiça militar da União tem competência para o julgamento de pessoas comuns “civis”. 
Pergunta-se: a justiça militar estadual tem competência para o julgamento de pessoas comuns “civis”? Não. Não há competência das justiças militares dos estados para julgar civis.
Imaginemos que um sujeito, cidadão comum civil esteja respondendo pela pratica de um crime cuja pena máxima não supera 2 anos. Este crime de pena máxima de 2 anos (temos a principio a lembrança do juizado especial criminal) só que é um crime previsto na legislação militar. Caberia a proposta para esse cidadão comum de transação penal, benefícios próprios da lei 9099? Se for olhar secamente para o artigo 90-A da lei 9099, não caberia, pois esse cidadão comum seria julgado na justiça militar e lá não caberia a transação penal e a composição civil dos danos.  Mas isso vem mudando na jurisprudência.
HC do STF de nº 99743 
Estamos começando a mudar essa interpretação. Não é que estamos abandonando o artigo 90-A, ou seja, continua aquela logica que pra justiça militar não vale lei 9099, só que a mudança de postura esta sendo em relação aos civis acusados na justiça militar por dois motivos: 
1- não há sentido em se aplicar ao civil uma restrição, não vale a lei dos juizados, se o civil diferentemente de um militar não esta sujeito aos deveres próprios dos militares, ou seja, pra um cidadão comum a pratica de uma infração penal de menor potencial ofensivo vai continuar sendo uma infração penal de menor potencial ofensivo sem violação ao principio de hierarquia, disciplina nada disso e por que é somente um cidadão comum. 
2- correção de uma desigualdade, por que se tem na realidade um mesmo fato praticado contra dois sujeitos, um da esfera militar estadual e outro da esfera militar federal, há uma grande contradição. EX: Imagine duas pessoas, Joao e Pedro, eles praticaram o mesmo crime, e esse crime tem 1 ano de pena máxima, só que a diferença e que João praticou esse crime contra um policial militar e Pedro contra um soldado do exercito. Praticaram a mesma infração penal, contra dois membros de organizações militares, um estadual e outro federal. O que acontecera no processo se não fizesse uma correção no artigo 90-A da lei 9099? Embora tenham praticado o mesmo crime contra as mesmas autoridades militares, Joao por ter praticado contra o PM vai ter direito a transação penal e a todos os benefícios da lei 9099, pois a justiça dos estados não julga civis e ele será julgado pela justiça comum. Contudo Pedro será julgado na justiça militar da união e por causa do artigo 90-A não vai poder fazer transação penal.  E é por isso que o STF vem entendendo ultimamente que o artigo 90-A pode e deve ser aplicado não pra civis, ou seja, o STF vem preservando o direito dos cidadãos comuns julgados na justiça militar de fazer uso dos benefícios da lei 9099!
INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO SUJEITAS A PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
- Só aplica-se o procedimento comum se não houver um procedimento especial essa é a regra. Só que agora nas infrações penais de menor potencial ofensivo, essa regra não se aplica. Ela não vai se aplicar por que desde o ano de 2006 quando foi editada uma lei 11313 as coisas andaram mudando na lei 9099. Até 2006 o artigo 61 da lei 9099 dizia: aplica-se o procedimento sumaríssimo as infrações penais com pena ate tanto salvo disposição ou previsão especial em contrario, ou seja, aplica-se o procedimento comum sumaríssimo salvo se houver procedimento especial. Só que no ano de 2013 a norma tirou essa ressalva, e com isso desde 2006 pra cá, o que é uma infração penal de menor potencial ofensivo? É toda infração penal cuja pena máxima supere ou não supere 2 anos ou todas as contravenções penais sem qualquer ressalva, ou seja: se nós tivermos um crime de pena máxima de por exemplo de 1 ano, de acordo com o novo texto do artigo 61, o procedimento aplicável de qualquer maneira será o procedimento comum sumaríssimo. Obs: as leis acima EXCLUEM expressamente a incidência dos juizados, ou seja, são exceções. 
EX: 3 crimes – calunia, difamação e injuria  tem procedimento especial, só que naquela época se os crimes contra honra tinham procedimento especial, então não aplicava o procedimento sumaríssimo, pois tinha o “salvo”. De 2006 pra cá, mesmo que esses crimes não tenham pena superior a 2 anos, aplicamos o procedimento sumaríssimo. 
DESLOCAMENTO DA COMPETENCIA 
No juizado especial existem expressamente 2 situações em que um caso “nasce” nos juizados mas é obrigado a sair de lá sem que se mude o crime, sem que mude coisa alguma. 2 coisas acontecem e de repente o juizado especial criminal perde a competência em favor da justiça comum. 
