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PETIÇÃO INICIAL 01

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU/SP.
CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA- ME, pessoa jurídica de direito privado Inscrição Estadual:..., CNPJ/MF: ..., com endereço para citação a ..., nº..., bairro:...Bauru/SP, CEP:...., neste ato representada por seu representante legal, BARNABÉ, brasileiro, estado civil, agricultor, portador do RG nº....,SSP/SP, e CPF/MF nº..., endereço eletrônico, residente e domiciliada à ..., nº..., bairro:...CEP: ..., na cidade de ...../Estado..., por sua advogada(o) que esta subscreve, endereço eletrônico, com escritório profissional à ........, nº..., bairro:..., CEP: ..., Cidade/Estado, telefone: ....., local onde recebe avisos e intimações, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos5º, inciso , inciso V da CRFB/88, art. 186 , 402, 927, 932, 949 do Novo Código Civil de 2002 e artigos 28, 29, inciso II, e art. 175, inciso I e II, do Código de Trânsito Brasileiro, propor
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS - ACIDENTE DE VEICULO AUTOMOTOR C/C LUCROS CESSANTES E DANOS EMERGENTES
Em face da VIAÇÃO METEORO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, Inscrição Estadual:..., CNPJ/MF: ..., com endereço para citação a ..., nº..., bairro:...Cidade/Estado, CEP:...., pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
DOS FATOS 
A Requerente possui sede em Bauru/SP, e trabalha no setor agrícola com a colheita e do transporte das hortaliças aos mercados das cidades vizinhas a Bauru/SP. 
A Requerente adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que utilizava para o transporte dos seus produtos, o seu veículo realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas cidades próximas.
Ocorre que no dia 11/02/2017, o senhor Barnabé, representante legal da Autora, retornava a Bauru/SP conduzindo a sua Pick-up após mais um dia cansativo de trabalho e naquela noite, chovia muito e a estrada estava escorregadia, e havia também muita neblina.
Quando o senhor Barnabé trafegava na curva do km 447 da rodovia BR-345, no município de Jaú/SP, este perdeu o controle do seu veículo, os pneus traseiros derraparam, e o veículo rodopiou por sua pista, ficando atravessado na pista, sem, contudo, invadir a pista contrária, permanecendo em sua mão direcional.
Porém, um ônibus da Viação Meteoro Ltda., que trafegava na pista contrária, assustou-se com a manobra efetuada por Barnabé e, freou bruscamente, no entanto a pista estava escorregadia e com um pouco de óleo, o motorista perdeu o controle do seu veículo e bateu de frente na pick-up Ranger. Com o impacto, a pick-up foi arremessada por cerca de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista e devido a este impacto o condutor da pick-up, feriu-se gravemente, apresentando um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços.
Insta salientar que o veículo pick-up Ranger, com o impacto, ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria, devido ao impacto cinco passageiros, os senhores Lino, Cláudio, Ribamar, Jorge e Bráulio, que não estavam utilizando cinto de segurança, sofreram lesões. Lino quebrou o seu braço e teve uma pancada na cabeça. Cláudio teve um traumatismo craniano e está em observação no hospital local. Ribamar teve uma lesão na coluna e corre o risco de ficar com sequelas ou paralisia. Jorge e Bráulio tiveram escoriações leves.
 Em decorrência das vitimas do acidente, a Polícia Rodoviária Federal interditou as pistas e chamou a perícia. A polícia tomou ainda o depoimento do motorista do ônibus, que afirmou que invadiu a pista contrária em razão de tentar desviar do veículo que estava derrapando e indo em sua direção.
Logo em seguida, a polícia tomou o depoimento do senhor Barnabé no hospital, que afirmou que perdeu o controle do seu veículo em vista do ônibus ter invadido a contramão, o que o forçou a realizar uma manobra brusca que causou a derrapagem e o impacto com o ônibus.
 A perícia que esteve no local e foi inconclusiva, pois, como estava chovendo, não conseguiu colher as medidas das derrapagens, embora tenha reconhecido a invasão à outra pista, mas não conseguiu definir se esta ocorreu antes ou após o choque. 
