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TCC REGIANE NOLASCO SILVEIRA O JOGO E O LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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PÓS GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA 
CLINICA E INTITUCIONAL
 
 
REGIANE NOLASCO SILVEIRA
O JOGO E O LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Bonito – MS
 2015
REGIANE NOLASCO SILVEIRA
O JOGO E O LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso à Universidade Candido Mendes como requisito prévio para a conclusão do Curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia Clinica e Institucional.
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Bonito – MS
2015
TERMO DE APROVAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso intitulada: O JOGO E O LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL, apresentada por REGIANE NOLASCO SILVEIRA como exigência parcial para a obtenção do título de Psicopedagogia Clinica e Institucional à Banca Examinadora da UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES, Rio de Janeiro, RJ, Obteve a nota ______, para aprovação.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof.ª
ORIENTADORA
____________________________________________________________________
Profª
CONVIDADA
______________________________________________________________________
Profª
CONVIDADO
Dedico este trabalho a minha família e ao meu noivo e todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para sua concretização, e a todos aqueles que ainda acreditam na educação deste país.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, que sempre esteve comigo em todos os momentos e sabe dos meus sonhos e não me deixou desistir em momento algum.
A minha família e ao meu noivo por sempre estar presente e me apoiando, incentivando em ir à busca do melhor.
E por fim, as minhas queridas colegas e a professora Cida pelo companheirismo no decorrer de todo o curso.
RESUMO
 O presente trabalho de conclusão de curso tem por finalidade refletir sobre a prática dos jogos e da brincadeira de forma lúdica na Educação Infantil. Tendo por objetivo principal o entendimento sobre as necessidades e os interesses do educando e do educador no processo ensino e aprendizagem, a abordagem sobre o lúdico na educação está fundamentada na pesquisa bibliográfica nas concepções teóricas e pratica de autores de grande expressão na área educacional, enfocando as concepções de lúdico, brincadeiras, educação bem como a apresentação sobre a classificação dos jogos e o papel do educador na educação infantil. Assim, a perspectiva apresentada nesse artigo trata o lúdico como uma possibilidade pedagógica em consonância com a orientação metodológica do trabalho docente na educação infantil. Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão presentes na humanidade desde o seu inicio. Trabalhar ludicamente não se esta abandonando a seriedade e a importância dos conteúdos a serem apresentados a criança, pois as atividades lúdicas são indispensáveis para o sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez que possibilitam a percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos. Por meio das atividades lúdicas, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente. 
Palavras – chave: Jogos. Brincadeiras. Lúdico. 
Abstract. This article aims to reflect on the practice of games and plays in a playful manner in Early Childhood Education. Since the main objective understanding of the needs and interests of the student and the educator in the teaching and learning approach on the playful education is grounded in the literature on the theoretical concepts and practice of authors of great expression in education, focusing on the conceptions of playfulness, childhood, education and the presentation of the game's rating, the educator's role in early childhood education. Thus, the perspective presented in this article deals with the playful as a pedagogical possibility in line with the methodological guidance of teaching in early childhood education. In this perspective, the content of this study is to signify and extend the existing view on the playfulness and dialogue with all who participate directly or indirectly in the education of children in kindergarten and believe they can mediate the construction of systematized knowledge by the school curriculum by observing the development autonomy and criticality. Keywords : Games. Jokes. Playfulness.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................07 
A FUNÇÃO LÚDICA E EDUCACIONAL DO JOGO.......................................08
O JOGO...............................................................................................................09
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................16
REFERÊNCIAS..........................................................................................................17
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema O jogo e o lúdico na Educação Infantil. 
Sabe-se que o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular e desenvolve habilidades motoras, diminuindo a agressividade e assim exercita a imaginação e a criatividade, aprimorando a inteligência emocional e aumentando a integração social. Por meio dos jogos, a criança: libera e canaliza suas energias; tem o poder de transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da fantasia; é uma grande fonte de prazer.
