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A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial CORRELAÇÃO DE UM MODELO CONSTITUTIVO ELASTO-VISCOPLÁSTICO PARA POLÍMEROS COM AMOLECIMENTO NO REGIME PLÁSTICO Alysson L. Vieira(1) (avieira32@yahoo.com.br), Márcio E. Silveira(2) (msilveira@ufsj.edu.br), Janes Landre Jr. (1) (janes@pucminas.br), Thiago R. Azevedo (rochatra@gmail.com) (2) (1) PUC-MG; Departamento de Engenharia Mecânica (2) UFSJ; Departamento de Engenharia Mecânica RESUMO: Os polímeros vêm aumentando sua participação no mercado a cada ano, pois são materiais mais leves e de menor custo que os metais e podem adquirir formas complexas. Com o avanço da engenharia de materiais, propriedades mecânicas tais como resistência a ruptura, fadiga e rigidez vêem sendo melhoradas, possibilitando a sua utilização em componentes estruturais, principalmente na indústria automotiva. O uso de simulações numéricas via método de elementos finitos é uma importante ferramenta neste setor em fases iniciais de projeto, reduzindo custos, diminuindo o tempo de projeto e aumentando a confiabilidade do produto final. O uso de modelos constitutivos que representem adequadamente o comportamento dos polímeros é essencial para uma boa correlação. Esse trabalho tem por objetivo, correlacionar um modelo constitutivo elasto- viscoplástico, para simular polímeros termoplásticos considerando o amolecimento após o escoamento. Os resultados alcançados com o modelo numérico foram comparados com resultados de ensaios de tração em diferentes taxas, obtendo uma correlação bastante satisfatória. PALAVRAS-CHAVE: Polímeros, Modelo constitutivo, ensaios tração, método dos elementos finitos. CORRELATION OF AN ELASTO-VISCOPLASTIC CONTITUTIVE MODEL FOR POLYMERS WITH SOFTENING AT PLASTIC STAGE ABSTRACT: The polymers have increased their market share every year because they are lighter materials and less expensive than metal, and can acquire complex shapes. With the advancement of engineering materials, mechanical properties such as resistance to fracture, fatigue and stiffness see being improved, allowing its use in structural components, mainly in the automotive industry. The use of numerical simulations via finite element method is an important tool in this sector in the early stages of design, reducing costs and time and increasing the reliability of the final product. The use of more adequately constitutive models to represent the behavior of the polymers is essential for a good correlation. This work aims to correlate an elasto-viscoplastic constitutive model to simulate thermoplastic polymers considering softening after the yield. The results obtained with the numerical model were compared with results of tensile tests at different rates, obtaining a very satisfactory correlation. KEYWORDS: Polymers, Constitutive Models, Tensile Test, Finite Elements Methods 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 2 1. INTRODUÇÃO Polímeros são macromoléculas, formadas a partir dos monômeros, que são unidades moleculares menores. Os polímeros podem ser divididos em naturais (derivados de plantas e animais, como a madeira, a borracha, a lã, o couro e a seda) e os sintéticos (fabricados a partir do petróleo, gás natural e do carvão mineral). Com o advento da tecnologia, da oferta de matéria prima (petróleo) e do baixo custo, os polímeros sintéticos dominam o mercado mundial, atuando nas mais variadas aplicações, desde indústrias alimentícia e de brinquedos até setores de alta tecnologia, tais como a automotiva e a aeroespacial. Sua fabricação consome 5% do petróleo produzido comercialmente no mundo (PIVA et al, 2004). A resposta à aplicação de forças mecânicas de um polímero em temperaturas elevadas está relacionada com a sua estrutura molecular dominante. Dessa forma, os polímeros podem ser classificados em 2 categorias (CALLISTER Jr., 2008): Termoplásticos: Materiais que amolecem quando são aquecidos e endurecem quando resfriados. Com esse processo totalmente reversível e repetitivo, tem fácil reciclagem, o que facilita a sua aplicação. Exemplos: polietileno (PE), polipropileno (PP), politereftalato de etileno (PET), policarbonato (PC), poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC), polimetilmetacrilato (PMMA). Termofixos: Mais duros e mais resistentes que os termoplásticos, são permanentemente duros em sua formação e não amolecem com o aquecimento. Uma vez prontos, não mais se fundem. O aquecimento do polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão, tornando sua reciclagem complicada. Exemplos: baquelite, poliéster, epoxi. Ainda existem os elastômeros, que não são fusíveis, o que torna sua reciclagem complicada, são de alta elasticidade. Exemplo: borracha natural, neopreno. Na indústria automobilística, os polímeros de engenharia (conhecidos apenas como plásticos) vêm aumentando a sua participação em relação aos metais, pois são materiais mais leves, o que ajuda no reduzir o consumo de combustível e conseqüentemente, menor emissão de poluentes. Além disso, Podem ser obtidos em formas mais complexas que os metais, tem menor custo e é imune à corrosão. A introdução do plástico na indústria automobilística alavancou na década de 70, devido à crise do petróleo, aonde se viu a necessidade de se construir carros mais leves, para a diminuição do consumo. Apesar de um grande número de materiais poliméricos, há um seleto grupo conhecido como polímeros de engenharia, que cerca de 70% do consumo total. Hoje os plásticos representam cerca de 10% do peso total do veículo. Em volume, no entanto, a presença dos plásticos nos veículos atuais é bastante significativa, sendo a indústria automotiva o quarto maior consumidor de plásticos (DORNELES FILHO et al, 2006). 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 3 Além da indústria automobilística, os polímeros têm sido aplicados em diversas outras indústrias, como a aviação, eletroeletrônica, informática, saúde, construção civil e alimentícia. A tendência da indústria automobilística, como vem demonstrando nas últimas décadas, é a diminuição do uso de aços, com conseqüente aumento dos plásticos e materiais não-ferrosos (alumínio, cobre, zinco e manganês), conforme pode-se observar na Tabela 1. TABELA 1. Participação dos materiais em veículos (FONTANA, 2005) Material Veículo ano 1978 Veículo ano 2001 Metais Ferrosos (aço e Ferro) 73.8% 69.6% Metais Não-Ferrosos 5.5% 11% Plásticos 5.0% 7.6% A Tabela 2 apresenta a utilização dos materiais poliméricos dentro de um veículo automotivo médio e os componentes em que estão sendo utilizados (FONTANA, 2005). Pode-se observar que o polipropileno (PP) é o polímero mais utilizado em um automóvel, representando cerca de um terço do total. TABELA 2. Aplicação dos polímeros na indústria automobilística (FONTANA, 2005) Material % Aplicação PP e compostos 35.0 Pára-choque, painel de instrumento, apóia-braço, carcaçade farol, revestimentos internos, filtro de ar, caixa de ar, caixa de bateria Fibras 16.0 Tecidos, tapetes, cinto de segurança PVC 13.5 Revestimentos internos laminados, chicotes e cabos elétricos, frisos, espumas de bancos, volantes espumados, apóia-cabeça PUR 12.5 ABS 6.5 Grade, console, componentes do painel, corpo das lanternas PA 5.5 Calota, cinzeiro, presilhas, caixa de fusíveis, tubo de combustível, radiador PE 2.0 Reservatório de água e partida a frio, conectores ACRÍLICO 1.5 Lanternas, quadro de instrumentos PBT, ABS+PC, Noryl 1.5 Grade do radiador POM 1.0 Indicador do nível de combustível, maçanetas, presilhas, pequenas peças mecânicas Diversos 5.0 - 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 4 Atualmente o uso de ferramentas computacionais, baseadas no Método dos Elementos Finitos, tem um importante papel na redução de tempo de projeto e principalmente na redução de custos de protótipos físicos e ensaios experimentais. Para uma melhor utilização dessa ferramenta, se faz necessário a correta entrada de dados, como carregamentos, restrições e propriedades geométricas e de materiais. Geralmente, na simulação de componentes mecânicos feitos em polímeros, a simulação é feita utilizando modelos constitutivos desenvolvidos para metais, onde as propriedades elásticas são introduzidas através de constantes lineares, e a propriedades plásticas e viscosas através de curvas (modelo Piecewise Linear) ou constantes de encruamento e de taxas de deformação (modelo de Johnson-Cook e Zerilli-Armstrong) (HUH et al, 2003). Estes modelos possuem formulação adequada para tratar com eventos sujeitos a grandes deformações, plasticidade, variações de temperatura e taxa de deformação, (LEE et al, 2006), (DAIYAN et al, 2009). Assim, o objetivo deste trabalho foi correlacionar um modelo constitutivo elasto-viscoplástico que represente melhor o comportamento físico dos polímeros, em especial, do polipropileno, um termoplásticos que possui "amolecimento" após o escoamento. 