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Conceito de Acidente e Auxílio-Acidente na Legislação Brasileira

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1 
 
2 CONCEITO DE ACIDENTE 
 
 Para tratar de auxílio-acidente é necessário inicialmente conceituar e 
delimitar o que é acidente para fim do auxílio em estudo, segundo Brandimiller1 
definiu acidente como: 
 
 No sentido genérico, acidente é o evento em si, a ocorrência de 
determinado fato em virtude da conjugação aleatória de circunstâncias 
causais. No sentido estrito, caracteriza-se também pela instantaneidade: a 
ocorrência é súbita e a lesão imediata. Os acidentes ocasionam lesões 
traumáticas denominadas ferimentos, externos ou internos, podendo 
também resultar em efeitos tóxicos, infecciosos ou mesmo exclusivamente 
psíquicos. 
 
Sob o mesmo ponto de vista entende Brandimiller que acidente não pode ser 
conceituado de forma genérica por seus danos causados e suas consequências, 
podendo assim ser classificado: 
 
O acidente comporta causas e consequências, contudo não pode 
ser definido, genericamente, nem pelas causas nem pelas consequências. 
As circunstâncias causais permitem classificar os acidentes em espécies: 
acidentes do trabalho, acidentes de trânsito, etc. As consequências também 
classificam os acidentes: acidentes com ou sem danos pessoais, acidentes 
com ou sem danos materiais, acidente grave, acidente fatal, etc.2 
 
Pode se ter a ideia de acidente sobre diversos aspectos, não coexistindo um 
aspecto exato, podendo ainda só trazer consequências futuras. 
Vale ressaltar que Brandimiller em seu livro nos relata: 
 
 Os efeitos agressivos do acidente podem se processar ao longo 
de um certo lapso de tempo, como no caso de acidentes aéreos ou náuticos 
em que a vítima não sofre lesões imediatas, mas vem a falecer depois de 
algum tempo pela privação de água e/ou alimentos. Portanto a 
subitaneidade é característica necessária da ocorrência, mas não 
necessariamente dos efeitos3 
 
Ou seja, acidente nada mais é do que um evento inesperado e indesejável 
que causa danos pessoais e patrimoniais a outrem de origem no termo latim 
 
1 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. 
Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 
2 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. 
Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 
3 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, BRANDIMILLER, Primo A, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.55. 
Perícia Judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo: Senac, 1996, p. 145 
2 
 
accĭdens. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, este 
conceito faz referência à qualidade ou ao estado que é ocasionado em algo, sem 
que seja parte da sua essência ou natureza; ao acaso que altera a ordem regular 
das coisas. 
 
De acordo com Sounis acidente é toda a ocorrência não desejada que 
modifica ou interrompe o andamento normal de qualquer tipo de atividade4 
 
2.1 AUXÍLIO-ACIDENTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA HODIERNA 
 
Na legislação atual Omar Chamon, defende que a justiça estadual é 
competente para julgar auxílio-acidente: 
 
A Justiça Estadual é a competente, a teor do art. 109 da 
Constituição Federal para julgar as ações que tenham por objeto o auxílio-
acidente, decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional. Já 
quando o pedido for auxílio-acidente de qualquer natureza, a competência 
será da Justiça Federal, pois compete a esta, em regra, julgar as ações em 
que o INSS ocupa o pólo passivo. Há autores entendendo que, a partir da 
Edição da Lei. 9032./95, todos os pleitos de auxílio-acidente são de 
competência da Justiça Federal, pois a legislação, ao tratar de auxílio-
acidente de qualquer natureza, estaria também englobando aquele que tem 
nexo laboral. Não enxergamos dessa forma, tendo em vista o art. 109 de 
nosso ordenamento constitucional, que apenas pode ser modificado por 
emenda e não por lei ordinária.5 
 
O auxílio- acidente é um benefício, pago de forma indenizatória, visando 
suprir os danos causados em virtude de acidente que reduza a capacidade 
laborativa, a atual redação do artigo 86 da lei 8.213/91 abrange acidentes de 
qualquer natureza, trabalhista ou não, que impliquem a redução da capacidade para 
o trabalho que habitualmente exercia, veja-se: 
 
Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao 
segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente 
de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da 
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 
 
 
4
 DE FARIAS, Luciana Morais, apud, Auxílio Acidente, PUC-SP, p.56. SOUNIS, Emilio. Manual de 
Higiene e Medicina do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: Ícone Editora, 1991, p. 247. 
 