§Único do artigo 66 da Lei 9099 diz: quando o autor dos fatos não for encontrado para ser citado, por REGRA de acordo com a lei 9099 não é realizado no juizado especial criminal citação por edital. Se o sujeito não for encontrado no seu endereço no juizado, o juizado perde a competência, por que a lei 9099 diz que se ele não for encontrado, remeta os autos para a justiça comum (lá o processo prosseguirá com a citação por edital do acusado). O processo não troca de lugar, ele só é deslocado para a justiça comum. 
Obs.: ele (processo) vai e não volta! Muda de juízo e será distribuído para alguma das varas criminais comuns.
Obs 2: não é uma facultatividade, o juiz manda!
2º caso de modificação de competência (mandar para justiça comum): art. 77 §2º da lei 9099 – se tivermos um caso no juizado especial que ofereça maior complexidade, o MP poderá requerer ao juiz a remessa dos autos para a justiça comum. Vamos imaginar que um determinado suspeito praticou lesão corporal de natureza leve, levanta suspeita ao MP de que é doente mental, ou seja, ele bateu em alguém, mas fez pelas dificuldades psíquicas e intelectuais que ele enfrenta. E agora que devemos encontrar a situação dele de inimputabilidade. O que era aparentemente fácil de ser apurado deixou de ser, pois para determinadas apurações como inimputabilidade, dependência toxicológica, eu preciso de pericias que não são simples.
Obs 3: o fato de um crime eventualmente ser deslocado do juizado para a justiça comum, não impede a concessão dos beneficio da lei 9099. 
Artigo 538 do CPP – Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum às peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
	Transformação definitiva!AULA 31/08/17
Art. 394 – é o ponto de partida. Ele precisa ser entendido a partir de uma situação que pode ser: um crime simples, um crime qualificado, um crime com causa de aumento e diminuição, agravantes e atenuantes ou até mais de um crime.
QUALIFICADORAS
Como eu faço para saber o procedimento a ser aplicado se o crime é um crime qualificado? 
Ex: crime de abandono de incapaz – Imagine que um jovem casal é denunciado por abandono de incapaz. O casal tinha um filho recém-nascido e saiu para compras e esqueceu o bebe dentro do carro, o bebe estava vivo quando ainda o encontraram mas para o MP o crime de abandono de incapaz chegou a ser consumado. Art. 133 CPP (abandono de incapaz). Qual seria o procedimento se a história fosse essa? Primeiro analisamos se tem procedimento especial (neste caso não tem, pois não existe um procedimento especial para crime de abandono de incapaz), então se adota algum procedimento comum, e a pena desse crime é de 6 meses a 3 anos. Este casal seria processado e o processo penal deste casal seguiria o rito sumário pela pena máxima ter 3 anos que fica entre 2 e 4 obviamente. 
Ex 2: E se a história mudar e infelizmente no momento em que se encontra a criança, a mesma já estava morta? Art. 133, §2º - se resulta morte, reclusão de 4 a 12 anos. Movimentou-se a pena máxima, pode ficar atento, pois o procedimento pode ser mudado. Neste caso mudou-se para o procedimento ordinário pois a pena máxima ultrapassou 4 anos.
Obs: para achar o procedimento de um crime qualificado, basta que eu me atente a pena máxima do tipo qualificado!! Devemos olhar para a pena do crime qualificado, não do caput. 
CAUSAS DE AUMENTO E CAUSAS DE DIMINUIÇÃO
Como diferenciar uma qualificadora de uma causa de aumento? A causa de aumento vem em termos de fração, e a de diminuição também. É uma fração aplicada sobre a pena. Ex: no abandono de incapaz na pena de crime qualificado vai de 4 a 12 anos, mas percebe-se que se trocar a história, vai acontecer algo diferente. Temos a hipótese que o bebe não morreu, foi encontrado abandonado, porem foi encontrado abandonado em um lugar ermo. Essa história é capaz de modificar o rito, art. 133, §3º CPP – as penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3 (causa de aumento). As questões das causas no direito penal podem modificar o procedimento, pois tem o item – as causas de aumento são capazes de elevar uma pena além do máximo. Se o processo penal leva em conta a pena máxima e se a causa de aumento pode movimentar a pena máxima para além daquilo que a lei propôs, ou seja: abandono de incapaz (6 meses a 3 anos), porem + 1/3 se ele foi abandonado em lugar ermo ele pode ser condenado a mais de 3 anos, e neste caso ele pode ser condenado a 4 anos. Agora pego este número (4) e vou ao artigo 394 para saber o procedimento, que neste caso é procedimento ordinário, que faz muita diferença.
Vamos imaginar que fosse os mesmos 3 anos, menos 1/3 = 2 (foi para o juizado, faz transação, composição civil dos danos, outro rito (sumaríssimo).