Estiveram também presentes a Seguradora da pick-up, Shangai Marine, bem como a seguradora da requerida, a Seguradora Trafegar S/A. O relatório final de cada uma tinha conclusões distintas: a Seguradora da empresa de ônibus considerou a pick-up como a responsável pelo acidente, enquanto que a Seguradora da pick-up considerou a requerida como a responsável.
Seu Barnabé, após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, embora agradecido por ter sobrevivido, estava preocupado agora com a situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento, mesmo porque trabalhava sozinho, e não sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também como faria para transportar as hortaliças.
A requerida fez três orçamentos para o conserto do seu veículo, ficando apurado que o da concessionária Translíder ficaria em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o da Oficina Battera ficaria em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), enquanto que o orçamento da Oficina Restaurar Ltda. ficaria em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). 
Por outro lado, foi apurada a perda total do veículo da Requerente, ao analisar o balanço mensal da empresa Caipira Hortaliças constatou-se que esta possuía um faturamento mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo que o lucro líquido mensal chegava ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
No período de três meses, necessário ao restabelecimento da saúde de seu Barnabé, a requerente zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00( dez mil reais).
A requerente buscou de todas as formas um acordo com a requerida frente aos prejuízos causados pela mesma, enviando e-mails tanto para transportadora como para seguradora, que não se manifestaram. (doc. anexo) 
Diante de tal situação o requerente não viu alternativa a não ser buscar no judiciário a satisfação do seu direito. 
DO DIREITO
Pelos fatos narrados podemos observar que o condutor do ônibus da requerida, não estava observando os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito, logo agiu com total falta de atenção, de modo que o resultado disso foi à colisão lateral sem que para isso, tenha contribuído o condutor do veículo pick-up Ford Ranger, de modo que a culpa se deu exclusivamente pelo motorista da empresa Ré.
Os artigos 28 e 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), define as regras para a circulação segura dos veículos, além das penalidades para sua inobservância, senão vejamos:
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;
O motorista do ônibus agiu com imprudência quando não observou o que determina o Código de Transito Brasileiro, logo que a sua conduta gerou o dever de indenizar pelo fato de que causou danos ao veículo de passeio, sem que este tenha contribuído ativa ou passivamente para tanto, não há o se discutir aqui se houve dolo ou culpa, e sim os prejuízos causados à Requerente. Como dispõe o artigo 5º, inciso , inciso V da CRFB/88 aduz que: “V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou a imagem.”
A requerente sofreu violação de seus direitos como podemos observar nos fatos supracitados, pois o motorista do ônibus da requerida foi imprudente ao adentrar na pista contraria, sabendo este que deveria agir com cuidado e atenção, como todo dever inerente aos condutores, comodispõe o art. 175, inciso I e II do Código de Transito Brasileiro, in verbis:
Art 175. É dever de todo condutor de veículo:
I - Dirigir com a atenção e os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
II - Conservar o veículo na mão de direção e na faixa própria.
[...] (grifo nosso)
Ao adentrar na invadir a pista contraria o motorista da requerida agiu em desconformidade do que a lei preceitua, pois tal conduta se tivesse sido observada como o artigo supracitado determina, não teria ocasionado os prejuízos que estão sendo suportados pelo requerente.
Assevera SERGIO CAVALIERI FILHO� que:
“o anseio de obrigar o agente, causador do dano, a repará-lo, inspira-se no mais elementar sentimento de justiça. O dano causado pelo ato ilícito rompe o equilíbrio jurídico-econômico anteriormente existente entre o agente e a vítima. Há uma necessidade fundamental de se restabelecer esse equilíbrio, o que se procura fazer recolocando o prejudicado no statu quo ante”.
O motorista da requerida, afirmou em seu depoimento que invadiu a pista contraria, o que causou um impacto tão grande que a pick-up do requerente foi arremessada por cerca de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista e devido a este impacto seu Barnabé feriu-se gravemente, apresentando um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços, além do danos causados no automóvel da requerida, com perda total do veiculo.(laudo pericial anexo)
Situação esta que poderia ter sido evitada se o condutor do ônibus tivesse tido prudência e cautela ao conduzir o ônibus da Requerida.
