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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 1 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 2 Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho 1. Segurança do Trabalho Neste capítulo introdutório, apresentaremos as noções iniciais de segurança do trabalho e suas diversas abordagens no campo da prevenção. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. Neste momento, é fundamental, como objetivo maior desta disciplina, apresentar os principais históricos da segurança do trabalho e em seguida as Normas Regulamentadoras que regem todos os procedimentos prevencionistas no Brasil. Histórico da Segurança do Trabalho no Brasil 1891 – A preocupação prevencionista teve início com a Lei que tratava da proteção ao trabalho dos menores, em 23/01/1891 1919 – Criada a Lei n° 3724, de 15/01/19 – Primeira Lei brasileira sobre acidentes de trabalho. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 3 1941 – Em 21/04/41, empresários fundam no Rio de Janeiro a ABPA – Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes. 1943 – CLT foi aprovada pelo decreto- Lei n°5452, em 01/05/43 (entrou em vigor em 10/11/43). Foi o instrumento jurídico que viria a ser prática efetiva da prevenção no Brasil. 1944 – Decreto-Lei n° 7036 de 10/11/44 promoveu a “reforma da Lei de acidentes de trabalho” (um desdobramento que contava no capítulo V do Título II da CLT). Objetivando maior entendimento à matéria e agilizar a implementação dos dispositivos da CLT referentes a Segurança e Higiene do Trabalho, além de garantir a “Assistência Médica, hospitalar e farmacêutica” aos acidentados e indenizações por danos pessoais por acidentes. Este Decreto-Lei, em seu artigo 82 criou as CIPA. 1953 – Decreto-Lei n° 34715, de 27/11/53 instituiu a SPAT (Semana de Prevenção de Acidentes do Trabalho) A ser realizada na 4° semana de Novembro de cada ano. Também em 1953 a Portaria 155 regulamenta e organiza as CIPA‘s e estabelece normas para seu funcionamento. 1955 – Criada a portaria 157, de 16/11/55 para coordenar e uniformizar as atividades das SPAT. Constando a realização do Congresso anual das CIPA durante a SPAT. O Título do Congresso passou em 1961 para Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CONPAT. A exclusão do CONPAT ocasionou a proliferação de Congressos e outros eventos. 1960 – A Portaria 319 de 30/12/60 regulamenta a uso dos EPI´s. 1966 – Criada conforme Lei n° 5161 de 21/10/66 a Fundação Centro Nacional de Segurança Higiene e Medicina do Trabalho, atual Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, em homenagem ao seu primeiro Presidente. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 4 Hoje mais conhecida como FUNDACENTRO. A criação da FUNDACENTRO foi sem dúvida um dos grandes feitos na história da segurança do trabalho e partir de ações da entidade a segurança do trabalho pode avançar de forma 1967 – A Lei n° 5316 de 14/09/67 integrou o seguro de acidentes de trabalho na Previdência Social. Também em 1976 surge a sexta lei de acidentes de trabalho, e identifica doença profissional e doença do trabalho como sinônimos e os equipara ao acidente de trabalho. 1972 – Decreto n° 7086 de 25/07/72, estabeleceu a prioridade da Política do PNVT- Programa Nacional de Valorização do Trabalhador. Selecionou 10 prioridades, entre elas a Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho. A Portaria 3237 do MTE de 27/07/72 criou os serviços de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho nas empresas. Foi o “divisor de águas” entre a fase do profissional espontâneo e o legalmente constituído. Esta portaria criou os cursos de preparação dos profissionais da área. 1974 – Iniciados enfim, os cursos para formação dos profissionais de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho. 1977 – A Lei n° 6514 de 22/12/77 modificou o Capítulo V do Título II da CLT. Convém ressaltar que essa modificação deu nova cara a CIPA, estabeleceu a obrigatoriedade, estabilidade, entre outros avanços. 1978 – Criação das NR – Normas Regulamentadoras, aprovadas pela Portaria 3214 de 08/06/78 do MTE, aproveitando e ampliando as postarias existentes e Atos Normativos, adotados até na construção da Hidrelétrica e Itaipu. Na ocasião foram criadas 28 NR’s. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 5 Essa portaria representou um dos principais impulsos dados a área de Segurança e Medicina do Trabalho nos últimos anos. 1979 – Em virtude da carência de profissionais para compor o SESMT, a resolução n° 262 regulamenta a criação de cursos em caráter prioritário para esses profissionais. 1983 – A Portaria n° 33 alterou a Norma Regulamentadora 5 introduzindo nela os riscos ambientais. 1985 – A lei n° 7410 de 27/11/85 Oficializou a especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e criou a categoria profissional de Técnico em Segurança do Trabalho, até então os únicos profissionais prevencionistas não reconhecidos legalmente. Dava prazo de 120 dias para o MEC os currículos básicos do curso de especialização em Técnico de Segurança do Trabalho. Mas somente em 1987, através do parecer 632/87 do MEC, foi estabelecido o curso de formação de TST em vigor. 1986 – A lei n° 7498/86 regulamenta as profissões Enfermeiro, Técnico em Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem. 1986 – A Lei n° 9235 de 09/04/86 regulamentou a categoria de Técnico de Segurança do Trabalho. Que na década de 50 eram chamados de “Inspetores de Segurança”. 1990 – O quadro do SESMT NR 4 é atualizado. O SESMT a partir de então é formado por: – Engenheiro de Segurança do Trabalho; – Médico do Trabalho; – Enfermeiro do Trabalho; – Auxiliar de Enfermagem do Trabalho; – Técnico em Segurança do Trabalho. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 6 1991 – Lei 8.213/91 estabelece o conceito legal de Acidente de Trabalho e de Trajeto e nos artigos 19 a 21 e no artigo 22 também estabelece a obrigação da empresa em comunicar os Acidentes do Trabalho as autoridades competentes. Foi posteriormente alterado pelo Decreto nº 611, de 21 de julho de 1992. 2001 – Entra em vigor a Portaria n° 458 de 4 de Outubro de 2001 e fica proibido a partir de então, o trabalho infantil no Brasil. 2009 – O termo Ato Inseguro é retirado do item 1.7 da Norma Regulamentadora 1. E isso é motivo de comemoração para muitos prevencionistas que reclamam que o termo retirava em muitas vezes o responsabilidade do empregador. Pois era fácil rotular os acidentes somente como Ato Inseguro, e isso dificultava encontrar a verdadeira causa. 2012 – A presidente do Brasil institui através da Lei nº12.645, de 16 de maio de 2012 o dia 10 de outubro como o Dia Nacional de Segurança e de Saúde nas Escolas. As Normas Regulamentadoras As Normas Regulamentadoras – NR tratam-se do conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, de observância obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. As Normas Regulamentadoras, NR’s, surgiram primeiramente com a lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977, estabelecendo a redação dos art. 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, relativas à segurança e medicina do trabalho. Conforme, o art. 200 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer as disposições complementares às normas relativas à segurança e medicina do trabalho. Em seguida, em 08 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.214, que regulamentou as normas regulamentadoras pertinentes a Segurança e Medicina do Trabalho. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 7 As normas regulamentadoras (NR´s) dão um direcionamento para o desenvolvimento das ações e obrigações das empresas. Em especial as ações relativas às medidas de prevenção, controle e eliminação de riscos, inerentes ao trabalho e à proteção da saúde do trabalhador (BRASIL, 1978). Conforme o Ministério do Trabalho e do Emprego, as principais normas regulamentadoras para conhecimento do enfermeiro do trabalho são: NR 1 sobre as Disposições Gerais publicadas pela Portaria GM n. 3.214, de 08 de junho de 1978, relativas à segurança e medicina do trabalho. São de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Abaixo as NR’s aprovadas e em vigor: NR 2 - Inspeção Prévia; NR 3 - Embargo ou Interdição; NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); NR 6 - Equipamento de Proteção Individual; NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; NR 8 - Edificações; NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; NR10 Serviços em Eletricidade; NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 8 NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos; NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão; NR 14 - Fornos; NR 15 - Atividades e Operações Insalubres; NR 16 - Atividades e Operações Perigosas; NR 17 - Ergonomia; NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção; NR 19 - Explosivos; NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis; NR 21 - Trabalhos a céu aberto; NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração; NR 23 - Proteção contra incêndios; NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; NR 25 - Resíduos Industriais; NR 26 - Sinalização de Segurança; NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho; NR 28 - Fiscalização e Penalidades; NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário; NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 9 NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura; NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde; NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados; NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval; NR 35 - Trabalho em Altura. O acompanhamento e rigor na fiscalização da execução das normas culminarão no foco em objetivos e metas no que diz respeito à promoção, prevenção, manutenção, controle e reabilitação da saúde do trabalhador. O investimento em profissional qualificado é um grande avanço nas empresas que prezam pela classe trabalhadora, cada vez mais consciente de seus direitos. O mercado de trabalho carece de Enfermeiro do Trabalho que consiga aliar incentivos econômicos para empresas que valorizam a saúde de seus colaboradores com a prevenção de acidentes, sendo possível, dessa maneira, reduzir impostos. Nesta etapa explicaremos as causas básicas dos acidentes de trabalho, além de definir os atos e condições inseguras. Causas Básicas dos Acidentes São as atitudes do homem e as condições do ambiente de trabalho que, associadas, ou não, dão origem aos acidentes. Para efeito de prevenção são classificadas em duas categorias: Causas Diretas dos Acidentes São aquelas que estão presentes no exato momento em que o acidente acontece. Decorrem de três fatores: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 10 - atitudes inadequadas do homem, conhecidas por “atos inseguros”. - condições inadequadas do ambiente de trabalho, conhecidas por “condições inseguras”. - situações que fogem de ambos os fatores acima, conhecidas por “imprevistos”. Atos Inseguros São as formas como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, aos riscos de acidentes. Exemplos: - Não utilizar o EPI - Correr no local de trabalho - Fumar em local proibido - Brincar ou distrair-se no trabalho - Limpar máquinas em movimento - Usar ferramenta defeituosa ou inadequada - Não seguir as normas de segurança - Levantar peso em excesso - Sobrecarregar máquinas - Posicionar-se embaixo de cargas - Obstruir equipamento de combate a incêndios - Etc. Condições Inseguras São as más condições do meio ambiente do trabalho que, por uma ou outra razão, o tornam inseguro e perigoso. Exemplos: Falta de EPI. Buracos ou rachaduras no piso INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 11 Escadas molhadas Recipientes sem identificação Ruído excessivo Pouca iluminação Máquinas com partes móveis sem proteção Falta de sinalização Desarrumação e sujeira no local de trabalho Ferramentas quebradas ou com defeito Corredores obstruídos Imprevistos São aquelas situações que não se enquadram nem como atos nem como condições inseguras e que estão fora do nosso controle. Exemplos: Inundações Tempestades de raios Terremotos Vendavais Outras catástrofes naturais Causas Indiretas dos Acidentes São os fatores pessoais e administrativos que levam o trabalhador a praticar atos inseguros e a empresa a deixar surgirem ou não eliminar condições inseguras de trabalho. Porque dos Atos Inseguros? Decorrem de uma série de fatores pessoais de origem hereditária, congênita, social, educacional, profissional, psicológica ou mesmo de doenças que levam o indivíduo a praticá-los. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 12 Exemplos: diabetes, deficiência auditiva, brigas em família, baixa escolaridade, não adaptação ao trabalho, dívidas, etc. Porque das Condições Inseguras? Decorrem dos fatores empresariais de ordem técnica, econômica, conceitual ou cultural que levam ao seu surgimento, ou não eliminação quando já existem. Exemplos: projeto mal executado, matéria prima barata, mas de baixa qualidade, não entendimento dos benefícios daprevenção de acidentes, falta de disciplina empresarial, responsabilidades não assumidas. Atividades Um funcionário que atua numa empresa como auxiliar de serviços gerais irá realizar um trabalho de conservação e limpeza numa área de circulação de grande número de colaboradores. Quais as medidas que devem ser tomadas para que este trabalho ocorra de forma segura tanto para o funcionário quanto para os demais colaboradores? Chave de resposta: O funcionário, auxiliar de serviços gerais deverá receber todas as orientações de segurança do trabalho para desenvolver com propriedade e de forma segura. O trabalho deverá ser realizado com o uso de equipamentos de proteção individuais como luvas, botas e avental, por exemplo. O local deve ser sinalizado e com circulações limitadas através de medidas coletivas de proteção como barreiras específicas e demais medidas. Todos os colaboradores devem ser informados previamente para que tenham a ciência dos riscos do ambiente de trabalho. As Normas Regulamentadoras devem ser seguidas corretamente para que um acidente não ocorra. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 13 2. Acidentes de Trabalho Neste segundo capítulo, trataremos dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais. Conforme prevê o Artigo 19 da Lei 8.213/91, acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Neste momento, é fundamental, como objetivo maior deste capítulo, apresentarmos as principais conceituações de acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais bem como os enquadramentos dos acidentes equiparados. O que é Acidente de Trabalho? Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda, ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Consideram-se acidente do trabalho as doenças profissionais e doenças do trabalho. Equiparam-se também ao acidente do trabalho (art. 21 da Lei 8.213/91): I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; a) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; b) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 14 II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; Também é considerado legalmente acidente do trabalho, os infortúnios ocorridos nos intervalos destinados à refeição ou descanso, ou nos períodos destinados à satisfação das necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este. Doença Profissional - é a doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade. Os empregados que desenvolvem uma mesma atividade comumente estão sujeitos a contraí-la, uma vez que os riscos são inerentes à atividade em si. Doença do trabalho: é aquela adquirida em função de condições especiais de trabalho em se evidencia a exposição a um determinado agente ambiental não comum a todos os profissionais que exercem aquela atividade. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 15 As doenças que não são consideradas doenças do trabalho são (§ 1º do art. 20 da lei 8.213/91 –PBPS): a) Doença degenerativa; b) A inerente ao grupo etário; c) A que não produza incapacidade laborativa; d) A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva. Lesão corporal é o resultado bem sucedido de qualquer agressão ao corpo. Pode dizer respeito e debilitação de um órgão do corpo humano, exemplo: ferida cegueira causada por um lançamento de um estilhaço no olho. Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer parte do corpo, órgão ou sentido, como por exemplo: a perda da capacidade de ouvir, por parte de um trabalhador no ambiente de trabalho (doença ocupacional) ou fora do ambiente de trabalho (não ocupacional). INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 16 É importante observar que nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. É importante lembrar, Doença profissional é aquela adquirida em função do risco específico da função do trabalhador. Exemplo: o soldador que desenvolveu catarata. Nesse item não incluem doenças degenerativas e inerentes a determinadas a faixas de idades (idosos ou crianças) Em casos excepcionais em que a doença não se enquadrar nos itens anteriores o INSS concederá os mesmos direitos e benefícios garantidos os casos de acidentes de trabalho. Equiparam-se ao acidente do trabalho os seguintes acontecimentos: O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido única causa, tenha contribuído diretamente para a morte do trabalhador, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija cuidados médicos para que seja possível sua recuperação. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: – Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; – Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; – Ato de pessoa privada do uso da razão (louca); INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 17 – Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; – A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade (ex: intoxicação); O acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do local e horário de trabalho: – Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; – Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; – Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta e dentro de seus planos para melhor capacitação profissional, independentemente de meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do empregado;– No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo do funcionário. Nesta etapa apresentaremos as estatísticas de acidentes de trabalho e as Comunicações de Acidentes de Trabalho seguindo nossa Legislação Brasileira. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 18 Estatísticas de Acidente do Trabalho Dos 5 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil entre 2007 e 2013, data da última atualização do anuário estatístico da Previdência Social, 45% acabaram em morte, em invalidez permanente ou afastamento temporário do emprego. Só nesse período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com indenizações aos acidentados foi de R$ 58 bilhões. Além da pensão por morte e invalidez, o INSS paga ainda o salário do segurado a partir do 16º dia de ausência no emprego. Só em 2013, o INSS pagou R$367 milhões em benefícios por acidentes de trabalho. Uma parte se refere a afastamentos temporários do emprego, mas ano após ano a conta vai crescendo porque uma parte desses benefícios se destina a pensões por morte ou invalidez permanente. Numa conta atualizada para 2015, somente o custo gerado pelos acidentes entre trabalhadores com carteira assinada que são notificados e identificados nas estatísticas oficiais é estimado em R$ 70 bilhões. Existem ainda outros custos que escapam às estatísticas oficiais. Esses custos vão além dos benefícios previdenciários, já que a eles se somam os gastos indiretos no Sistema Único de Saúde (SUS), com seguros de acidentes ou ações nos tribunais de Justiça, por exemplo. O SUS, que é universal, atende um grande número de pessoas que se acidentam e adoecem no mercado informal cujas despesas correm por conta do Ministério da Saúde e não do INSS. Nesse ponto, às estatísticas oficiais se incorporam estimativas as mais variadas. As empresas têm dois tipos de custos: os segurados e os não segurados. O custo dos segurados é quanto a empresa gasta com seguro de acidentes de trabalho, com o tempo perdido, com despesas com os primeiros socorros, a perda de equipamentos e materiais, interrupção da produção, retreinamento de mão-de-obra, substituição de pessoal, pagamento de horas-extras, recuperação do empregado, salários pagos aos afastados, despesas administrativas, gastos com medicina e engenharia de reparação. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 19 Transporte Rodoviário e Construção Civil, os Setores mais Letais. O transporte rodoviário de cargas rivaliza com a construção civil entre os setores mais letais para os trabalhadores. Grande parte dos acidentes se relaciona ao excesso de jornada de trabalho dos caminhoneiros e à falta regulamentação que limite o tempo ao volante e o intervalo mínimo de descanso. A falta de registro legal do vínculo de emprego geralmente contribui para que o motorista trabalhe mais para garantir o sustento e da família. Assim, os riscos se multiplicam num país com uma frota de 3,2 milhões de caminhões. Gráfico da Tendência dos Acidentes de Trabalho (1970-2008) INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 20 Gráfico da Tendência dos Acidentes Fatais (1970-2008) Paradoxo Acidentes x Mortes Enquanto o número de acidentes diminui, o número de mortes se mantém constante. Aventa-se a hipótese de que isso seja devido a possibilidade de não se registrar os acidentes enquanto que as mortes não podem passar sem que se registrem. Gráfico Tendência das Doenças Ocupacionais (1970-2008) INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 21 Gráfico dos Acidentes de Trajeto (1970 - 2008) A construção civil é o quinto setor econômico em número de acidentes e o segundo que mais mata trabalhadores no Brasil. A participação do setor no total de acidentes fatais no país passou de 10%, em 2006, para os atuais 16% e hoje responde por 450 mortes todos os anos. Os dados consideram apenas os empregados formais vinculados aos CNAES (Classificação Nacional de Atividade Econômica) e os anuários estatísticos de acidentes de trabalho do INSS. CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho A Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT foi prevista inicialmente na Lei nº 5.316/67, com todas as alterações ocorridas posteriormente até a Lei nº 9.032/95, regulamentada pelo Decreto nº 2.172/97. A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. O acidente deve ser comunicado até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente (art. 22 da lei 8.213/91 – PBPS). No caso de doença profissional, o dia do acidente será considerado a data do INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 22 início da incapacidade laborativa ou o dia em que for realizado o diagnóstico (art. 23 da lei 8.213/91 – PBPS). A CAT deve ser preenchida em quatro vias, com a seguinte destinação: 1ª via – ao INSS; 2ª via – à empresa; 3ª via – ao segurado ou dependente; 4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador. ATIVIDADES O que deve ser feito na ocorrência de um acidente de trabalho? Quais as ações e direitos dos trabalhadores? Chave de resposta: Na maioria dos casos, em caso de acidente de trabalho, é direito do trabalhador: Ser 100% reembolsado pelo empregador no que diz respeito a medicamentos e despesas médicas. Afastamento decorrente do acidente, se necessário. Estabilidade de 12 meses após retornar do afastamento. Quando o trabalhador se acidenta, o empregador deve emitir um CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), documento padrão para esse tipo de ocorrência. Caso o INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 23 empregador não emita o CAT, o trabalhador pode pedir ao sindicato que envie esse documento ou procurar assistência diretamente no INSS. Caso não receba a devida assistência da empresa, o trabalhador pode reclamar junto ao Ministério do Trabalho e ou à Superintendência Regional do Trabalho, que devem tomar as providências necessárias. Em casos de indenização, existe um período para solicitá-la, que é de no máximo 5 anos, contados a partir do dia em que ocorreu o acidente de trabalho ou que se caracterizou a doença ocupacional. Passado esse período, o prazo para a indenização prescreve e ela não será mais paga. 3. Higiene Ocupacional Estudaremos neste capítulo as questões relacionadas a Higiene Ocupacional e seus aspectos fundamentais em relação a efetiva proteção dos trabalhadores expostos