5 CHAMON, Omar, Introdução ao Direito Previdenciário, Ed. Manoel Ltda, 2005, p.142 
3 
 
Houve uma reforma na lei 8.2013/91 em seu art. 86, modificando dessa 
forma a expressão “capacidade funcional’’ que era o que a lei abrangia antes”. 
 
Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao 
segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente 
de qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da 
capacidade funcional. 
 
Sendo modificada para “redução da capacidade para o trabalho que 
habitualmente exercia” acrescentando a questão da habitualidade do trabalhador, 
ele apenas tem que comprovar que ficou com a sequela, que diminui sua 
capacidade para a função que na época do acidente estava registrado em sua 
carteira e exercia. 
 
Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao 
segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente 
de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da 
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 
 
A fim de auxiliar no esclarecimento da definição de auxílio-acidente, Castro, 
em seu livro relatou : 
 
O auxílio acidente é um benefício previdenciário pago 
mensalmente ao segurado acidentado como o mesmo, quando, após, a 
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza e 
não somente acidentes de trabalho, resultem sequelas que impliquem a 
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.6 
 
Portanto o segurado que fica com alguma sequela permanente que reduz 
sua capacidade laborativa para o trabalho em decorrência de acidente, entende-se 
que ele pode ser apto ao trabalho, no entanto não terá a mesma capacidade laboral 
para desempenhar suas funções como antigamente, dessa forma o benefício lhe é 
pago como forma indenizatória, conforme art. 86 da lei 8.2013/91 e no RPS, art. 104. 
Fábio Zambitte ao tratar sobre auxílio-acidente menciona que “o auxílio 
acidente é um benefício com natureza exclusivamente indenizatória ao assegurado, 
em virtude de acidente que lhe provoque a redução da capacidade laborativa”. 
 
6
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 606 
4 
 
Existem diversos casos tanto na esfera administrativa quanto judicial, em 
que os trabalhadores sofrem acidente, obtém o auxílio-doença por determinado 
período e quando retornam para suas atividades, ocorre uma queda em sua 
produção, o que os leva a serem reabilitados ou muitas vezes demitidos, por não 
conseguirem produzir da mesma forma de antes do acidente. 
Considerando hipoteticamente que uma pessoa que exercia a função de 
Geometrista na época do acidente, acaba tendo que colocar 5 parafusos e ser 
reabilitado ao trabalho, pois não tem mais condições de exercer aquela função, ele é
apto a trabalhar, todavia ele sofreu danos irreparáveis e irreversíveis não podendo 
trabalhar com aquilo que habitualmente exercia. 
A respeito disso Ibrahim trata da seguinte forma : 
 
O segurado tem uma sequela decorrente de acidente que reduziu 
sua capacidade laborativa – dái presume o Legislador que este segurado 
terá uma provável perda remuneratória, cabendo ao segurado social 
ressarci-lo deste potencial dano.7 
 
Seguindo a mesma linha temos outro exemplo dado por Castro, em seu 
livro: 
 
De um acidente ocorrido com segurado podem resultar danos 
irreparáveis, insuscetíveis de cura, para a integridade física do segurado. 
Tais danos, por sua vez, podem assumir diversos graus de gravidade; para 
a Previdência Social, o dano que enseja direito ao auxílio-acidente é o que 
acarreta perda ou redução na capacidade de trabalho (redução esta 
quantitativa), sem caractrizar a invalidez permanente para todo e qualquer 
trabalho. Exemplificando, um motorista de ônibus, vítima de acidente de 
trânsito, do qual resultem sequelas em seus membros inferiores, que o 
impossibilitem de continuar dirigindo, estará incapaz de definitivamente para 
função que exercia, mas não estará totalmente incapaz para toda e 
qualquer atividade (podendo desenvolver atividades manuais, que não 
exijam o uso dos membros inferiores).8 
 
2.2 VALOR MENSAL DO BENEFÍCIO AO ASSEGURADO. 
 
O art. 86 §1º da lei 8.213/91 delimita o valor mensal do salário-do-beneficio, 
fixando-o em 50% o valor do auxílio acidente, como disposto em seu artigo. 
 