2. METODOLOGIA 2.1 Material Para este trabalho, o material utilizado para a calibração e correlação do modelo constitutivo foi um PP (polipropileno). Foram retirados corpos de provas de um pára-choque automotivo feito com este material, as quais já haviam sido pintadas industrialmente, uma vez que o processo de pintura pode influenciar expressivamente no comportamento do polímero (AZEVEDO et al, 2011). FIGURA 1. Retalhos de um pára-choque feitos em PP, matéria prima dos corpos de provas. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 5 2.2 Modelos Constitutivos de Materiais O estado cristalino pode existir nos materiais poliméricos. Entretanto, como ele envolve moléculas em vez de apenas átomos ou íons como nos metais e cerâmicas, os arranjos atômicos são mais complexos para os polímeros (CALLISTER, 2008), tornando o processo de deformação, tanto elástica como plástica, bem peculiar. Os gráficos das Figuras 2 e 3 mostram o comportamento de um metal e de um polímero termoplástico submetidos a um ensaio de tração. Como se pode observar, o metal tende a encruar após iniciar o escoamento, devido à dificuldade de deslocamentos dos planos cristalinos impostas pelos contornos de grãos. Já o termoplástico (os semicristalinos em geral) tende a "amolecer" após alcançar a tensão de escoamento, devido ao rearranjo das cadeias moleculares. Desta forma, a tensão máxima pode ocorrer no final da fase elástica. FIGURA 2. Curva tensão deformação de um metal. FIGURA 3. Curva tensão deformação típica de um termoplástico. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 6 Modelos elasto-plásticos têm sido desenvolvidos historicamente para a simulação de materiais metálicos, baseados na teoria da plasticidade de estruturas cristalinas. O modelo mais usado nos softwares comerciais de simulação é conhecido como "Piece-wise", que é baseado no critério de escoamento de VonMises (KOLLING et al, 2005). Em alguns polímeros, esta formulação pode ser usada com resultados satisfatórios para eventos quasi- estáticos. Porém, é importante salientar algumas diferenças importantes que existem entre os metais e a maioria dos termoplásticos. Em geral, os termoplásticos não têm um módulo de elasticidade constante e apresenta comportamento distinto em tração e em compressão. Além disso, as deformações plásticas não acontecem em um volume constante, ou seja, muitos termoplásticos não apresentam comportamento incompressível durante o fluxo plástico. Desta forma, nestes polímeros, a influência da pressão hidrostática tem uma sensível importância, diferentemente dos metais. Isto se deve ao fato que elevadas pressões diminuem o volume livre intermolecular e crescem as interações entre as moléculas (VASSOLER, 2007). Este comportamento (compressibilidade) não é considerado nos modelos constitutivos clássicos para metais, tais como os baseados no critério de VonMises. A necessidade de um modelo constitutivo que tenha em sua formulação a dependência da pressão hidrostática é fundamental para a boa correlação dos resultados (DEAN et al, 2004), (LOBO et al, 2006). Diante deste cenário, o modelo de Drucker-Prager torna-se uma boa opção para ser usado na simulação destes polímeros. O critério de Drucker-Prager, formulado em 1952, é uma simples modificação do critério de VonMises, onde a influência da componente da tensão hidrostática é introduzida na função de falha (CHEN et al, 1988). Em plasticidade, o limite elástico de um material poder ser representado por uma superfície em função do estado de tensão. Assim, a função que representa a superfície de escoamento para o critério de VonMises é dada como: 