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Do Incidente de Assunção de Competência O incidente de Assunção de Competência é cabível quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolve relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos, conforme estabelece o artigo 947 da Lei de Ritos. Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem . repetição em múltiplos processos No Incidente de Assunção de Competência, há um requisito positivo, qual seja: relevante questão de direito, com grande repercussão social e um requisito negativo, a saber: sem repetição em múltiplos processos. Se houver repetição de processos cabe o IRDR. No caso de Assunção de Competência, o relator proporá, de ofício, ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou Defensoria Pública (legitimados) que o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária seja julgado pelo órgão colegiado que o regimento apontar, isto é, remeter o caso ao órgão colegiado para que não seja julgado pelo órgão originário. Uma vez proferido o acórdão em assunção de competência, ele será vinculante em relação a todos os Juízes e órgãos fracionários do Tribunal, salvo se houver revisão de tese. Essas disposições serão aplicadas quando ocorrer relevante questão de direito acerca da qual seja conveniente a prevenção ou composição de divergência entre câmaras ou turmas do Tribunal, consoante o § 4º do artigo 947 da Lei n. 13.105 de 2015. Analise as afirmativas a seguir sobre o Incidente de Assunção de Competência, previsto no Código de Processo Civil vigente: I – Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator não poderá propor, de ofício, que a remessa necessária seja julgada pelo órgão colegiado. II – É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. III – O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese. É correto o que se afirma: a) Apenas em I. b) Apenas em I e III. c) Apenas em II e III. d) Em nenhuma das afirmativas. Para responder à questão acima, vejamos o que estabelece o artigo 947 do CPC de 2015: Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. § 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar. § 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência. § 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese. § 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal. Letra c. Do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade O ordenamento jurídico pátrio admite que o controle de constitucionalidade seja realizado por meio concentrado e difuso (incidental), realizado por órgão judicial (seja monocrático ou colegiado) diante do caso concreto. O incidente de arguição de inconstitucionalidade previsto nos artigos 948 a 950 da Lei de Ritos é aplicável ao controle difuso. O Novo Código de Processo Civil de 2015 trata, por meio do artigo 948 e seguintes, da arguição em sede de controle difuso de constitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público. Veja, uma vez arguida a inconstitucionalidade, no curso de processos em andamento, o relator, após a ouvida do Ministério Público e das partes submeterá a questão à turma ou câmara a qual competir a conhecimento do processo. Caso a arguição seja rejeitada, o julgamento prosseguirá. Noutro giro, se for acolhida a arguição, será submetida ao plenário do Tribunal ou ao órgão especial, onde houver. Conquanto não haja previsão legal quanto à legitimidade ativa para o incidente, são legitimados: o Ministério Público, o Juiz (de ofício), as partes, os terceiros intervenientes e a Defensoria Pública (nesse sentido, há uma legitimidade ampla). Cumpre destacar que os órgãos fracionários dos Tribunais não irão submeter ao plenário ou órgão especial a arguição de inconstitucionalidade acaso exista pronunciamento destes ou do plenário da Suprema Corte acerca da questão. Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. Consoante o artigo 950 da Lei de Ritos: Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do Tribunal designará sessão de julgamento. Segundo o § 1º do artigo 950, as pessoas jurídicas de direito público as quais possuem responsabilidade pela edição do ato questionado podem se manifestar acerca do incidente de inconstitucionalidade com a observância dos ditames previstos no regimento interno do Tribunal. 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal. Conforme o § 2º do artigo 950 do Novo Código, a parte legitimada para propositura das ações previstas no artigo 103 da Carta da República poderá se manifestar sobre a questão objeto de apreciação nos moldes do regimento interno do Tribunal. O § 3º do artigo 950 estabelece que com base na relevância da matéria e representatividade dos postulantes, o Relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, que outros órgãos e entidades se manifestem. § 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades. O § 3º do artigo 950 estabelece que com base na relevância da matéria e representatividade dos postulantes, o Relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, que outros órgãos e entidades se manifestem. Segundo o Artigo 97 da Constituição Federal: somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Do Conflito de Competência Em linhas gerais, ser competente significa ser capaz de apreciar algo, decidir acerca de algum fato e, em nossa análise jurídica, podermos conceituar competência como o poder conferido ao Magistrado para aplicar o direito ao caso concreto. Pode-se dizer que a competência é a medida da Jurisdição, ou seja, a parcela de poder decisório conferido ao Magistrado pelo Estado (conceito tradicional). Agora, nos tempos atuais, conceitua-se a competência como a limitação ao exercício legítimo da jurisdição. Ok! Mas onde estão reguladas essas regras? Bem, as fontes legislativas acerca da competência estão encartadas de forma pulverizada em nosso ordenamento e são encontradas na Constituição da República (artigo 92); no nosso glorioso Código de Processo Civil;nas leis de organização judiciárias dos Estados da Federação, legislação específica e nos Regimentos internos dos Tribunais. Contudo, muitas vezes, poderá ocorrer um conflito de competência, em que dois juízes podem se achar competentes para julgar determinada causa (conflito positivo) ou o contrário, isto é, entenderem que lhes falta competência para o julgamento da demanda (conflito negativo). Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Feitas as considerações acima, cumpre destacar que o conflito poderá ser suscitado: pelas partes, Ministério Público ou pelo Juiz. Art. 951 (...) Parágrafo único. O Ministério Público somente será ouvido nos conflitos de competência relativos aos processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que suscitar. Veja o que Parquet intervirá como fiscal da ordem jurídica nos processos que envolverem o interesse público, interesse de incapaz e litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana (artigo 178 da Lei n. 13.105 de 2015). O conflito não poderá ser suscitado pela parte que, no processo, arguiu incompetência relativa. Chamo sua atenção para o fato de que o conflito de competência não impede que a parte a qual não o arguiu suscite a incompetência, com estribo no parágrafo único do artigo 952 da Lei de Ritos. Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, arguiu incompetência relativa. Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte que não o arguiu suscite a incompetência. Além do exposto, o conflito será suscitado ao Tribunal: • Pelo Juiz, por ofício. • Pela parte, por petição. • Pelo Ministério Público, por petição. Segundo a Súmula 59 do Tribunal de Cidadania: Não há conflito de competência se já existe sentença com transito em julgado, proferida por um dos juízos conflitantes. Feita a distribuição, o Relator irá determinar a oitiva dos Juízes em conflito, conforme estabelece o artigo 954 da lei processual civil. Art. 954. Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas do suscitado. Parágrafo único. No prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou aos juízes prestar as informações. Saliento que, consoante o parágrafo único do artigo 955, o Relator poderá adotar a seguinte postura no que se refere ao conflito de competência: Art. 956. Decorrido o prazo designado pelo relator, será ouvido o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, ainda que as informações não tenham sido prestadas, e, em seguida, o conflito irá a julgamento. Quanto à decisão do conflito, o Tribunal irá declarar qual o juízo é competente bem como se pronunciará acerca da validade dos atos do juízo incompetente. Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente. Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou o conflito serão remetidos ao juiz declarado competente. Art. 958. No conflito que envolva órgãos fracionários dos tribunais, desembargadores e juízes em exercício no tribunal, observar-se-á o que dispuser o regimento interno do tribunal. Da Homologação da Decisão Estrangeira e da Concessão de Exequatur à Carta Rogatória O Código de Processo Civil de 2015 destinou um capítulo para falar sobre a cooperação internacional. Nos tempos atuais, percebemos uma mitigação das fronteiras geopolíticas em razão do processo de globalização. Percebe-se essa flexibilização no comércio, na cultura, na economia e, também, no Direito. Nesse conduto de raciocínio, o Brasil assegura a cooperação jurídica internacional no sentido de ajudar em processos estrangeiros e ser ajudado por autoridades estrangeiras. Pode-se dizer que uma decisão estrangeira deverá ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça e o exequatur (cumpra-se) da aludida decisão ficará a cargo do Tribunal Regional Federal competente para dar cumprimento. Consoante o artigo 960 da Lei de Ritos, para que uma decisão estrangeira seja homologada pelo Tribunal de Cidadania, ela será requerida por ação de homologação, salvo se houver dispositivo em sentido contrário. Vivemos em Estado dotado de Soberania (fundamento da Carta Fundante) e as decisões estrangeiras só terão eficácia no nosso Brasil após a homologação ou a concessão de exequatur às cartas rogatórias (meio de comunicação do Estado requerente com o Brasil), salvo se houver disposição em sentido contrário disciplinada por lei ou tratado. Chamo a sua atenção para o fato de que poderá haver homologação parcial de decisão estrangeira, bem como a Autoridade Judiciária brasileira poderá deferir pedidos urgentes e realizar atos de execução provisória no processo de homologação da decisão alienígena. No que se refere ao divórcio consensual, a sentença estrangeira produzirá efeitos no território pátrio, independentemente da homologação pelo Tribunal de Cidadania (STJ). Nessa hipótese, competirá a qualquer Juiz verificar a validade da decisão, em caráter principal ou incidental, quando a questão for suscitada em processo de sua competência, conforme consigna o § 6º do artigo 961 da Lei Adjetiva. Além disso, o Código de Processo Civil de 2015 admite a execução de decisão estrangeira de medida de urgência, a qual acaso seja concedida sem audiência do réu, poderá ser executada, desde que seja garantido o direito ao contraditório em momento ulterior (posterior). Dos Requisitos para Homologação da Decisão Estrangeira Obs: Conquanto o Brasil seja adepto da atividade cooperativa, há casos em que a competência para decisão é exclusiva da Autoridade brasileira (com previsão no artigo 23 do CPC) de modo que não será homologada a decisão estrangeira nem tampouco haverá à concessão do exequatur à carta rogatória. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Por fim, como já mencionado anteriormente o cumprimento da decisão estrangeira será realizado pelo juízo federal competente, conforme normas estabelecidas no que se refere ao cumprimento da decisão nacional. Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória. Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente, a requerimento da parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional. Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia autenticada da decisão homologatória ou do exequatur, conforme o caso.
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