aos diversos riscos de doenças relacionadas ao trabalho. A Higiene Ocupacional está diretamente relacionada com os riscos físicos, químicos biológicos, ou ainda na associação destes nos diversos ambientes do trabalho, causadores de doenças e afastamentos em geral. Neste momento, trataremos fundamentalmente das conceituações da Higiene Ocupacional e os enquadramentos dos riscos ambientais. Estabelecendo o conceito e definições A Higiene Ocupacional: Visa a prevenção da doença ocupacional, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e o controle dos agentes ambientais (esta é a definição básica atual, havendo variantes); outras definições serão discutidas mais adiante; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 24 "Prevenção da doença" deve serentendida com um sentido mais amplo, pois a ação deve estar dirigida à prevenção e ao controle das exposições inadequadas a agentes ambientais (um estágio anterior às alterações de saúde e à doença instalada); Em senso amplo, a atuação da higiene ocupacional prevê uma intervenção deliberada no ambiente de trabalho, como forma de prevenção da doença. Sua ação no ambiente é complementada pela atuação da medicina ocupacional, cujo foco está predominantemente no indivíduo. Os agentes ambientais que a higiene ocupacional tradicionalmente considera são os chamados agentes físicos, químicos e biológicos. Esta consideração pode ser ampliada, levando em conta outros fatores de stress ocupacional, como aqueles considerados na Ergonomia, por exemplo, (que também podem causar desconforto e doenças). É evidente que as duas disciplinas se interfaceiam e sua interação deve ser sinergética antes que antagônica... Os agentes físicos são em última análise alguma forma de energia, liberada pelas condições dos processos e equipamentos, e que exporão o trabalhador; sua denominação habitual: Ruído, Vibrações, Calor / Frio (interações térmicas), Radiações Ionizantes e não Ionizantes, Pressões Anormais. Os agentes químicos, mais que por sua característica individual, mas sim por sua dimensão físico-química, são classificados: gases, vapores, aerodispersóides (estes últimos são subdivididos ainda em poeiras, fumos, névoas, neblinas, fibras); podemos entender os agentes químicos como todos as substâncias puras, compostos ou produtos (misturas) que podem entrar em contato com o organismo por uma multiplicidade de vias, expondo o trabalhador. Cada caso tem sua toxicologia específica, sendo também possível agrupá-los em famílias químicas, quando de importância toxicológica (hidrocarbonetos aromáticos, por exemplo); As “vias de ingresso” ou de contato com o organismo considerado tradicionalmente são a via respiratória (inalação), cutânea (através da pele intacta) e digestiva (ingestão). A inalação é a de maior importância industrial, seguida da via dérmica. Os agentes biológicos são representados por todas as classes de micro-organismos patogênicos (algumas vezes adicionados de organismos mais complexos, como insetos INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 25 e animais peçonhentos): vírus, bactérias, fungos... Notar que merecem uma ação bem diversa que a dos outros agentes, e que muitas formas de controle serão específicas. Classificação dos Riscos Ambientais Atenção: Veja que os RISCOS AMBIENTAIS são classificados por cores para que os trabalhadores tenham facilidades na sua identificação. Observe que, por definição a Higiene Ocupacional trata apenas dos riscos físicos, químicos e biológicos. Áreas de Interação da Higiene Ocupacional Medicina ocupacional - interação evidente e mais forte, não há como desempenhar qualquer das disciplinas sem dialogar com o profissional da outra. Área de gestão ambiental - interação importante, pois os mesmos agentes podem extrapolar o âmbito ocupacional (ambientes onde há trabalhadores expostos), INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 26 tornando-se um problema de meio-ambiente e comunidade (Exemplos: ruído, contaminantes presentes em resíduos, emissões). Ergonomia - como também é eminentemente multidisciplinar, a ergonomia apresenta várias interações, pois os mesmos agentes ambientais que significam risco na higiene serão fatores de desconforto na ergonomia (ruído, calor, iluminação). Não se deseja aqui limitar a ergonomia à questão do conforto, pois há muitas inadequações ergonômicas que geram doenças, mas os exemplos dados evidenciam a interdisciplinaridade que existe. Conceitos da Higiene em Algumas Referências Higiene Ocupacional, Higiene Industrial, Higiene do Trabalho - Os termos são considerados homônimos, enquanto exprimem a ação da disciplina. Atualmente se usa Higiene Ocupacional. Definição da American Industrial Hygiene Association, que se encontra citada na Enciclopédia de Segurança e Saúde Ocupacional, da OIT: "Ciência e Arte devotada ao reconhecimento, avaliação de controle dos fatores e estressores ambientais, presentes ou oriundos do local de trabalho, os quais podem causar doença, degradação da saúde ou bem estar, ou desconforto significativo e ineficiência entre os trabalhadores ou cidadãos de uma comunidade". O autor do verbete na Enciclopédia, C. M. Berry, diz ainda que atualmente a definição não descreve adequadamente a disciplina, e que é importante adicionar o termo "antecipação", como vimos atrás. Expõe ainda que a preocupação deve se estender à família do trabalhador, citando os casos do berílio e do asbestos. A definição do American Board of Industrial Hygiene é semelhante, falando da "Ciência e prática devotada a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores e estressores ambientais presentes ou oriundos do local de trabalho que podem causar doença, degradação da saúde ou bem estar, ou desconforto significativo entre trabalhadores e podem ainda impactar a comunidade em geral" (atenção: ambas são traduções livres; convém sempre INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 27 ler os originais, até porque há muito de instrutivo nessas leituras para o higienista). Agora, já cientes dos riscos que trata a Higiene Ocupacional, apresentaremos as etapas “higienistas” ou “prevencionistas” bem como os conceitos de limites de tolerância e níveis de ação. Para bem realizar a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos agentes ambientais, são necessárias múltiplas ciências, tecnologias e especialidades. Para a avaliação e o controle, é importante a engenharia; na avaliação, também se exige o domínio dos recursos instrumentais de laboratório (química analítica); no entendimento da interação dos agentes com o organismo, a bioquímica, toxicologia e a medicina. A compreensão da exposição do trabalhador (este termo é fundamental) a certo agente passa pelas características físicas e/ou químicas dos agentes e o uso dessas ciências básicas. O reconhecimento é um alerta; a adequada avaliação deve levar a uma decisão de tolerabilidade; os riscos intoleráveis devem sofrer uma ação de controle; Para se conhecer sobre a intolerabilidade, valores de referência devem existir. É o conceito dos limites de exposição (legalmente, limites de tolerância). O objetivo último da atuação em higiene ocupacional, uma vez que nem sempre se pode eliminar os riscos dos ambientes de trabalho, é o de se reduzir a exposição média de longo prazo (parâmetro recomendado de comparação) de todos os trabalhadores, a todos os agentes ambientais, a valores abaixo do nível de ação. Veja que começaram a surgir outros conceitos, que devem ser definidos a seu tempo Nem todos os agentes são medidos apenas por sua ação de longo prazo, sendo também importantes as exposições agudas (curto prazo). Pode-se perceber que devem variar aqui os objetivos e formas de avaliação da exposição. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 28 Detalhando Aspectos Básicos ANTECIPAR É: Trabalhar com equipes de projeto, modificações ou ampliações (ou pelo menos analisando em momentos adequados o resultado desse trabalho), visando a detecção precoce de fatores de risco ligados a agentes ambientais, adotando opções de projeto que favoreçam a sua eliminação ou controle; Estabelecer uma "polícia de fronteira" na empresa, rastreando e analisando todo novo produto químico a ser utilizado (isso inclui as amostras devendedores) Ditar normativas preventivas para evitar exposições inadvertidas a agentes ambientais causadas pela má seleção de produtos, materiais e equipamentos, para compradores, projetistas, contratadores de serviços. Por exemplo, um dispositivo para espantar roedores de galerias de cabos elétricos parece ótimo, mas é necessário saber que é um emissor de ultrassom. RECONHECER É ...Conhecer de novo! Isso significa que se deve ter conhecimento prévio dos agentes do ambiente de trabalho, ou seja, saber reconhecer os riscos presentes nos processos, materiais, operações associadas, manutenção, subprodutos, rejeitos, produto final, insumos, ... Estudar o processo, atividades e operações associadas e processos auxiliares, não apenas com os dados existentes na empresa (e inquirindo os técnicos, projetistas, operadores...), mas também conhecendo a literatura ocupacional específica a respeito deles, pois mesmo os técnicos dos processos podem desconhecer os riscos ambientais que os mesmos produzem. Podem omitir, frequentemente, detalhes que não julgam importantes para o higienista, justamente ligados a um risco. O solícito técnico da máquina empacotadora de INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 29 leite longa vida pode lhe dar uma explicação precisa e detalhada do seu funcionamento, omitindo que a caixinha é selada por radiofrequência. Transitar e observar incessantemente pelo local de trabalho (não se faz higiene sem ir a campo), observando o que lhe é mostrado e o que não é. Andar "atrás" das coisas, em subsolos, casas de máquinas, porões de serviço pode ser bastante instrutivo e revelador de riscos ambientais (cuidado com os riscos de acidentes nesses locais); AVALIAR É Em forma simples, avaliar é poder emitir um juízo de tolerabilidade sobre uma exposição a um agente ambiental. Atualmente, a avaliação está inserida dentro de um processo que se convenciona chamar de Estratégia de Amostragem, o que é, evidentemente, muito mais que avaliar no sentido instrumental. O juízo de tolerabilidade é dado pela comparação da informação de exposição ambiental (que pode ter vários graus de confiabilidade) com um critério adequado. O critério é genericamente denominado de "limite de exposição ambiental", ou limite de exposição. (Legalmente falando, "limite de tolerância". Este conceito será detalhado adiante) CONTROLAR É: Adotar medidas de engenharia sobre as fontes e trajetória do agente, atuando sobre os equipamentos e realizando ações específicas de controle, como projetos de ventilação industrial; Intervir sobre operações, reorientando-as para procedimentos que possam eliminar ou reduzir a exposição. Definir ações de controle no indivíduo, o que inclui, é claro, mas não está limitado a, a proteção individual. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 30 Serão dados mais à frente os elementos gerais de ações de controle em higiene ocupacional. Em cada matéria, serão dadas ações específicas de controle. Conceito do Limite de Tolerância / Limite de Exposição Exercício de construção do conceito - Vamos por aproximações sucessivas, e ao mesmo tempo discutindo e construindo o conceito, com aspectos associados: Um valor abaixo do qual não haverá doenças? (Seria muito grosseiro e pretensioso) Um valor abaixo do qual há razoável segurança contra o desencadeamento das doenças causadas por um agente ambiental? (Melhorou, mas ainda falta muito) Um valor abaixo do qual há razoável segurança para a maioria dos expostos contra o desencadeamento de doenças causadas por um agente ambiental (esta adição é fundamental) Vamos intercalar aqui a definição da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists - veja também o item sobre Associações e Entidades em Higiene Ocupacional): "Os limites de exposição referem-se a concentrações de substâncias químicas dispersas no ar (assim como a intensidades de agentes físicos de natureza acústica, eletromagnética, ergonômica, mecânica e térmica) e representam condições às quais se acredita a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde." A definição acima é completa, mas não diz tudo (porque há muitas considerações associadas, que não cabem numa definição...). Dessa forma, é preciso alertar para: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 31 A "maioria" implica numa "minoria", ou seja, pessoas que não estarão necessariamente protegidas ao nível do LE ou mesmo abaixo do mesmo. Podem ser pessoas hipersuscetíveis pela própria natureza da variabilidade individual (todo critério tem um ponto de corte; até recentemente, o LE para ruído da ACGIH pretendia a proteção de 90% dos expostos), ou por fatores de hipersusceptibilidade específica, como é o caso dos albinos em relação à radiação ultravioleta. É preciso conhecer quais os efeitos que o LE pretende evitar. Muitas vezes, não se evitarão todos os efeitos. No caso do ruído, trata-se apenas da perda auditiva induzida, embora se saiba que há outros efeitos à saúde. Muitas vezes, é difícil modelizar tais efeitos para fins de um limite, pois há grande variabilidade individual; outras vezes, simplesmente não há relação dose - resposta, como no caso de carcinogênicos ( o LE para asbestos pode protegê- lo da fibrose pulmonar, mas não dos cânceres, cuja relação é estocástica, uma chance dependente do nível de exposição - já fica aqui a mensagem para evitar toda exposição ao dito cujo). É preciso conhecer qual a base de tempo do LE, sobre o qual se estabelece a média ponderada de exposição (esta já é uma questão de avaliação); pode ser de 6 minutos, como ocorre com radiofrequência, uma hora para exposição ao calor, e mais frequentemente 8 horas, ou a jornada, para a maioria dos casos. É preciso lembrar que o limite de exposição representa a melhor abordagem disponível, dentro de certos critérios, a respeito do conhecimento acerca do agente ambiental, em termos correntes, ou seja, é um conceito sujeito a contínua evolução, mas apenas o que se conhece na atualidade de sua emissão. Frequentemente os LE são rebaixados, e raramente aumentados (ou seja, houve alguma superestimação do risco). Entidades e Associações da Área Destacam-se as associações higienistas estrangeiras, como a ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) e a AIHA (American Industrial INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 32 Hygiene Association), uma internacional, a IOHA (International Occupational Hygiene Association), que é uma associação de associações, e nacionalmente, a ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais). As entidades a destacar são o NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Heath) norte-americano, governamental, e seu homólogo nacional (conceitualmente falando), que é a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho). Também são especialmente importantes as entidades do Canadá, França e Espanha (neste último caso, pela maior facilidade quanto ao idioma). Atividades Um grupo de trabalhadores está exposto a um ruído ocupacional acima dos Limites de Tolerância. Importante ressaltar que a nossa Norma Regulamentadora NR 15, estabelece que para uma carga horária diária e contínua de 8horas, um Limite de 85dB. Você foi contratado como Engenheiro de Segurança do Trabalho da empresa e tem pela frente este desafio inicial, ou seja, propor medidas preventivas para os expostos, visto que nos examesaudiométricos muitos deles vem se queixando de “perda auditiva”. Quais devem ser suas ações neste sentido. Chave de resposta: Inicialmente é fundamental que tenhamos o pleno entendimento que os equipamentos de proteção individual, os chamados EPI’s, não são considerados como medidas prioritárias no campo da proteção dos trabalhadores. Assim, neste caso especificamente, você deverá propor medidas de natureza coletiva, ou seja, com a instalação de equipamentos na fonte geradora do ruído, eliminando-o ou minimizando seus efeitos nocivos. Caso não seja possível, a sugestão seriam as medidas administrativas com os revezamentos dos postos de trabalho ou ainda com a redução da jornada para os trabalhadores neste ambiente nocivo. O uso dos equipamentos de proteção individuais deve ser estabelecido em último caso, repito, em caráter emergencial ou transitório. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 33 4. SESMT Estudaremos neste capítulo o SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Abordaremos as atividades dos profissionais especializados nas empresas no campo da prevenção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho. O SESMT está definido pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 na Norma Regulamentadora NR 4. Nela, além dos profissionais especializados, estão definidos a Classificação Nacional de Atividades Econômicas e o Grau de Risco dos diversos seguimentos. Neste momento, trataremos fundamentalmente verificações em relação as orientações da própria Norma Regulamentadora NR 4 que trata do SESMT e trataremos dos enquadramentos tanto do CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas quanto do Grau de Risco. SESMT – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO é uma equipe de profissionais, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade física dos servidores/trabalhadores. O SESMT está estabelecido no artigo 162 da Consolidação das Leis do Trabalho e é regulamentado pela Norma Regulamentadora - 4 do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e os poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, conforme o grau de risco de sua atividade principal e o seu número de empregados, obrigatoriamente, deverão constituir o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 34 O dimensionamento do SESMT vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento, conforme previsto nos Quadros I e II da Norma Regulamentadora nº 04. Em decorrência do dimensionamento, o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT poderá ser composto por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho. O Papel do SESMT nas Empresas De acordo a NR-04, compete ao SESMT as seguintes funções: “a) aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o exija; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 35 c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea “a”; d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; e) manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR-05; f) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente; g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando os em favor da prevenção; h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo o empregador manter a documentação à disposição da inspeção do trabalho; j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 36 alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas “h” e “i” por um período não inferior a 5 (cinco) anos; l) as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e de imediata atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de acidente estão incluídos em suas atividades.“ É importante também destacar, que o item 4.19 da NR-04 estabelece que: “4.19 A empresa é responsável pelo cumprimento da NR, devendo assegurar, como um dos meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. O impedimento do referido exercício profissional, mesmo que parcial e o desvirtuamento ou desvio de funções constituem, em conjunto ou separadamente, infrações classificadas no grau I4, se devidamente comprovadas, para os fins de aplicação das penalidades previstas na NR-28.” Portanto, as empresas devem cumprir o estabelecido pelas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Evitando assim, possíveis notificações, interdições e/ou embargos pelos órgãos competentes, tal como despesas trabalhistas e previdenciárias. De acordo com o Quadro I da nossa Norma Regulamentadora NR 4, o CNAE definirá o Grau de Risco da empresa à ser pesquisada.Veja o exemplo abaixo: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 37 Após definido o Grau de Risco, no Quadro II da NR 4 teremos o dimensionamento do SESMT conforme o número de funcionários da empresa. Veja o exemplo abaixo: Agora que já sabemos dimensionar o SESMT e já sabemos quais os profissionais que compõem o SESMT vamos apresentar as atividades de cada um destes profissionais. Vejamos então: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 38 O profissional de Segurança do Trabalho tem uma área de atuação bastante ampla. Ele atua em todas as esferas da sociedade onde houver trabalhadores. Em geral ele atua em fábricas de alimentos, construção civil, hospitais, empresas comerciais e industriais, grandes empresas estatais, mineradoras e de extração. Também pode atuar na área rural em empresas agroindustriais. O profissional de Segurança do Trabalho atua conforme sua formação, quer seja ele médico, técnico, enfermeiro ou engenheiro. O campo de atuação é muito vasto. Em geral o engenheiro e o técnico de segurança atuam em empresas organizando programas de prevenção de acidentes, orientando a CIPA, os trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de proteção individual, elaborando planos de prevenção de riscos ambientais, fazendo inspeção de segurança, laudos técnicos e ainda organizando e dando palestras e treinamento. Muitas vezes esse profissional também é responsável pela implementação de programas de meio ambiente e ecologia na empresa. O médico e o enfermeiro do trabalho dedicam-se a parte de saúde ocupacional, prevenindo doenças, fazendo consultas, tratando ferimentos, ministrando vacinas, fazendo exames de admissão e periódicos nos empregados. O que exatamente faz cada um dos profissionais de Segurança do Trabalho? A seguir a descrição das atividades dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 39 Assessora empresas e industriais e de outro gênero em assuntos relativos à segurança e higiene do trabalho, examinando locais e condições de trabalho, instalações em geral e material, métodos e processos de fabricação adotados pelo trabalhador, para determinar as necessidades dessas empresas no campo da prevenção de acidentes; Inspeciona estabelecimentos fabris, comerciais e de outro gênero, verificando se existem riscos de incêndios, desmoronamentos ou outros perigos, para fornecer indicações quanto às precauções a serem tomadas; Promove a aplicação de dispositivos especiais de segurança, como óculos de proteção, cintos de segurança, vestuário especial, máscara e outros, determinando aspectos técnicos funcionais e demais características, para prevenir ou diminuir a possibilidade de acidentes; Adapta os recursos técnicos e humanos, estudando a adequação da máquina ao homem e do homem à máquina, para proporcionar maior segurança ao trabalhador; Executa campanhas educativas sobre prevenção de acidentes, organizando palestras e divulgações nos meios de comunicação, distribuindo publicações e outro material informativo, para conscientizar os trabalhadores e o público, em geral; Estuda as ocupações encontradas num estabelecimento fabril, comercial ou de outro gênero, analisando suas características, para avaliar a insalubridade ou periculosidade de tarefas ou operações ligadas à execução do trabalho; Realiza estudos sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais, consultando técnicos de diversos campos, bibliografia especializada, visitando fábricas e outros estabelecimentos, para determinar as causas desses acidentes e elaborar recomendações de segurança. Engenheiro de Segurança do Trabalho - CBO 0-28.40 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 40 Inspeciona locais, instalações e equipamentos da empresa, observando as condições de trabalho, para determinar fatores e riscos de acidentes; estabelece normas e dispositivos de segurança, sugerindo eventuais modificações nos equipamentos e instalações e verificando sua observância, para prevenir acidentes; Inspeciona os postos de combate a incêndios, examinando as mangueiras, hidrantes, extintores e equipamentos de proteção contra incêndios, para certificar-se de suas perfeitas condições de funcionamento; Comunica os resultados de suas inspeções, elaborando relatórios, para propor a reparação ou renovação do equipamento de extinção de incêndios e outras medidas de segurança; Investiga acidentes ocorridos, examinando as condições da ocorrência, para identificar suas causas e propor as providências cabíveis; Mantém contatos com os serviços médico e social da empresa ou de outra instituição, utilizando os meios de comunicação oficiais, para