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ELIMINAÇÃO DA TROCA DE ÓLEO DE ASSENTAMENTO DOS EIXOS TRATIVOS DE CAMINHÕES E ÔNIBUS Sergio Roberto Amaral (1) ( sergio.amaral@volkswagen.com.br), Thayane Aparecida da Silva (2) ( thayaneaparecida.silva@volkswagen.com.br), Ricardo Alexandre Sassa (3) ( ricardo.sassa@volkswagen.com.br), Egidio Correia (4) ( egidio.correia@meritor.com) e Edison Lopes (5) (edison.lopes@meritor.com) (1) MAN Latin America (MAN LA); Engenharia de Produto (2) MAN Latin America (MAN LA); Engenharia de Produto (3) MAN Latin America (MAN LA); Engenharia de Produto (4) Meritor do Brasil; Engenharia de Produto (5) Meritor do Brasil; Engenharia de Produto RESUMO: Dentro do plano de manutenção dos veículos produzidos e comercializados na America Latina, aproximadamente 80% destes realizam a troca de óleo de assentamento dos eixos traseiros. Essa troca ocorre devido ao excesso de particulas metálicas que permanecem dendro da carcaça do eixo trativo após seu processo de fabricação. Avaliando os resultados das diversas analises de testes de durabilidade já realizados, foi verificado que tais particulas em PPM possuem propriedades ferromagnéticas. Teste de durabilidade está sendo realizado com magnetos montados nas carcaças dos eixos de forma que essas perticulas fiquem fixadas durante a vida da peça. Os resultados esperados visam a redução de custo para o fabricante, a possibilidade de extensão do intervalo de troca de óleo e da redução do risco de contaminação ambiental decorrente do descarte do óleo de maneira incorreta . PALAVRAS-CHAVE: Óleo de assentamento, propriedade ferromagnética, redução de custo, intervalo de troca, contaminação ambiental. TRUCK AND BUSES TRACTIVE AXIS OIL CHANGE DISPOSAL ELIMINATION ABSTRACT: According to maintenance plan for vehicles produced and sold in Latin America, approximately 80% change disposal oil of rear axles. This exchange occurs due to excess metalic particles that remain inside of tractive axle housing after the manufacturing process. Evaluating the results of several analyzes of durability tests already carried out, it was found that such particles in PPM have ferromagnetic properties. Durability test is on going with magnets assembled in the axle housing and these particles must remain fixed during the part lifetime. The expected results aimed at cost reduction to the manufacturer, the possibility of extending the oil change interval and reducing the environmental risk contamination arising from the disposal of oil improperly. KEYWORDS: Disposal oil, ferromagnetic properties, cost reduction, change interval, environmental contamination. A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo eliminar a primeira troca de óleo na revisão de assentamento do eixo diferencial traseiro com o intuito de proporcionar à empresa fabricante de Caminhões e Ônibus a redução de custo de mão de obra para a realização deste serviço, que é atualmente de responsabilidade do fabricante. A eliminação deste serviço trará outros benefícios para os clientes, que deixarão de pagar pelo óleo lubrificante, sem contar no ganho ambiental, pois todo o volume que era retirado na primeira troca deixará entrar no processo de reciclagem e ou descarte incorreto. Outro ponto positivo, desejado, é a redução do consumo de combustível e a ampliação dos intervalos de troca de óleo do diferencial. 2. INFORMAÇÕES GERAIS. 2.1 O Eixo Diferencial O diferencial é um conjunto mecânico de engrenagens que tem funções distintas e de extrema importância para a estabilidade e segurança. Transmitir a potência do motor para as rodas de tração, mesmo em alta velocidade, faz girar mais rapidamente a roda externa em uma curva, de forma a reduzir o arraste e desgaste prematuro de pneus. Estas são algumas das finalidades do eixo diferencial. Os principais itens de um diferencial são as engrenagens satélites, planetárias e semieixos. As engrenagens satélites são instaladas na cruzeta do diferencial e ligadas nas planetárias, que por sua vez são acopladas nos semieixos, fazendo girar as rodas. O funcionamento difere conforme o percurso do veículo: se está rodando em linha reta, as rodas estão girando na mesma velocidade, os satélites não se movem. Por outro lado, em uma curva, a velocidade das rodas é diferente e obrigam os satélites a girarem na cruzeta, o que permite velocidades diferentes entre as planetárias e, consequentemente, entre as rodas. O eixo possui um furo de drenagem onde se localiza o bujão de drenagem que tem como função reter, através de magnetismo, as limalhas metálicas decorrentes do desgaste dos componentes internos do eixo. Esse desgaste é mais intenso quando os componentes estão novos, pois devido ao processo de fabricação dos mesmos, usinagem, proporcionarem rebarbas na peça trabalhada. A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 2 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 FIGURA 1. Eixo Diferencial - Fonte Meritor do Brasil 2.2 A Lubrificação A lubrificação é um dos itens mais importantes para manter o conjunto do diferencial em boas condições. O óleo trabalha para reduzir os desgastes