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A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA E RIGIDEZ DE PAINÉIS DE PARTÍCULAS DE Eucalyptus grandis E CASCA DE AVEIA Francisco Antonio Rocco Lahr (1) (frocco@sc.usp.br), Luciano Donizeti Varanda (1) (lu.varanda@hotmail.com), Maria Fátima do Nascimento (1) (fati@sc.usp.br), Laurenn Borges de Macedo (laurennmacedo@usp.br) (1) Universidade de São Paulo (USP); Escola de Engenharia de São Carlos – EESC, Departamento de Engenharia de Estruturas – SET, Laboratório de Madeiras e de Estruturas em Madeiras - LaMEM RESUMO: Os painéis à base de madeira vêm sendo amplamente utilizados em todo o mundo, em substituição a madeira maciça em diversos segmentos da indústria madeireira. Por outro lado, o aproveitamento de resíduos sólidos vem sendo cada vez mais comum, se tornando uma alternativa de insumo para vários processos industriais. Este estudo trata da produção e avaliação de painéis de partículas de Eucalyptus grandis e casca de aveia (Avena sativa), aderidas sob pressão com resina poliuretana à base de mamona. As propriedades na flexão estática dos painéis produzidos foram avaliadas com base nas normas ABNT NBR 14810:2006, ANSI A208.1:1999, BS EN 312:2003 e CS 236-66:1968. Realizou-se uma análise de variância (ANOVA) para avaliar a influência dos fatores: madeira de Eucalyptus grandis, com proporções mássicas 70, 85 e 100%, casca de aveia, nas proporções 15, 30 e 100% e adesivo poliuretano à base de mamona nas proporções 10, 12 e 14%, assim como a combinação entre ambos, nas variáveis respostas: módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR), ambos na flexão estática. Os resultados da análise estatística revelaram que as composições de Eucalyptus grandis, adesivo e casca de aveia foram significativas sobre o MOE e o MOR. PALAVRAS-CHAVE: Painéis de partículas, Eucalyptus grandis, Casca de aveia, Análise de variância (ANOVA), Propriedades na flexão estática. PROPERTIES OF STRENGTH AND STIFFNESS OF PARTICLEBOARDS Eucalyptus grandis AND OAT HULLS ABSTRACT: The wood-based panels have been widely used around the world, replacing solid wood in various segments of the timber industry. Moreover, the use of solid waste is becoming more common, becoming an alternative feedstock for various industrial processes. This study addresses the production and evaluation of particle boards of Eucalyptus grandis and oat hulls (Avena sativa), pressure bonded with polyurethane resin-based castor. The properties in static bending of the panels produced were evaluated based on standards ABNT NBR 14810:2006, ANSI A208.1: 1999, BS EN 312:2003 and CS 236-66:1968. We performed an analysis of variance (ANOVA) to evaluate the influence of: Eucalyptus grandis, with mass ratios 70, 85 and 100%, oat hulls, in the proportions 15, 30 and 100% polyurethane adhesive based on castor oil in the proportions 10, 12 and 14%, and the combination of both variables replies: modulus of elasticity (MOE) and modulus of rupture (MOR), both in static bending. The results of statistical analysis indicated that the compositions of Eucalyptus grandis, adhesive and oat hulls were significant over the MOE and MOR. KEYWORDS: Particleboards, Eucalyptus grandis, Oat hulls, Analysis of variance (ANOVA), Bending properties. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 2 1. INTRODUÇÃO Os painéis à base de madeira merecem destaque no cenário dos produtos derivados da madeira, justamente por ser a principal matéria prima de uma gama de indústrias de outros setores madeireiros, como indústrias de móveis, de embalagens e muitos segmentos da construção civil. É plausível destacar, dentre os painéis à base de madeira, que o painel de partículas é o mais consumido hoje no mundo. No Brasil, segundo dados do setor, o painel de partículas se encontra num notável acréscimo produtivo, além de continuar apresentando perspectivas de crescimento para os próximos anos (ABIPA, 2012). Resíduos da agroindústria brasileira estão disponíveis em grande volume e apresentam significativo potencial de emprego. Segundo Tamanini e Hauly (2004), a produção de resíduos nestes segmentos é de aproximadamente 250 milhões de toneladas por ano. Os painéis de partículas, ou painéis aglomerados, podem ser produzidos a partir de qualquer material lignocelulósico que confere alta resistência mecânica e peso específico pré- estabelecido, justamente pela estrutura lignocelulósica ser semelhante à da madeira (ROWELL; HAN; ROWELL, 2000). Diversos pesquisadores obtiveram êxito em relação ao desenvolvimento, caracterização e aplicação de painéis à base de madeira compostos por resíduos agroindustriais, como bambu (ARRUDA, 2009), resíduos de Pinus sp tratado com preservante CCB (BERTOLINI, 2011), resíduos de indústria de celulose (PEDRAZZI, 2005), resíduos industriais madeireiros (PIERRE, 2010), resíduos variados de diferentes espécies de madeira (PELISSARI et al, 2010), rejeitos oriundos da cana-de-açúcar (BATTISTELLE et al, 2010), casca de arroz (MELO et al, 2009), fibras de Pinus elliottii em produtos de fibrocimento (MORTON; COOKE; AKERS, 2010), entre outros. Entretanto, a qualidade final do produto pode ser limitada pela escolha do material. Dentre esses resíduos agroindustriais, a casca de aveia gerada no processo de beneficiamento do cereal aveia apresenta um grande potencial principalmente em relação à disponibilidade de matéria prima. A aveia, produto alimentício usualmente consumido no país, apresentou em 2011 uma produção que superou as 500 mil toneladas, sendo que destas, a casca que é um subproduto da moagem do grão, representa cerca de 30% do peso, isto é, aproximadamente 150 mil toneladas por ano. A casca da aveia tem sido descartada durante o processamento do grão, se tornando um poluente ao meio ambiente. Desta maneira, faz-se necessário e oportuno estabelecer alternativas para sua reutilização (WEBSTER, 1996). A qualidade dos painéis à base de madeira é avaliada através de suas propriedades físico-mecânicas, como flexão estática (módulos de elasticidade e de ruptura), adesão interna, densidade, resistência ao arrancamento de conectores, absorção de água, inchamento em espessura, entre outros (IWAKIRI, 2005). Neste contexto, o objetivo deste trabalho é produzir painéis de partículas de Eucalyptus grandis e casca de aveia e avaliar o desempenho destes na flexão estática. E através de uma análise de variância (ANOVA), avaliar a influência dos fatores e níveis: madeira de Eucalyptus grandis, casca de aveia e adesivo poliuretano à base de mamona, assim como da combinação entre ambos, nas variáveis respostas: módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR), permitindo verificar os fatores e níveis mais significativos utilizados na elaboração dos compósitos. Em linhas gerais, este trabalho consiste no estudo e utilização de materiais “verdes”, ecológicos e sustentáveis na produção dos painéis de partículas, como o Eucalyptus grandis (madeira de reflorestamento), a casca de aveia (resíduo agroindustrial) e a resina poliuretana à base de mamona (de procedência natural e renovável). 