É possível dizer que o lúdico é uma ferramenta pedagógica que os professores podem utilizar em sala de aula como técnicas metodológicas na aprendizagem, visto que através da ludicidade os alunos poderão aprender de forma mais prazerosa, concreta e, conseqüentemente, mais significativa, culminando em uma educação de qualidade.
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo (MALUF, 2011). Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano, num mundo de fantasia e imaginação. O ato de brincar possibilita o processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo, a brincadeira e aprendizagem. Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem, e ainda a importância desta ludicidade nas intervenções e prevenções de problemas de aprendizagem. Neste contexto, o brincar de forma lúdica na educação infantil proporciona a criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. 
A FUNÇÃO LÚDICA E EDUCACIONAL DO JOGO
O significado atual do jogo na educação, segundo Kishimoto (2008), sinaliza a existência de divergências em torno do jogo educativo, que estaria relacionado concomitantemente a duas funções. Para a autora (2008), a primeira seria a função lúdica do jogo, expressa na ideia de que sua vivencia propicia a diversão,o prazer, quando escolhido voluntariamente pela criança. A segunda seria a função educativa, quando a pratica do jogo leva o sujeito a desenvolver seus saberes, seus conhecimentos e sua apreensão de mundo. O equilíbrio entre as duas funções seria então o objetivo do jogo educativo. Nessa perspectiva, a organização do espaço, a seleção dos brinquedos e a interação entre os educandos refletem na ação voluntaria da criança e ação pedagógica do professor.
Junqueira Filho (2005) destaca a separação existente entre a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, pois as áreas de conhecimento são reconhecidas quando a criança entra nos primeiros anos escolares e isso se percebe porque a metodologia utilizada reforça as atividades como elemento principal na sistematização do conhecimento. As linguagens e o brincar encontram muitas barreiras para articularem as praticas pedagógicas do professor em sala de aula.
Segundo os estudos de Almeida (2004), o processo de construção do saber por meio do jogo como recurso pedagógico ocorre porque, ao participar da ação lúdica, a criança inicialmente estabelece metas, constrói estratégias, planeja, utilizando, assim, o raciocínio e o pensamento. Durante o jogo ocorrem estímulos, obstáculos e motivações, momento em que a criança antecipa resultados, simboliza ou faz de conta, analisa possibilidades, cria hipóteses e com esse processo constrói o saber. O educador, neste contexto, possui o papel de mediador no processo de ensino-aprendizagem. 
Ao encontro desta proposta, Moyles (2002, p.32) descreve que “o brincar é um processo no caminho da aprendizagem, mas um processo vital e influenciável [...]”.
Os estudos de Piaget (1976, p.76), sobre o desenvolvimento e aprendizagem destacam a importância do caráter construtivo do jogo no desenvolvimento cognitivo da criança. O autor esclarece
O ser humano possui um impulso para o jogo e verificou este impulso lúdico já nos primeiros meses de vida, na forma do chamado jogo de exercício sensório-motor; do segundo ao sexto ano de vida, esse impulso lúdico predomina sob forma de jogo simbólico para se manifestar, a partir da etapa seguinte, atarves da pratica do jogo de regras.
De acordo com Lopes (2002) e Almeida (2005), a proposta é ir além do jogo, do ato de jogar para o ato de antecipar, preparar e confeccionar o próprio jogo antes de jogá-lo, ampliando, desse modo, a capacidade do jogo em si e atingindo outros objetivos, como profilaxia, exercício, desenvolvimento de habilidade e potencialidades e também terapia de distúrbios específicos de aprendizagem das crianças.
 Cória – Sabini (2004) destacam que, na pratica dos jogos na escola, as crianças criam estabilizam seus conhecimentos sobre o mundo. Contudo, essas situações não podem ser confundidas com aquelas em que os jogos são utilizados para ensinar. Mesmo sendo a brincadeira uma atividade espontânea da criança, existe uma diferença entre a situação de jogo que é elaborada por ela e o jogo com finalidades pedagógicas. O jogo como recurso pedagógico implica o planejamento e previsão de etapas por parte do professor, para alcançar objetivos predeterminados.
