Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
1 2 CONCEITO DE ACIDENTE Para tratar de auxílio-acidente é necessário inicialmente conceituar e delimitar o que é acidente para fim do auxílio em estudo, segundo Brandimiller1 definiu acidente como: No sentido genérico, acidente é o evento em si, a ocorrência de determinado fato em virtude da conjugação aleatória de circunstâncias causais. No sentido estrito, caracteriza-se também pela instantaneidade: a ocorrência é súbita e a lesão imediata. Os acidentes ocasionam lesões traumáticas denominadas ferimentos, externos ou internos, podendo também resultar em efeitos tóxicos, infecciosos ou mesmo exclusivamente psíquicos. Sob o mesmo ponto de vista entende Brandimiller que acidente não pode ser conceituado de forma genérica por seus danos causados e suas consequências, podendo assim ser classificado: O acidente comporta causas e consequências, contudo não pode ser definido, genericamente, nem pelas causas nem pelas consequências. As circunstâncias causais permitem classificar os acidentes em espécies: acidentes do trabalho, acidentes de trânsito, etc. As consequências também classificam os acidentes: acidentes com ou sem danos pessoais, acidentes com ou sem danos materiais, acidente grave, acidente fatal, etc.2 Pode se ter a ideia de acidente sobre diversos aspectos, não coexistindo um aspecto exato, podendo ainda só trazer consequências futuras. Vale ressaltar que Brandimiller em seu livro nos relata: Os efeitos agressivos do acidente podem se processar ao longo de um certo lapso de tempo, como no caso de acidentes aéreos ou náuticos em que a vítima não sofre lesões imediatas, mas vem a falecer depois de algum tempo pela privação de água e/ou alimentos. Portanto a subitaneidade é característica necessária da ocorrência, mas não necessariamente dos efeitos3 Ou seja, acidente nada mais é do que um evento inesperado e indesejável que causa danos pessoais e patrimoniais a outrem de origem no termo latim 1 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 2 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 3 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 2 accĭdens. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, este conceito faz referência à qualidade ou ao estado que é ocasionado em algo, sem que seja parte da sua essência ou natureza; ao acaso que altera a ordem regular das coisas. De acordo com Sounis acidente é toda a ocorrência não desejada que modifica ou interrompe o andamento normal de qualquer tipo de atividade4 2.1 AUXÍLIO-ACIDENTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA HODIERNA Na legislação atual Omar Chamon, defende que a justiça estadual é competente para julgar auxílio-acidente: A Justiça Estadual é a competente, a teor do art. 109 da Constituição Federal para julgar as ações que tenham por objeto o auxílio- acidente, decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional. Já quando o pedido for auxílio-acidente de qualquer natureza, a competência será da Justiça Federal, pois compete a esta, em regra, julgar as ações em que o INSS ocupa o pólo passivo. Há autores entendendo que, a partir da Edição da Lei. 9032./95, todos os pleitos de auxílio-acidente são de competência da Justiça Federal, pois a legislação, ao tratar de auxílio- acidente de qualquer natureza, estaria também englobando aquele que tem nexo laboral. Não enxergamos dessa forma, tendo em vista o art. 109 de nosso ordenamento constitucional, que apenas pode ser modificado por emenda e não por lei ordinária.5 O auxílio- acidente é um benefício, pago de forma indenizatória, visando suprir os danos causados em virtude de acidente que reduza a capacidade laborativa, a atual redação do artigo 86 da lei 8.213/91 abrange acidentes de qualquer natureza, trabalhista ou não, que impliquem a redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, veja-se: Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 4 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.56. SOUNIS, Emilio. Manual de Higiene e Medicina do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: Ícone Editora, 1991, p. 247. 5 CHAMON, Omar, Introdução ao Direito Previdenciário, Ed. Manoel Ltda, 2005, p.142 3 Houve uma reforma na lei 8.2013/91 em seu art. 86, modificando dessa forma a expressão “capacidade funcional’’ que era o que a lei abrangia antes”. Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da capacidade funcional. Sendo modificada para “redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia” acrescentando a questão da habitualidade do trabalhador, ele apenas tem que comprovar que ficou com a sequela, que diminui sua capacidade para a função que na época do acidente estava registrado em sua carteira e exercia. Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. A fim de auxiliar no esclarecimento da definição de auxílio-acidente, Castro, em seu livro relatou : O auxílio acidente é um benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado como o mesmo, quando, após, a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza e não somente acidentes de trabalho, resultem sequelas que impliquem a redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.6 Portanto o segurado que fica com alguma sequela permanente que reduz sua capacidade laborativa para o trabalho em decorrência de acidente, entende-se que ele pode ser apto ao trabalho, no entanto não terá a mesma capacidade laboral para desempenhar suas funções como antigamente, dessa forma o benefício lhe é pago como forma indenizatória, conforme art. 86 da lei 8.2013/91 e no RPS, art. 104. Fábio Zambitte ao tratar sobre auxílio-acidente menciona que “o auxílio acidente é um benefício com natureza exclusivamente indenizatória ao assegurado, em virtude de acidente que lhe provoque a redução da capacidade laborativa”. 6 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 606 4 Existem diversos casos tanto na esfera administrativa quanto judicial, em que os trabalhadores sofrem acidente, obtém o auxílio-doença por determinado período e quando retornam para suas atividades, ocorre uma queda em sua produção, o que os leva a serem reabilitados ou muitas vezes demitidos, por não conseguirem produzir da mesma forma de antes do acidente. Considerando hipoteticamente que uma pessoa que exercia a função de Geometrista na época do acidente, acaba tendo que colocar 5 parafusos e ser reabilitado ao trabalho, pois não tem mais condições de exercer aquela função, ele é apto a trabalhar, todavia ele sofreu danos irreparáveis e irreversíveis não podendo trabalhar com aquilo que habitualmente exercia. A respeito disso Ibrahim trata da seguinte forma : O segurado tem uma sequela decorrente de acidente que reduziu sua capacidade laborativa – dái presume o Legislador que este segurado terá uma provável perda remuneratória, cabendo ao segurado social ressarci-lo deste potencial dano.7 Seguindo a mesma linha temos outro exemplo dado por Castro, em seu livro: De um acidente ocorrido com segurado podem resultar danos irreparáveis, insuscetíveis de cura, para a integridade física do segurado. Tais danos, por sua vez, podem assumir diversos graus de gravidade; para a Previdência Social, o dano que enseja direito ao auxílio-acidente é o que acarreta perda ou redução na capacidade de trabalho (redução esta quantitativa), sem caractrizar a invalidez permanente para todo e qualquer trabalho. Exemplificando, um motorista de ônibus, vítima de acidente de trânsito, do qual resultem sequelas em seus membros inferiores, que o impossibilitem de continuar dirigindo, estará incapaz de definitivamente para função que exercia, mas não estará totalmente incapaz para toda e qualquer atividade (podendo desenvolver atividades manuais, que não exijam o uso dos membros inferiores).8 2.2 VALOR MENSAL DO BENEFÍCIO AO ASSEGURADO. O art. 86 §1º da lei 8.213/91 delimita o valor mensal do salário-do-beneficio, fixando-o em 50% o valor do auxílio acidente, como disposto em seu artigo. 7 IBRAHIM, Fábio Zambitte, Curso de Direito Previdenciário, 2014,Ed 19º, pg. 673 8 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 607 5 Art. 86 [...] § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. O auxílio-acidente passou a corresponder a cinquenta por cento do salário de benefício a partir da Lei. 9.032/95, sendo pago até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito dos segurados, conforme art. 86 §1 já resultado. Na redação anterior do art. 86, §1 da lei. 8.213/91 o benefício do auxílio-acidente era pago mensalmente e de forma vitalícia, sendo pago o valor dependendo do grau das sequelas, podendo ser 30%, 40% ou 60%, do salário de contribuição vigente no dia do acidente, não podendo ser inferior a esse porcentual do salário de benefício.9 Havia uma variável, quanto ao valor que devia ser pago ao segurado, o segurado passava pela perícia médica do INSS, e o médico perito analisava o grau, a intensidade ocorrida pelo dano causado devido ao acidente, ficando entre trinta a sessenta por cento o valores pago de benefício, e era pago de forma vitalícia, hoje o benefício com a redação atual da lei é paga até a véspera do início da aposentadoria ou até o óbito do segurado, podendo ser cumulado com outro benefício exceto de aposentadoria a não ser os casos previstos em lei que é permitido. Castro apresenta que o entendimento jurisprudencial do STJ sobre o tema é o seguinte: Conforme jurisprudência do STJ, seria cabível estender a incidência da lei nova mais vantajosa não só aos benefícios pendentes, mas a todos os segurados, independentemente da lei vigente na