2 0ijf J k (1) onde ij é o tensor de tensão de Cauchy, J2 é o segundo invariante do tensor Desviatório e k é a tensão de escoamento em cisalhamento puro. Este critério estabelece que a energia de distorção seja a magnitude determinante no fenômeno de plastificação. Já no critério de Drucker-Prager, a função que representa a superfície de escoamento é postulada como sendo: 1 2 0ijf I J k (2) 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 7 onde é uma constante material e I1 é o primeiro invariante do tensor de tensão de Cauchy, que representa a dependência da pressão hidrostática. Quando é igual a zero, a equação acima reduz ao critério de VonMises, Eq. (1), voltando a ser independente da pressão hidrostática. Neste trabalho, foi utilizado o modelo constitutivo de Drucker-Pragerpara correlacionar um ensaio de tração de um polipropileno. Neste modelo é possível também prever o comportamento viscoso do polímero, quando sujeitos à variação da taxa de deformação e da temperatura. 2.3 Modelo Numérico Baseado nas normas da ASTM D638 (2003) para ensaios de tração de polímeros, um corpo de prova Tipo V foi discretizado em elementos de placa (Figura 2) e elementos sólidos (Figura 3). A base inferior, onde a garra é fixa, foi atribuída restrições de deslocamento. Na base superior, onde é presa garra móvel, foi imposta a velocidade em que o ensaio experimental foi realizado. Para este trabalho, foram feitos análises em duas velocidades: 5mm/min e 500min/min. As simulações do ensaio de tração foram feitas utilizando o software Abaqus, com formulação (dinâmica implícita) adequada para tratar com grandes não linearidades geométrica e material. O modelo constitutivo de Drucker-Prager foi calibrado a partir de ensaios experimentais, utilizando uma ferramenta numérica de calibração. FIGURA 4. Modelo em elementos finitos 2D com as condições de contorno. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 8 FIGURA 5. Modelo em elementos finitos 3D. 3. RESULTADOS A Figura 6a mostra o resultado da simulação numérica (tensão principal I) utilizando elementos de placa e a Figura 6b uma foto do ensaio experimental do polipropileno, segundo a norma ASTM D638, ambos para a velocidade de 5mm/min, FIGURA 6. (a) Resultado da simulação numérica com elemento plano e (b) ensaio de tração do corpo de prova tipo V da norma ASTM D638. O ensaio experimental fornece como resultado a curva força (medida por uma célula de carga) versus deslocamento. Tendo a área da seção transversal inicial e comprimento inicial da região homogênea da amostra, pode-se chegar à curva tensão versus deformação convencional, conforme mostra o gráfico da Figura 7. Neste mesmo gráfico, foram traçadas (a) (b) 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 9 os resultados de tensão versus deformação convencional da simulação numérica, tanto com elementos planos quanto sólidos. Pode-se observar que ambos os resultados da simulação numérica obtiveram uma boa correlação com os resultados experimentais, evidenciando o "amolecimento" do material após o início da deformação plástica. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 Deformação T en sã o (M Pa ) Curva Experimental 5 mm/min Curva Virtual Elementos Shell Curva Virtual Elementos Sólidos Curva Tensão x Deformação - 5mm/min FIGURA 7. Resultados da simulação numérica e ensaio experimental para a velocidade de 5mm/min. O polipropileno, devido às suas características viscoplásticas, apresenta uma grande sensibilidade à taxa de deformação. Assim, nas simulações de componentes feitos com este polímero é importante considerar a velocidade de aplicação do carregamento bem como a correta calibração do modelo constitutivo com relação à variação da taxa de deformação. A fim de avaliar a correlação do modelo de Drucker-Prager com relação à taxa, foram realizados ensaios de tração em duas velocidades diferentes (5mm/min e 500mm/min) e os resultados comparados com os obtidos pela simulação numérica com elementos planos. A Figura 8 mostra os resultados da simulação numérica e ensaios experimentais para as duas velocidades. Pode-se observar que, para a velocidade maior, o material torna-se mais resistente, porém