O JOGO 
A importância do jogo vem de longa data. Filósofos, como Platão, Aristóteles e posteriormente Rousseau, destacam seu papel na educação. Já Froebel, criador do Jardim da Infância, fortalece a necessidade do jogo no centro do currículo da Educação Infantil.
O jogo tem um papel muito importante nas áreas de estimulação da fase pré-escolar e é uma das formas mais naturais de a criança entrar em contanto com a realidade, é uma característica do comportamento infantil. A criança dedica a maior parte de seu tempo a ele.
Para Macedo (1997), os conteúdos abordados no jogo estabelecem inúmeras relações e, nesse sentido, enfatizam o aspecto da estrutura, da relação, da forma sobre o conteúdo. Trabalhar com o lúdico como recurso pedagógico direcionado ás áreas de desenvolvimento e aprendizagem desenvolve relações que fazem parte de todo o currículo escolar.
Segundo Vigotsky, durante o jogo a criança age dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal, interage com o meio e coloca em ação as funções psicológicas superiores. No jogo, existe a confirmação de objetivos comuns, o confronto de ideias, a busca de soluções, a competição e a cooperação entre os participantes, que têm diferentes vivencias, graus de conhecimento e desenvolvimento, historicamente produzidos.
	As palavras de Fernández (2001, p.3) apontam a relação entre a aprendizagem e o brincar de maneira cativante
Aprender é apropriar-se da linguagem, é historiar-se, recordar o passado para desperta-se ao futuro; é deixar-se surpreender pelo já conhecido. Aprender é reconhecer-se, admitir-se. Crer e criar. Arriscar-se a fazer dos sonhos textos visíveis e possíveis. Só será possível que as professoras e professores possam gerar espaços de brincar-aprender para seus alunos quando eles simultaneamente construírem para si mesmos (FERNÁNDEZ, 2001. Pg.
Existem, quatro formas básicas de atividades lúdicas que caracterizam a evolução do jogo na criança, de acordo com a fase do desenvolvimento em que aparecem.
A primeira forma é definida como jogo de exercício sensório-motor. A atividade lúdica surge sob a forma mais simples de movimento, dependendo, para a sua realização, apenas do amadurecimento do aparelho motor. Piaget, afirma que
Quase todos os esquemas sensórios-motores dão lugar a um exercício lúdico. Esses exercícios motores consistem na repetição de gestos e movimentos simples, com um valor exploratório; nos primeiros meses de vida, o bebê estica e recolhe os braços e pernas, agita as mãos e os dedos, toca os objetos e os sacode, produzindo ruídos ou sons. Esses exercícios têm valor exploratório porque a criança os realiza para explorar e exercitar os movimentos do próprio corpo, seu ritmo, cadência e desembaraço, ou então para ver o efeito que sua ação vai produzir. É o caso das atividades em que a criança manipula objetos, tocando, deslocando, superpondo, montando e desmontando. Movimentando-se a criança descobre os próprios gestos e os repete em busca de efeito ( PIAGET 1976 ,p.80).
	
	A atividade lúdica surge, primeiramente, sob a forma de simples exercícios motores, dependendo para sua realização apenas da maturação do aparelho motor. Sua finalidade é tão-somente o próprio prazer do funcionamento. Daí dizer-se que o que caracteriza este tipo de jogo é o prazer funcional.