data do sinisto. Assim a Lei n. 9.032/95 que fixou o coeficiente único de 50% para o auxílio-acidente seria aplicável para marjorar a renda mensal dos benefícios concedidos anteriormente a sua entrada em vigor (STJ. REsp n. 438.962/SP, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 5º Turma, DJ 23.9.2002, pg 395; REsp n. 395.960, Rel. Min Felix Fischer, DJ de 169.9.2002, p. 223). No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal ao julgar os Recursos Extraodinários ns. 416.827 e 415.454, relator Min. Gilmar mendes, por maioria de votos (7x4) decidiu que a Lei n. 9.032/95 não atinge os benefícios cuja data de ínicio é anterios á edição da norma. Prevaleceu o entendimento da ausência de fonte de custeio adequado para pretendida revisão, como exige o parágrafo 5º do artigo 195 da Constituição Federal, que diz que nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, marjorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. (data do julgamento 09/02/2007 ).10 9 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p 609 10 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p 608 6 De acordo com a súmula n. 44 da Advocacia Geral da União, determina que pode ser permitida a acumulação do auxílio-acidente com benefício de aposentadoria, quando tiver ocorrido o acidente até 10 de novembro de 1997. Súmula nº 44, da advocacia-Geral da união, que passa a vigorar com a seguinte redação: Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria, a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria devem ser anteriores as alterações inseridas no art. 86 § 2º, da Lei 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97. A súmula 44 da Advocacia Geral da união, dispõem as hipóteses que pode ser cumulado o benefício do auxílio-acidente, com aposentadoria, pressupondo que a lesão, incapacidade e a aposentadoria, sejam anteriores a 10/11/1997, o assegurado terá direito dessa forma a acumular o auxílio-acidente com aposentadoria, podendo receber os dois. Atualmente o benefício é pago sobre 50% do salário mínimo, nessa mesma linha CASTRO menciona: “O segurado especial receberá o benefício equivalente a 50% do salário mínimo. Caso esteja contribuindo facultativamente, terá o benefício concedido com base no salário de contribuição”.11 Diante disso pode se dizer que o valor do auxílio-acidente corresponde a 50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença, devendo ser pago ao segurado um pouco mais que a metade do valor que ele recebia na época do auxílio-doença pelo INSS, não podendo ser menos que a metade do salário mínimo, uma vez que o auxílio-acidente não tem caráter substitutivo do salário segurado. Conforme a previsão dada pelo art. 31 da Lei. 8.2013/91, o valor mensal do auxílio acidente integra o salário-de-contribuição do segurado para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria. Apresenta-se outra situação hipotética uma pessoa que trabalha como operador de empilhadeira em determinada empresa, veio a sofrer um acidente de trabalho (mas não necessariamente precisaria ser de trabalho para receber o benefício). Esse fato trouxe sequelas irreparáveis, perdendo os manuseios dos dedos indicadores, por isso não consegue exercer suas tarefas com o mesmo 11 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 608. 7 desempenho. Ele recebeu salário de benefício de R$2.000,00. Pela regra dos 50%, o seu auxílio-acidente será de R$ 1.000,00, correspondendo a metade do valor que o segurado recebia.12 Portanto, o assegurado tem direito a implantação do auxílio acidentário, no valor de 50% do salário-de-benefício, a partir do dia seguinte da cessação do auxílio doença, mais as parcelas vencidas e vincendas, podendo retroagir apenas aos últimos cinco anos a partir da cessação do auxílio doença, o assegurada que sair do auxílio doença e não lhe for informado sobre o benefício, poderá fazer jus apenas aos últimos cinco anos e o valor do salário de benefício mensal e décimo terceiro. O beneficiário que recebeu o auxílio-doença, sendo cessado por recuperação plena da capacidade de trabalho, avaliação essa que muitas vezes está errada, devendo ser concedido o auxílio-acidente, por ter o segurado ficado com sequelas permanentes, o perito do INSS deveria avaliar a recuperação plena da capacidade para o trabalho, perda da capacidade para o trabalho; recuperação parcial para o trabalho.13 Art. 78. O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Devendo nos casos em que a perícia médica da Previdência Social averiguar a sequela permanente, irreversível, mas não caracterizando o caso de aposentadoria por invalidez ou ser necessário manter o segurado no auxílio-doença colocá-lo imediatamente no auxílio-acidente. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. INSS. PAGAMENTO DE PARCELAS VENCIDAS. APELAÇÃO DO INSS QUE IMPUGNA A SENTENÇA TÃO SOMENTE QUANTO A OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL 1. Apelação interposta pelo INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra sentença que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando o INSS ao pagamento das prestações devidas desde a data do primeiro requerimento, a qual se deu em 12/04/1995, até a data da efetiva implantação do benefício, 25/01/2001.14 12 https://inss.blog.br/outros-beneficios/auxilio-acidente/ 13 (processo nº 0303378-31.2017.8.24.0007) Escritório Rigoni Advogados Associados. 14https://trf-5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8313459/apelacao-civel-ac-438093-ce-0020583- 4320014058100 8 O segurado conseguirá retroagir aos últimos cincos anos, para o pagamento das parcelas do benefício, pois o INSS deveria no momento em que o trabalhador saísse do auxílio-doença informar e conceder o direito ao auxílio-acidente, pois é um direito do assegurado ao benefício receber o auxílio, tendo em vista que ficou com a sequela permanente que reduziu a sua capacidade para o trabalho que habitualmente exercício, devendo dessa forma receber as parcelas vencidas e vincendas. O auxílio-acidente não tem caráter substitutivo do salário do segurado, do trabalhador e sem caráter alimentar, e é devido ao segurado vítima de acidente de qualquer natureza. Ainda no art. 86 §1 da lei 8.213/91 nos informa o valor mensal do benefício: “O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de- benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.” Portanto, o beneficiário tem direito a implantação do auxílio acidentário, no valor de 50% do salário-de-benefício, sendo um pouco a mais do valor que ele recebia na perícia de acordo com artigo disposto. 2.3 DATA DE INICÍO DE BENEFÍCIO No art. 86 §2 da lei 8.2013/91 que é regulada pela lei 9.528/97, aduz que o auxílio acidente é devido a partir do dia seguinte da cessação do auxílio-doença. 86 § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. Convém ponderar, que o benefício pode se ter como a data de início, a partir do momento que se da entrada do requerimento (DER), quando não for fornecido o auxílio doença, como Castro salienta: ‘’O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da cessão do auxílio doença, independente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, ou, na data do requerimento (DER), quando não procedido auxílio doença.’’ 15 15 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 608 9 Nesses casos, o segurado comprova por meio de documentos médicos, prontuário médico, CAT quando for acidente de trabalho ou boletim de ocorrência quando for acidente de trânsito o dia que se acidentou, constatando-se dessa forma a qualidade de assegurado na época do acidente, podendo fazer jus ao benefício. Assim de acordo com site ambiente-jurídico “mesmo que o segurado nunca tenha recebido auxílio-doença em decorrência do infortúnio que gerou o benefício, fará jus ao auxílio-acidente”.16 Portanto é possível que alguém que não pegou perícia médica no INSS, possa receber auxílio-acidente, pois comprovando o fato gerador da sequela e a época, estando ele na qualidade de assegurado, pela lei tem direito a receber o valor mensal do benefício e 13º, da mesma forma que qualquer outro que já tenha a implantação do auxílio-acidente ou venha a requerer. Santoro José explica em seu livro que para a concessão do benefício do auxílio-acidente não é exigido o tempo mínimo de contribuição, no entendo o trabalhador deve ter a qualidade de assegurado ou estar no período de graça, para receber o benefício e passar por perícia médica da Previdência Social que dirá se ele tem direito a receber ou não o valor mensal de 50% do salário de contribuição. O exame médico-pericial fixará a data do início da doença (DID) e data do início da incapacidade (DII). A diferença está no quinquênio, o assegurado que ficou na perícia do INSS, consegue resgatar os últimos cinco anos de atrasados do benefício, pois se entende que a Previdência Social, já sabia da sequela permanente do segurado, tendo ele passado por perito da própria Previdência Social, que tem o dever de avaliar a redução da capacidade para o trabalho que o assegurado habitualmente exercia. A respeito disso Hovart em seu livro mencionou “O exame médico-pericial fixará a data do início da doença (DID) e data do início da incapacidade ”.17 Tendo isso em consideração, o INSS, só estaria ciente do fato gerador das lesões que reduzem a capacidade para o trabalho, a partir do momento em que o assegurado da entrada com o requerimento, solicitando o auxílio-doença, afastando a culpa e o dever de informar o cidadão sobre o benefício, podendo ele apenas requerer as parcelas vencidas se já estiver dado entrada no