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 3 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Preparo da matéria prima Para manufatura dos painéis foram utilizadas partículas da madeira de Eucalyptus grandis e de casca de aveia. Tais partículas foram geradas em um moinho de facas do tipo Willye da Marconi, modelo MA 680, utilizando-se peneira de 2,8 mm de abertura. A madeira de Eucalyptus grandis foi obtida de empresas da cidade e região de São Carlos - SP, enquanto que a casca de aveia foi obtida de indústrias do setor, entre elas a PEPSICO S.A., responsável pela produção da Aveia Quaker, localizada na cidade de Porto Alegre - RS. 2.2 Manufatura dos painéis Na confecção dos painéis foi utilizada resina poliuretana à base de mamona, do tipo bicomponente, na proporção 1:1 entre pré-polímero e poliol, adquirida no mercado local, por existirem várias indústrias químicas que produzem tal resina. Em cada painel foram utilizados 640g de partículas aglutinadas com o adesivo poliuretano à base de mamona, nas proporções 10, 12 e 14% em relação à massa das partículas. Manteve-se fixo a quantidade de partículas, variando-se a razão de compactação e, consequentemente, a densidade dos painéis, que apresentou valores na faixa de 802 a 1068 kg/m 3 . Os painéis produzidos são de alta densidade, isto é, acima de 800 kg/m 3 (IWAKIRI, 2005). Os parâmetros utilizados na prensagem foram: pressão de 4 MPa, tempo de 10 minutos e temperatura de 100ºC. Tais parâmetros, bem como as dimensões dos resíduos foram avaliados por Nascimento (2003). Os painéis de partículas confeccionados foram divididos em grupos, de acordo com as diferentes proporções de partículas de cada material (Eucalyptus grandis e casca de aveia). A Tabela 1 apresenta os fatores e níveis utilizados para o planejamento dos experimentos, dando origem a doze condições experimentais (CE), assim como apresentado na Tabela 2. TABELA 1. Fatores e níveis experimentais. Fatores de entrada (%) Níveis experimentais Eucalyptus grandis 100 85 70 0 Casca de aveia 0 15 30 100 Adesivo 10 12 14 X 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 4 TABELA 2. Composição entre fatores. CE Proporções constituintes 1 100% Eucalyptus grandis - 10% adesivo 2 100% Eucalyptus grandis - 12% adesivo 3 100% Eucalyptus grandis - 14% adesivo 4 (85% Eucalyptus grandis - 15% Oat hulls) - 10% adesivo 5 (85% Eucalyptus grandis - 15% Oat hulls) - 12% adesivo 6 (85% Eucalyptus grandis - 15% Oat hulls) - 14% adesivo 7 (70% Eucalyptus grandis - 30% Oat hulls) - 10% adesivo 8 (70% Eucalyptus grandis - 30% Oat hulls) - 12% adesivo 9 (70% Eucalyptus grandis - 30% Oat hulls) - 14% adesivo 10 100% Casca de aveia - 10% adesivo 11 100% Casca de aveia - 12% adesivo 12 100% Casca de aveia - 14% adesivo Para cada condição experimental (CE) foram produzidos seis painéis de partículas idênticos, totalizando 72 painéis, com espessura nominal de 1 cm, por ser esta uma das mais usuais no comércio deste produto, e dimensões nominais de 28 x 28 cm. 2.3 Ensaios realizados e análise dos resultados A Figura 1 apresenta a máquina universal de ensaios e os corpos de prova das condições experimentais avaliadas. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 5 (a) (b) FIGURA 1. (a) Máquina universal de ensaios e (b) corpos de prova de flexão estática (MOE e MOR). De cada painel foram retirados corpos de prova para determinação das propriedades mecânicas avaliadas (MOE e MOR), ambos obtidos pelo ensaio de flexão estática a três pontos. As dimensões dos corpos de prova assim como os ensaios mecânicos foram realizados de acordo com as recomendações da norma ABNT NBR 14810:2006. Os resultados obtidos nos ensaios mecânicos foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES É pertinente mencionar que a norma brasileira ABNT NBR 14810:2006 estabelece requisitos para as propriedades físico-mecânicas de painéis de partículas, exceto para o MOE. Para este, foram adotados os requisitos estabelecidos pelas normas ANSI A208.1:1999, BS EN 312:2003 e CS 236-66:1968. A Tabela 3 apresenta os valores médios do MOE e do MOR, dos painéis produzidos. TABELA 3. Valores médios das variáveis respostas por condição experimental. CE MOR (MPa) CV (%) MOE (MPa) CV (%) 1 18 19,5 2349 14,0 2 19 14,2 2581 12,7 3 24 14,0 2982 10,0 4 18 18,6 2366 17,6 5 18 