menos dúctil, comportamento obtido em ambos os resultados (numérico e experimental). Para a velocidade de 500mm/min nota-se uma pequena defasagem na região de tensão máxima, 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 10 comportamento que não foi observado na taxa de 5mm/min. As velocidades de 5mm/min e 500mm/min representam uma taxa de deformação de 0,0014s -1 e 0,15s -1 respectivamente. Ambas são taxas relativamente baixas, podendo ser consideradas, para um metal, um evento quasi-estático. Porém, para um polímero, esta pequena variação na taxa, provocou mudanças significativas na curva tensão versus deformação, conforme observado nestes resultados. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 Deformação Te ns ão (M Pa ) Curva Experimental 5 mm/min Material Drucker-Pragger Calibrado 5 mm/min Curva Experimental 500 mm/min Material Drucker-Pragger Calibrado 500 mm/min Curvas Tensão x Deformação de Engenharia - 5 mm/min e 500 mm/min FIGURA 8. Resultado numérico e experimental para diferentes velocidades de carregamento. A Figura 9 mostra os resultados da tensão verdadeira retirada do ensaio experimental juntamente com o resultado da tensão principal I retirada de um elemento no centro da região de deformação homogênea do modelo plano. Pode-se observar que a correlação alcançado com o modelo de Drucker-Prager utilizado é bastante satisfatória para a correlação tanto da tensão quanto da deformação. Nota-se em ambos os resultados que o amolecimento após a tensão máxima não é tão pronunciado quanto no resultado da tensão versus deformação nominal, retomando inclusive o processo de encruamento após uma determinada deformação. Isso acontece devido ao fato de que, durante a propagação da estricção, ocorre uma reorientação das cadeias poliméricas, aumentando a resistência à deformação plástica do material após este rearranjo ao longo de toda a estricção. Obviamente, o fato da tensão verdadeira considerar a área instantânea na estricção, contribui para o aumento da tensão ao longo deformação. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 11 Curva Tensão x Deformação verdadeira - 5mm / min 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 Deformação Te ns ão (M pa ) Ensaio Virtual Ensaio Físico FIGURA 9. Resultados de tensão versus deformação plástica verdadeiros da simulação numérica e ensaio experimental. 4. CONCLUSÕES Este trabalho teve como objetivo principal correlacionar uma simulação numérica de um ensaio de tração utilizando um modelo constitutivo mais apropriado para lidar com as peculiaridades dos termoplásticos, em especial, o polipropileno. As amostras para o ensaio de tração foram retiradas de um pára-choque automotivo feito em polipropileno e as simulações feitas no Abaqus utilizando formulação dinâmica implícita. O modelo constitutivo usado na simulação foi o Drucker-Pragerlinear, pois considera os efeitos da pressão hidrostática presentes neste material, durante a deformação plástica. Este modelo mostrou-se apropriado para simular materiais com "amolecimento" após o escoamento, além de ser possível incluir o efeito da velocidade do carregamento na simulação, uma vez que o polipropileno mostrou uma elevada sensibilidade às pequenas variações na taxa de deformação. 5. REFERÊNCIAS AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D638 – Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics. ASTM, USA, 2003. 2° COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 12 AZEVEDO, T. R., SILVEIRA, M. E., VIEIRA, A. L. "Avaliação do processo de pintura nas propriedades mecânicas do polipropileno usado em pára-choques automotivos." I Congresso de Engenharias da UFSJ - COEN, São João del Rei, 2011. CALLISTER Jr.,W.D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução – LTC. – Sétima Edição, 2008 CHEN, W. F., HAN, D. J., "Plasticity for Structural Engineers", Springer-Verlag New York, 1988. DAIYAN, H., GRYTTEN, F., ANDRREASSEN, E., LYNGSTAD, O. V., OSNES, H., GAARDER, R. H., and HINRICHSEN, E.L. Numerical simulation of low-velocity impact loading of polymeric materials. In 7th European LS-DYNA conference, 2009. 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