devido ao atrito, protege o metal de oxidação/corrosão além de trabalhar na dissipação de calor durante o regime de trabalho. Utilizar o lubrificante correto e no nível indicado é indispensável. O nível e a viscosidade do óleo devem ser checados durante os testes de durabilidade e a troca é recomendada de acordo com o manual do proprietário de cada veículo. A falta de lubrificação, nível baixo, óleo vencido, não apropriado, e vazamento, podem causar sérios danos aos componentes do diferencial e podendo reduzir a vida do eixo e até quebra. Os modernos lubrificantes automotivos são uma composição de óleos básicos, que podem ser minerais, semi sintéticos ou sintéticos. Grande parte dos lubrificantes automotivos utilizados atualmente é obtida a partir do Petróleo (mineral), ou produzidos em Usinas de Química Fina (sintético). Às matérias-primas com características lubrificantes obtidas através do refinamento do Petróleo ou das Usinas Químicas, damos o nome de Bases Lubrificantes. As Bases Lubrificantes são selecionadas de acordo com sua capacidade de formar um filme deslizante protetor das partes móveis, resistir às constantes tentativas do calor e do oxigênio de alterarem suas propriedades, resistir a choques e cargas mecânicas sem alterar seu poder lubrificante e remover calor dos componentes internos do equipamento. Para oferecer outras A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 3 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 características de desempenho e proteção, são adicionados às bases lubrificantesalguns componentes químicos que são chamados de Aditivos. Base lubrificante Mineral: Obtidos a partir do refino do petróleo Base lubrificante Sintética Obtidos através de reações químicas realizadas em laboratórios Base lubrificante Semi Sintética Obtidos a partir da mistura em proporções variáveis de básicos minerais e sintéticos, buscando reunir as melhores propriedades de cada tipo, associando a otimização de custo, uma vez que as matérias-primas sintéticas possuem custo mais elevado. 2.3 A Manutenção A manutenção da troca de óleo não é determinada pelo fabricante do óleo, mas sim pela montadora do veículo. As montadoras definem a periodicidade para a troca de óleo baseada em ensaios de durabilidade efetuados em campo e em laboratórios. Esta periodicidade é válida tanto para óleo mineral, quanto para os semi sintéticos e sintéticos, e a mesma varia de acordo com o regime de utilização do veículo. No momento de se realizar a troca, é importante levar em consideração, além da recomendação do fabricante, as condições de operação do veículo, pois as mesmas é que definirão o período correto para a próxima troca. Por isso, alguns veículos necessitam de trocas de óleo mais frequentes, pois operam em condições que exigem mais dos motores. Plano de Manutenção Plano de Manutenção preventiva é composto pelas seguintes etapas: 1. Revisão de entrega Feita pelo concessionário antes da entrega do veículo. 2. Operações diárias Operações de verificação que devem ser feitas pelo cliente diariamente, antes de colocar o veículo em funcionamento. 3. Operações semanais Operações que devem ser executadas pelo próprio cliente. 4. Revisão de Assentamento Executada na concessionária do fabricante - Caminhões e Ônibus entre 1000 e 5000 km. TABELA 1 - Plano de manutenção de Caminhões e Ônibus A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 4 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 3. DESCRIÇÃO DO PROJETO Avaliando as análises de óleo em veículos de durabilidade, verificamos uma constante presença de partículas metálicas suspensas. A elevada quantidade desses elementos, que são provenientes do processo de fabricação (estampado ou fundido), que provocam o desgaste das engrenagens através de atrito. Para evitar que haja uma perda prematura dos eixos diferenciais, gerou-se a necessidade estratégica de se fazer a troca de óleo de assentamento. Essa troca faz com que sejam retirados todos os excessos de partículas metálicas e dessa forma, fazendo com que o eixo diferencial trabalhe com a expectativa de vida calculada para a aplicação do veículo. Considerando o Plano de Manutenção indicado na tabela 1, basicamente todos os veículos precisam realizar a troca nos primeiros 5000 km, o que implica em um descarte de óleo no meio ambiente e um custo elevado para o fabricante que acaba por ter que arcar com os valores de mão de obra de mercado. Além disso, o cliente precisará interromper suas atividades para levar seu veículo a uma concessionária para a realização desse serviço. Verificamos junto ao fabricante de eixos, a possibilidade de incluir magnetos, de forma que fiquem fixados e distribuídos na carcaça do eixo. O fabricante dos eixos sugeriu a aplicação de quatro magnetos fixados por uma cola especial. Esse tipo de fixação evitaria a quebra ou deslocamento dos magnetos, em relação outros tipos de processos. Após toda a viabilidade técnica, o eixo foi adquirido para teste veicular. FIGURA 2 - Carcaça do diferencial com magnetos. Fonte: Meritor do Brasil. A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 5 PDF to Word