8,0 2364 9,3 6 24 16,5 2916 11,4 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 6 7 20 14,6 2342 9,5 8 20 21,5 2389 8,8 9 21 20,2 2560 17,3 10 24 17,1 1942 13,3 11 25 16,1 2078 9,5 12 27 11,0 2171 4,0 A Tabela 4 apresenta os resultados encontrados da ANOVA para as médias das variáveis respostas investigadas, encontrando-se sublinhado os p-valores menores ou iguais a 0,05 (5%), considerados significativos a um nível de confiabilidade de 95% (MONTGOMERY, 2005). TABELA 4. P-valores encontrados para os fatores e interações investigados. P-valores Fatores experimentais MOR (MPa) MOE (MPa) Eucalyptus grandis 0,000 0,000 Adesivo 0,003 0,004 Casca de aveia 0,000 0,000 Eucalyptus grandis - Adesivo 0,555 0,531 Casca de aveia - Adesivo 0,512 0,231 Para análise de variância (ANOVA) fazem-se os pressupostos que ambas as amostras são extraídas a partir de populações independentes, que podem ser descritas por uma distribuição normal (MONTGOMERY, 2005). A Figura 2 exibe os gráficos residuais para as variáveis respostas investigadas, a fim de verificar se o método utilizado atende as premissas assumidas. Os pontos distribuídos uniformemente ao longo da reta atendem as condições de normalidade exigidas para validação do modelo da ANOVA. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 7 (a) (b) FIGURA 2. Gráficos de normalidade para: (a) módulo de elasticidade e (b) módulo de ruptura. Os coeficientes de variação obtidos para o MOE, na faixa de 4 a 17,6%, são semelhantes aos encontrados por Bertolini (2011). Todos os valores obtidos para o MOE atenderam ao requisito da norma BS EN 312:2003 (valor mínimo de 2050 MPa), exceto a condição experimental 10. As normas ANSI A208.1:1999 e CS 236-66:1968 estabelecem o valormínimo de 2400 MPa para o MOE. Os requisitos destas normas são atendidos em quatro (CE 2, 3, 6 e 9 – Tabela 3), das doze condições experimentais avaliadas. Os valores experimentais do MOE variaram entre 1654 e 3593 MPa. Os p-valores 0,000; 0,004 e 0,000 sublinhados na Tabela 4 revelam que as composições percentuais de Eucalyptus grandis, adesivo e casca de aveia, respectivamente, foram significativas sobre o MOE. A Figura 3 exibe os principais efeitos das composições dos fatores experimentais sobre o MOE. Observa-se que o MOE é diretamente proporcional ao aumento da composição percentual de Eucalyptus grandis e adesivo, Figuras 3a e 3c, respectivamente. A adição das composições percentuais de Eucalyptus grandis e adesivo levaram a aumentos de 20,5 e 13,5%, respectivamente, no MOE. A adição progressiva da composição de casca de aveia gerou uma redução no MOE, sendo de 19,5% a maior diferença encontrada, de 0 a 100% de casca de aveia. (a) (b) 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 8 (c) FIGURA 3. Gráficos dos efeitos principais sobre o módulo de elasticidade (MOE): (a) Frações de Eucalyptus grandis; (b) Frações de casca de aveia e (c) Frações de adesivo. As interações Eucalyptus grandis-adesivo e casca de aveia-adesivo não afetaram significativamente o MOE, apresentando p-valores superiores a 0,05 (Tabela 4). Ressalta-se que a fração 0% de casca de aveia (Figura 3b) implica nas condições experimentais C1, C2 e C3, isentas deste reforço (Tabela 2). Autores como Lee e Kang (1998) e Melo et al. (2009) obtiveram resultados semelhantes ao deste estudo, quanto ao fenômeno da redução do MOE à medida que se aumenta o percentual de adição de outro material (neste caso, a casca de aveia). Esta divergência de resultados pode se dever às muitas variáveis envolvidas no processo produtivo dos painéis (densidade dos materiais, variáveis de prensagem, adesivo utilizado), que influenciam diretamente a qualidade final do painel e suas propriedades físico-mecânicas (IWAKIRI, 1989). Os coeficientes de variação obtidos para o MOR se mantiveram na faixa de 8 a 21,5%, sendo semelhantes aos obtidos por Weber (2011). Todos os valores obtidos para o MOR atenderam aos requisitos das normas ABNT NBR 14810:2006, ANSI A208.1:1999, BS EN 312:2003 e CS 236-66:1968, que estabelecem o valor mínimo de 18; 16,5; 15 e 16,5 MPa, respectivamente. Os valores experimentais do MOR variaram entre 12,5 e 31,2 MPa. As composições de Eucalyptus grandis, adesivo e casca de aveia foram significativas sobre esta variável resposta, exibindo p-valores 0,000; 0,003 e 0,000, respectivamente (Tabela 4). 