auxílio-doença, a partir 16 www.ambiente juridico.com.br 17 HOVART, Miguel Junior, Direito Previdenciário, 2008, Ed. Manoele Ltda, p. 67 10 da data do requerimento conseguirá buscar os valores atrasados que lhe cabe por direito. Ainda na mesma linha e de forma mais minuciosa menciona GLASENAPP: “Com exceção da aposentadoria, o recebimento de salário ou concessão de outro benefício não prejudicara a continuidade do recebimento do auxílio acidente”.18 O benefício é devido desde a alta da perícia, mesmo que isso tenha ocorrido há mais de 10 anos, entretanto os valores ficam limitados aos últimos cinco anos e ainda o benefício pode ser cumulado como no caso de auxílio-acidente mais auxílio- doença, desde que não seja o mesmo acidente a causa do requerimento para o auxílio-doença, pode também ser cumulado com pensão por morte, LOAS, salário maternidade e seguro desemprego. Aduz o site saberelai que a conclusão de cumular o auxílio-acidente com os demais se encontra elencado no art. 86 §3 da lei 8.2013/91, que deixa claro que o benefício pode ser cumulado com outro benefício sem prejudicar a continuidade do recebimento do auxílio acidente.19 3. ASSEGURADOS QUE TEM DIREITO AO BENEFÍCIO Tem direito a receber o benefício do auxílio-acidente sendo pelo pago pelo INSS o Empregado Urbano/rural (empresa), Empregado Doméstico (para acidentes ocorridos a partir de 01/06/2015), trabalhador avulso (empresa) e Segurado Especial (trabalhador rural).20 O auxílio acidente é um benefício pago ao segurado que sofreu um acidente de qualquer natureza (podendo ser de trabalho ou não) e que, após a consolidação da lesão, resultou em sequelas que diminuem a capacidade do trabalho exercido de forma permanente. Acontece que esse benefício era concedido apenas aos Empregados, Trabalhadores Avulsos e Segurados Especiais, segundo a Lei 8.213 Artigo 18, § 1º, a qual foi devidamente reformada por lei Complementar nº 150/2015. Art. 18 § 1º Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados incluídos nos incisos I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei. 18 GLASENAPP, Ricardo Bernd, Direito Previdenciário, 2015, São Paulo, ed, p. 81 19 https://saberalei.jusbrasil.com.br/artigos/182398502/possibilidade-de-acumular-o-auxilio-acidente- com-outros-beneficios 20 https://www.inss.gov.br/beneficios/auxilio-acidente/ 11 Por tanto, por meio de integração à Previdência Social, o empregado Doméstico passou a ter direito ao auxílio-acidente, sendo considerado de forma obrigatória um dos segurados da Previdência Social, conforme redação dada pela lei. 8.647/93 em seu art. 11 inciso II Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: II- como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Por meio de Lei Complementar n° 150/2015 da Previdência Social o empregado doméstico passou a ter direito ao benefício do auxílio-acidente, por mais difícil que seja antes de 01/06/2015, o empregado doméstico não era visto como um assegurado do INSS, portanto não tinha direito aos benefícios da Previdência Social durante o período de tempo de sua incapacidade laborativa. A lei Complementar nº 150/2015 que altera a lei 8.2013/91, acabou com o sistema desigualitário, dada aos empregados domésticos que alcançaram um direito, ainda que tardiamente, pois era quase inacreditável que uma categoria de empregados não conquistasse uma proteção básica, que era visível que deveriam ter direito ao benefício da Previdência Social, conforme artigo no site Jus: ‘’relevância social de tal inclusão é indiscutível, pois, como sabido, o auxílio doença acidentário não possui prazo de carência, protegendo o trabalhador, in casu, o doméstico, desde o início de sua vinculação à Previdência Social’’21 Conforme redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99 “Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio- reclusão, salário-família e auxílio-acidente”. Ficará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade do empregado doméstico, quando este comprovar o nexo entre o trabalho e a atividade que exercia na empresa. Art. 21- A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em 21https://jus.com.br/artigos/41355/lei-complementar-150-2015-e-o-auxilio-acidente-para-os-domesticos 12 conformidade com o que dispuser o regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Por fim pode ser dizer que são beneficiários do auxílio-acidente, os empregados, os empregados domésticos, os avulsos e os segurados especial, desde que permaneça o vínculo jurídico com a Previdência Social, ou seja que não tenha perdido a qualidade de assegurado, não exigindo um tempo mínimo de contribuição para o recebimento do benefício, devendo apenas ser comprovado a qualidade de assegurado, a sequela permanente e a redução para o trabalho que habitualmente exercia.
Compartilhar