	Embora os exercícios sensórios-motores constituam a forma inicial do jogo na criança, eles não são específicos dos dois primeiros anos ou da fase de conduta pré-verbais. Eles reaparecem durante toda a infância e mesmo no adulto, “sempre que um novo poder ou uma nova capacidade são adquiridos” diz Piaget, 1976 pg.83 Por exemplo, aos 5 ou 6 anos, a criança realiza este tipo de jogo ao pular com um pé ou tentando saltar dois ou mais degraus da escada; ao 10 ou 12 anos tentando andar de bicicleta sem segurar no guidão. Para exemplificar este tipo de conduta lúdica no adulto, podemos citar o caso do individuo que acabe de adquirir, pela primeira vez, um aparelho de som ou um automóvel, e se diverte fazendo funcionar o aparelho ou passeando com o carro, sem outra finalidade senão o próprio prazer.
	A segunda forma de atividade lúdica proposta por Piaget é o jogo simbólico. A atividade lúdica se manifesta sob a forma de jogo simbólico, ou de ficção, imaginação e imitação, no período de 2 a 6 anos. É a fase na qual ocorre a transformação de objetos no que se refere ao seu significado, como no caso do uso de um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. É quando também a criança se propõe ao desempenho de papeis, como no brincar de papai e mamãe, professor e aluno etc (PIAGET, 1976).
	O jogo simbólico se desenvolve com base em esquemas sensório-motores, as quais, á medida que são compreendidos, começam a ser imitados e representados. Para o autor, sua função é satisfazer o eu por meio de umatransformação do real em função dos desejos: ao brincar de boneca, a criança refaz sua própria vida, corrigindo-a á sua maneira, e revive todos os prazeres e conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a realidade por meio da ficção.
	Assim, o autor aponta que esse tipo de jogo tem a função de assimilar a realidade por meio de liquidação de conflitos, da compensação de necessidades não satisfeitas ou da simples inversão de papéis. Piaget destaca que é o caminho para um mundo de faz de conta, que possibilita à criança a realização de sonhos e fantasias, revela conflitos interiores, medos e angustias, aliviando a tensão e as frustações. 
	Nesse sentido, para Piaget (1976), o jogo simbólico é uma forma de assimilação do real e um meio de autoexpressão, pois, quando a criança brinca de casinha ou de escola, representando papeis, está, ao mesmo tempo, criando novas cenas e imitando situações reais por elas vivenciadas.
	Os jogos de regras constituem a terceira forma de atividade lúdica da criança, para Piaget. O estudioso destaca que esse tipo de jogo começa a manifestar-se por volta dos 5 anos, mas desenvolve-se na fase que vai dos 7 aos 12 anos, predominando durante toda a vida do individuo.
	Segundo Piaget (1976, p.81)
Os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras (corridas, jogos com bolas) ou intelectuais (cartas, xadrez), em que há competição dos indivíduos (sem o que a regra seria inútil) e regulamentados quer por um código transmitido de geração em geração, que por acordos momentâneos. 
	A quarta forma é abordada no jogo de construção, que o autor define como jogos que possibilitam a reconstrução do real, o que pode ocorrer com um objeto, um fato, cenário ou acontecimento. Esse tipo de jogo reflete os aspectos da vida social em que estão inseridas as relações de trabalho. Assim, o educando, ao participar dessas atividades, lida com questões como a percepção do meio enfocada nos jogos de exercício sensório-motor, o faz de conta que lida com as cenas cotidianas, a reflexão sobre as regras que regulam e limitam as relações sociais. 
	Já para Vygotsky (1984), o jogo é considerado um estimulo á criança no desenvolvimento de processos internos de construção do conhecimento e no âmbito das relações com os outros. O autor, que se aprofundou no estudo do papel das experiências sociais e culturais com base na analise do jogo infantil, afirma que no jogo a criança transforma, pela imaginação, os objetos produzidos socialmente. 
Para Vygotsky (1994, p.56) “[...] o jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no domínio do simbolismo”.
A razão fundamental prende-se com a atualidade da teoria do desenvolvimento cognitivo de Vygotsky (1994, p.58), autor que tem sido bastante referido nos cursos e disciplinas de Educação, focando-se, no entanto, essencialmente os aspectos da sua teoria que se centram no desenvolvimento e na aprendizagem da criança em idade escolar.