 
7
 IBRAHIM, Fábio Zambitte, Curso de Direito Previdenciário, 2014,Ed 19º, pg. 673 
8
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 607 
5 
 
Art. 86 [...] § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a 
cinquenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o 
disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a 
data do óbito do segurado. 
 
O auxílio-acidente passou a corresponder a cinquenta por cento do salário 
de benefício a partir da Lei. 9.032/95, sendo pago até a véspera do início de 
qualquer aposentadoria ou até a data do óbito dos segurados, conforme art. 86 §1 já 
resultado. 
 
Na redação anterior do art. 86, §1 da lei. 8.213/91 o benefício do 
auxílio-acidente era pago mensalmente e de forma vitalícia, sendo pago o 
valor dependendo do grau das sequelas, podendo ser 30%, 40% ou 60%, 
do salário de contribuição vigente no dia do acidente, não podendo ser 
inferior a esse porcentual do salário de benefício.9 
 
Havia uma variável, quanto ao valor que devia ser pago ao segurado, o 
segurado passava pela perícia médica do INSS, e o médico perito analisava o grau, 
a intensidade ocorrida pelo dano causado devido ao acidente, ficando entre trinta a 
sessenta por cento o valores pago de benefício, e era pago de forma vitalícia, hoje o 
benefício com a redação atual da lei é paga até a véspera do início da aposentadoria 
ou até o óbito do segurado, podendo ser cumulado com outro benefício exceto de 
aposentadoria a não ser os casos previstos em lei que é permitido. 
Castro apresenta que o entendimento jurisprudencial do STJ sobre o tema é 
o seguinte: 
 
Conforme jurisprudência do STJ, seria cabível estender a 
incidência da lei nova mais vantajosa não só aos benefícios pendentes, 
mas a todos os segurados, independentemente da lei vigente na data do 
sinisto. Assim a Lei n. 9.032/95 que fixou o coeficiente único de 50% para o 
auxílio-acidente seria aplicável para marjorar a renda mensal dos 
benefícios concedidos anteriormente a sua entrada em vigor (STJ. REsp n. 
438.962/SP, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 5º Turma, DJ 23.9.2002, 
pg 395; REsp n. 395.960, Rel. Min Felix Fischer, DJ de 169.9.2002, p. 223). 
No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal ao julgar os Recursos 
Extraodinários ns. 416.827 e 415.454, relator Min. Gilmar mendes, por 
maioria de votos (7x4) decidiu que a Lei n. 9.032/95 não atinge os 
benefícios cuja data de ínicio é anterios á edição da norma. 
Prevaleceu o entendimento da ausência de fonte de custeio 
adequado para pretendida revisão, como exige o parágrafo 5º do artigo 195 
da Constituição Federal, que diz que nenhum benefício ou serviço da 
seguridade social poderá ser criado, marjorado ou estendido sem a 
correspondente fonte de custeio total. (data do julgamento 09/02/2007 ).10 
 
9
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p 609 
10
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p 608 
6 
 
 
De acordo com a súmula n. 44 da Advocacia Geral da União, determina que 
pode ser permitida a acumulação do auxílio-acidente com benefício de 
aposentadoria, quando tiver ocorrido o acidente até 10 de novembro de 1997. 
Súmula nº 44, da advocacia-Geral da união, que passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
 
Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de 
aposentadoria, a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria 
devem ser anteriores as alterações inseridas no art. 86 § 2º, da Lei 
8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97. 
 
A súmula 44 da Advocacia Geral da união, dispõem as hipóteses que pode 
ser cumulado o benefício do auxílio-acidente, com aposentadoria, pressupondo que 
a lesão, incapacidade e a aposentadoria, sejam anteriores a 10/11/1997, o 
assegurado terá direito dessa forma a acumular o auxílio-acidente com 
aposentadoria, podendo receber os dois. 
Atualmente o benefício é pago sobre 50% do salário mínimo, nessa mesma 
linha CASTRO menciona: “O segurado especial receberá o benefício equivalente a 
50% do salário mínimo. Caso esteja contribuindo facultativamente, terá o benefício 
concedido com base no salário de contribuição”.11 
Diante disso pode se dizer que o valor do auxílio-acidente corresponde a 
50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença, devendo ser pago ao 
segurado um pouco mais que a metade do valor que ele recebia na época do 
auxílio-doença pelo INSS, não podendo ser menos que a metade do salário mínimo, 
uma vez que o auxílio-acidente não tem caráter substitutivo do salário segurado. 
Conforme a previsão dada pelo art. 31 da Lei. 8.2013/91, o valor mensal do 
auxílio acidente integra o salário-de-contribuição do segurado para fins de cálculo do 
salário de benefício de qualquer aposentadoria. 
Apresenta-se outra situação hipotética uma pessoa que trabalha como 
operador de empilhadeira em determinada empresa, veio a sofrer um acidente de 
trabalho (mas não necessariamente precisaria ser de trabalho para receber o 
benefício). Esse fato trouxe sequelas irreparáveis, perdendo os manuseios dos 
dedos indicadores, por isso não consegue exercer suas tarefas com o mesmo 
 