facilitar o atendimento necessário aos acidentados; Registra irregularidades ocorridas, anotando-as em formulários próprios e elaborando estatísticas de acidentes, para obter subsídios destinados à melhoria das medidas de segurança; Instrui os funcionários da empresa sobre normas de segurança, combate a incêndios e demais medidas de prevenção de acidentes, ministrando palestras e treinamento, para que possam agir acertadamente em casos de emergência; Coordena a publicação de matéria sobre segurança no trabalho, preparando instruções e orientando a confecção de cartazes e avisos, para divulgar e desenvolver hábitos de prevenção de acidentes; Participa de reuniões sobre segurança no trabalho, fornecendo dados relativos ao assunto, apresentando sugestões e analisando a viabilidade de medidas de segurança propostas, para aperfeiçoar o sistema existente. Técnico de Segurança do Trabalho - CBO 0-39.45 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 41 Executa exames periódicos de todos os empregados ou em especial daqueles expostos ao maior risco de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais, fazendo o exame clínico e/ou interpretando os resultados de exames complementares, para controlar as condições de saúde dos mesmos a assegurar a continuidade operacional e a produtividade; Executa exames médicos especiais em trabalhadores do sexo feminino, menores, idosos ou portadores de subnormalidades, fazendo anamnese, exame clínico e/ou interpretando os resultados de exames complementares, para detectar prováveis danos à saúde em decorrência do trabalho que executam e instruir a administração da empresa para possíveis mudanças de atividades; Faz tratamento de urgência em casos de acidentes de trabalho ou alterações agudas da saúde, orientando e/ou executando a terapêutica adequada, para prevenir consequências mais graves ao trabalhador; Avalia, juntamente com outros profissionais, condições de insegurança, visitando periodicamente os locais de trabalho, para sugerir à direção da empresa medidas destinadas a remover ou atenuar os riscos existentes; Participa, juntamente com outros profissionais, da elaboração e execução de programas de proteção à saúde dos trabalhadores, analisando em conjunto os riscos, as condições de trabalho, os fatores de insalubridade, de fadiga e outros, para obter a redução de absenteísmo e a renovação da mão-de-obra; Participa do planejamento e execução dos programas de treinamento das equipes de atendimento de emergências, avaliando as necessidades e ministrando aulas, para capacitar o pessoal incumbido de prestar primeiros socorros em casos de acidentes graves e catástrofes; Participa de inquéritos sanitários,levantamentos de doenças profissionais, lesões traumáticas e estudos epidemiológicos, elaborando e/ou preenchendo formulários próprios e estudando os dados estatísticos, para estabelecer Médico do Trabalho CBO - 0-61.22 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 42 medidas destinadas a reduzir a morbidade e mortalidade decorrentes de acidentes do trabalho, doenças profissionais e doenças de natureza não- ocupacional; Participa de atividades de prevenção de acidentes, comparecendo a reuniões e assessorando em estudos e programas, para reduzir as ocorrências de acidentes do trabalho; Participa dos programas de vacinação, orientando a seleção da população trabalhadora e o tipo de vacina a ser aplicada, para prevenir moléstias transmissíveis; Participa de estudos das atividades realizadas pela empresa, analisando as exigências psicossomáticas de cada atividade, para elaboração das análises profissiográficas; Procede aos exames médicos destinados à seleção ou orientação de candidatos a emprego em ocupações definidas, baseando-se nas exigências psicossomáticas das mesmas, para possibilitar o aproveitamento dos mais aptos; Participa da inspeção das instalações destinadas ao bem-estar dos trabalhadores, visitando, juntamente com o nutricionista, em geral, e o enfermeiro de higiene do trabalho e/ou outros profissionais indicados, o restaurante, a cozinha, a creche e as instalações sanitárias, para observar as condições de higiene e orientar a correção das possíveis falhas existentes. Pode participar do planejamento, instalação e funcionamento dos serviços médicos da empresa. Pode elaborar laudos periciais sobre acidentes do trabalho, doenças profissionais e condições de insalubridade. Pode participar de reuniões de órgãos comunitários governamentais ou privados, interessados na saúde e bem-estar dos trabalhadores. Pode participar de congressos médicos ou de prevenção de acidentes e divulgar pesquisas sobre saúde ocupacional. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 43 Estuda as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria do trabalho; Elabora e executa planos e programas de proteção à saúde dos empregados, participando de grupos que realizam inquéritos sanitários, estudam as causas de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores, investigando possíveis relações com as atividades funcionais, para obter a continuidade operacional e aumento da produtividade; Executa e avalia programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais ou não-profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do menor e da mulher, para propiciar a preservação de integridade física e mental do trabalhador; Presta primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença, fazendo curativos ou imobilizações especiais, administrando medicamentos e tratamentos e providenciando o posterior atendimento médico adequado, para atenuar consequências e proporcionar apoio e conforto ao paciente; Elabora e executa ou supervisiona e avalia as atividades de assistência de enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento ambulatorial, no local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando medicamentos prescritos, curativos, instalações e teses, coletando material para exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para reduzir o absenteísmo profissional; organiza e administra o setor de enfermagem da empresa, provendo pessoal e material necessários, treinando e supervisionando auxiliares de enfermagem do trabalho, atendentes e outros, para promover o atendimento adequado às necessidades de saúde do trabalhador; Enfermeiro do Trabalho CBO - 0-71.40 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 44 Treina trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes; Planeja e executa programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças profissionais. Desempenha tarefas similares às que realiza o auxiliar de enfermagem, em geral, porém atua em dependências de fábricas, indústrias ou outros estabelecimentos que justifiquem sua presença. O SESMT faz a diferença porque cuida do maior bem que a empresa possui que são seus trabalhadores. O empregador inteligente já entendeu que o maior bem que a empresa possui são seus empregados, eles são o único fator de competitividade que restaram para a empresa atualmente. Ter a melhor máquina não é fato de diferenciação no mercado, ter o melhor espaço físico também, porém, ter atendimento de qualidade, ter uma equipe enforcada em resolver problema, ter ideias que tragam lucro só é possível com gente. Só pessoas resolvem problemas, só pessoas tem ideias que geram lucro. Por isso as grandes empresas valorizam como nunca com os seus empregados. E uma das formas de valorizar os empregados e cuidar da segurança desses empregados no ambiente de trabalho. Por isso as empresas que pensam lá na frente cuidam bem dos seus Auxiliar de Enfermagem do trabalho CBO 5-72.10 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 45 empregados, porque elas sabem que o empregado bem cuidado, falta menos ao trabalho, entra menos na justiça contra a empresa, é mais motivado, produz mais! Atividades Uma empresa do ramo de extração e produção de petróleo e gás natural possui um total de 1360 funcionários. Qual o CNAE desta empresa e seu Grau de Risco? Dimensione seu SESMT. Chave de resposta: De acordo com a Norma Regulamentadora NR 4 que trata do SEMT, temos o seguinte: No Quadro I da NR 4, no agrupamento B – Indústrias Extrativas, temos um CNAE para este seguimento 06.00-0. Em seguida, na mesma “linha” do próprio Quadro I, temo a definição do Grau de Risco 4. Assim, verificamos no Quadro II a relação entre Grau de Risco 4 (coluna) e Número de funcionários – 1360 (linha) onde , ao cruzarmos estas informações, teremos para esta empresa, o seguinte SESMT: 05 Técnicos em Segurança do Trabalho; 01 Engenheiro de Segurança do Trabalho; 01 Médico do Trabalho e 01 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho. Veja no próprio Quadro II que para este caso não será necessária a contratação de um Enfermeiro do Trabalho. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 46 5. CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes A CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes não é uma invenção brasileira. Surgiu nos países integrantes da OIT – Organização Internacional do Trabalho que, em 1921, montou um grupo de estudo para analisar as condições de segurança e higiene em que o trabalho era executado nos países filiados e elaborar recomendações. Uma delas, que viria a se tornar o embrião da CIPA atual, foi a criação de “comitês de segurança do trabalho” nas empresas. Alguns países adotaram a medida imediatamente, outros, só mais tarde. No Brasil, a recomendação da OIT foiparcialmente atendida pelo Decreto – Lei nº 7036, de 10/11/44, que determinou a criação de “Comissões Internas de Prevenção de Acidentes” em todas as empresas com 100 ou mais empregados. O funcionamento obrigatório veio um ano depois, através da portaria nº 229, de 19/06/45. Em 27/11/53, a nº 155 oficializou a sigla CIPA e, de lá para cá, a legislação seguiu aperfeiçoando o trabalho da comissão. As principais modificações foram as seguintes: Portaria nº 3456, de 03/08/77: reduziu de 100 para 50 o limite do número de empregados que obrigava as empresas a constituírem CIPA. Portaria nº 3214 – NR 5, de 08/06/78: criou o treinamento para os membros da CIPA e a estabilidade para os titulares da representação dos empregados na comissão. Portaria nº 33 – NR 5, de 27/10/83: definiu a necessidade, ou não, da constituição de CIPA, bem como o número mínimo de seus membros, em função do grau de risco e número de empregados. Tornou obrigatória a indicação de um responsável pela segurança na empresa, caso esta não necessite ter CIPA. Portaria nº 25 SSST, de 29/12/94: incluiu na NR 5 a elaboração do Mapa de Riscos da empresa como atribuição da CIPA. Portaria nº 08 SSST, de 23/02/99: alterou o dimensionamento da CIPA que passa a ser em função da CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas e INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 47 do número de empregados da empresa. Aumentou a carga horária do curso para 20 horas. Superando barreiras e graças à determinação de todos aqueles que assumem o seu papel de cidadãos conscientes, a CIPA chegou até os dias de hoje mostrando que pode ser de grande utilidade, não só na prevenção de acidentes e doenças do trabalho como, também, no próprio crescimento da empresa tornando-a cada vez mais forte e competitiva. É preciso, apenas, que seus integrantes estejam treinados, informados e motivados para uma atuação dedicada e consciente. Apresentaremos à seguir um resumo da NR 5 que trata da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, focando os principais pontos que são, normalmente, objeto da fiscalização rotineira nas empresas privadas, públicas e demais órgãos e sociedades passíveis de atendimento a esta legislação. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes possui como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho coma preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA deverá ser constituída e mantida em funcionamento regular em empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos de administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. A CIPA deve ser constituída de representantes dos empregados e dos empregadores. O dimensionamento é estabelecido de acordo com o Quadro I da NR-05, com base na atividade econômica da empresa e sua respectiva Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, fornecidas pelos Quadros II e III desta mesma NR. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 48 Os representantes dos empregados (titulares e suplentes) são escolhidos pelos próprios, através de votação realizada em escrutínio secreto. Os representantes do empregador (titulares e suplentes) são, por sua vez, designados pelo mesmo. No caso de a empresa não se enquadrar no Quadro I, deverá ser designado um responsável pelo cumprimento da NR-05. Isto pode ser feito com a participação dos empregados, através de negociação coletiva. O mandato dos membros eleitos da CIPA tem a duração de um ano, sendo permitida uma reeleição. Quando um empregado assume dois mandatos consecutivos, é necessário que haja uma pausa de um ano para que ele possa candidatar-se a uma nova eleição. EMPREGADOR INDICAÇÃO Presidente Membros Suplentes TRABALHADORES ELEIÇÃO Vice-Presidente Membros Suplentes SECRETÁRIO INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 49 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para representação dos empregados na CIPA, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Aos empregados eleitos da CIPA é vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência, ressalvando o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do art. 469 da C.L.T. Uma vez empossada a CIPA, a empresa possui um prazo de dez dias para protocolizar, na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho, cópias das atas de eleição e posse e o calendário anual das reuniões ordinárias. Após este procedimento, a CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus membros, mesmo que haja redução no número de empregados na empresa. A exceção fica por conta, apenas, para o caso de encerramento das atividades do estabelecimento. O empregador deve designar um Presidente para a CIPA; os representantes dos empregados deverão escolher um Vice-Presidente entre os titulares da Comissão. Devem ser também indicados pelo grupo um Secretário e seu substituto, os quais não necessariamente precisam pertencer à CIPA. As Diversas Atribuições da Comissão podem ser Resumidas nos itens Abaixo: Identificar os riscos do processo de trabalho e confeccionar o mapa de riscos. Montar plano de ações preventivas. Participar da implementação das ações preventivas, controlar sua qualidade e efetividade, opinar na definição de prioridades. Inspecionar periodicamente os locais de trabalho para identificar riscos à segurança e saúde do trabalhador. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 50 Avaliar, em cada reunião ordinária, como está o cumprimento das metas do plano de ações e discutir cada risco identificado nas inspeções. Divulgar aos empregados informações e notícias sobre a segurança e saúde no trabalho. Participar da avaliação do impacto de alterações no ambiente e no processo de trabalho relacionadas à segurança e saúde dos empregados. Solicitar a paralisação de máquina ou setor onde exista risco grave e iminente. Colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO, PPRA e de outros programas voltados à segurança e saúde do trabalhador. Divulgar e incentivar o cumprimento das Normas Regulamentadoras e das cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relacionadas à segurança e saúde. Participar da análise das causas dos acidentes e doenças do trabalho e sugerir soluções. Analisar as questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores. Requisitar à empresa uma cópia das CAT’s – Comunicações de Acidentes do Trabalho, emitidas. Promover anualmente a SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho. Participar anualmente, em conjunto com a empresa, de campanhas de prevenção da AIDS. Basicamente, os empregados têm como dever: a) Participar da eleição da CIPA; e b) Indicar à Comissão, ao SESMT e ao empregador as situações de risco e respectivas sugestões para melhoria. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 51 São as seguintes as principais atribuições do Presidente da CIPA: a) Convocar os cipeiros para as reuniões da CIPA; e b) Coordenar os trabalhos do grupo em geral e fazer interface com o empregador e o SESMT,
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