Para compreender a importância que Vygotsky atribui ao jogo em relação à criança precisamos esclarecer idéias a propósito da sua teoria de que o desenvolvimento cognitivo resulta na interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contatos regulares. Diz ele que “a adaptação da criança é bastante mais ativa e menos determinista” (SUTHERLAND apud Vygotsky, 1996), ou seja, Vygotsky deu maior ênfase à cultura do que à herança biológica para o desenvolvimento cognitivo.
“No processo de socialização para a respectiva cultura, as crianças aprendem coisas que constituem as características comuns da sua cultura, por exemplo: mitos, contos de fadas, canções e historia. As ferramentas integram uma arte extremamente importante de uma cultura, a criança precisa de ir conhecendo as ferramentas fundamentais para a nossa cultura [...]” (SUTHERLAND, 1996, p. 78).
O conceito central da teoria de Vygotsky é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, e o autor define como a discrepância entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve problemas com auxílio. Partindo deste pressuposto considera-se que todas as crianças podem fazer mais do que o conseguiriam fazer por si sós.
“No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de primeira importância. Põem em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções maduras, mas as funções em vias de maturação” (VYGOTSKY, 1979, p. 138).
Muitos dos escritos de Vygotsky que apresentam o conceito de Zona do Desenvolvimento Proximal fazem referência à criança em idade escolar, no entanto isto não significa que o autor considere que este conceito seja apenas aplicável em idade escolar e em conseqüência do papel exercido pelas aprendizagens formais. O autor realça igualmente o papel do jogo da criança na medida em que este possibilita a criação de uma Zona de Desenvolvimento Proximal.
Baquero sintetiza em três pontos fundamentais o que há de comum entre a atividade de jogo e as situações escolares de aprendizagem: a presença de uma situação ou cenário imaginário; a presença de regras de comportamento; a definição social da situação. Porém, o autor esclarece que Vygotsky (1979) distingue no jogo a sua amplitude.
“Ainda que se possa comparar a relação brincadeira-desenvolvimento à relação instrução-desenvolvimento, a brincadeira proporciona um campo muito mais amplo para as mudanças quanto a necessidades e consciência” (VYGOTSKY IN BAQUERO, 1998, p. 103).
Não é o caráter espontâneo do jogo que o torna uma atividade de vanguarda no desenvolvimento da criança, mas sim o duplo jogo que existe entre exercitar no plano imaginativo capacidades de planejar, imaginar situações, representar papéis e situações quotidianas; e o caráter social das situações lúdicas, os seus conteúdos, e a regra inerente á situação.
A ludicidade faz a criança criar uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso. No brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade.
“Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento”. ( VYGOTSKY, 1991, p.74.
Em síntese, a regra e a situação imaginária caracterizam o conceito de jogo infantil em Vygotsky (1991): “Tal como a situação imaginária tem de ter regras de comportamento também todo o jogo com regras contém uma situação imaginária” (VYGOTSKY, 1991, p.36).
Como afirma Palangana (1994), as concepções de Vigotsky e Piaget quanto ao papel do jogo no desenvolvimento cognitivo diferem radicalmente. Para Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para Vygotsky o jogo proporciona alteração das estruturas.
Por último importa referir que existe outra idéia fundamental em Vygotsky (1979) relativamente ao jogo que se relaciona com o papel que o autor atribui à imaginação, um dos pontos em que, em nossa opinião, a discrepância entre o autor e Piaget mais se acentua. Haverá dois tipos fundamentais de conduta humana que constituem a plasticidade do nosso cérebro: atividade reprodutora, em estreita relação com a memória; atividade criadora e combinatória, em estreita relação com a imaginação.
Ora, a relação entreo jogo e o desenvolvimento cognitivo na criança deve também procurar se na relação entre o jogo e a atividade combinatória do cérebro, a essência da criatividade. Segundo Vygotsky (1979), uma das questões mais importantes da psicologia e da pedagogia infantil diz respeito à criatividade das crianças, o seu desenvolvimento e a importância do trabalho criador para a evolução e maturação da criança.