11
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 608. 
7 
 
desempenho. Ele recebeu salário de benefício de R$2.000,00. Pela regra dos 50%, 
o seu auxílio-acidente será de R$ 1.000,00, correspondendo a metade do valor que 
o segurado recebia.12 
Portanto, o assegurado tem direito a implantação do auxílio acidentário, no 
valor de 50% do salário-de-benefício, a partir do dia seguinte da cessação do auxílio 
doença, mais as parcelas vencidas e vincendas, podendo retroagir apenas aos 
últimos cinco anos a partir da cessação do auxílio doença, o assegurada que sair do 
auxílio doença e não lhe for informado sobre o benefício, poderá fazer jus apenas 
aos últimos cinco anos e o valor do salário de benefício mensal e décimo terceiro. 
O
beneficiário que recebeu o auxílio-doença, sendo cessado por 
recuperação plena da capacidade de trabalho, avaliação essa que muitas vezes está 
errada, devendo ser concedido o auxílio-acidente, por ter o segurado ficado com 
sequelas permanentes, o perito do INSS deveria avaliar a recuperação plena da 
capacidade para o trabalho, perda da capacidade para o trabalho; recuperação 
parcial para o trabalho.13 
 
Art. 78. O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade 
para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou 
auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que 
implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. 
 
Devendo nos casos em que a perícia médica da Previdência Social 
averiguar a sequela permanente, irreversível, mas não caracterizando o caso de 
aposentadoria por invalidez ou ser necessário manter o segurado no auxílio-doença 
colocá-lo imediatamente no auxílio-acidente. 
 
PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. INSS. 
PAGAMENTO DE PARCELAS VENCIDAS. APELAÇÃO DO INSS QUE 
IMPUGNA A SENTENÇA TÃO SOMENTE QUANTO A OCORRÊNCIA DA 
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL 1. Apelação interposta pelo INSS - 
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra sentença que julgou 
procedente o pedido formulado na inicial, condenando o INSS ao 
pagamento das prestações devidas desde a data do primeiro requerimento, 
a qual se deu em 12/04/1995, até a data da efetiva implantação do 
benefício, 25/01/2001.14 
 
 
12
 https://inss.blog.br/outros-beneficios/auxilio-acidente/ 
13 (processo nº 0303378-31.2017.8.24.0007) Escritório Rigoni Advogados Associados. 
 
14https://trf-5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8313459/apelacao-civel-ac-438093-ce-0020583-
4320014058100 
8 
 
O segurado conseguirá retroagir aos últimos cincos anos, para o pagamento 
das parcelas do benefício, pois o INSS deveria no momento em que o trabalhador 
saísse do auxílio-doença informar e conceder o direito ao auxílio-acidente, pois é um 
direito do assegurado ao benefício receber o auxílio, tendo em vista que ficou com a 
sequela permanente que reduziu a sua capacidade para o trabalho que 
habitualmente exercício, devendo dessa forma receber as parcelas vencidas e 
vincendas. 
O auxílio-acidente não tem caráter substitutivo do salário do segurado, do 
trabalhador e sem caráter alimentar, e é devido ao segurado vítima de acidente de 
qualquer natureza. 
Ainda no art. 86 §1 da lei 8.213/91 nos informa o valor mensal do benefício: 
“O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de-
benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de 
qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.” 
Portanto, o beneficiário tem direito a implantação do auxílio acidentário, no 
valor de 50% do salário-de-benefício, sendo um pouco a mais do valor que ele 
recebia na perícia de acordo com artigo disposto. 
 
