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Resenha Crítica: O desafio da Clínica na Atenção Psicossocial
	
	A Reforma Psiquiátrica surge com um papel político de transformação das instituições, das políticas públicas e das clínicas que compõem o sistema de saúde mental que, por sua vez, ainda funciona a partir da hegemonia do saber médico. A Reforma busca, assim, desconstruir a ordem manicomial e propor novas formas de lidar com a loucura e o sofrimento psíquico através de uma prática que seja multidisciplinar. Além disso, é relevante destacar o papel da Reforma na “luta pela cidadania do louco” (Rinaldi & Bursztyn), uma vez que essa frase permite atentar para o processo de dessubjetivação daquele que é tido como louco seja provocado por quem está dentro (a equipe médica) ou fora das paredes manicomiais (familiares e sociedade no geral).
	Essa visão objetificada do sujeito parte dos pressupostos médicos que permeiam o campo, de modo que a própria definição de saúde mental é construída a partir de uma ideia de desrazação ou de redução a patologias orgânicas. E, é a partir da Psiquiatria como novo campo do saber que, ao apresentar a ideia de existência de uma razão inconsciente e de uma implicação do sujeito em sua doença, a clínica passa a ter novas conotações para além do que sempre fora instituído medicamente, de modo que passa a incluir as proposições da atenção psicossocial e a reconhecer a significação do sujeito enquanto ser ativo e implicador em todos os âmbitos de sua existência.
	A partir disso, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) surgem como dispositivos de saúde mental que também precisam enfrentar esse processo de migração do campo hegemônico medicinal e incorporar as ações multidisciplinares que assegurem a vivacidade do subjetivo, promovendo uma alternativa de novas medidas que não se resumam a constante medicalização e a dinâmica de hospitalização massiva. Os CAPs agregam, assim, uma atividade clínica que passa a ser diferenciada da clínica psiquiátrica: a clínica ampliada, também chamada de ‘clínica do sujeito, do cotidiano, do encontro e do coletivo’, de modo que todas essas adjetivações falam muito a respeito dos pressupostos que caracterizam esse novo modelo de atuação clínica.
	Entretanto, é necessário revelar que embora essas propostas sejam extremamente positivas há a dificuldade de articulação dos próprios profissionais que compõem essas unidades. Embora alguns passem a refletir a respeito disso, a ‘entidade’ maior no sistema de saúde ainda é a figura do médico que, por muitas vezes, não se dispõe a parar e ouvir as indagações e propostas de trabalhos articulados aos demais profissionais que integram aquela rede, o que dificulta a efetivação dos princípios abarcados pela atenção psicossocial em saúde mental.
	Frente a esse problema, alguns dispositivos surgem para auxiliar na resolução, tais qual técnico de referencia e de supervisão que, embora enfrentem algumas dificuldades de implantação, são importantes para que aos poucos passe o contexto passe a se reorganizar em prol desses novos modelos. 
Assim, conclui-se que o trabalho nesse campo é árduo e demarcado por um longo processo de desconstrução e reorganização dos saberes, no entanto, é extremamente necessário para que os sujeitos que se deparam na necessidade dessas assistências recebam cuidados através de profissionais humanizados e politicamente críticos, encerrando, assim, a permeação de práticas que são desgastantes e inseridas em ambientes de insalubridade e dessubjetivação.

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