Neste diapasão, o Tribunal de Justiça de São Paulo manifestou em sua decisão que o condutor deve ser prudente prevendo situações de perigo, senão vejamos: 
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - ATROPELAMENTO - CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO CARACTERIZADA - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - FIXAÇÃO SATISFATÓRIA - RECURSOS IMPROVIDOS. Motorista prudente e cauteloso é o que antevê todas as situações de potencial perigo e se determina a conduzir seu veículo de forma a evitar risco a terceiros, nos termos do art. 28 do Código de Trânsito Brasileiro".( grifo nosso).
(TJ-SP - APL: 00084195720108260099 SP 0008419-57.2010.8.26.0099, Relator: Renato Sartorelli, Data de Julgamento: 14/08/2013, 26ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/08/2013).
O condutor do ônibus não teve essa cautela devendo assim ser responsabilizado juntamente com a requerida de acordo com o artigo 932 do Novo Código Civil de 2002;
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
É evidente o dano material caraterizado, pela perda total do veículo da Requerente, além das despesas com cirurgias e medicamentos, entre outros.
Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a configuração dos “danos morais” sofridos pelo requerente.
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim estabelecem:
 “Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” “Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” 
O dano moral e material sofrido pela Autora ficou claramente demonstrado, uma vez que seu veiculo foi arremessado há mais de 10 (dez) metros devido a colisão do ônibus, que não respeitou a faixa, a qual deveria trafegar, como consta no boletim de ocorrência anexo. 
Haja vista que a requerida causou danos irreversíveis ou de difícil reparação, sabendo que o requerente trabalhava sozinho, e que a seguradora da pick-up considerou a requerida como a responsável dos danos causados à Requerente, como orçamento e laudo em anexo, devendo o mesmo ser ressarcido como dispõe o artigo 159 do Novo Código Civil de 2002;
 Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.
Não restam dúvidas de que o Condutor, por imprudência infringiu as normas de trânsito, tendo sido a sua ação culposa a causa exclusiva do fato danoso a Requerente, devendo, conforme a lei repará-la e indenizá-la e ainda ser responsabilizado civilmente sobre sua conduta culposa conforme dispõe o artigo 949 do Código Civil.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.(grifo nosso)
A imprudência do condutor do ônibus causou prejuízos materiais a Requerente que hoje não possue condições de prover seu próprio sustento, devendo a requerida suportar os prejuízos, inclusive com os valores que a Requerente deixou de ganhar.
 O Código Civil Brasileiro assim dispõe sobre a reparação de danos:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.(grifo nosso)
Igualmente, tem direito a vitima à indenização por Lucros Cessantes, correspondente ao período de inatividade, já que em virtude do acontecimento narrado a Requerente deixou de auferir certa quantia, vale dizer a percepção de quantia mensal equivalente ao seu salário desde a época do acidente ate o final da convalescença.
Desta feita, ficou demonstrado o prejuízo causado pelo condutor da Requerida, a fim de determinar que a Requerida arque com as despesas, bem como lhe forneça todos os meios necessários a garantir seu sustento durante o período que deixará de ganhar devido aos danos causados no veiculo e o tratamento médico do senhor Barnabé. (balanço mensal anexo)
DOS PEDIDOS:
Diante de todo o exposto, requer muito respeitosamente, a Vossa Excelência:
1.A citação do réu, para, no prazo legal, querendo, responder ao feito, sob as penas sob pena de confissão e revelia conforme artigo 344 do Novo Código de Processo Civil;
2. Que ao final seja JULGADO PROCEDENTE A AÇÃO, condenando a Requerida na restituição dos prejuízos sofridos pela requerente na exata quantia de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) a título de danos materiais, referentes ao conserto do veículo, R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de danos emergentes pela impossibilidade da prática de suas atividades comerciais, e ainda sua condenação ao pagamento dos Lucros Cessantes no importe de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), em virtude do acidente que ocasionou os danos ao veículo, à paralisação do veículo da Requerente.
3. A concessão do benefício da Justiça Gratuita;
4. A condenação da requerida ao pagamento das custas, despesas processuais nos termos da Lei.
5. Manifesta-se pela realização da audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII);
 Protesta aprovar o alegado por todos os meios de prova em direito admissíveis, prova testemunhal e depoimento pessoal das partes.
Dá à causa o valor de R$ R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais).
 Termos em que 
Pede Deferimento.
Leme, de .............. de ........
_________________________
Advogado(a)
OAB/... .............
� PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL, 7ª edição, São Paulo, Editora Atlas, 2007, p.13
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