2.3 DATA DE INICÍO DE BENEFÍCIO 
 
No art. 86 §2 da lei 8.2013/91 que é regulada pela lei 9.528/97, aduz que o 
auxílio acidente é devido a partir do dia seguinte da cessação do auxílio-doença. 
86 § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da 
cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou 
rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer 
aposentadoria. 
Convém ponderar, que o benefício pode se ter como a data de início, a partir 
do momento que se da entrada do requerimento (DER), quando não for fornecido o 
auxílio doença, como Castro salienta: 
 
‘’O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da cessão do 
auxílio doença, independente de qualquer remuneração ou rendimento 
auferido pelo acidentado, ou, na data do requerimento (DER), quando não 
procedido auxílio doença.’’
15 
 
15
 CASTRO, Carlos Alberto, Manual de Direito Previdenciário, 2008, Ed. 10º, p. 608 
9 
 
 
Nesses casos, o segurado comprova por meio de documentos médicos, 
prontuário médico, CAT quando for acidente de trabalho ou boletim de ocorrência 
quando for acidente de trânsito o dia que se acidentou, constatando-se dessa forma 
a qualidade de assegurado na época do acidente, podendo fazer jus ao benefício. 
Assim de acordo com site ambiente-jurídico “mesmo que o segurado nunca 
tenha recebido auxílio-doença em decorrência do infortúnio que gerou o benefício, 
fará jus ao auxílio-acidente”.16 
Portanto é possível que alguém que não pegou perícia médica no INSS, 
possa receber auxílio-acidente, pois comprovando o fato gerador da sequela e a 
época, estando ele na qualidade de assegurado, pela lei tem direito a receber o 
valor mensal do benefício e 13º, da mesma forma que qualquer outro que já tenha a 
implantação do auxílio-acidente ou venha a requerer. 
Santoro José explica em seu livro que para a concessão do benefício do 
auxílio-acidente não é exigido o tempo mínimo de contribuição, no entendo o 
trabalhador deve ter a qualidade de assegurado ou estar no período de graça, para 
receber o benefício e passar por perícia médica da Previdência Social que dirá se 
ele tem direito a receber ou não o valor mensal de 50% do salário de contribuição. 
O exame médico-pericial fixará a data do início da doença (DID) e data do 
início da incapacidade (DII). 
A diferença está no quinquênio, o assegurado que ficou na perícia do INSS, 
consegue resgatar os últimos cinco anos de atrasados do benefício, pois se entende 
que a Previdência Social, já sabia da sequela permanente do segurado, tendo ele 
passado por perito da própria Previdência Social, que tem o dever de avaliar a 
redução da capacidade para o trabalho que o assegurado habitualmente exercia. 
A respeito disso Hovart em seu livro mencionou “O exame médico-pericial 
fixará a data do início da doença (DID) e data do início da incapacidade ”.17 
Tendo isso em consideração, o INSS, só estaria ciente do fato gerador das 
lesões que reduzem a capacidade para o trabalho, a partir do momento em que o 
assegurado da entrada com o requerimento, solicitando o auxílio-doença, afastando 
a culpa e o dever de informar o cidadão sobre o benefício, podendo ele apenas 
requerer as parcelas vencidas se já estiver dado entrada no auxílio-doença, a partir 
 
16
 www.ambiente juridico.com.br 
17
 HOVART, Miguel Junior, Direito Previdenciário, 2008, Ed. Manoele Ltda, p. 67 
10 
 
da data do requerimento conseguirá buscar os valores atrasados que lhe cabe por 
direito. 
Ainda na mesma linha e de forma mais minuciosa menciona GLASENAPP: 
“Com exceção da aposentadoria, o recebimento de salário ou concessão de outro 
benefício não prejudicara a continuidade do recebimento do auxílio acidente”.18 
O benefício é devido desde a alta da perícia, mesmo que isso tenha ocorrido 
há mais de 10 anos, entretanto os valores ficam limitados aos últimos cinco anos e 
ainda o benefício pode ser cumulado como no caso de auxílio-acidente mais auxílio-
doença, desde que não seja o mesmo acidente a causa do requerimento para o 
auxílio-doença, pode também ser cumulado com pensão por morte, LOAS, salário 
maternidade e seguro desemprego. 
Aduz o site saberelai que a conclusão de cumular o auxílio-acidente com os 
demais se encontra elencado no art. 86 §3 da lei 8.2013/91, que deixa claro que o 
benefício pode ser cumulado com outro benefício sem prejudicar a continuidade do 
recebimento do auxílio acidente.19 
 