Como este afirma, os processos de criação são observáveis, sobretudo nos jogos da criança, porque no jogo a criança representa e produz muito mais do que aquilo que viu.
“Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha a imitação, com muita freqüência estes jogos são apenas um eco do que as crianças viram e escutaram aos adultos, não obstante estes elementos da sua experiência anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança” (VYGOTSKY, 1979, p. 12).
Esta idéia de transformação criadora é completamente diferente da idéia de Piaget de assimilação do real ao eu. Tanto em Vygotsky como em Piaget se fala numa transformação do real por exigência das necessidades da criança, mas enquanto que em Piaget (1975) a imaginação da criança não é mais do que atividade deformante da realidade, em Vygotsky a criança cria (desenvolve o comportamento combinatório) a partir do que conhece das oportunidades do meio e em função das suas necessidades e preferências.
	Vygotsky (1984) aponta, também, que toda a atividade lúdica da criança possui regras. A situação imaginaria de qualquer tipo de brinquedo já contem regras que demostram características de comportamento, mesmo que de maneira implícita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, neste artigo, evidencia-se que as atividades lúdicas, na escola possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o trabalho pedagógico, como já foi comprovado por muitos pesquisadores, que as experiências adquiridas pelas crianças nos seus primeiros anos de vida, são fundamentais para o seu desenvolvimento em todos os aspectos.
	Também se discutiu a importância das atividades lúdicas na educação infantil, visto que permitem um desenvolvimento mais amplo, global, contribuindo para uma visão de mundo pautada em elementos reais, concretos, ainda que partam da fantasia. As atividades lúdicas auxiliam na descoberta da criatividade, de modo que a criança se expresse, analise, critique e transforme a realidade a sua volta.
	A brincadeira muitas vezes expressa a versão que a criança tem do adulto e, nesse sentido, a vemos expressando gestos, falas, pensamentos do mundo adulto de forma indistinta, sem consciência. Por meio da brincadeira e do jogo, a criança experimenta, se organiza, constrói normas para si e para o outro, cria recria o mundo que a cerca. Esta é a forma de linguagem que cada criança usa para compreender e interagir com o mundo, estimulando a ludicidade e contribuindo para uma series de fatores importantes para seu desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social.
	Desta forma, é preciso, no interior dos espaços escolares, valorizar a brincadeira com forma de expressão que traduza a construção dos conhecimentos pela criança, vivenciada pela turma, em grupos ou individualmente. Isso requer tempo espaço e praticas pedagógicas eficientes.
	Concluímos que o lúdico é algo favorável e imprescindível à necessidade do ser humano e facilita muito o professor conhecer, observar, saber suas potencialidades, limitações e desenvolvera seu senso critico, terá atitude de pesquisador sobre os seus alunos. É de grande relevância que ele perceba que os benefícios que o lúdico traz para a criança. As atividades lúdicas têm um valor educacional e o professor pode aproveitá-la desenvolvendo de maneira eficaz este recurso pedagógico.
REFERÊNCIAS
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Bomtempo, E. (1996) A brincadeira do faz- de- conta: lugar do simbolismo, da representação, do imaginário. In T.M. Kishimoto ET AL. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo Cortez.
FERNÁNDEZ, A. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender – o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.
CÓRIA-SABINI, M.A. Jogos e brincadeiras na educação infantil. Campinas: Papirus, 2004.
KISHIMOTO, T.M. O jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
LOPES, M.G. Jogos na educação: criar, fazer, jogar. São Paulo: Cortez, 2002.
MACEDO, L.de. Aprender com jogos e situações problemas. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: M. Fontes, 1984. 
ANDRADE,Luci Carlos de. Orientação ao TCC: Trabalho de Conclusão de Curso./ Luci Carlos de Andrade. – São Paulo: Know How, 2012.
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