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 9 (a) (b) (c) FIGURA 4. Gráficos dos efeitos principais sobre o módulo de ruptura (MOR): (a) Frações de Eucalyptus grandis; (b) Frações de casca de aveia e (c) Frações de adesivo. Observa-se que o MOR aumenta quando há uma adição da composição percentual de casca de aveia e adesivo, Figuras 4b e 4c, proporcionando acréscimos de 21,4 e 15,9%, respectivamente. A adição de Eucalyptus grandis nas condições experimentais de 0 a 100% proporcionou uma redução significativa de 22,5% no MOR dos painéis de partículas (Figura 4a). As interações Eucalyptus grandis-adesivo e casca de aveia-adesivo não afetaram significativamente o MOR, apresentando p-valores superiores a 0,05 (Tabela 4). Os resultados para o MOR alcançados neste estudo são semelhantes ao resultados obtidos por Iwakiri et al. (2000), que encontraram valores estatisticamente superiores para o MOR, em todos os tratamentos, com o aumento do teor de adesivo. Já os estudos de Santos et al. (2009) contradizem este trabalho, onde afirmam que o aumento no percentual de inclusão do resíduo da madeira de candeia proporcionou redução no MOR. Khorami e Ganjian (2011) constataram o bom desempenho mecânico na flexão do fibrocimento reforçado com fibras agrícolas de trigo e Eucalyptus. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 10 4. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos conclui-se que: - Os resultados obtidos para o MOE atenderam aos requisitos estabelecidos pela norma BS EN 312:2003 em onze das doze condições experimentais avaliadas, atendendo também, aos requisitos das normas ANSI A208.1:1999 e CS 236-66:1968 em quatro das doze condições experimentais avaliadas; - Os resultados obtidos para o MOR atenderam aos requisitos de normas nacional e internacionais, exceto para uma das doze condições experimentais avaliadas que não atendeu ao requisito da norma nacional ABNT NBR 14810:2006; - As composições de Eucalyptus grandis, adesivo e casca de aveia foram significativas sobre o MOE e o MOR; - As interações Eucalyptus grandis-adesivo e casca de aveia-adesivo não afetaram significativamente o MOE e o MOR; - A adição de casca de aveia nos painéis de partículas gerou redução no MOE e aumento no MOR; - A presença de Eucalyptus grandis nos painéis de partículas proporcionou aumento no MOE e redução no MOR; - A fração de 14% de adesivo exibiu resultados superiores para o MOE e o MOR; - Finalmente, neste experimento, pode-se concluir que os painéis de partículas com as melhores propriedades mecânicas foram os fabricados com composições de 90 a 100% de Eucalyptus grandis, 0 a 10% de casca de aveia e 14% de adesivo. 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Agradecimentos Os autores agradecem: - à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo auxílio financeiro aprovado e liberado e pelo apoio à pesquisa; - ao Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeiras – LaMEM, pertencente ao Departamento de Engenharia de Estruturas - SET, da Escola de Engenharia de São Carlos - EESC, da Universidade de São Paulo – USP, pela concessão de toda a infraestrutura de seus laboratórios e recursos necessários para a realização deste trabalho.
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