- O código penal tem 2 formas de falar as causas de aumento 
1ª causas de aumento e causas de diminuição fixa: quando a lei já dá a fração específica, exemplo: aumenta-se de 1/3 ou ele não aumenta. Só olhar a pena máxima.
2ª causas de aumento e causas de diminuição variável: quando a lei estabelece uma margem de frações, exemplo: a pena aumenta-se de 1/6 até a 1/2, de 1/3 a 2/3. 
Como vamos fazer agora para escolher o procedimento se a causa de aumento for variável?
 Ex: dou-te um caso de 3 anos de pena máxima em que a acusação pede que ele seja condenado não só a pena do crime, mas a um paragrafo qualquer que diz que tal circunstancia o crime ainda tem um aumento e esse aumento é de 1/6 até 1/2. Não dá para fazer a conta com os dois (1/6 e ½. Deve-se escolher um deles para poder fazer a conta). E como a referencia do processo penal é a pena máxima, fixaremos o aumento maior, ou seja, para achar o rito, deve-se pegar o maior que é ½. 3 anos aumentado até a ½ = 4 anos e meio (procedimento ordinário). 
Como vamos fazer agora para escolher o procedimento se a causa de diminuição for variável?
Ex: crime tentado.
 Art. 14 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. A tentativa, por exemplo, é uma causa de diminuição de pena. Como achar o procedimento? Crime de 3 anos tentado, menos 1/3 a 2/3, se eu tiro 2/3 da pena eu estou tirando mais da pena, então o máximo que ele poderia ser condenado é tirar o menos possível, ou seja 1/3! 
AGRAVANTES E ATENUANTES
Elas interferem na fixação do meu procedimento? Sim, pois o processo penal toma como referencia a pena máxima. Mas não fazem diferença na hora de achar o procedimento.
 As agravantes e atenuantes estão nos arts. 61 até 67 do CPP. 
 Qual a diferença entre agravante e causas de aumento? Na agravante, a lei não diz a quantidade, somente diz que AGRAVA, ou seja, são circunstancias que sempre agravam, mas não diz a fração, a indicação numérica específica. Vai ser operada em uma fase diferente, e a abordagem será diferente. 
O QUE JÁ SABEMOS: fixar um procedimento comum – se o crime estiver sozinho, 1 crime só de qualquer maneira, simples, qualificado, causa de aumento fixa ou variável, causa de diminuição fixa ou variável e até agravante e atenuante que não fazem diferença.
O QUE VAMOS APRENDER AGORA: nem sempre o problema vai aparecer com um crime só, pode aparecer com 3, 4 e por ai vai. 
FIXAÇÃO DE PROCEDIMENTO COM CONCURSO DE CRIMES
Tipos de concurso de crimes: um sujeito “x” acusado de vários crimes. 
Obs: O ensinamento de agora só se aplica e funciona quando tiver a certeza que cada um dos crimes deste concurso, olhados isoladamente, separadamente, são do procedimento comum. Ex: furto + dano = os dois crimes olhados separadamente são procedimento comum? Sim! Ex: roubo (comum) + tráfico (procedimento especial), ai já é outra regra.
Concurso material - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Vê a pena máxima de cada crime separado e depois soma tudo para poder achar o rito. *somam-se as penas máximas* 
Concurso formal - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
 O concurso formal se divide em 2: 
 Próprio - O agente produziu dois ou mais resultados criminosos, mas não tinha o desígnio de praticá-los de forma autônoma.
 Ex 1: João atira para matar Maria, acertando-a. Ocorre que, por culpa, atinge também Pedro, causando-lhe lesões corporais. João não tinha o desígnio de ferir Pedro. 
Ex2: motorista causa acidente e mata 3 pessoas. Não havia o desígnio autônomo de praticar os diversos homicídios.
Impróprio - Quando o agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes dolosos, tendo o desígnio de praticar cada um deles (desígnios autônomos).
 Ex1: Jack quer matar Bill e Paul, seus inimigos. Para tanto, Jack instala uma bomba no carro utilizado pelos dois, causando a morte de ambos. Jack matou dois coelhos com uma cajadada só.
Ex2: Rambo vê seu inimigo andando de mãos dadas com a namorada. Rambo pega seu fuzil e resolve atirar em seu inimigo. Alguém alerta Rambo: “não atire agora, você poderá acertar também a namorada”, mas Rambo responde: “eu só quero matá-lo, mas se pegar nela também tanto faz. Não estou nem aí”. Rambo, então, desfere um único tiro que perfura o corpo do inimigo e acerta também a namorada. Ambos morrem.
Crime continuado: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
ATENÇÃO: se todos os crimes forem de procedimento comum, eu tenho que achar a espécie de concurso (material; formal ou crimecontinuado). 
24min e 20 seg

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