3. ASSEGURADOS QUE TEM DIREITO AO BENEFÍCIO 
 
Tem direito a receber o benefício do auxílio-acidente sendo pelo pago pelo 
INSS o Empregado
Urbano/rural (empresa), Empregado Doméstico (para acidentes 
ocorridos a partir de 01/06/2015), trabalhador avulso (empresa) e Segurado Especial 
(trabalhador rural).20 
O auxílio acidente é um benefício pago ao segurado que sofreu um acidente 
de qualquer natureza (podendo ser de trabalho ou não) e que, após a consolidação 
da lesão, resultou em sequelas que diminuem a capacidade do trabalho exercido de 
forma permanente. 
Acontece que esse benefício era concedido apenas aos Empregados, 
Trabalhadores Avulsos e Segurados Especiais, segundo a Lei 8.213 Artigo 18, § 1º, 
a qual foi devidamente reformada por lei Complementar nº 150/2015. 
Art. 18 § 1º Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados 
incluídos nos incisos I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei. 
 
18
 GLASENAPP, Ricardo Bernd, Direito Previdenciário, 2015, São Paulo, ed, p. 81 
19 https://saberalei.jusbrasil.com.br/artigos/182398502/possibilidade-de-acumular-o-auxilio-acidente-
com-outros-beneficios 
20
 https://www.inss.gov.br/beneficios/auxilio-acidente/ 
11 
 
Por tanto, por meio de integração à Previdência Social, o empregado 
Doméstico passou a ter direito ao auxílio-acidente, sendo considerado de forma 
obrigatória um dos segurados da Previdência Social, conforme redação dada pela 
lei. 8.647/93 em seu art. 11 inciso II 
 
 Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as 
seguintes pessoas físicas: 
 II- como empregado doméstico: aquele que presta serviço de 
natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em 
atividades sem fins lucrativos; 
 
Por meio de Lei Complementar n° 150/2015 da Previdência Social o 
empregado doméstico passou a ter direito ao benefício do auxílio-acidente, por mais 
difícil que seja antes de 01/06/2015, o empregado doméstico não era visto como um 
assegurado do INSS, portanto não tinha direito aos benefícios da Previdência Social 
durante o período de tempo de sua incapacidade laborativa. 
A lei Complementar nº 150/2015 que altera a lei 8.2013/91, acabou com o 
sistema desigualitário, dada aos empregados domésticos que alcançaram um 
direito, ainda que tardiamente, pois era quase inacreditável que uma categoria de 
empregados não conquistasse uma proteção básica, que era visível que deveriam 
ter direito ao benefício da Previdência Social, conforme artigo no site Jus: 
‘’relevância social de tal inclusão é indiscutível, pois, como sabido, o auxílio doença 
acidentário não possui prazo de carência, protegendo o trabalhador, in casu, o 
doméstico, desde o início de sua vinculação à Previdência Social’’21 
Conforme redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99 “Art. 26. Independe 
de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio-
reclusão, salário-família e auxílio-acidente”. 
Ficará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade do empregado 
doméstico, quando este comprovar o nexo entre o trabalho e a atividade que exercia 
na empresa. 
 
Art. 21- A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social 
(INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade 
quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o 
trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou 
do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade 
elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em 
 
21https://jus.com.br/artigos/41355/lei-complementar-150-2015-e-o-auxilio-acidente-para-os-domesticos 
12 
 
conformidade com o que dispuser o regulamento. (Redação dada pela Lei 
Complementar nº 150, de 2015) 
 
Por fim pode ser dizer que são beneficiários do auxílio-acidente, os 
empregados, os empregados domésticos, os avulsos e os segurados especial, 
desde que permaneça o vínculo jurídico com a Previdência Social, ou seja que não 
tenha perdido a qualidade de assegurado, não exigindo um tempo mínimo de 
contribuição para o recebimento do benefício, devendo apenas ser comprovado a 
qualidade de assegurado, a sequela permanente e a redução para o trabalho que 
habitualmente exercia.

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